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Crimes contra o Patrimonio.

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O FURTO
Figura do furto: traduz a extração que é clandestina. O sujeito subtrai, tira a coisa de alguém, normalmente às ocultas, sem que este alguém perceba
Distinção com o estelionato: neste não há clandestinidade. O que ocorre é uma fraude que leva a vítima a entregar a coisa. O sujeito passivo é enganado por uma manobra enganosa ou fraudulenta do sujeito ativo, motivo pelo qual entrega a coisa. Ex.: funcionário de loja que entrega a coisa vendida ao estelionatário, que se utiliza de cheque de terceiros para efetuar o pagamento.
Furto mediante fraude: ainda há a subtração, mas o sujeito ilude a vigilância da vítima.
Posse: se um caixa, a exemplo, obtém valores durante todo o dia e, ao final, pega para si parteheiro,tinha a posse da coisa.
Distinção entre roubo e extorsão: na extorsão, é preciso que haja, para o sujeito passivo uma, aindlidade de ceder ou não ceder ao constrangimento.
Objeto Jurídico Tutelado: segundo Nelson Hungria, tutela-se a propriedade. O art. 155 do Ceiramente a posse, e, depois, o direito de propriedade. Ambos são tutelados: a primeira (posse) é a objetividade imediata; o segundo (direito de propriedade) é tutelado mediatamente”. Cezar Roberto Bitencourt e Luiz Régis Prado acrescentam a detenção como objeto jurídico tutelado. O fato de deter alguma coisa representa uma utilidade, que é perdida quando o objeto é subtraído.
O estudo do objeto jurídico tutelado é de grande importância para a verificação da subjetividade passiva do crime. A minoria que adota a ideia de Hungria chega à conclusão que somente o proprietário pode ser sujeito passivo do crime de furto. Já para a segunda corrente, sujeito passivo é, além do proprietário, o possuidor e o detentor. Portanto, aumentada a objetividade jurídica, aumenta-se a subjetividade passiva.
Sujeito Ativo:
Coisa Própria: art. 346, CP. O credor do crédito pignoratício tem a posse. Se o proprietário subtrai a coisa que está de posse de outro legitimamente, não há que se falar em furto, mas sim no crime tipificado no art. 346, CP, qual seja uma das modalidades do exercício arbitrário das próprias razões.
Condômio, Co-herdeiro, Sócio: art. 156, CP.
Possuidor da coisa: como já visto, o crime é o de apropriação indébita (art. 168, CP).
Unissubjetivo: o crime pode ser realizado por um só sujeito ativo. Admite, portanto, concurso eventual. Quando isso ocorrer, o crime passa a ser qualificado, nos termos do art. 155, § 4º, inciso IV do CP.
Sujeito Passivo: como já visto, depende da linha adotada acerca do objeto jurídico tutelado (ver acima).
Origem da Posse: sujeito que subtrai de quem já subtraiu comete o crime de furto. O sujeito passivo é a vítima do primeiro furto. Quanto mais longe fica a coisa de seu proprietário, mais difícil é a sua recuperação. 
Conceito de Coisa Móvel:
Coisas Comuns ou de Uso Comum: res commune omnium, ar, luz e calor solar, água.
Água: a água é de uso comum enquanto não retirada de seu leito natural. Quando de lá retirada, passa a ser propriedade de quem a retirou. Furto de água: aquele que desvia água que vem da rua antes da passagem pelo hidrômetro. A capitulação é a do art. 155, § 4º, II, CP (pena de 2 a 8 anos). A tese defensiva tenta desqualificar para estelionato, cuja pena é de 1 a 5 anos, cabível a suspensão condicional do processo. Para o direito civil é bem imóvel; para o direito penal é bem móvel (ver RJD 11/90).
Ar: passível de ser apreendido. Uma vez que o seja, passa a integrar o patrimônio da empresa. É a hipótese do ar suprimido.
Luz e Calor Solar: é de todos. Contudo, se armazenada em forma de energia, passa a integrar o patrimônio de quem a armazenou.
Energia elétrica: também é bem móvel para o Direito Penal, isto porque o artigo 155, § 3º do CP equiparou à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. É furto mesmo, e não estelionato (TACrimSP, RJD 24/206, 26/116, 28/34, 25/210, 26/10524/169, 26/117, 22/246, 22/227, 27/131). As elementares “qualquer outra que tenha valor econômico” deixa margem a ampliação para sêmen de animais de raça, vez ser energia reprodutora.
O Prof. Nelson Hungria ensina que “para subtrair uma energia é sempre necessário algum artifício material, idôneo a desviá-la ou a captá-la, e tal artifício, considerado em si mesmo, pode constituir violência à coisa ou meio fraudulento (qualificativas do furto)”.
Direitos de Crédito: não podem ser subtraídos. Não se subtrai o crédito, mas pode se subtrair uma cártula que o represente. Para o Direito Penal, portanto, o direito ao crédito, em si, é bem imóvel, intangível.
Semoventes: podem ser subtraídos. Algumas espécies, se subtraídas, caracterizam crime contra o meio ambiente.
Plantas: também podem ser objeto de furto. Algumas plantas, se subtraídas, caracterizam crime contra o meio ambiente.
Ser humano: não pode ser objeto do crime de furto, pois não é coisa. Se ocorrer subtração de um ser humano vivo, há o crime de seqüestro (art. 148, CP), subtração de incapazes (art. 249, CP), ECA, art. 237. 
Subtração de órgão, tecido ou partes do corpo humano: Lei 9.434/97.
Cadáver: pode ser objeto material de crime. Em regra, a subtração de um cadáver pode configurar o art. 211 do CP. A doutrina considera que se o cadáver pertencer a uma instituição, restará configurado furto.
Res Nullius: é a coisa de ninguém. Art. 1263 do CC: quem se assenhorar de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. A res nullius, portanto, não pode ser objeto de furto.
Res Derelicta:é a coisa abandonada. Também não é possível falar em furto.
Res Desperdita: é a coisa perdida. O sujeito que se apropria de coisa perdida não comete furto, mas sim o crime do art. 169, § único, II, CP. O crime de apropriação de coisa achada é de conduta mista, pois necessita de ação e omissão para ser consumado. NÃO É CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO.
Coisa de Pequeno Valor: bagatela ou princípio da insignificância. Quando se reconhece que a coisa é de pequeno valor, reconhece-se que não há significativa ofensa ao bem tutelado (patrimônio), a exemplo do furto de um palito de fósforo, a exemplo. Há um fato que se configura formalmente como crime, mas materialmente não é. A solução é falar-se em atipicidade material. O que é pequeno valor: para a Defensoria é qualquer coisa menor que 1 salário mínimo.
Privilégio: art. 155, § 2º, CP. Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Sabe-se que a pena do sujeito não vai ultrapassar dois anos. Com fundamento nisso, reconhecido o privilégio, aplica-se o tratamento de uma infração de menor potencial ofensivo por analogia in bonam partem ao art. 61 da Lei 9.099/95. Destarte, cabe TRANSAÇÃO PENAL (art. 76 da Le 9.099/95).
§ 5º, art. 155, CP: lobby das seguradoras.
FURTO QUALIFICADO
I – Destruição ou Rompimento de Obstáculo: se há o rompimento da própria res, não há que se falar na qualificação do furto.
II – Abuso de Confiança: segundo grande parte da doutrina, é circunstância de natureza subjetiva, reveladora de maior periculosidade do agente, que não apenas subtrai, mas também viola a confiança nele depositada pela vítima. Nelson Hungria entende que não se caracteriza esta qualificadora se o sujeito ativo capta ardilosamente a confiança do ofendido. Neste caso, a qualificadora a ser reconhecida é a da fraude. Haverá o abuso de confiança se o sujeito já tiver a confiança da vítima e, utilizando-se disso, furta o que deseja. Apropriação indébita (art. 168): não se confundem os crimes, pois nesta o agente tem a posse desvigiada do objeto material que lhe foi voluntariamente entregue, ou cujo recebimento foi autorizado pelo proprietário para determinado fim. No furto, ao contrário, o agente não tem a posse da coisa, que continua na esfera de proteção, vigilância e posse do dono. Exemplos de diferenças sutis: caixa de ônibus pratica apropriação indébita, pois está longe da esfera de vigilância dodono. Já o caixa de supermercado pratica furto mediante abuso de confiança, pois está sob o olhar do dono, dentro da empresa. O segredo é verificar se há a posse desvigiada do objeto material. 
Famulato: o empregado doméstico ou qualquer outro locador de serviço, permanente ou acidental, subtrai objeto existente no local de trabalho. Para os antigos doutrinadores, também comete o furto com abuso de confiança o agente que se vale da relação de hospitalidade ou de coabitação. Contudo, Damásio de Jesus entende que tal qualificadora exige um especial vínculo de lealdade ou de fidelidade entre o empregado e o patrão, sendo irrelevante, por si só, a relação empregatícia. Assim, não é suficiente a simples relação de emprego doméstico para que o fato seja qualificado pelo abuso de confiança. É necessário que haja entre sujeito ativo e passivo um real traço subjetivo capaz de gerar confiança e, com isso, passível de abuso. A simples relação de domesticidade, nas palavras do Professor Damásio, bem como no entendimento da jurisprudência atual, leva ao furto simples agravado pela circunstância genérica (CP, art. 61, inciso II, letra f), mas não ao furto qualificado.
Exemplos de quando se configura a qualificadora de abuso de confiança: quando o sujeito é responsável pela guarda da residência, como os vigias e seguranças, ou quando é responsável pela administração do estabelecimento, como o gerente.
III – Mediante Fraude: fraude é o embuste, o ardil, o artifício, a maquinação destinada a iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto material. 
Estelionato: o crime de furto mediante fraude distingue-se do estelionato, porque neste a fraude é perpetrada para induzir e/ou manter a vítima em erro. Por isso é que, voluntariamente, se despoja de seus bens, entregando-os ao agente. No furto, a vigilância ou atenção da vítima é que são iludidas, de sorte que esta não percebe que o objeto material está saindo da esfera de seu patrimônio e ingressando na disponibilidade do sujeito ativo. Exemplos de furto mediante fraude: ligações clandestinas de água e de energia elétrica (não é estelionato, mas sim furto), pois se subtrai água ou energia elétrica mediante a fraude no relógio. Também é furto mediante fraude o sujeito que recebe um veículo colocado à venda a pretexto de experimentá-lo, e com ele foge depois (ao contrário da lógica do sistema).
IV – Mediante Escalada: tecnicamente, escalada é o acesso a um lugar por meio anormal de uso. Segundo Nelson Hungria, “é o ingresso em edifício ou recinto fechado, ou saída dele, por vias não destinadas normalmente ao trânsito de pessoas, servindo-se o agente de meios artificiais (não violentos) ou de sua própria agilidade. Tanto é escalada o galgar de uma altura quanto o saltar um desvão (exemplo: um fosso), ou passar por via subterrânea não transitável ordinariamente (exemplo: um túnel de esgoto)”.
V – Mediante Destreza: é a habilidade física ou manual empregada pelo agente na subtração, porfiando que a vítima não perceba seu ato. É o meio empregado pelos batedores de carteira (punguistas / punga). Não deve ser confundido com o arrebatamento de inopino (arrebatamento de surpresa), caso em que não há destreza, mas sim audácia. A destreza pressupõe uma atividade dissimulada. Não se confunde com a ligeireza. Não importa que o sujeito empregue os próprios dedos ou algum dispositivo idôneo, como pinças ou fios de arame. A destreza inútil não qualifica o crime. Assim, circunstâncias pessoais da vítima excluem a qualificadora: é o que acontece quando o sujeito passivo está dormindo, embriagado ou em estado de inconsciência, ou se o sujeito for paralítico ou destituído de capacidade sensorial, casos em que não pode oferecer resistência ao furtador, não se exigindo deste último qualquer habilidade especial.
VI – Emprego de Chave Falsa: no sentido da lei penal, chave falsa é todo instrumento, com ou sem forma de chave, de que se utilize o ladrão para fazer funcionar, em lugar da chave verdadeira, o mecanismo de uma fechadura ou dispositivo análogo, possibilitando ou facilitando a prática do furto. Compreende: a chave imitada da verdadeira; a chave diversa da verdadeira, mas alterada a poder abrir a fechadura; a gazua, isto é, qualquer dispositivo (gancho, grampo, etc.) usualmente empregado para a abertura de fechaduras. 
Cabível qualquer modalidade de concurso em todas as qualificadoras.
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (ARTS. 181 A 183, CP)
Efeitos: também conhecidas como imunidades absolutas, pois não levam à punição. Portanto, extinguem a punibilidade. O fato é típico, antijurídico e o indivíduo é culpável. Contudo, não há a punibilidade. Não há que se falar acerca de exclusão de culpabilidade, pois não se relaciona a qualquer excludente dessa natureza.
Inaplicabilidade: nenhum dos artigos se aplica aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, do que se exclui o roubo, a extorsão, a extorsão mediante seqüestro.
Aplicabilidade: aplicam-se fundamentalmente ao furto, ao estelionato e à apropriação indébita.Não se aplicam ao estranho que participa do crime, pois são circunstâncias de natureza subjetiva. O terceiro que não se encaixa continua respondendo pelo crime da mesma forma. 
Idosos: por força do estatuto do idoso, acrescentou-se o inciso III do art. 183 – não se aplicam as escusas se a vítima é maior de 60 anos.
Inciso I: é isento de pena (não é punível). Cônjuge: este dispositivo se aplica às hipóteses de união estável, vez que a CF equipara os institutos, tal qual o art. 1723 do Código Civil. Se o casal está separado de fato, há a aplicação da escusa. Aos separados de direito ocorre a escusa relativa do inciso seguinte, pois a separação não põe fim à sociedade conjugal. Somente aos divorciados é que cessa a aplicação do inciso em estudo. Este instituto vem do Direito Romano, que entendia que a unidade familiar unificava também o patrimônio. Noivos: não têm imunidade alguma, pois sequer houve início da sociedade conjugal. Parentescos por afinidade: estão excluídos. Ação penal: é pública condicionada à representação.
Da Apropriação Indébita:
Apropriação X Furto: no furto, a coisa sai da posse da vítima sem que ela perceba, na maior parte das vezes. Na apropriação indébita, a coisa já não está mais com a vítima. O sujeito ativo obtém a posse da coisa de forma legítima, normalmente entregue pela própria vítima. O sujeito, então, inverte o ânimo sobre a coisa, fazendo-a sua.
Pressuposto material: sujeito ativo deter ou possuir a coisa de forma lícita.
Sujeito Ativo: quem tem a posse ou a denteção da coisa.
Posse: Ihering – CC, art. 1196 – Magalhães de Noronha. É a relação de fato estabelecida entre a pessoa e a coisa pelo fim de sua utilização econômica. É o exercício de fato do domínio ou de um dos poderes que o integram. Domínio = uso, gozo ou disposição. Posse = exercício de um ou mais dos poderes que integram o domínio.
A posse pode ser:
Direta: divide-se em:
em benefício próprio. É o que acontece na locação, no comodato e no usufruto.
Não Interessada: quando exercida em nome e por conta ou em benefício de outrem. É o que acontece no mandato, no depósito e notransporte.
Detenção: art. 1198, CC. Há uma relação de dependência entre o detentor e o proprietário. A posse, para caracterizar o crime em tela, deve ter uma origem lícita [art. 1200, CC – é justa a posse que não for violenta (roubo), clandestina (furto do furto), precária (fraude)]. Nenhuma das situações recai na apropriação indébita.
“A posse ou a detenção da coisa pelo sujeito ativo deve revestir os seguintes requisitos: tradição livre e consciente, origem legítima e disponibilidade da coisa pelo sujeito ativo. Nem sempre é fácil distinguir o sujeito ativo do crime. Em todas as hipóteses de apropriação indébita existe uma relação obrigacional entre duas pessoas. Sujeito ativo, como se viu, é aquele que tem a posse ou detenção da coisa, isto é, aquele que a recebeu para alguma finalidade (obrigação). O Sujeito Passivo é a outra pessoa dessa relação, aquelaque sofre o prejuízo pelo não cumprimento da obrigação por parte do sujeito ativo. ”
Sujeito Passivo: como já dito, é aquele que sofre o prejuízo pelo não cumprimento da obrigação por parte do sujeito ativo.
Objeto Material: coisas fungíveis e infungíveis são as que podem e que não podem, respectivamente, substituir-se por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85, CC). As coisas fungíveis dadas em depósito ou em empréstimo, com a obrigação de restituição da mesma espécie, quantidade e qualidade NÃO podem ser objeto material do crime. Nesses casos, há transferência de domínio (arts. 586, 587 e 645, CC). Excepcionalmente, porém, a coisa fungível pode ser objeto material do delito. É a hipótese de o sujeito entregar a coisa ao agente para que a transfira a terceiro, ou para que a exponha em uma feira, loja ou evento.
Conduta: 
Apropriação propriamente dita: a conduta é comissiva, praticando atos que evidenciam que inverteu o ânimo sobre a coisa, que inverteu o título da posse, como a venda, a doação e a permuta. Ex.: assistente técnico que vende o aparelho eletrônico de que tinha posse para conserto. Esta modalidade, teoricamente, admite tentativa.
Negativa de restituição: ocorre quando o sujeito tem a obrigação de restituir a coisa e se nega a fazê-lo. É uma modalidade, portanto, omissiva de execução, e, evidentemente, afasta a possibilidade de tentativa. É impossível tentar não devolver. Esta modalidade comporta algumas exceções – existem causas legítimas de negativa de restituição:
jus retentionis: arts. 644, 664, 681 e 708 do CC;
jus compensationis: art. 368, CC.
Em ambos os casos, portanto, há o exercício regular de direito, pois, se o Código Civil autoriza, não há motivos para o Direito Penal punir.
Na modalidade negativa de restituição não há possibilidade de tentativa.
Contudo, na modalidade apropriação propriamente dita, é possível a tentativa. Ex.: mulher deixou a moto de brinquedo de seu filho para consertar em determinada oficina. A mulher, depois de esperar a ligação do profissional, que não ocorreu, foi ao local e presenciou o técnico tentando vender a moto para terceiro. 
Elemento Subjetivo: DOLO. Corolário do furto, onde há o animus rem sibi habendi, este crime tem, também, um elemento subjetivo especial. Aparentemente, contudo o tipo penal não esclarece tal elemento subjetivo, de modo que surge na doutrina a necessidade ou não de se comprovar o “dolo específico” (termo antigo para elemento subjetivo especial).
Magalhães de Noronha sempre sustentou a posição de que há a necessidade de presença do animus lucrandi ou do animus lucri faciendi causa. Esta também é a posição atual de Mirabete. Os demais autores não entram na questão.
Elemento Subjetivo Especial:
‘Animus lucrandi’ ou animus lucri faciendi causa’ (M.N. + Mirabete). Contra: N.H.
Jurisprudência: vem exigindo o elemento subjetivo especial: STF, RT 708/401; STJ, RT 737/563.
Exclui-se o crime se houver intuito de compensação ou retenção lícita da coisa = exercício regular de direito – lícita, portanto, mediante a exclusão da ilicitude do fato.
Portanto, necessário o ânimo de obtenção de lucro ilícito.
Estelionato X Apropriação indébita: nas duas situações há a entrega da coisa pacificamente pela vítima. Quando o sujeito passa a ter a posse ou detenção da coisa já com o propósito criminoso (dolo ab initio ou dolo ab ovo), o fato é efetivamente encaixado no crime de estelionato. O pressuposto material do crime de apropriação indébita é que a posse ou detenção do objeto tenha sido realizada de forma lícita. É a inversão do título da posse pelo agente que consubstancia o crime de apropriação indébita. 
Exemplo: indivíduo recebe uma passagem de ônibus inteira, pagando 1 real. O cobrador tira a cédula de 1 real e coloca no lugar um passe escolar que vale metade. Apropria-se ele da metade do valor da coisa que ele recebeu. Qual é o crime? O cobrador recebeu o dinheiro de forma lícita. Não enganou o passageiro. Três crimes: furto qualificado (pior das penas), estelionato (melhor das penas), apropriação indébita qualificada. Para a defesa é interessante encaixar o caso na figura do estelionato, cuja pena mínima é de 1 ano (suspensão condicional do processo – art. 89 da Lei 90099/95). Para o Ministério Público, classifica-se pelo mais grave. Eventual desclassificação é para crime menos grave, desnecessário o aditamento de denúncia e a prorrogação da instrução. Se denunciar pelo menos grave, a desqualificação para mais grave necessita de aditamento da denúncia. Se a dúvida persiste no momento processual, o instituto in dubio pro societate deve ser aplicado. O princípio in dubio pro reo somente se aplica depois do momento processual.
Arrependimento Posterior (art. 16, CP): é muito comum no crime em estudo. O sujeito adota uma postura para reparar o dano causado, seja pagando-lhe, seja tentando restituir-lhe. Isso se dá porque o crime em comento é praticado, na maioria das vezes, por sujeitos que não são criminosos contumazes, mas que, em determinada ocasião, caem na tentação de cometê-lo (a ocasião faz o ladrão).
Figuras Qualificadas: em verdade, é causa de aumento de pena. Contudo, é tradição chamar tais figuras como qualificadas. Tecnicamente, portanto, é causa de aumento de pena. 
Depósitos:
Voluntário: CC, art. 627 – apropriação indébita simples. O contrato é deixar coisa móvel guardada com alguém, que terá obrigação de restituir quando reclamada a coisa. Se o depositário, nessas condições, apropria-se da coisa, a figura é a de apropriação indébita simples, pois não se encaixa em nenhuma das hipóteses de aumento de pena (ditas qualificadas pela tradição) do art. 168, § 1º (que deveria ser parágrafo único).
Necessário: 
- Legal (arts. 647, I e 648, CC): é necessário o depósito que se faz em ocasião de desempenho de obrigação legal. Se o agente (sujeito depositário) é funcionário público, o crime é o de peculato (art. 312, CP); se o agente não é funcionário público, é ele depositário judicial (art. 168, § 1º, II). O professor discorda e denuncia também por peculato. Já ganhou em instâncias superiores, inclusive, neste sentido, utilizando-se para isso o art. 327 do CP. Exemplo do “mala” que rodou com uma moto de chassi adulterado, e foi nomeado pelo Delegado de Polícia depositário do próprio bem. Contudo, vendeu o motociclo no decorrer dos procedimentos. Portanto, inventariante, depositário, etc., todos estão cumprindo uma função pública transitória.
- Miserável (art. 647, II): apropriação qualificada pelo § 1º, inciso I do art. 168 do CP. Atenção. Não há agravo de pena do art. 61, j, pois seria bis in idem;
- Por equiparação (art. 649, CC): bagagens dos viajantes ou hóspedes na hospedaria onde estiverem. O hoteleiro é o depositário. Se inverter o ânimo, há a apropriação indébita qualificada, ensejando a hipótese do § 1º, inciso III do art. 168, CP. 
DO ROUBO
Quase tudo o que se falou a respeito do furto se aplica também no roubo (coisa móvel, coisa alheia, etc.).
Objetos Jurídicos: crime complexo. Como o roubo é praticado com o emprego de grave ameaça ou violência, tutela-se também, subsidiariamente a integridade física (violência) e a integridade psicológica (grave ameaça).
Sujeito Ativo: qualquer um. Admite coautoria e participação. Não exige qualidade especial qualquer do sujeito ativo.
Quando ocorre concurso de pessoas, há o roubo circunstanciado, pois é causa de aumento de pena (art. 157, § 2º, II, CP).
Há duas modalidades fundamentais de concurso: coautoria e participação. Na coautoria, o que existe é a execução conjunta do fato criminoso. Um pode se limitar ao constrangimento da vítima enquanto o outro tira o que a vítima tem – são coautores. 
Quando se tem coautoria na execução do fato criminoso, os diversos protagonistas do fato respondem por todas as suas circunstâncias, pois há entre eles uma comunhão de propósitos. Se A e B roubam C, mas só B está armado, ambos respondem pelas mesmas circunstâncias objetivas do episódio.
Não há necessidade da presença física detodos os protagonistas. O sujeito que rende o guarda do banco, aquele que fica na porta, TODOS SÃO COAUTORES, e não partícipes.
Participação: atividade acessória, que contribui para a execução do fato criminoso. A participação pode ser moral e material. O sujeito que induz ou instiga alguém a praticar o roubo é partícipe na modalidade moral. É comum no roubo o induzimento pela forma conhecida como determinação (induzimento por determinação), ou seja, quando ele contrata a execução do crime. Aquele que encomenda o crime é tido como partícipe. O partícipe não precisa estar presente durante a execução material do crime.
Participação material (auxílio): quando o sujeito se insinua no processo de causalidade física do evento. Exemplo: sujeito é funcionário de empresa de transporte de valores, passando à quadrilha informações privilegiadas de como, quando e onde se estocavam maiores quantidades de malotes de dinheiro, fornecendo outras informações e dados relevantes para a prática do crime (participação moral). Mais que isso, forneceu a um dos assaltantes um uniforme da empresa de segurança (participação material sem a presença a presença física do partícipe no momento da consumação).
Em ambas hipóteses de concurso de pessoas há a incidência da causa de aumento para os envolvidos (coautores respondem, bem como autor e partícipe).
Partícipe imputável e autor inimputável: caso da Praça da Sé. Pluralidade de condutas, unidade de desígnios e unidade de tipo (quando o dolo dos demais protagonistas é distinto, cada qual responde segundo seu dolo).
Sujeito Passivo: pode-se ter dupla subjetividade passiva. Imaginemos que alguém transporta algo que não lhe pertence, e, assim, é tomado de assalto.
Conduta: crime comissivo. O art. 157, caput define o que é roubo próprio. Há três formas distintas de se subtrair:
Com emprego de violência: é a chamada vis corporalis ou vis absoluta. A violência deve ser empregada contra a pessoa, e não contra a coisa. Se há lesão corporal leve, resta absorvida pelo crime de roubo. Se resultar lesão corporal de natureza grave, há o roubo qualificado pelo resultado (§ 3º). Não é necessário, para que se caracterize o roubo, que ocorra contusão para a vítima. Se o sujeito emprega a violência e não produz lesão, estamos diante da hipótese denominada “vias de fato”. Vejamos as três situações que merecem discussão:
- vias de fato: caracterizam o crime de roubo, e não de furto. Trombada: de onde se originou a denominação de “trombadinha” aos jovens que a praticam. É uma modalidade de vias de fato. Portanto, a trombada é ROUBO, e não FURTO, pois é o “tranco” físico contra o corpo da vítima. Trombada, empurrão, passa-pé = roubo. 
- Arrebatamento de inopino: é o ataque de surpresa. Há duas possibilidades: vítima distraída que tem o celular arrancado de sua mão por alguém que passou correndo. É caso de FURTO. Contudo, se houver arrebatamento de objetos presos ao corpo da vítima, há o crime de ROUBO, pois houve violência contra a pessoa (doutrina majoritária).
Com emprego de grave ameaça: promessa de mal grave dirigido à própria pessoa titular do patrimônio ou de outrem. A gravidade da ameaça deve ser medida concretamente, segundo as condições pessoais da vítima e do agente.
- Abordagem com arrocho: caracteriza a grave ameaça. É uma ordem que o sujeito passivo não tem como resistir. 
- Simulacro: Teoria Objetiva: levava em consideração a potencialidade lesiva do instrumento. Como o simulacro não tem potencial lesivo, não pode ser considerado arma, motivo pelo qual tal situação não caracteriza a causa de aumento. Teoria Subjetiva: leva em consideração o poder intimidativo, que é o quanto basta, pois a vítima, intimidada, entrega a coisa com maior facilidade. Durante muito tempo acolheu-se a tese subjetiva. A questão foi, inclusive, sumulada (Súmula 174 o STF). Em 1997, surgiu o primeiro Estatuto do Desarmamento. Esta lei criou uma figura criminosa absurda, considerando como crime autônomo o fato de o sujeito portar, trazer consigo, um simulacro de arma de fogo. Alguns Promotores de Justiça cometiam verdadeiro bis in idem, motivo pelo qual o STF cancelou a referida súmula. A tese que permanece é a objetiva, pois, se o simulacro tem capacidade meramente intimidativa, é grave ameaça. Assim, se já foi considerado o simulacro para a tipificação do crime (caput), não poderia ser considerado para a qualificação.
Violência Imprópria - Quando, por qualquer outro meio, reduza a capacidade de resistência da vítima: é uma interpretação analógica (intra legem). Não é analogia, pois a lei não é omissa. O legislador permite a aplicação do dispositivo a situações que reduzam a capacidade de resistência da vítima. Ex.: indução de embriaguez, à hipnose, ao sono.
Finalizamos o roubo próprio. O § 1º trata do roubo impróprio. A distinção entre as figuras é o momento da violência ou grave ameaça. Enquanto que no roubo próprio a violência ou grave ameaça são anteriores ou concomitantes à subtração, no roubo impróprio a violência ou grave ameaça são posteriores à subtração, para garantir-lhe a detenção da coisa ou a impunidade da subtração. No § 1º não há referência da violência imprópria. Portanto, o roubo impróprio só se faz mediante violência física ou grave ameaça, não havendo que se falar na aplicação da interpretação intra legem (analógica) que o caput previu. Situação concreta: indivíduo que subtrai a coisa de outrem, e, descoberto, impinge grave ameaça ou violência para garantir a execução. 
Consumação e Tentativa: existem 3 posições sobre o momento consumativo do crime quando do roubo próprio:
Posicionamento Majoritário: a teoria que é mais aceita considera consumado o roubo no momento em que a coisa móvel sai da esfera de disponibilidade E vigilância da vítima. Ex.: sujeito rouba alguém na porta da faculdade, correndo para a avenida. Três alunos correm e prendem o assaltante na rodoviária. Houve somente a tentativa. O critério fundamental é a disponibilidade e vigilância da res pela vítima. 
Cessação da violência: há um antigo acórdão do STF que é citado em algumas situações extremas (STF, RT 677/429)
Posse tranquila da coisa: muito querida pela defensoria em sentido lato. 
Há 3 posições sobre o momento consumativo do crime quando do roubo impróprio. Frise-se que há parcela da doutrina que entende não ser possível a tentativa no roubo impróprio. Ex.: o sujeito furta óculos de uma ótica. A vendedora viu e começou a gritar. O segurança do shopping alcançou o sujeito e o prendeu. Não houve a consumação da subtração, pois não houve cessação de vigilância sobre a coisa. Contudo, houve violência após o furto, a fim de garantir-lhe o sucesso. Para o professor, portanto, é possível tentativa de roubo impróprio. Temos, portanto:
Não se admite tentativa;
Admite-se a tentativa se a subtração não se consumar.
Indivíduo rouba uma bolsa. Depois, dispensa o objeto, mas não sem antes levar o que lhe interessa. Há a consumação do crime, pois a recuperação dos objetos materiais foi parcial.
O indivíduo roubou a vítima. Ninguém perseguiu. Depois de 10 minutos, o mesmo indivíduo volta e devolve o celular, pedindo desculpas. Houve a consumação do crime, descabido arrependimento posterior ou desistência eficaz, quando muito o arrependimento posterior Entra-se como uma atenuante (art.65, III, algum inciso). A situação é cinzenta, de qualquer sorte.
Coautor que foge com parte dos objetos materiais: o crime é consumado para ambos (STF).
A vítima começa a gritar, e o assaltante vai embora – há a tentativa.
Roubo circunstanciado (§ 2º): não se trata de circunstância qualificadora (§ 3º = modificação dos limites de cominação do tipo), mas sim causas especiais de aumento de pena. Vejamo-las:
Emprego de arma: a expressão arma é tomada em sentido amplo, podendo ser arma própria (instrumento fabricado cuja finalidade é a ofensa à integridade física alheia) ou imprópria (instrumentos que, embora não tenham a destinação de ofensa, têm potencialidade vulnerante – faca, facão, garrafa quebrada, tesoura, barrade cano, pedaço de pau, etc.). Se o instrumento não tem potencialidade ofensiva, como o simulacro, não há que se falar em aumento de pena. A intimidação constitui a grave ameaça, ou seja, é a forma utilizada pelo sujeito ativo para cumprir o tipificado no caput do artigo 157. Arma verdadeira e desmuniciada ou defeituosa: não tem poder vulnerante, de modo que não há que se falar em aumento de pena (tese da defesa). Há acórdão dividido, mas a posição majoritária, no momento, é a da não aplicação. Dispensa de arma: quando o indivíduo é preso, ele dispensa a arma. A defesa sustenta que, como não há prova da potencialidade ofensiva da arma, não há como sustentar a causa de aumento em comento. A acusação sustenta que, como a palavra da vítima é suficiente para apontar a autoria e a materialidade de um fato, é também suficiente para indicar a utilização de arma de fogo (não cola, na minha concepção). Arma e paintball: denúncia por emprego de arma. No laudo pericial, o perito indicou a potencialidade lesiva da arma. A causa de aumento, portanto, foi reconhecida. O Tribunal, contudo, afastou a hipótese, indicando não ser arma. Coautoria: se um dos indivíduos estiver armado, a causa de aumento é imputada a todos. O concurso de pessoas faz com que os indivíduos respondam, todos, pelo crime, pois há i) pluralidade de condutas; ii) identidade de desígnios; iii) identidade de fato.[0: Teoria Objetiva: quando o sujeito emprega uma arma, está atentando também contra a integridade física da vítima, ainda que somente a ameaçando. Se a arma, entretanto, é de brinquedo, ela não tem esse poder vulnerante, ou seja, é meio inidôneo para ofender a integridade corporal, não se justificando o aumento da pena. Esta é a posição majoritária hoje. Teoria Subjetiva: leva em consideração o poder de intimidação, abordando o aspecto subjetivo da vítima. Quanto à intimidação, tanto faz a arma ser verdadeira ou de brinquedo, pois ambas têm a mesma potencialidade de intimidação.]
Concurso de pessoas: considera-se como coautor o indivíduo que, mesmo não ameaçando ou subtraindo, participe da ação delituosa. Ex.: Zé fica no carro, enquanto Mané desce e faz a fita. Zé e coautor. Partícipe: é aquele que contribui sem tomar parte na ação (aquele que dá a arma, que passa informações, que empresta uniforme da empresa etc.). Encomenda: o encomendante é partícipe do roubo por induzimento, e não receptador.
Transporte de valores: quando a vítima está em serviço de transporte de valores e o sujeito ativo sabe dessa situação. Saidinha de banco: não incide esta causa de aumento, pois a vítima não está EM SERVIÇO de transporte de valores. Não é o transporte de valores que incide na causa em apreço. O que se leva em consideração é o trabalho do transporte. Ex.: sujeito que rouba engenheiro de obra na sexta-feira; roubo a carro forte, malote de dinheiro etc. Frise-se que não é só dinheiro, são valores (jóias, v.g.).
Veículo automotor: é praticamente impossível fazer esta prova. Pega-se, por vezes, ao acaso, na fronteira. Essa causa de aumento foi criada por um lobby muito poderoso das seguradoras, mas é praticamente inútil.
Restrição da liberdade: é o roubo com restrição de liberdade da vítima.
Fixação da Pena – Súmulas: 
- Multiplicidade de causas (STJ, 443): há, muitas vezes, uma multiplicidade de causas de aumento. Ex.: indivíduo emprega arma, em concurso de pessoas, com restrição da liberdade da vítima. Havia em São Paulo uma progressão escalonada: como o aumento é de 1/3 a 2/3, criou-se um fracionamento entre estas frações. Houve tantas apelações da defesa que o STJ sumulou a questão (Súmula 443, STJ). A súmula é um absurdo e não vem sendo aplicada na cidade de São Paulo, pois é óbvio que a multiplicidade d e circunstâncias indica maior gravidade subjetiva e objetiva. A grande maioria dos juízes da Barra Funda está ignorando a infeliz súmula.
- Regime Prisional: STF 718 e 719 – a 719 exige motivação idônea. A 718 diz que a opinião do julgador de que o crime é grave não é motivação idônea. O art. 33, § 3º é claro: circunstâncias do art. 59 (circunstâncias judiciais). Se o juiz, portanto, pretender estabelecer o regime fechado, ou seja, mais gravoso, deve-se valer das circunstâncias judiciais do caso: personalidade, culpabilidade, antecedência, circunstâncias do crime, etc. Deve-se haver a fundamentação concretizada do regime prisional. Se isso não se faz, a tendência é que a decisão seja reformada em instância superior.
STJ 440 – o juiz não pode fixar a pena-base no mínimo e o regime inicial mais desfavorável. Haveria certa contradição na sentença, de modo que a referida súmula evita que isso aconteça.
Qualificado pelo Resultado (§ 3º): aqui sim o roubo é qualificado. No parágrafo segundo o roubo é circunstanciado. Ou há a lesão corporal de natureza grave, ou morte. A figura deste parágrafo não é a chamada de latrocínio, que só existe quando há o resultado morte.
A regra geral dos crimes qualificados pelo resultado está no art. 19 do CP. Daí surgem duas possibilidades:
Dolo na conduta da subtração + Dolo em relação à violência	
Dolo na conduta da subtração + Culpa em relação à violência = CRIME PRETERDOLOSO
Imaginemos ou roubo com resultado morte. Há uma distinção relevante se a morte decorreu de culpa ou de dolo do sujeito, pois a morte desejada, dolosa, é mais grave que quando a morte decorre da culpa. Resolve-se a distinção entre as possibilidades entre o limite mínimo e o máximo (no caso do latrocínio, o limite mínimo é 20 anos, e o máximo é 30 anos). Assim, se houve dolo, a pena deve estar mais próxima do máximo. Atenção: a lesão corporal de natureza grave é a constante no art. 129 do CP. Muita atenção: não há concurso de crimes!!! O roubo seguido de morte tutela dois bens: o patrimônio e a vida. 
Latrocínio e Tentativa:
- Subtração Consumada + Morte Consumada = Latrocínio Consumado
- Subtração Tentada + Morte Tentada = Latrocínio Tentado
- Subtração Consumada + Morte Tentada = Latrocínio Tentado
Subtração Tentada + Morte Consumada = Latrocínio Consumado (Súmula 610 do STF)
Anotações acerca do Latrocínio:
- para o latrocínio, não se aplicam as causas de aumento do art. 157, § 2º - não há razão técnica para isso, mas é um posicionamento praticamente pacificado jurisprudencialmente;
- durante a execução do roubo, o sujeito mata outra pessoa por aberratio ictus: há o latrocínio pela regra do art. 73, CP. Entretanto, há jurisprudência no sentido contrário, afastando o latrocínio, imputando o roubo contra a vítima do crime contra o patrimônio e o homicídio culposo em relação à vítima do disparo (atecnia);
- quando do emprego da violência um dos coautores morre: há decisão do Supremo no sentido de que há latrocínio (HC 69579). O TJSP, na RT 788585 também entendeu dessa maneira;
- a violência que caracteriza o latrocínio é a empregada para os fins da subtração, ou seja, é o meio de execução da subtração. Se há a morte da vítima e, posteriormente, o indivíduo aproveita-se para subtrair seus bens, há concurso de crimes;
- o § 3º do art. 157 fala que “se da violência resulta morte”, valendo tanto para o roubo próprio quanto para o roubo impróprio;
- se a morte decorre do emprego de grave ameaça: o § 3º fala “se da violência”, e não da grave ameaça. Para o professor não, pois haveria analogia in malam partem. 
- vítima tenta fugir e é atropelada em rodovia, morrendo: o TJSP reconheceu o latrocínio, sob o argumento de que era previsível a reação da vítima e o eventual atropelamento. Essa decisão foi bastante criticada.
DA EXTORSÃO
Objeto Jurídico: crime complexo (pluriofensivo).
Sujeitos: i) ativo: ; ii) passivo:
Roubo X Extorsão
- No roubo há uma subtração; na extorsão, uma tradição.
- na extorsão é sempre necessária uma atividade, positiva ou negativa, da vítima (fazer ou não fazer o que se exige); no roubo, isso é prescindivel.
- no roubo, o proveito é contemporâneo ao fato criminoso; na extorsão, por seu turno, tanto o mal prometido quanto o proveito são futuros.
Nada impede que se possam ter as situaçõestodas misturadas. Não é verdade que o mal e o proveito são sempre futuros. O § 3º, por exemplo, é um caso de mal contemporâneo. Essas distinções, portanto, são apenas no plano teórico. A segunda distinção é a mais importante delas (atividade da vítima).
No roubo, o sujeito tira a coisa. Já na extorsão, o sujeito ativo não precisa tirar nada. Exemplo: sujeito ativo obriga indivíduo a rasgar uma nota promissória por ele assinada.
Natureza jurídica – Consumação/tentativa: por óbvio que não é crime material, pois o verbo núcleo não é obter, mas sim CONSTRANGER com o intuito de obter. Aqueles que opinavam no passado por ser um crime material estão superados. A dificuldade persiste porque autores como Luiz Régis Prado entendem que é um crime de mera conduta. Outros autores (professor concorda), consideram o crime formal, pois o tipo penal, ao definir o fato criminoso, descreve um resultado naturalístico, que é a obtenção da vantagem indevida pelo sujeito ativo. Pela forma como foi definido o fato criminoso, esta obtenção de vantagem não é necessária, bastando que o sujeito constranja a vítima. Existindo na definição do tipo penal a descrição de um fato naturalístico que não é exigido pelo tipo, o crime tem natureza formal. 
Há uma tendência de que os crimes formais não admitem tentativa, pois o sujeito realiza a conduta, antecipando-se a consumação. Mas toda a regra tem sua exceção. A extorsão, da maneira como foi legislado, apresenta três momentos: i) momento do constrangimento; ii) momento da conduta da vítima; iii) momento da obtenção da vantagem. O resultado naturalístico está no terceiro momento. Para aqueles que entendem que o crime é de mera conduta (mera atividade), o simples constrangimento já consuma o crime. Para os que adotam o entendimento de ser um crime formal, o crime se consuma com a conduta da vítima. Neste caso, haveria a tentativa quando há o constrangimento, mas a vítima não realiza a conduta imposta pelo sujeito ativo. Súmula 96, STJ: o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. Portanto, não é, efetivamente, crime material. Segundo a maior parte da jurisprudência, inclusive STJ e STF, se, embora sofrendo constrangimento, a vítima não realizar a conduta exigida, há a tentativa de extorsão.
Uma outra situação aventada pela doutrina acerca da tentativa ocorre quando a vítima não toma conhecimento do constrangimento, a exemplo de uma ameaça feita por escrito que é interceptada antes de chegar ao endereçado. Data máxima vênia, se não houve conhecimento da vítima, não houve constrangimento, portanto não há crime. 
Outra parte da doutrina, corrente minoritária, entende que o crime não comporta tentativa, ou seja, constrangeu, está consumada a extorsão.
Vantagem: o tipo do art. 158 tutela não somente a posse e a propriedade, mas o patrimônio como um todo. Ex.: indivíduo que obriga o outro a rasgar a nota promissória. Não ofende a posse, nem a propriedade, mas o patrimônio como um todo. Há uma amplitude maior no que tange à tutela do patrimônio do que o crime de roubo. Frise-se que a vantagem tem que ser econômica, de natureza patrimonial. Se não for essa a vantagem visada, o crime não será mais de extorsão, podendo-se configurar outro crime, a exemplo de vantagem sexual, cujo crime é estupro (art. 213). Se não for patrimonial nem sexual, subsiste outro crime, subsidiariamente, que é o de constrangimento ilegal (art. 146 – soldado reserva, conforme Nelson Hungria – subsidiariedade implícita). A vantagem tem que ser ainda indevida. Se a vantagem é devida, o crime é o do art. 345, qual seja exercício arbitrário das próprias razões.
Sequestro Relâmpago (§ 3º): é relâmpago porque o sujeito ativo mantém a vítima sob seu poder até que ela saque o dinheiro do caixa eletrônico. 
‘Animus fodendi’ do MP (muito bom): art. 157, I e II c.c. art. 159 = pena mínima de 13 anos e 4 meses. STF e STJ entenderam que há dois crimes distintos.
Criou-se, porém, em 2009, a figura do § 3º do art. 158, que foi chamada de sequestro relâmpago. Legislador ordinário, em ambos os sentidos. Passou-se a ter pena mínima de 6 anos, acabando-se a possibilidade de se falar em extorsão mediante sequestro (art. 159). O professor continua denunciando pelos dois crimes: art. 157, I e II c.c. art. 158, § 3º (e não mais art. 159).
Art. 157, § 2º. V ≠ art. 158, § 3º: se a restrição é necessária, há a extorsão. Se a restrição de liberdade não é necessária (sujeito coloca a vítima no carro e rouba o que ela tem, não a obrigando a fazer nenhuma transferência bancária, por exemplo), há a figura do art. 157, § 2º. O que aconteceu na casa da Tia Carmen foi art. 157, § 2º, V.
Se há sequestro relâmpago (art. 158, § 3º), a vítima reage e o sujeito ativo a mata: aplicação integral do art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente (pena mínima de 24 anos).
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159, CP)
Objeto Jurídico: 
Sujeitos do Crime: crime comum, monossubjetivo, admitindo concurso de pessoas (o que ocorre na maioria das vezes).
Consumação/Tentativa: não há consenso na doutrina. A maior parte dos doutrinadores considera o crime formal, no sentido de que o tipo penal descreve um delito de intenção (“com o fim de obter qualquer vantagem”). A obtenção da vontade seria o resultado naturalístico, que não precisa ocorrer, de modo que o crime se consumaria antes do referido resultado. Se tal crime é considerado formal, resta dificílima a tentativa. O professor considera o crime material, porque o verbo nuclear do tipo não é obter, mas sim sequestrar, ou seja, privar da liberdade. A modificação naturalística que ocorre é a privação da liberdade ambulatorial. O STF já disse que o momento consumativo do crime em tela é o momento da supressão da liberdade de locomoção da vítima. Quando se considera que é este o momento consumativo, surgem as seguintes consequências jurídicas: 
Admissibilidade da tentativa: se agentes não conseguem privar a vítima de sua liberdade;
Consumação: privada a vítima de sua liberdade, está consumado o crime, independentemente da obtenção da vantagem. ATENÇÃO: desistência voluntária pressupõe a não consumação do fato. Portanto, como no exemplo dado em aula, se um indivíduo é sequestrado e os sequestradores, depois de algum tempo, percebem que sequestraram um pé rapado, que não tem dinheiro, libertando-o portanto, não há que se falar em desistência voluntária, pois o crime já estava consuquestro” de algum animal, por exemplo: não há que se falar em extorsão mediante sequestro, mas sim extorsão.
Sequestro X Cárcere Privado: nas duas situações, a vítima tem a liberdade de ir e vir privada. Entretanto, o cárcere privado exige que a privação da liberdade se faça em recinto fechado (cativeiro). 
ESTELIONATO (art. 171, CP)
É a última modalidade de locupletação ilícita que será examinada. A obtenção clandestina é o furto, a obtenção violenta é o roubo, a extorsão mediante sequestro, e a obtenção fraudulenta, onde está o estelionato.
Furto X Estelionato: no furto, a atividade é do sujeito ativo (subtrair a coisa alheia). No estelionato, a vítima, iludida, entrega a coisa. As figuras se aproximam com relação ao furto mediante fraude. Ainda assim, no furto, é o sujeito ativo quem realiza o verbo nuclear “subtrair”.
Apropriação Indébita X Estelionato: no estelionato há o dolo ab initio, ou seja, desde logo o sujeito já age dolosamente para obter a coisa, enquanto que na apropriação a obtenção é lícita, ocorrendo a inversão do animus depois de já haver a posse da res.
Objeto Jurídico: patrimônio. Não se trata de coisa móvel alheia. Trata-se de vantagem patrimonial ilícita (qualquer vantagem, não necessariamente coisa móvel).
Sujeitos do crime: 
Sujeito Ativo: crime comum, monossubjetivo, admitindo, portanto, concurso eventual. O destinatário da vantagem pode ser terceiro que não aquele que efetivamente praticou o crime. O destinatário da vantagem responde pelo crime se tiver dolo, ou seja, consciência do ocorrido. 
Quanto ao sujeito passivo: pode ser o enganado (pessoa iludida ou mantidaem erro) e também o que sofreu efetivamente o transtorno financeiro. Ex.: um cheque falso dado para a atendente da loja. A posição relativamente sedimentada na jurisprudência, para se consumar o estelionato, necessário que que o sujeito passivo seja determinada. Quando o sujeito emprega fraudes para enganar um número indeterminado de pessoas, não se configura o crime de estelionato, mas sim crime contra a economia popular ou contra as relações de consumo, conforme o caso. Portanto, se o sujeito passivo é difuso, não há que se falar em estelionato.
Conduta: o crime é comissivo, de forma vinculada, ou seja, exige um facere em que o tipo penal estabelece um meio de execução (mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento).
Artifício: engano realizado com o emprego de um aparato material, via de regra a encenação;
Ardil: engano praticado com a ilusão intelectual;
Qualquer outro meio fraudulento: silêncio: quando o sujeito silencia sobre algo que deveria se manifestar (o crime seria omissivo?). É quando o sujeito dispõe de alguma coisa com vício redibitório e silencia acerca do tema no vender; mentira verbal; papel moeda falsificado: jurisprudência tem se afirmado no sentido de que se a falsificação do dinheiro é grosseira, falta um dos requisitos, que é a imitativo veri. O papel moeda grosseiramente falsificado não tem imitativo veri, restando-lhe a aplicação do estelionato, que, em que pese a maioria das pessoas não ser enganada, alguma pessoa pode sê-lo; venda à vista de objeto comprado a prazo: indivíduo comprou um veículo produto de crime (receptação). Depois, providenciou a remarcação da numeração do chassi do veículo para fazê-lo idêntico a outro veículo não furtado (dublê – esquentar o veículo – crime do art. 311). O sujeito fez tudo isso para vender o veículo, mas para tal precisa ele de documento, de modo que, conseguindo os espelhos que haviam sido furtados da Delegacia de Carapicuíba (art. 180), inserindo naqueles os dados falsos (art. 297). Ofereceu à venda e vendeu (art. 171). O indivíduo que comprou entregou um Fiat Uno, alguns anos mais velho, mais algumas prestações que seriam pagas diretamente do comprador ao vendedor. Na última prestação, já amigos, a vítima entregou carro e documentos ao estelionatário, pois este havia-lhe dito que tinha conhecidos na Polícia e que faria todo o procedimento, e sumiu com o veículo novamente (fato efetivamente ocorrido em SP).
Consumação/Tentativa
É um crime material, com resultado duplo - necessária a obtenção da vantagem e o prejuízo alheio.
Há a possibilidade de arrependimento posterior, com a reparação do dano (art. 16, CP).
Atenção: o estelionatário pode parcelar a vantagem. A vantagem é única, mas pode ser fracionada. Consumação em vantagem indevida parcelada: quando a vantagem for parcelada, o crime se consuma na obtenção da primeira parcela, pois já houve parte da vantagem, bem como parte do prejuízo.
É admissível a tentativa quando, tendo enganado a vítima: i) não obtém a vantagem; ii) obtendo-a, não causa prejuízo.
Tipo anormal (aberto): elemento subjetivo especial (para si ou para outrem); elemento normativo (vantagem ilícita – se a vantagem for lícita, não subsiste o crime de estelionato).
Figura privilegiada: § 1º do art. 171: primariedade do sujeito E pequeno valor DO PREJUÍZO. Pequeno valor: até alguns anos atrás, o parâmetro era o salário mínimo. Contudo, com o incremento do salário mínimo, não mais se aplica tal valor como limite da pequena monta. É direito público subjetivo, desde que reconhecidos os requisitos da figura privilegiada. Frise-se que o dispositivo fala de primariedade, e não de bons antecedentes.
Figuras equiparadas: § 2º do art. 171.
Vender, dar em pagamento, locar, dar em garantia coisa alheia como própria: é a clássica situação em que o silêncio pode caracterizar a fraude. A coisa a que se refere a lei pode ser tanto móvel quanto imóvel. Não é necessária a transcrição do imóvel no registro público. O movimento consumativo é o da obtenção da vantagem. No caso de locação, consuma-se com o recebimento do aluguel. Requisito primordial é a não ciência da vítima acerca da propriedade diversa da coisa. Se houver tal ciência, o crime é o de receptação (art. 180, CP). Os fatos mais comuns são os de venda de veículo alienado fiduciariamente, onde a proprietária é a financeira, e.g.;
Vender, dar em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável: também é o silêncio acerca da inalienabilidade da coisa o meio fraudulento utilizado. Quando a coisa é litigiosa, ela não é inalienável, mas o comprador tem o direito de saber a situação jurídica da res. Quedado silencioso o vendedor, incorre no crime em exame. Outro caso costumeiro é a dupla venda de um único imóvel. A consumação se dá, como já sabido, com a obtenção da vantagem;
Alienar coisa penhorada: é uma variação do inciso II (comentário anterior). O indivíduo que empenha a coisa, mantendo a posse, não pode aliená-la. Se o fizer, está ocorrendo o defraudamento de penhor, enganando, ainda, o comprador. É muito comum combinar este inciso com o inciso V – sujeito tem um bem móvel penhorado, defraudando o penhor tocando fogo na coisa, exempli gratia;
Fraude na entrega da coisa: defraudação na quantidade e/ou qualidade. Há um devido cuidado a ser tomado, pois a linha é tênue entre crime contra o consumidor, o crime em tela e, ainda, o art. 273 do CP. Se o objeto defraudado for medicinal, a pena é o do art. 273 (reclusão de 10 a 15 anos). Atenção: incluem-se aí os cosméticos, ou seja, defraudação de perfume = pena de 10 a 15 anos de reclusão. A pena é evidentemente absurda, desproporcional e inconstitucional. Violado o princípio da proporção, cabe a defesa de tese de inconstitucionalidade;
Esconder coisa própria, lesar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar a lesão ou doença para obter a indenização do seguro: é a única situação em que a autolesão é punível, não como um crime contra a pessoa, mas como um crime contra o patrimônio. O crime aqui é formal, bastando esconder a própria coisa, lesar o corpo ou agravar a lesão/doença para que o crime reste consubstanciado. Não é preciso aqui receber a vantagem. O intuito de obter é criminoso, e não a efetiva obtenção. Este crime só se configura se o sujeito estiver em um contrato de seguro válido. Caso contrário, o crime é impossível. Portanto, a conditio sine qua non é a existência de um contrato válido em vigor. O beneficiário do seguro não precisa ser o estelionatário, podendo ser terceiro.
Fraude no pagamento por meio de cheque: quando o sujeito emite o cheque sem fundos suficientes ou lhe frustra o pagamento. Atenção: a compra de kit malandro, com cheque de terceiro, utilizado para compras, o crime é o do caput, e não este. Outra situação é quando o indivíduo emite cheque próprio de conta já encerrada – neste caso, há estelionato na modalidade fundamental (caput), e não a fraude em exame. Conclusão: é necessário para que se configure a modalidade do inciso em tela que o sujeito ativo seja titular da conta. Modalidades: i) emissão de cheques ‘sem fundo’: ; ii) frustração de pagamento mediante contraordem: cheque é uma ordem de pagamento à vista. O titular da conta passa uma ordem ao depositário, que é o banco, para que efetue o pagamento. É da natureza do cheque que seja sempre uma ordem de pagamento à vista. O brasileiro, contudo, inventou a figura do cheque ‘pré-datado’ (que em verdade é pós-datado). Neste caso, se o cheque não tem fundos, não há crime, pois não houve a indução do sujeito ao erro: quando alguém passa um cheque pré-datado, ele está dizendo: “eu não tenho dinheiro. Comprometo-me a pagar em X dias”. Se o vendedor aceita o risco do negócio, não se pode dizer que houve estelionato. Isso é extremamente importante, pois na maioria dos casos o cheque não é entregue como pagamento à vista, utilizado como uma nota promissória. Assim, o cheque descaracteriza-se, tornando-se apenas promessa de pagamento, e não ordem de pagamento à vista. Quando não há a indução em erro, não há que se falar emestelionato. Lamentavelmente, advogados e delegados de polícia usam a máquina policial para cobrar dívidas. NÃO HÁ CRIME QUANDO O CHEQUE É PRÉ-DATADO (PÓS DATADO). Cheque dado em garantia, cheque caução, etc., nada disso configura o crime de estelionato. A única coisa o configura é o cheque dado como ordem de pagamento à vista. Atenção: princípio da consunção é aplicado em relação ao art. 340 do CP, cujo crime é absorvido pelo estelionato. 
Súmula 554, STF: após o recebimento da denúncia, não obsta o prosseguimento da ação penal. Assim, em entendimento a contrario sensu, se o pagamento é feito antes da denúncia, há a extinção da punibilidade.
Estelionato e Falsificação de Documento Público: necessário estudo mais detalhado acerca de quando o estelionatário utiliza-se como meio a falsificação de documento público. Ninguém falsifica um documento para guardar em casa. As falsidades se prestam, evidentemente, a enganar, iludir, usando-se o falso como verdadeiro. Mormente o falso se dá em relação à utilização de cheques. Vejamos os posicionamentos doutrinários:
O estelionato (171) absorve a falsificação (297): pela consunção de meio a fim. A falsificação de cheque é o meio para enganar, ou seja, é um crime-meio para que o indivíduo realize o seu dolo originário, que é a obtenção da vantagem ilícita.
A falsificação (297) absorve o estelionato (171): a falsificação, porque mais grave (pena mais gravosa), absorvia o estelionato, segundo o Princípio de que o Maior absorve o Menor (peixão engole peixinho).
Concurso Material: encontrou algum eco na doutrina e na jurisprudência, mas bem menor que as anteriores. Nas duas primeiras situações fala-se em consunção (meio a fim ou menor pelo maior). Tecnicamente, só se pode falar em consunção quando os dois crimes ofendem o mesmo bem jurídico do mesmo sujeito passivo (aquele que lesiona para matar – LC absorvida pelo homicídio). Há, no caso, bens jurídicos distintos (fé púbica e patrimônio, respectivamente), bem como sujeitos passivos diversos (a coletividade e vítima individuada, respectivamente). Se assim é, do ponto de vista técnico não se pode falar em consunção, de modo que a solução mais técnica seria o concurso material entre os crimes (pena mínima de 3 anos, portanto)
Concurso Formal: aplicava-se a pena do mais grave (art. 297) com o aumento de 1/6. Com o concurso formal, um dos crimes não fica impune como ficaria na consunção, nem tão gravoso quanto o concurso material. Acabou sendo acolhida por alguns julgados do STF, a despeito da falta de rigor técnico. O tema ensejou quantidade absurda de recursos em torno da situação, que é extremamente corriqueira (falsificação de cheque para prática de estelionato). 
O tema ensejou súmula do STJ, de número 17: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. O entendimento condensado da súmula acolhia a primeira tese (punição do sujeito pelo dolo – voluntas celeris – vontade criminosa). Há, contudo, um problema: quando se tratar da falsificação de cheque, a súmula é aplicada. Contudo, a bandidagem não se limita a um cheque – o indivíduo não só falsifica um cheque, mas apresenta um documento de identidade falso. Há aí também uma falsificação documental que não se exaure no estelionato, pois não é cheque. O documento, inclusive, permanece com o bandido, mantendo potencialidade ofensiva para continuar enganando. O problema é que a súmula passou a ser aplicada para todo e qualquer documento falsificado, e não só no caso de utilização de cheque falsificado (entendimento majoritário). A discussão continuou gerando polêmica, que se arrefeceu um pouco justamente por causa da modificação do tratamento das penas restritivas de direito, pois pena privativa de liberdade abaixo de 4 anos é passível de ser convertida em restritiva de direitos.
Cartão de crédito: não é considerado documento, pois não se é possível aplicar analogia in malam partem. Em alguns casos, se retirado algum valor da conta bancária, o MP denuncia por furto mediante fraude (pois há a fraude contra o sistema de proteção da conta bancária).

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