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Aleitamento materno- quanto o álcool pode influenciar na saúde do bebê

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AleitAmento mAterno: álcool e sAúde bebe
 REVISÃO E ENSAIOS
Aleitamento materno: quanto o álcool pode 
influenciar na saúde do bebê?
Breast-feeding: to which extent alcohol can affect the baby’s health?
Lactancia Materna: cuanto el alcohol puede influenciar la salud 
del bebe?
Adriana T. Kachani 1, Ligia Shimabukuro Okuda 1, Ana Lucia Rodrigues Barbosa 2, 
Silvia Brasiliano 3, Patrícia Brufentrinker Hochgraf 4.
Programa de Atenção à Mulher Dependente Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Paulo (PROMUD- IPq- HC- FMUSP)
1 Nutricionista do Programa de Atenção à Mulher Dependente Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clíni-
cas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (PROMUD- IPq- HC- FMUSP)
2 Estagiária de nutrição do PROMUD
3 Psicóloga, coordenadora do PROMUD
4 Psiquiatra, coordenadora do PROMUD
resumo
objetivos: Rever literatura científica acerca da 
teratogenicidade do álcool sobre o bebê durante 
o aleitamento materno. Fontes pesquisadas: 
revisão bibliográfica realizada no Sistema. “MED-
LINE” (Index Medicus) cruzando os descritores 
“álcool” e “aleitamento materno”, e diversos uni-
termos relacionados: etanol, alcoolismo, ama-
mentação, produção de leite humano, entre ou-
tros. síntese dos dados: Quando as mulheres 
que estão amamentando consomem álcool, de 
forma geral, cerca de 2% deste é transferido para 
o leite materno. A concentração de álcool no lei-
te é influenciada tanto pela quantidade ingerida, 
quanto por outros fatores relacionados à nutriz: 
função hepática, composição e volume do leite, 
fluxo sanguíneo para a mama e peso. Em relação 
ao lactente, é importante observar suas funções 
absortivas e hepáticas. Nenhuma substância que 
cause dependência química deve ser ingerida pe-
las mães lactantes, não só pelos efeitos fisiológi-
cos sobre a criança, mas também pelos danos à 
saúde física e emocional das mesmas. Contudo, 
em doses reduzidas e esporádicas, o álcool não 
pode ser considerado incompatível com a ama-
mentação. conclusões: Mesmo diante da exce-
lência do leite materno, e da teratogenicidade do 
álcool, existem ocasiões em que o profissional da 
saúde deve considerar o risco/ benefício da práti-
ca. Assim, a amamentação somente deverá ser in-
terrompida ou desencorajada se existir evidência 
substancial que o consumo alcoólico está sendo 
nocivo ao bebê.
Palavras-chave: Aleitamento materno.Consumo 
de bebidas alcoólicas. 
Abstract
Objectives: To review the scientific literature 
about the teratogenicity of alcohol on the baby 
during breast-feeding. Researched sources: bib-
liographic review carried out in the “MED-LINE” 
(Index Medicus) System, crossing the descriptors 
“alcohol” and “breast-feeding”, and several related 
uniterms: ethanol, alcoholism, breast-feeding, hu-
man milk production, among others. Data synthe-
sis: In general, when breast-feeding women con-
sume alcohol, approximately 2% of such alcohol is 
250
PediAtriA (são PAulo) 2008;30(4):249-256
251transferred to the mother’s milk. The concentration 
of alcohol in the milk is influenced both by the in-
gested quantity as well as by other factors related 
to the breast-feeding woman: hepatic function, milk 
composition and volume, blood flow to the breast 
and weight. Regarding the infant, it is important 
to observe such infant absorptive and hepatic func-
tions. No substance that causes chemical addic-
tion should be ingested by breast-feeding mothers, 
not only because of the physiological effects on the 
child, but also because of the damages to such child 
physical and emotional health. However, in small 
and sporadic doses, alcohol cannot be considered in-
compatible with breast-feeding. Conclusions: Even 
considering the excellence of mother’s milk and the 
teratogenicity of alcohol, there are occasions when 
the health professional should consider the risk/ben-
efit of the practice. Thus, breast-feeding should only 
be interrupted or discouraged if there is substantial 
evidence that the consumption of alcohol is being 
harmful to the baby.
Keywords: Breast feeding. Alcohol drinking. 
Alcoholism.
Resumen
Objetivos: Revisar la literatura científica acerca 
de la teratogenidad del alcohol sobre el bebe durante 
la lactancia materna. Fuentes pesquisadas: revi-
sión bibliográfica realizada en el sistema “MED-
LINE” (Index Medicus) cruzando los descriptores 
“alcohol” e “lactancia materna”, y diversos térmi-
nos relacionados: etanol, alcoholismo, lactancia, 
producción de leche humana, entre otros. Síntesis 
de los datos: Cuando las mujeres que están lactan-
do consumen alcohol, de forma general, cerca de 
2% de este es transferido para la leche materna. La 
concentración de alcohol en la leche es influencia-
da tanto por la cantidad ingerida, como por otros 
factores relacionadas a la nutrís: función hepática, 
composición y volumen de leche, flujo sanguíneo 
para la mama y peso. En relaciona al lactante, es 
importante observar sus funciones absortivas y he-
páticas. Ninguna substancia que causa dependencia 
química debe ser ingerida por las madres que están 
lactando no solo por los efectos fisiológicos sobre el 
niño, mas también por los daños a la salud física y 
emocional de las mismas. Con todo, en dosis redu-
cida y esporádicas, el alcohol no puede ser consi-
derado compatible con la lactancia. Conclusiones: 
Mismo delante de la excelencia de la leche materna, 
y de la teratogenicidad del alcohol, existen ocasio-
nes en que el profesional de la salud debe considerar 
de riesgo/ beneficio de la practica. Así la lactancia 
solamente deberá ser interrumpida o desencorajosa 
si existir evidencia substancial que el consumo alco-
hólico esta siendo nocivo para el bebe.
Palabras-clave: Lactancia materna. Consumo de 
bebidas alcohólicas. Alcoholismo.
introdução
Estudos comprovam o efeito protetor do alei-
tamento materno frente a doenças, tais como 
anemia ferropriva, sarampo, diarréia, enterocoli-
te necrotizante, doença celíaca, doença de Crohn, 
colite ulcerativa, alergias e infecções respiratórias 
agudas, parasitoses, otite, meningite, alergias, 
diabetes mellitus, infecções do trato urinário, 
displasia broncopulmonar, linfomas, leucemias, 
retinopatia e falência respiratória, entre outras, 
principalmente em crianças que apresentam sin-
tomas de desnutrição e menores de um ano de 
idade. Verifica-se ainda, melhor: padrão cardior-
respiratório durante a alimentação; acuidade vi-
sual; desenvolvimento neuromotor e cognitivo; 
resposta às imunizações e a não instalação de há-
bitos bucais viciosos – Más oclusões1-4.
A mãe também é beneficiada pela amamen-
tação. A ciência tem demonstrado que a chance 
de desenvolver câncer de mama é menor entre 
as mulheres que têm mais filhos e amamentam 
por mais tempo. Na Colômbia, onde a segunda 
causa de morte feminina é o câncer de mama, 
foi testada a proteção da amamentação materna 
contra a patogenia, e confirmada a importância 
de promover o aleitamento materno prolongado 
para preveni-la5. Além disso, a amamentação é 
um excelente aliado da mãe na recuperação do 
seu peso normal, pois produzir leite demanda 
muita energia6. 
É ainda importante lembrar que, sobretudo 
nas camadas populacionais de baixa renda com 
condições sociais e higiênicas deficientes, o leite 
humano, além de sua ação fundamental de trans-
ferir os anticorpos e células imunocompetentes, 
também atua diminuindo o risco de contamina-
ção que existe com a mamadeira, através de água 
contaminada, limpeza inadequada de bicos, falta 
de geladeira e aproveitamento de restos de ma-
madas anteriores. Assim, deve-se atentar para a 
praticidade que a amamentação oferece: o leite 
250 251
AleitAmento mAterno: álcool e sAúde bebe
está sempre ali, na temperatura correta,esterili-
zado para o bebê, além de ser gratuito. É uma 
fonte natural e renovável de alimentação, não há 
desperdício, não polui o meio ambiente e não de-
vasta a natureza4,7. 
mitos relacionados ao consumo de álcool
O aleitamento materno, além de ser biológico, 
é histórica, social e psicologicamente delineado 
através da cultura, com suas crenças e tabus, que 
influenciam de forma crucial sua prática8. Em 
vários povos persiste a crença de que o álcool se-
ria galactogênico, ou seja, que o consumo de pe-
quenas quantidades de álcool imediatamente an-
tes do aleitamento facilitaria a produção de leite 
nas glândulas mamárias. Trabalho realizado com 
40 mulheres lactantes mostrou que 45% delas re-
ceberam aconselhamento de seus médicos e/ou 
enfermeiras para consumir álcool durante a lac-
tação e 35% delas receberam o mesmo conselho 
de familiares e amigos9.
No México, mulheres em fase de aleitamento 
são encorajadas a beber cerca de 2 litros diários de 
pulque, uma bebida fermentada a partir da Agave 
Atrovirens,, que possui uma pequena porcenta-
gem alcoólica. Na Alemanha, a cerveja é conside-
rada um “elixir mágico”, enquanto a comunidade 
Indochinesa da Califórnia prefere ervas medici-
nais embebidas em vinho10. Já os chineses utili-
zam uma mistura de porco, grão de bico, sopa 
de lulas e cabeças de camarão, com vinho doce 
feito de arroz glutinoso adicionado de insetos 
(8). Em 1895, era produzido nos Estados Unidos 
Malt Nutrine, uma cerveja de baixo teor alcoólico 
composto de malte de cevada e lúpulo10. 
No Brasil, a cultura popular também reco-
menda a ingestão de cervejas mais escuras e 
“fortificadas”. Por não serem filtradas, é fato que 
contêm mais proteínas e lúpulo. Uma delas, com 
um touro como símbolo, reforça a idéia de for-
ça e vitalidade necessárias para a amamentação e 
até dispõe de receitas com ovo, mel ou aveia para 
que seu conteúdo seja ainda mais fortificado11.
consumo de álcool por mulheres
Sabe-se que o álcool é a droga que mais se abu-
sa, no Brasil e no mundo12.Estudo de tendências 
de consumo de álcool nos Países Europeus apon-
tou que as mulheres consomem 30% do álcool 
vendido no continente13.Já no Brasil, pesquisa 
populacional recente apontou uso de álcool e de-
pendência de álcool em mulheres14. (Tabela 1).
Apesar da evolução social havida nos últimos 
anos, o preconceito relacionado a mulher que bebe 
continua ainda muito forte. Falhas no cumprimen-
to do papel familiar, tendência à promiscuidade e 
estereótipo de maior agressividade são alguns dos 
estigmas listados, que influenciam negativamente 
na busca de tratamento. Assim, estudos apontam 
o quanto o consumo de álcool e o diagnóstico de 
alcoolismo são ignorados em serviços médicos em 
geral, que, geralmente, não possuem equipe trei-
nada para diagnosticar o problema e responder as 
perguntas mais freqüentes15-18. 
Apesar de mulheres que amamentam demons-
trarem usar menos drogas, seu padrão de consu-
mo parece não diminuir neste período. Apro-
ximadamente 10% delas relatam beber duas ou 
mais doses de álcool diariamente19. Estudos mais 
recentes demonstraram que apenas 5% seguiam 
este padrão apresentado após o parto, porém 
37% relataram binge drinking freqüentes19,20. Sen-
do assim, o objetivo deste trabalho é capacitar o 
profissional da saúde, especialmente o pediatra, 
a conhecer melhor a relação consumo de álcool 
X aleitamento materno, uma vez que estes pro-
fissionais são freqüentemente consultados para 
opinar sobre a segurança do seu uso durante a 
amamentação.
Fontes pesquisadas
A revisão bibliográfica foi realizada no Siste-
ma. “MED-LINE” (Index Medicus) cruzando os 
descritores “álcool” e “aleitamento materno”, 
além de diversos unitermos relacionados a eles, 
tais como: etanol, alcoolismo, amamentação, 
produção de leite humano, entre outros. Todos os 
termos foram usados em língua inglesa. Diversos 
trabalhos eram caracterizados como estudos de 
múltiplos fatores associados ao aleitamento ma-
terno, não havendo uma preocupação específica 
tabela1. Prevalência sobre uso de álcool e 
dependência de álcool de mulheres brasileiras.
Faixa etária uso de álcool 
(%)
Prevalência de 
alcoolismo (%)
18-24 anos 72,6 12,1
25-34 anos 73 7,7
Total 68,3 6,9
Adaptado de 14.
252
PediAtriA (são PAulo) 2008;30(4):249-256
253com o consumo alcoólico. Em virtude da restrita 
literatura sobre o assunto, não foi estabelecido 
nenhum período de publicação do artigo para ser 
incluído nesta revisão. Alguns livros de referên-
cia brasileiros também foram consultados.
dados obtidos
Fisiologia do álcool e da lactação
Para ser transferido para o leite, o álcool pre-
cisa alcançar o tecido alveolar da glândula ma-
mária. O fator determinante da quantidade de 
álcool que aparece no leite é sua concentração no 
sangue materno. Durante a lactação, a passagem 
de drogas do sangue para o leite materno (LM) 
ocorre através de mecanismos que envolvem 
membranas biológicas formadas por fosfolipíde-
os e proteínas. O baixo peso molecular do álcool 
permite que ele atinja facilmente o LM, atraves-
sando o capilar endotelial materno e a célula al-
veolar por difusão passiva. Assim, a composição 
da membrana exerce influência na velocidade da 
passagem e na concentração do álcool no leite 
humano21,22.
Quando as mulheres que estão amamentando 
consomem álcool, de forma geral, cerca de 2% 
deste é transferido para o sangue e LM. Apesar 
de não ser estocado nas glândulas mamárias, o 
nível de álcool encontrado no leite é proporcio-
nal ao encontrado no sangue da mãe e, desta for-
ma, o leite apresentará quantidades consideráveis 
de álcool enquanto os níveis no sangue forem 
mensuráveis10,22. Uma vez que é uma substância 
de rápida absorção, o álcool passa rapidamente do 
plasma para o LM. O pico da quantidade de álcool 
presente no sangue coincide com o do LM, sendo 
menor neste, e gira em torno de 30 minutos a 1 
hora após o seu consumo, podendo ser retardado 
até 90 minutos quando ingerido com alimentos, 
com uma diferença individual considerável entre 
as mulheres10,21. É importante ressaltar a baixa 
atividade da enzima álcool-desidrogenase (ADH) 
no lactente22. Nas mães lactantes, a referida enzi-
ma também tem menor atividade, repercutindo 
na sua concentração plasmática. Estudo em ratas 
lactantes comparadas a ratas virgens demonstrou 
níveis plasmáticos de ADH até 20 vezes menor 
desta enzima23. 
Sabe-se que o LM está sujeito a mudanças 
na sua composição. Dependendo da fase da lac-
tação (colostro X leite maduro) ou até mesmo 
na fase da mamada (leite anterior X leite poste-
rior), existem alterações quanto a concentração 
de lipídeos e proteínas. Tais alterações influen-
ciam na extensão da transferência do álcool do 
plasma para o leite, causando variação na sua 
concentração no leite materno22. É sabido tam-
bém que o leite de mães de bebês pré-termo 
tem baixo teor de gordura e alto teor de pro-
teínas, o que implica em diferentes níveis do 
álcool no leite materno24,25. Modelos com ani-
mais têm demonstrado que o consumo crônico 
de álcool durante a lactação resulta alteração 
do perfil de fosfolipídeos, quando comparado 
com DAMS26. 
Outros fatores relacionados a nutriz também 
influenciam na concentração de álcool no LM: 
sua função hepática, a composição e volume do 
leite, seu fluxo sanguíneo para a mama e seu 
peso. A Figura 1 orienta quanto ao tempo de eli-
minação do álcool desde o início do consumo da 
mãe até o clearence no LM. Durante os primeiros 
dias de lactação, quando é produzido o colostro, 
as células alveolares são pequenas e o espaço 
intracelular é largo, o que faz com que o álcool 
transfira-se mais facilmente para o leite materno. 
Porém, como o volume de colostro ingerido pelo 
bebê é pequeno, a dose absoluta de álcool tam-
bém é baixa. Já com a redução dos níveisde pro-
gesterona, há crescimento das células alveolares 
e estreitamento dos espaços intracelulares com 
redução da transferência do álcool. Contudo, a 
quantidade ingerida pelo bebê é maior22,27. 
Em relação ao lactente, é importante observar 
suas funções absortivas e hepáticas. Assim, quan-
to mais imaturo ele for, menor sua capacidade de 
metabolização e eliminação do álcool. Esses efei-
tos podem ser ainda maiores em bebês pré-termo, 
cuja imaturidade pode prolongar a meia vida do 
álcool, causando acúmulo de doses repetidas. 
Sabe-se que nas primeiras semanas de vida dos 
bebês, sua capacidade de metabolizar o álcool é 
metade da capacidade dos adultos21,22,25. 
Consumo de álcool
As calorias fornecidas pelo álcool podem al-
terar o perfil dietético e o valor energético total 
(VET) diário da mãe que amamenta. A inten-
sidade com que estas alterações ocorrem e se 
manifestam está diretamente relacionada com a 
quantidade e constância da ingestão alcoólica. 
Sabe-se que o álcool supre o alimento na dieta 
252 253
AleitAmento mAterno: álcool e sAúde bebe
de dependentes graves, portanto o alcoolista é 
descrito normalmente como um paciente desnu-
trido, uma vez que a ingestão alcoólica substitui 
calorias e nutrientes adequados. Já no consumo 
mais moderado, a ingestão alcoólica é usualmen-
te uma fonte adicional de energia, sendo somada 
à dieta habitual da paciente. Esse tipo de fonte 
calórica é conhecida como “calorias vazias”, uma 
vez que apesar de seu alto valor energético, faltam 
nutrientes essenciais como proteínas, vitaminas e 
elementos traços. Paralelamente, não podemos 
deixar de atentar à baixa absorção de nutrientes 
em indivíduos alcoolistas, causada pela insufici-
ência pancreática e deficiência de enzimas que 
atuam na borda em escova do intestino28-32. 
 Um importante problema nas pesquisas com 
álcool tem sido o efeito anorexígeno da droga, re-
sultando numa depleção nutricional que pode ser 
confundida com os efeitos adversos do álcool23. 
De qualquer forma, a manutenção da lactação 
com ingestão energética e nutricional mais baixa 
é possível. Porém, é recomendável que a mulher 
lactante receba, através de sua alimentação, gran-
de quantidade de água, macro e micro nutrientes, 
que serão utilizados para a formação do leite sem 
que desfalque suas reservas orgânicas8. 
Nenhuma substância que cause dependência 
química deve ser ingerida pelas mães lactantes, 
não só pelos efeitos fisiológicos sobre a criança, 
mas também pelos danos à saúde física e emo-
cional das mesmas21. Em doses reduzidas e espo-
rádicas, o álcool é considerado compatível com 
a amamentação, porém a Academia Americana 
de Pediatria (AAP) não fornece uma dose máxi-
ma segura. No entanto, esta mesma Academia33. 
considera o alcoolismo uma contra-indicação ao 
Peso dA mãe 
em KG 
no. de doses (HorAs: minutos) 
i 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 17 
40.8 (90) 2:50 5:40 8:30 11:20 14:10 17:00 19:51 22:41 
43.1 (95) 2:46 5:32 8:19 11:05 13:52 16:38 19:25 22:11 
45.4 (100) 2:42 5:25 8:08 10:51 13:34 16:17 19:00 21:43 
47.6 (105) 2:39 5:19 7:58 10:38 13:18 15:57 18:37 21:16 23:56 
49.9 (110) 2:36 5:12 7:49 10:25 13:01 15:38 18:14 20:50 23:27 
52.2 (115) 2:33 5:06 7:39 10:12 12:46 15:19 17:52 20:25 22:59 
54.4 (120) 2:30 5:00 7:30 10:00 12:31 15:01 17:31 20:01 22:32 
56.7 (125) 2:27 4:54 7:22 9:49 12:16 14:44 17:11 19:38 22:06 
59.0 (130) 2:24 4:49 7:13 9:38 12:03 14:27 16:52 19:16 21:41 
61.2 (135) 2:21 4:43 7:05 9:27 11:49 14:11 16:33 18:55 21:17 23:39 
63.5 (140) 2:19 4:38 6:58 9:17 11:37 13:56 16:15 18:35 20:54 23:14 
65.8 (145) 2:16 4:33 6:50 9:07 11:24 13:41 15:58 18:15 20:32 22:49 
68.0 (150) 2:14 4:29 6:43 8:58 11:12 13:27 15:41 17:56 20:10 22:25 
70.3 (155) 2:12 4:24 6:36 8:48 11:01 13:13 15:25 17:37 19:49 22:02 
72.6 (160) 2:10 4:20 6:30 8:40 10:50 13:00 15:10 17:20 19:30 21:40 23:50 
74.8 (165) 2:07 4:15 6:23 8:31 10:39 12:47 14:54 17:02 19:10 21:18 23:50 
77.1 (170) 2:05 4:11 6:17 8:23 10:28 12:34 14:40 16:46 18:51 20:57 23:03 
79.3 (175) 2:03 4:07 6:11 8:14 10:18 12:22 14:26 16:29 18:33 20:37 22:40 
81.6 (180) 2:01 4:03 6:05 8:07 10:08 12:10 14:12 16:14 18:15 20:17 22:19 
83.9 (185) 1:59 3:59 5:59 7:59 9:59 11:59 13:59 15:59 17:58 19:58 21:58 23:58 
86.2 (190) 1:58 3:56 5:54 7:52 9:50 11:48 13:46 15:44 17:42 19:40 21:38 23:36 
88.5 (195) 1:56 3:52 5:48 7:44 9:41 11:37 13:33 15:29 17:26 19:22 21:18 23:14 
90.7 (200) 1:54 3:49 5:43 7:38 9:32 11:27 13:21 15:16 17:10 19:05 20:59 22:54 
93.0 (205) 1:52 3:45 5:38 7:31 9:24 11:17 13:09 15:02 16:55 18:48 20:41 22:34 
95.3 (210) 1:51 3:42 5:33 7:24 9:16 11:07 12:58 14:49 16:41 18:32 20:23 22:14 
1 dose= 340g de 5% de cerveja, ou 141.75g de 11% de vinho, ou 42.45g de 40% de licor
Koren25, 2002.
Figura 1- Tempo do início do consumo alcoólico até o clearence de álcool do leite materno, de acordo com 
o peso, assumindo uma média de altura de 1,62m.
254
PediAtriA (são PAulo) 2008;30(4):249-256
255aleitamento, uma vez que em grande quantida-
de o álcool pode causar sonolência, perspiração, 
sono profundo, atraso no crescimento e diminui-
ção do ganho de peso. 
Sabe-se que crianças mamam menos ao serem 
expostas ao álcool – cerca de 20% menos – duran-
te as 4 primeiras horas após a ingestão. Porém, de 
8 a 12 horas após o consumo de álcool, as crian-
ças costumam compensar sua necessidade ener-
gética mamando um número maior de vezes34. A 
mesma autora observou9. que existe uma impor-
tante correlação inversa entre os hábitos de con-
sumo alcoólico e o ritmo e freqüência de sugadas 
no leite que contém álcool. Ou seja, quanto mais 
doses consumidas, menor quantidade de sugadas 
totais, sugadas por seio e maior número de pau-
sas realizadas pelos bebês. Mas esta diminuição 
não está relacionada com a rejeição ao sabor al-
coólico, ao contrário, este, por possuir um sabor 
acentuado e doce estimularia o consumo. Uma 
vez que estudos em animais revelam que jovens 
acumulam memória orosensória durante o alei-
tamento, a percepção do álcool no leite materno 
poderia contribuir para possíveis abusos ou de-
pendência numa idade mais avançada35. Trabalho 
recente36 aponta uma preferência ao sabor doce 
por pacientes dependentes de álcool relacionados 
a história familiar de dependência, o que poderia 
ser resultado do aleitamento materno contamina-
do por álcool.
Sabe-se que as experiências sensoriais do bebê 
durante os dois primeiros meses de vida têm um 
efeito residual, mesmo que para um indivíduo 
não seja possível encontrar na sua memória cons-
ciente as lembranças deste período de vida. O lei-
te materno representa para o bebê um veículo po-
tencial de experiências ricas e complexas, sendo 
um reflexo da cultura e dos hábitos alimentares 
de seus pais37 
Evidências apontam que o consumo mode-
rado de álcool desorganiza a produção dos dois 
hormônios principais responsáveis pela lactação 
– a prolactina e a oxitocina, responsáveis respec-
tivamente pela indução da secreção e pela ejeção 
do leite38. Logo após a exposição ao álcool, o ní-
vel da prolactina aumenta enquanto a oxitocina 
diminui, tanto durante quanto depois da estimu-
lação do seio da mãe10.
Esses resultados sugerem que, ao contrário 
do que se acreditava antigamente, o consumo de 
álcool a curto prazo desregula a liberação dos 
hormônios responsáveis pela lactação. Além dis-
so, a diminuição da oxitocina relaciona-se com 
a redução no rendimento e na ejeção do leite e, 
conseqüentemente, na diminuição da ingestão 
de até 20% do leite39. A AAP33 alerta que a inges-
tão superior a 1g/kg diminui a ejeção de leite, 
porém as conseqüências dessa desorganização 
hormonal a longo prazo na perfomance da lac-
tação e na saúde da mulher ainda permanecem 
desconhecidas38.
Ao contrário da sabedoria popular, crianças 
expostas ao álcool durante as mamadas têm uma 
redução do tempo de sono REM (rapid eye mo-
vement),o que faria com que dormissem por pe-
ríodos mais curtos de tempo durante as 3,5 horas 
após o aleitamento40.
No que diz respeito ao desenvolvimento do 
bebê, ainda é desconhecido o efeito da exposição 
ao álcool. Ao buscar uma deficiência motora em 
crianças de 18 meses associada ao consumo mo-
derado de álcool durante a lactação, pesquisado-
res concluíram que não seria possível afirmar que 
o álcool foi maléfico, já que a idade insuficiente 
das crianças, não permitiu a mensuração através 
das escalas propostas20. 
conclusões
Mesmo diante da excelência do leite materno, 
existem ocasiões em que o profissional da saúde 
deve considerar o risco/ benefício da prática. Alei-
tamento materno e alcoolismo é uma delas. Nesse 
sentido, ao recomendar a amamentação para uma 
mãe alcoolista, devemos sempre nos questionar: 
pode o lactente expor-se a concentração de álcool 
no leite materno? Os riscos superam os enormes 
benefícios? Assim, a amamentação somente de-
verá ser interrompida ou desencorajada se existir 
evidência substancial que o consumo alcoólico 
está sendo nocivo ao bebê.
Sabe-se que o cérebro se desenvolve rapida-
mente tanto no final da gestação, como no período 
de puerpério, e pode ser vulnerável a exposição 
teratogênica, Porém, a proporção de quantida-
de de álcool ingerida pelo bebê é muito menor 
daquela transmitida via placentária, que poderia 
causar a síndrome fetal por uso de álcool.
Assim, é importante realçar que o ato de ama-
mentar transcende o prisma biológico, da promo-
ção nutricional e de adaptação da criança. O mo-
mento da amamentação supre desde o início as 
necessidades emocionais, o contato pele a pele, 
olhos nos olhos entre dois seres, tornando a mãe 
254 255
AleitAmento mAterno: álcool e sAúde bebe
a primeira professora de amor de seus filhos, o 
que não pode ser esquecido na dúvida da supres-
são do aleitamento materno.
Aplicação prática/ recomendações
•	 amamentar	 acarreta	 no	 organismo	 materno	
uma demanda similar à gestação. Assim, a 
alimentação da lactante deve ser aumentada 
e ajustada para oferecer alimentação ao bebê8;
•	 A	lactante	deve	ingerir	líquidos	em	abundân-
cia para reposição da água secretada no leite 
materno8.
•	 A	mãe	que	consome	álcool	regularmente	deve	
ser orientada a observar a criança em relação 
a possíveis efeitos colaterais, tais como alte-
ração no padrão alimentar, hábitos de sono, 
agitação, tônus muscular, distúrbios gastroin-
testinais, etc8,22;
•	 A	mãe	deve	ser	lembrada	também	a	armazenar	
com antecedência leite no congelador para ali-
mentar seu bebê caso haja algum episódio de 
binge drinking;
•	 Após	 a	 ingestão	 de	mais	 de	 1	 dose,	 a	mãe	
deve evitar o aleitamento por duas horas. 
Durante este intervalo, deve extrair o leite e 
desprezá-lo21;
•	 Durante	o	aleitamento	materno,	não	se	deve	
ultrapassar a quantidade de 0,5g de álcool/ kg 
de peso / dia22;
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Enviado para publicação: 01/12/2007
Aceito para publicação: 11/11/2008
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Adriana Trejger Kachani 
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