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Roteiro V - Ordenamento jurídico e Direito Comunitário

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ROTEIRO V DE INTRODUÇÃO AO DIREITO
Noções de ordenamento jurídico diante do Direito Comunitário
Ordenamento Jurídico interno e suas relações
Assim como as normas estão dispostas hierarquicamente, nada exclui que os vários ordenamentos estejam num relacionamento entre si de superior para inferior.
Classificação das relações entre os ordenamentos:
relação de coordenação: relação típica entre Estados soberanos, próprio das relações entre entes que estão no mesmo plano, através de tratados, acordos internacionais etc.;
b)	relação de subordinação: são os verificados entre o ordenamento estatal e os ordenamentos sociais, (associações, sindicatos, partidos, igrejas etc).
FONTES DO DIREITO COMUNITÁRIO
2.1. Normas originárias	
São os Tratados constitutivos da Integração e posteriores, pois contêm os objetivos fundamentais da integração, criam a estrutura institucional comunitária, fixam as obrigações dos Estados-membros, definem os sistemas de controle político, administrativo e judicial, estabelecem os direitos do cidadão comunitário, assentam as bases do sistema orçamental, fiscal, econômico e financeiro, constroem as bases dos sistemas de coesão social, de segurança social, das políticas do ambiente, da juventude, da educação, da saúde, etc. 
2.2. Normas derivadas 
Constituída por atos normativos adotados pelas Instituições criadas no âmbito da Integração, no exercício das suas competências e no quadro de um processo legislativo próprio. 
Classificação:
2.2.1. Regulamentos: lei obrigatória, caráter geral, aplicabilidade direta. Confere direitos e obrigações de forma vinculativa, geral e abstrata. 
A sua aplicabilidade direita ou imediata significa: 
a) torna obrigatório o seu cumprimento por partes dos Estados-Membros, das PF e das PJ; 
b) insere-o diretamente no Ordenamento Jurídico nacional, sem necessidade de qualquer ato nacional de recepção legislativa; 
c) torna sem aplicabilidade as disposições nacionais contrárias.
Ex: 
Regulamento (CE) n. ° 661/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo às prescrições para homologação de certas categorias de veículos a motor no que se refere a sistemas avançados de travagem de emergência”
Regulamento de Execução (UE) n. ° 345/2012 da Comissão, de 19 de abril de 2012 que altera os preços representativos e os montantes dos direitos de importação adicionais de determinados produtos do setor do açúcar fixados pelo Regulamento de Execução (UE) n. ° 971/2011 para a campanha de 2011/2012.
2.2.2. Diretivas: caráter específico, aplicabilidade não direta. Caracteriza-se por vincular os Estados-Membros na consecução do resultado nela objetivado, tornando obrigatório esse resultado. Além disso, dá competência dos Estados-Membros a forma e os meios de o alcançar. 
Duas fases constituem o processo normativo da diretiva:
1ª fase: fixada de maneira obrigatória para os Estados-membros, que ficam vinculados à obrigação de alcançar esse resultado. 
2ª fase: transporta para o direito interno dos Estados-Membros, para que este tomem medidas legais necessárias à consecução do resultado visado pela diretiva. 
O prazo de transposição é fixado na diretiva, de acordo com a natureza e complexidade da matéria. 
EX:
Diretiva 2001/42/CE — Artigos 2. °e 3. °— Avaliação dos efeitos de certos planos e programas no ambiente — Proteção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola —
Diretiva 2008/68/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao transporte terrestre de mercadorias perigosas.
Revogação das diretivas: Se um Estado alegar razões importantes para em relação a matéria tratada na diretiva, adotar disposições nacionais contrárias, deverá notificar esse fato à Comissão, que se manifestará no prazo de seis meses aprovando ou rejeitando as disposições 
2.2.3. Decisões: é ato jurídico que tem por objetivo a aplicação de uma norma geral a um caso concreto. Destinatários: Estados-Membros, PF, PJ.
Ex: Decisão de Execução da Comissão, de 19 de abril de 2012 , que altera o anexo I da Decisão 2006/766/CE no que diz respeito à entrada relativa ao Chile na lista de países terceiros a partir dos quais são autorizadas as importações de frutos do mar vivos, refrigerados, congelados ou transformados, para consumo humano.
2.2.4. Recomendações e pareceres: não obrigatório, caráter depende do conteúdo, aplicabilidade não possui por não possuir força normativa.
Ex: Crise financeira, econômica e social: recomendações referentes a medidas ou iniciativas a tomar Resolução do Parlamento Europeu, de 20 de Outubro de 2010 , sobre a crise financeira, económica e social: recomendações referentes às medidas e iniciativas adotar.
Ex: Gestão de crises transfronteiriças no sector bancário Resolução do Parlamento Europeu, de 7 de Julho de 2010 , que contém recomendações à Comissão sobre a gestão de crises transfronteiriças no sector bancário.
2.2.5. Jurisprudências – precedentes judiciais que determinam a interpretação dos Tratados (método teleológico);
2.2.6. Princípios Gerais do Direito– Ex: pacta sunt servanda, boa fé, legalidade, etc., desde que compatíveis com o direito comunitário. 
Direito comunitário ou poder supranacional na união européia
A questão da supranacionalidade pode se verificar a partir de três aspectos: transferência de soberania; poder normativo e da dimensão teleológica de integração.
Transferência de Soberania:
Desde o Tratado de Roma, estão de procedendo ações soberanas transferidas (frações), tanto no âmbito político quanto jurídico.
A União Européia se situa como um organismo internacional, econômico regional, diferenciado constituída por Instituições, cita-se algumas:
- Tribunal de Justiça da Comunidade Européia: possui soberania supranacional;
- Comissão da Comunidade Européia: guardiã dos Tratados e dos direitos comunitários;
- Conselho Europeu: guardião dos Estados-Membros;
- Parlamento Europeu: defesa da sociedade;
- Tribunal de Contas: fiscal da comunidade política
Poder Normativo
Sustenta-se nos princípios da aplicabilidade direta, essa normatividade supera as constituições estatais (primazia); da autonomia e; da responsabilização dos Estados-Membros, em não havendo cumprimento da normatividade. 
Instituído pelo direito originário:
 - Os Tratados Instituidores da Comunidade
Instituído pelo direito derivado:
- Regulamento: lei obrigatória, caráter geral, aplicabilidade direta;
(um regulamento, no âmbito da União Européia, está, hierarquicamente, acima da Constituição dos Estados-Membros).
- Diretiva: lei específica ao fim proposto, caráter especifica, aplicabilidade não direta;
- Decisão: lei específica, caráter específico, aplicabilidade direta para pessoas físicas e não direta para os Estados;
- Recomendações e pareceres: não obrigatório, caráter depende do conteúdo, aplicabilidade não possui por não ter força normativa.
3.3.	Dimensão teleológica de integração
- Vontade dos Estados-Membros em obedecer os Tratados;
- A legislação comunitária é acolhida e há interesse que seja assim;
- A política comunitária;
- As interpretações do Tribunal de Justiça da Comunidade Européia seguem uma dimensão comunitária. 
Direito da Integração ou Poder Supranacional no Mercosul
4.1.	Transferência de soberania. Não Há
4.2.	Poder Normativo: Não Há
- O cumprimento dos Tratados segue o modelo do Direito Internacional Clássico (monismo/dualismo).
- Não existem instituições com competência supranacional: não há aplicabilidade direta dos Tratados;
- Inexiste primazia sobre as constituições estatais;
- Não há autonomia.
4.3.	Dimensão teleológica:
Inexiste direito de integração, por não haver um órgão supranacional que o aplique sobre os Estados-partes.
O Mercosul segue o princípio da colaboração entre Estados-partes.
5. FASES INTEGRATÓRIAS	
Zona de Livre Comércio
Caracteriza-se pela livre circulação de mercadorias, via supressão de tarifas aduaneiras e restrições não tarifárias incidentes sobre o comércio entre os países integrantes até atingir-se a tarifazero. 
OBS: restrições não tarifárias são todas as limitações ao direito de importar, como proibição de importar determinados produtos, fixação de quotas de importação, estabelecimento de requisitos de autorização prévia para importar. Difere das medidas não tarifárias, pois tem a finalidade de atender as exigências de saúde, segurança, proteção do ambiente. (na prática pode constituir formas camufladas de limitações) 
Ex: NAFTA
União Aduaneira 
Acrescenta às características da ZLC (liberdade de circulação de mercadorias) uma tarifa externa comum – TEC. Tal tarifa deve ser aplicada pelos países integrantes da união aduaneira na importação de países terceiros, ou seja, há uma política comercial comum. 
Obs: A TEC é definida mediante uma alíquota aplicável a cada item tarifário que varia, em geral, de 0% a 20% (MERCOSUL), segundo a categoria de produtos. 
Obs: Para atenuar os problemas decorrentes de desequilíbrios de oferta e demanda inesperados em virtude de desabastecimento (no MERCOSUL), é permitido aos Estados Partes, com caráter pontual e excepcional, aplicar aos produtos que se encontrem nessas condições reduções temporárias à TEC, com prazos de vigência definidos e limitadas a contingentes. Atualmente, a TEC no MERCOSUL compreende cerca de nove mil itens tarifários.
Ex: MERCOSUL (união aduaneira imperfeita) 
Mercado Comum 
Acresce à liberdade de circulação de mercadorias e à tarifa externa comum, três outras liberdades: circulação de pessoas, de serviços e de capitais, ou seja, é uma união onde há livre circulação de fatores de produção, inclusive regras de concorrência. 
Ex: Comunidades Europeias até 1993
 União Econômica e Monetária
É um Mercado comum onde há unificação das políticas monetárias e fiscais. Características:
União Econômica:
 - Mercado único;
- Política de concorrência visando o reforço dos mecanismos de mercado;
- Políticas comuns nos domínios estrutural e regional;
- Coordenação das políticas macroeconômicos.
União Monetária:
- Moeda única;
- Banco Central Único;
- Política monetária e cambial únicas, conduzidas pelo Banco Central Único. 
Ex: União Europeia
Referências
LOBO, Maria Teresa de Cárcomo. Manual de Direito Comunitário: 50 anos de integração. 3ª Ed. Curitiba: Juruá, 2009.
VIEIRA, José Luiz Conrado. A integração econômica internacional na era da globalização: aspectos jurídicos, econômicos e políticos sob prismas conceitual e crítico. São Paulo: Letras &Letras, 2004.

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