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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO
	1.A DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. TERMINOLOGIA. A SOCIEDADE INTERNACIONAL E SUAS CARACTERÍSTICAS. A EXPANSÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO DIREITO INTERNACIONAL. SOBERANIA E A ATUAÇÃO DO DIREITO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL.
	11.B RELAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO. CORRENTES DOUTRINÁRIAS. COMO O DIREITO INTERNO VÊ O DIREITO INTERNACIONAL. COMO O DIREITO INTERNACIONAL VÊ O DIREITO INTERNO. PRINCÍPIOS REGENTES DA RELAÇÃO DO DIREITO INTERNO COM O DIREITO INTERNACIONAL. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O DIREITO INTERNACIONAL.
TEORIA GERAL DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
	Período Clássico: 1648-1918 (Estados soberanos únicos sujeitos do DIP). Nascimento do Estado-nação fortemente centralizado. Navegações permitiram a incorporação à experiência de outros povos. Marcado pelo início do declínio do Sacro-Império Romano Germânico, era dos Descobrimentos, Renascimento, Reforma e Contrarreforma e Revoluções do Século 18. Nascem neste período o princípio da soberania territorial (sendo a guerra um atributo da soberania) e da exclusividade de jurisdição no território/imunidade à jurisdição estrangeira; regras sobre relações diplomáticas e consulares; direito à proteção diplomática; direito dos tratados e princípio do pacta sunt servanda.
1) Paz de Vestifália (1648) – Soberania e equilíbrio
2) Congresso de Viena (1815) – Equilíbrio absolutista + abolição
Autores do período clássico: Francisco de Vitória (1486-1546); Francisco Suárez (1548-1617); Hugo Grotius (1583-1645), que distinguia o direito de guerra e o de paz. Ponto em comum: Direito Natural, derivado de valor eterno e universal, não da escolha humana (Law is to be found, not made). 
Com a morte de Grotius, o D. Natural passou a ser contestado pelos positivistas – Cornelius van Bynkershoek (1673-1743) – que considerada a conduta dos Estados a base do DIP.
Período moderno ou Fase Contemporânea: 1918- (Após a 1ª GG, Organizações internacionais passam a ser sujeitos do DIP). Transformação do DIP, com tentativas de organizar a comunidade internacional e promover a solução pacífica de conflitos.
3) Tratado de Versalhes (1919) que cria a Sociedade das Nações
4) Carta das Nações Unidas (1945) que cria a ONU
Atualmente, fala-se em complexidade e inúmeros autores: indivíduos, ONGs e empresas.
PERÍODO CLÁSSICO:
Divergência sobre a origem do DIP:
a) Antiguidade, na Grécia, Pérsia e Ásia Menor
b) Tradicional: Europa, após a PAZ DE VESTFÁLIA (1648), uma série de tratados que encerrou a Guerra dos 30 anos (guerras religiosas entre potências protestantes e católicas europeias). Conteúdo:
a. Conceito de soberania estatal, Estado-nação, igualdade soberana e não-intervenção: Marca o início de um sistema internacional com pluralidade de Estados independentes, afastando qualquer autoridade superior entre eles
b. Conceito de paz duradoura: equilíbrio de poderes (balancing of power) entre potências, que preservavam o direito de guerra/uso da força para proteção de interesses nacionais. Equilíbrio de fato dependente do poderio militar.
Após a Paz de Vestfália (1648), outros marcos da evolução do DIP:
a) CONGRESSO DE VIENA (1815): 2ª tentativa de sistema internacional de segurança coletiva. Marca a revanche absolutista do Antigo Regime e a proclamação do “Conceito Europeu”, restaurando as dinastias europeias e o princípio do equilíbrio de poderes (princípio da restauração) ameaçado pelas guerras napoleônicas (derrota de Napoleão na Batalha de Waterloo, 1815). França, Suécia e Holanda emergiram como novas potencias (Alemanha era mantida fragmentada para assegurar equilíbrio de poderes). Santa Aliança entre Rússia, Áustria e Prússia para resistir à napoleão e Revolução Francesa. 
a. Primeiros tratados multilaterais: equilíbrio, absolutismo, liberdade de navegação marítima, proposta de abolição do tráfico negreiro.
b. Brasil: elevação do Brasil, em 1815, à condição de Parte do Reino Unido de Portugal, do Brasil e Algarves (até porque a dinastia de Bragança veio fugida de Napoleão para cá em 1808)
Fim do Concerto Europeu: tensão expansionista - Guerra de Crimeia (1956), o fracasso do Congresso de Berlim (1878) e Fim do Império Otomano/Primeira Guerra dos Balcãs (1912-1913).
Perspectiva não-eurocêntrica: desenvolvimento de regras e costumes para regular relações comerciais com o Império Mongol ou Gurkani (Índia), com a China, Império Otomano, Pérsia, Birmânia, Japão e Sião (Tailândia). Estes países tinham seus próprios modelos de relações internacionais. Mas o auto-isolamento de Japão e China levou a conflitos bélicos em nome da liberdade de comércio (tratados comerciais vantajosos à Europa e imunidade pessoal de jurisdição aos seus nacionais – as capitulações – foram impostas). São os tratados desiguais decorrentes de guerras, como a Guerra do Ópio (1842) – Tratado de Nanquim (Anexação de Hong Kong ao Império Britânico).
c. Brasil: sistema parecido ao das capitulações (jurisdição pessoal): Juízes Conservadores da Nação Britânica.
Noutras partes do mundo, houve simplesmente a colonização: Conferência de Berlim (1884-1885) com a Partilha da África.
PERÍODO MODERNO:
No séc. XIX, nasce a Cruz Vermelha Internacional (1863). Início de um novo corpo do DIP, especialmente com a Guerra da Crimeia (1853-56); Guerra Civil Americana (1861-1865) e Conferências de Paz de Haia (1899-1907). Nasce a União Postal Universal (1874) para serviços postais, com personalidade jurídica limitada. Regime jurídico dos rios internacionais, com foco no comércio, com as Comissões dos Rios Reno (1831-1868) e Danúbio (1856-1865).
As Revoluções Liberais também são marcos da evolução do DIP, na Fase Moderna:
a) Com a independência dos EUA, é a 1ª vez que um Estado geograficamente não europeu (o é politicamente) entra nos Estados reconhecidos como sujeito de direito internacional; também influenciou outras nações americanas à independência, especialmente pela Doutrina Monroe (1823, como resposta ao Congresso de Viena), que rejeitava intervenção europeia nas Américas e fundamentava intervenção norte-americana.
b) A Revolução Francesa é o marco da autodeterminação dos povos: igualdade e liberdade de todos os povos, à semelhança de indivíduos.
O período moderno é marcado pelo surgimento de novos sujeitos internacionais: as organizações internacionais. FASES DO PERÍODO MODERNO:
a) Primeira fase, de 1919 (Tratado de Versalhes, criação da Liga das Nações) até o início da 2ª GG (1939), que inicia um novo período de instabilidade global, num mundo multipolar com nacionalismo militarista e Estados totalitários
b) Segunda fase, de 1945 (Carta da ONU) até 1989 (Queda do Muro de Berlim), correspondente à Guerra Fria. Bipolarização. Paz na Europa. Conflitos, revoluções, golpes e guerras na África, Ásia e Américas.
c) Terceira fase, 1989-. Fim da Guerra Fria. Desintegração da URSS. Avanço das liberdades públicas. Surgimento da União Europeia. Mundo unipolar (EUA, com grande peso emergente da China, Índia e Brasil). Terrorismo difuso de matriz antiocidental.
É o Período Moderno de transformação do DIP, com tentativas de organizar a comunidade internacional e promover a solução pacífica de conflitos: 
a) Tratado de Versalhes - Liga das Nações (primeira organização internacional de caráter político); 
b) OIT (1919); 
	ADI AMIANTO
Convenção 162-OIT: Vale ressaltar que a Convenção nº 162 da Organização Internacional do Trabalho, de junho de 1986 – internalizada pelo Brasil mediante o Decreto nº 126/91, determina, em seu artigo 10, a substituição do amianto por material menos danoso ou mesmo seu efetivo banimento, sempre que isso se revelar necessário e for tecnicamente viável.
Observa-se, assim, que o Brasil assumiu o compromisso internacional de revisar sua legislação e de substituir, quando tecnicamente viável, a utilização do amianto crisotila.
Destaca-se que a Comissão das Comunidades Europeias, em 1999, proibiuo uso remanescente do amianto crisotila, passando a vigorar a proibição a partir de janeiro de 2005 (Anexo I à Diretriz 769/69 EEC).
· Reconhecendo o processo de inconstitucionalização, declarou inconstitucionalidade (difusa) de norma federal permissiva do amianto, mesmo ela não estando no pedido da ADI, mas na causa de pedir (causa de pedir aberta) e constitucionalidade de normas estaduais, pela ausência de norma federal
c) Corte Permanente de Justiça Internacional (1912-1946). 
O período moderno se consolida em 1945, com a 
a) ONU e CIJ (1945): estruturas robustas pela paz e segurança internacional e justiça interestatal
Início da profusão dos tratados internacionais: 
a) Tratado de Versalhes (pacto de desarmamento e não-agressão) – Sociedade das Nações
a. Previu arbitragem e submissão ao Conselho (unanimidade) e dele à Assembleia (maioria); projeto de Tribunal Permanente de Justiça Internacional. Rompimento de relações comerciais e diplomáticas com membro que recorrer à guerra. Auxílio mútuo. 
b. Colonialista: Expressa que a Doutrina Monroe é compatível com o tratado (força dos EUA). “Melhor solução” para as colônias é a “tutela das nações desenvolvidas”, com proibição de abusos ou mesmo administrados diretamente, quando muito remotos/subdesenvolvidos. Fala de mulheres, crianças, indígenas, tráfico de mulheres e crianças; tráfico de drogas e armas. Livre comércio e saúde.
c. Compromisso de fortalecer a Cruz Vermelha Organização Internacional
b) Pacto Briand-Kellog (Pais, 1928): tratado de renúncia geral à guerra
a. Renunciam à guerra e propõem solução de controvérsias: “Nunca senão por meios pacíficos”
c) Carta da ONU (1945) e DUDH (1948): Novo capítulo – Direito Internacional dos Direitos Humanos
Processo de descolonização da África, Ásia e Caribe por meios pacíficos ou guerras coloniais. Surgimento de agências especializadas da ONU: UNESCO, FAO e OMS, por fim, no importante órgão do sistema de justiça, o Tribunal Penal Internacional – Estatuto de Roma (1998).
COSMOPOLITANISMO: O Direito até KANT tinha duas dimensões: o Direito Estatal (interno) e o Direito das Gentes (entre Estados e entre indivíduos de outro Estado e o Estado). KANT acrescenta uma terceira dimensão: o Direito cosmopolita, o direito dos cidadãos do mundo, que considera cada indivíduo não como membro do seu Estado, mas como membro, ao lado de cada Estado, de uma sociedade cosmopolita.
TERMINOLOGIA
1) Direito Internacional: língua inglesa. Jeremy Bentham (1780).
2) Direito Internacional Público: europa continental e latinos-americanos. O adjetivo público vem da doutrina francesa para distinguir o ordenamento jurídico público do privado, como de interesse geral. Conflito que, em inglês, é conflict of laws (Joseph Story, 1834). 
a. Utiliizamos essa denominação porque direito internacional privado não é verdadeiramente “internacional” (ramo que define qual ordem jurídica, nacional ou estrangeira, é aplicável aos conflitos de leis no espaço em relações privadas com conexão internacional). Suas normas podem originar-se do DIP, mas normalmente o são do Direito Interno, quando os Estados decidem qual regra prevalecerá: interna ou estrangeira. É processual.
	DIP
	DI Privado
	Regulação da sociedade internacional
	Regulação dos conflitos de leis no espaço
	Disciplina direta das relações internacionais ou das relações internas de interesse internacional
	Indicação da norma nacional aplicável a um conflito de leis no espaço
	Normas de aplicação direta
	Normas indicativas do direito aplicável
	Regras estabelecidas em normas internacionais
	Regras estabelecidas em normas internacionais ou internas
	Solução por cortes e órgãos internacionais
	Solução por cortes e órgãos internos
3) Direito das gentes (jus gentium): naturalistas do Século XVI (Hugo Grotius)
SOCIEDADE INTERNACIONAL E SUAS CARACTERÍSTICAS
Sociedade internacional: Estados, Organizações Internacionais, particulares, ONGs e empresas, associando-se, pela premissa da vontade, para atingir certos objetivos. São interesses, não laços.
· Diferente de comunidade internacional: vínculos espontâneos e de caráter subjetivo, envolvendo identidade e laços culturais, emocionais, históricos. Ausência de dominação. Portela aduz existir comunidade internacional sobre problemas globais como segurança alimentar, meio ambiente, desastres naturais, DHs e paz.
Características: universalidade, heterogeneidade, interestatalidade, descentralização, coordenação e desigualdade.
a) Universal (global ou planetária), ainda que o nível de integração não seja homogêneo. Mesmo o isolacionista mantém laços fronteiriços e comerciais.
a. MIRANDA: Há um regionalismo crescente de acordo com peculiaridades local (interamericano; europeu)
b) Heterogênea (não é comunidade). Igualdade jurídica, mas não material.
c) Interestatal – formada apenas por estados (superada, desde o século XX organizações internacionais, indivíduos, empresas e ONGs tornam-se sujeitos)
d) Descentralizada: não há poder central universal. Não há subordinação política.
a. A expansão qualitativa do DIP vem modificando esta característica, pelos procedimentos internacionais de interpretação e cumprimento das normas, superando a tradicional descentralização e fragilidade na execução de normas internacionais.
e) Coordenação: de interesses e atividades, e não subordinação
a. Há um direito de subordinação em sentido estrito pela manutenção da paz e segurança coletiva da Carta da ONU; à justiça penal internacional e regulamentos comunitários europeus.
f) Desigualdade (de fato)
Globalização: aprofundamento da integração. Espaço internacional comum. Circulação de bens, serviços e pessoas. Atualmente, caracteriza-se pelo desenvolvimento da Tecnologia da Informação e Comunicação e propagação de valores como o Estado Democrático de Direito e economia de mercado. Características: (1) aumento do fluxo do comércio internacional e investimento estrangeiro direto; (2) acirramento da concorrência no mercado internacional; (3) maior interdependência entre os países; (4) expansão dos blocos regionais; (5) redefinição do papel do Estado e da soberania. Resultado: (1) limitação da soberania por tratados; (2) novas modalidades normativas mais flexíveis: soft law. Afetada: (1) 11 de setembro; (2) crise de 2008; (3) covid-19.
CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
PORTELA: Ramo do direito que visa a regular as relações internacionais e a tutelar temas de interesse internacional, norteando a convivência entre membros da sociedade internacional que inclui Estados e organizações internacionais, como também uma ampla gama de questões de interesse direto de outros atores sociais, como os indivíduos.
· Ubi societas, ibi jus: onde houver sociedade, haverá normas de convivência.
· Alguns autores, como Rezek, ainda usam a definição da Paz de Vestfália (entre Estados)
MIRANDA: organização da comunidade internacional por normas e instituições jurídicas. Coexiste com ordens paralelas de moral e cortesia.
OBJETO DO DIP
Redução da anarquia (relações) e satisfazer interesses comuns de desenvolvimento, segurança, paz, cooperação e proteção dos DHs. Conferir tutela adicional a questões cuja importância transcende fronteiras.
FUNDAMENTOS DO DIP
1) Voluntarista (subjetiva ou positivista): vontade soberana dos Estados e organizações internacionais, manifestada expressamente (ingresso em tratados) ou tacitamente (aceitação de costumes internacionais).
	Autolimitação da vontade
	Georg Jellinek
	O Estado, por sua própria vontade, submete-se às normas internacionais e limita sua soberania
	Vontade Coletiva
	Heinrich Triepel
	O DIP não nasce da vontade de um ente estatal, mas da conjunção das vontades unânimes de vários Estados, formando uma só vontade coletiva
	Consentimento das nações
	Hall e Oppenheim
	É a vontade da maioria dos Estados de um grupo, exercida de maneira livre e sem vícios, mas sem exigência de unanimidade
	Delegação do Direito Interno ou Direito Estatal Externo
	Mas Wenzel
	É encontrado no próprio ordenamento nacional dos entes estatais
a. Crítica:temas relevantes relegados ao voluntarismo (normas jus cogens mostram a incapacidade da fundamentação voluntarista)
2) Objetivista: obrigatoriedade do DIP derivada a existência de valores, princípios ou regras que se revestem de tal importância que deles pode depender, objetivamente, o bom desenvolvimento e a própria existência da sociedade internacional. Vertentes:
	Jusnaturalismo
	
	Impõem-se naturalmente, com fundamento na própria natureza humana, tendo origem divida ou baseadas na razão.
	Teorias sociológicas do Direito
	
	Tem origem em fato social que se impõe aos indivíduos
	Teoria da Norma-base
	Kelsen
	O fundamento é a norma hipotética fundamental, da qual decorrem todas as demais, inclusive as do Direito Interno, até porque não haveria diferença entre normas internacionais e internas.
	Direitos Fundamentais dos Estados
	
	Estados possuem direitos inerentes e oponíveis a terceiros.
a. Crítica: déficit democrático e autodeterminação dos povos
3) Pacta sunt servanda (ANZILOTTI): Estados devem cumprir de boa-fé os compromissos que assumiram como condição do desenvolvimento da sociedade internacional, respeitadas as normas de jus cogens, que são imperativas, independentemente do consentimento dos Estados e que prevalecem sobre tratados.
a. Normas jus cogens 
i. Art. 53 e 64 (conclusão, interpretação, validade, aplicação e fim de vigência de tratados) da Convenção de Viena de 1969
ii. Art. 103 da Carta da ONU
iii. Estatuto da CIJ
b. MIRANDA: “Direito internacional constitucional” – sentido racional e ético de pertencimento a um grupo. Destinatário é livre para cumprir ou não cumprir, mas a norma não tem por base sua vontade, mas princípios objetivos de ordem que o transcendem, num sentido de bem comum, valendo tanto para o direito interno quanto para o direito internacional. 
4) Negadores teóricos: normas internacionais tem natureza meramente moral e de cortesia. Ou Estados atuam em seu próprio interesse Ou no uso da força.
a. Crítica: descumprimento não faz sumir a norma.
CARACTERÍSTICAS DO DIP
a) Dicotomia entre relativização e importância da soberania Poder soberano limitado.
b) Coordenação (em oposição à subordinação do D. Interno) e não há poder central
c) Normatividade
d) Não há hierarquia, mas há prevalência das normas de jus cogens
e) Fragmentariedade: heterogeneidade das normas (ramos)
f) Efeitos internacionais e internos
EXPANSÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO DIREITO INTERNACIONAL
Direito internacional é um ordenamento jurídico, não um ramo do direito. Opõe-se ao ordenamento interno, e não ao “direito civil”. Após a 2ª GG (1945) houve uma expansão qualitativa e quantitativa de normas internais, especialmente pela preocupação com violações de direitos humanos.
a) Quantitativo: nº de tratados
b) Qualitativos: reforço dos procedimentos internacionais de sua interpretação e Por enforcement, diminuindo a descentralização e aumentando a obrigatoriedade dos textos internacionais, como pelo surgimento de órgãos judiciais (penais e não penais) e quase judiciais. Ideia de pacta sunt servanda e jus cogens. Expansão para julgamento de Estados (CIJ) e indivíduos (CIJ)
PRINCÍPIOS QUE REGEM AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL
	Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
	Por isso, há um rígido procedimento para declaração de guerra, com autorização do CONGRESSO Nacional (art. 22, II; 49, II; 84, XIX). Remete-se ao Pacto Briand-Kellog (Paris, 1928). Presidente só pode declarar guerra no caso de agressão estrangeira.
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Há outros princípios espalhados, como a 
· Princípio da Subsidiariedade da jurisdição do TPI
· Princípios da Reciprocidade, reconhecimento mútuo e dupla tipicidade: regras sobre extradição (art. 5º e 102) e sobre assistência jurídica (art. 105 e 109)
· Princípio pacta sunt servanda (Convenção de Viena 1969)
RELAÇÃO ENTRE DIP e DIREITO INTERNO
Há uma relação íntima, pois o Direito Interno define a competência para celebração de compromissos internacionais e estes dependem de ações internas para prevalecer. 
A incorporação é um mecanismo de facilitação da aplicabilidade dos tratados. Mas pode haver conflitos, suscitando qual deverá prevalecer. Tradicionalmente, essa a discussão entre Monismo e Dualismo. Mas, em ramos específicos, como DHs, surgem novas possibilidades, como a prevalência da norma mais favorável ao indivíduo.
Correntes doutrinárias
	Monismo e Dualismo
Interações das ordens jurídicas nacionais e internacionais
	Monismo
	Dualismo
	Uma só ordem jurídica
	Dois ordenamentos (Triepel e Anzilotti)
	Nacionalista (Hegel): primazia do direito interno e do voluntarismo (defendido pelos soviéticos, em nome da soberania e descentralização da sociedade internacional)
Ou
Internacionalista (Kelsen): primado do direito internacional (ordenamentos comunicáveis e inter-relacionáveis, relevantes reciprocamente. Normas internais prevalecem, mas de forma heterogênea)
Pode ser radical (total supremacia) ou moderado (compatibilização – Alfred von Verdoss – nega invalidade da norma interna por contrair internacional, mas se sujeita à responsabilização internacional)
	Radical: incorporação por meio de lei
Ou
Moderado: incorporação dispensa lei, mas exige procedimento complexo
Enfatizam a diversidade de fontes e os limites de validade da norma internacional, que deve ser internalizada.
	Orientação da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 é o MONISMO INTERNACIONAL: “Uma parte não pode invocar as disposições de direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado”
· fixa o Pact Sunt Servanda e o cumprimento de boa-fé. 
· Fixa que não poderá ser invocado direito interno para inadimplemento de um tratado.
	Vincula-se à teoria da incorporação ou transformação de mediatização (necessidade de incorporação e transformação em norma nacional). A partir daí, SÓ HÁ conflito é entre normas nacionais.
	CF/88: 
a) Reconhece prevalência dos DH (4º,II)
b) Solução pacífica de conflitos (4º, VII)
c) Repúdio ao racismo (4º, VIII)
d) Comunidade latino-americana (4, pu)
e) Abrange no seu bill of rights direitos e garantias decorrentes de tratados (5º, §2º) com aplicabilidade imediata (5º, §1º)
f) Status constitucional aos direitos convencionais (5º, §3º)
g) Aceita a jurisdição do TPI (5º, §4º)
h) Favorável à instalação de Corte Internacional de DHs (7º, ADCT)
i) Cláusula de federalização de causas de direitos humanos para evitar a responsabilidade internacional do Estado brasileiro (art. 109, V-A)
	j) Processo de incorporação dos tratados internacionais
Brasil não se vinculou a nenhuma - ADI 1480/DF: “É na Constituição – e não na controvérsia doutrinária que antagoniza monistas e dualistas – que se deve buscar a solução normativa para a questão da incorporação dos atos internacionais ao sistema de direito positivo interno brasileiro”. O processo de aprovação dos tratados aponta claramente para um sistema de transformação; por outro lado, porém, o longo elenco de princípios e objetivos das relações internacionais patenteia uma concepção jusuniversalista, muito mais consentânea à recepção automática. De todo modo, a CF adotou ambos: o dualismo moderado (processo), com aspectos do monismo e aspectos próprios de cada ramo (DH: primazia da norma mais favorável ao indivíduo)
COMO O DIREITO INTERNO VÊ O DIREITO INTERNACIONAL
Determinado pelas leis fundamentais do Estado. Normas internacionais podem ser incorporadas por um:
k) Sistema de transformação em normasde direito interno, que pode ser implícita ou explícita e se harmoniza com a concepção dualista. CF88 geral (“o processo de aprovação dos tratados aponta claramente para um sistema de transformação; por outro lado, porém, o longo elenco de princípios e objetivos das relações internacionais patenteia uma concepção jusuniversalista, muito mais consentânea à recepção automática”)
l) Sistema de recepção, pelo qual as normas internacionais vigoram enquanto tais. Reflete um pensamento monista. CF 1988 (art. 5º, §§ 2º e 3º) em relação aos tratados de direitos humanos. CF88 DHs
No Brasil, a incorporação de tratados passa por um procedimento bifásico que exige prévia manifestação do CN e publicação de um decreto legislativo; e, após, a promulgação do tratado por um decreto presidencial (costume constitucional – não está na CF). Ingressam como leis ordinárias, salvo tratados de DHs aprovados como ECs.
COMO O DIREITO INTERNACIONAL VÊ O DIREITO INTERNO
Diálogo das Cortes. Fertilização cruzada. Citação de uma Corte pela outra. Mas é comum que a Corte Internacional considere a norma interna um “mero fato” que expressa a “vontade do Estado”. As decisões judiciais, leis e atos internos podem ser submetidos a sistemas internacionais de proteção de direitos humanos e ensejar a responsabilização internacional. Estados federais são considerados unos. Norma interna só será aplicada se a norma internacional lhe fizer remissão (art. 46 da Convenção de Viena 1969 – norma interna sobre competência para celebrar tratados).
m) Irrelevância do D. Interno: Caso Fábrica de Chorzów, 1928 – CPJI (POL vs. ALE): fixou a responsabilidade internacional do Estado pela indenização integral da propriedade perdida, uma fábrica de nitrogênio.
	CASO DA FÁBRICA DE CHORZOW (CPJI, 1928): a Alemanha ocupava territorialmente a Alta Silésia, mas ao final da Primeira Guerra, a região ficou sob a soberania polonesa. Porém diversos alemães permaneceram na região. A Polônia editou uma lei dispondo que o Estado expropriaria ativos alemães na Alta Silésia por simples alteração de registro (sem desapropriação e sem indenização). A Alemanha propôs então uma ação perante a Corte Permanente de Justiça Internacional (antecessora da CIJ). A Alemanha entendeu que houve o chamado “endosso”, ou seja, que o ato transcendeu a esfera dos interesses de seus nacionais, ou seja, saiu da esfera da responsabilidade civil e foi para a responsabilidade internacional. O endosso é ato discricionário. A CPJI entendeu pela primeira vez que, para o direito internacional, o direito interno é mero fato. Ou seja, o DIP não reconhece caráter jurídico ao direito interno. Outro aspecto relevante da decisão diz respeito ao direito adquirido: foi decidido que os alemães proprietários da fábrica de Chorzow possuíam direito adquirido da propriedade, que eram oponíveis mesmo em caso de sucessão de Estados. A CPJI declarou, ainda, que a ideia de que toda violação de um compromisso envolve a obrigação de reparar é uma concepção geral do direito (o que retratou o princípio geral do direito, como fonte do direito internacional). (OBS: a passagem famosa desse caso é a seguinte: “a reparação deve, tanto quanto possível, apagar todas as consequências do ato ilícito e restabelecer o estado que provavelmente existiria se o referido ato não tivesse sido cometido").
PRINCÍPIOS REGENTES DA RELAÇÃO DO DIREITO INTERNO COM O DIREITO INTERNACIONAL
Incorporação & Hierarquia:
a) Tratados que alteram a Constituição
b) Constituições que atribuem status supralegal a tratados
c) Tratados que tem a mesma hierarquia de lei ordinária
d) Constituições omissas que remetem à jurisprudência discernir a relação entre direito interno e internacional
Alternativas de conciliação propostas pela doutrina – RAMOS defende o princípio da cooperação legal e conforme aos tratados:
a. Princípio da interpretação interna amiga do direito internacional/Princípio da interpretação internacionalista (oposta à nacionalista)
b. Princípio do espaço constitucional de conformação aos tratados internacionais: interpretar a CF de modo a permitir um espaço de conformidade com os tratados (ex.: proibição de extradição do brasileiro nato não impede a entrega de tal brasileiro ao TPI)
c. Princípio da presunção de aplicação de tratados preexistentes em face de lei posteriores (de modo a não violar compromissos internacionais)
d. Princípio da primazia da norma mais favorável ao indivíduo
	Exemplo: Audiência de Custódia
Prevista na CADH (San Jose). Os tratados internacionais de direitos humanos que o Brasil foi signatário incorporam-se em nosso ordenamento jurídico com status de norma jurídica supralegal. Na ausência de lei, os Tribunais – incentivos pelo CNJ – regulamentaram a por meio de provimentos e resoluções.
· Associação dos Delegados de Polícia do Brasil ajuizou ADI contra o Provimento do TJSP, alegando que só poderia ser criada por lei federal, pois a competência é da União.
· ADI improcedente. CADH é a lei. Provimento não inovou, mas expressou CADH e CPP (habeas corpus – art. 656)
Discussão sobre a nomenclatura: é meramente doutrinária. Fux defendeu “audiência de apresentação”.
CADH fala em “sem demora”: para doutrinária majoritária, 24h (art. 306, § 1º CPP).
	CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA entre o Direito Internacional e o Direito Nacional – ordens jurídicas plurais (RAMOS) – É possível diálogo?
Expansão quantitativa e qualitativa do DIP. Ausência de regras sobre conflitos. Conflito entre primazia da Constituição (interno) e Unilateralismo Internacionalista (DIP). Voluntarismo na adesão aos diplomas internacionais. Neoconstitucionalismo e abertura do D. Constitucional ou DIP. Diferentes interpretações. 
Choque inevitável: Caso Gomes Lund e ADPF 153 (2010).
Pluralidade de ordens jurídicas/terminologias
Ótica de partida constitucional com preocupação internacional: Constitucionalismo multinível (Pernice). Pluralismo constitucional (Walker). Interconstitucionalidade (Canotilho). Transconstitucionalismo (Neves). Cross-constitucionalismo (Ramos Tavares). Constitucionalismo transnacional (Aragón Reyes). 
Ótica internacional: internacionalização do direito (Delmas-Marty).
Conceito: coexistência de normas e decisões de origens distintas com ambição de regência do mesmo espaço social relacionando-se em convergência ou divergência de sentidos.
Constitucionalização do DIP como impulsionador do fenômeno da pluralidade de ordens jurídicas
Juridificação das relações internacionais. Expansão quantitativa e qualitativa (procedimentos: superando a tradicional descentralização e fragilidade de execução). Interpretação internacionalista vs. Interpretação nacionalista/truque ilusionista (judex in causa sua). A expansão quantitativa engendrou a qualitativa: o abandono do truque ilusionista por uns os exigi-lo dos outros: sistemas de solução de controvérsias para obter uma interpretação internacionalista para todos. 
Isso gerou uma constitucionalização do DIP. Mimetização dos institutos do D. Constitucional. Criação de tribunais e centros de arbitragem, tribunais ad hoc, órgãos quase-judiciais, proteção de DFs, rule of law, acesso direto de indivíduos, julgamento de indivíduos penalmente. Constitucionalismo Global (Rothenburg).
Neoconstitucionalismo impulsionador da pluralidade
Princípios. Irradiação. Ativismo judicial (jurisdição constitucional). Abertura da Constituição às normas internacionais: art. 5º, §§ 2º e 3º (também em Portugal, Espanha, África do Sul).
Harmonia e Dissonância
Harmonia: 
a) Abertura do ordenamento interno às fontes internacionais
Fontes convencionais: Teoria da junção de vontades ou teoria dos atos complexos (E + L). Assinatura. Decreto Legislativo. Promulgação e Publicação (vigência interna). Depósito/ratificação.
Fontes extraconvencionais: costume internacional e soft law aplicados pelo STF.
b) Reconhecimento de status superior, com a consagração do bloco de constitucionalidade
Origem: Conselho Constitucional Francês. CF/FRA1956 faz referência à CF1946 e Declaração de Direitos de 1789 e à Carta do Meio Ambiente –todos integral o bloco de constitucionalidade. 
Aceito pelo STF. Art. 5º § 3º.
c) Uso retórico e argumentativo da ratio decidendi internacional
Não obrigatoriedade do diploma de jornalista (OC n. 5 CIDH)
d) Influência dos avanços nacionais na redução e interpretação, especialmente de DHs (novos marcos de proteção)
Caso Goodwin – CEDH. Modificação de sexo e inviabilização de benefício social e casamento. Novas legislações internas foram importantes para o convencimento da CEDH sobre direitos dos transexuais.
Dissonância:
a) Tratados internacionais nacionais: interpretação nacionalista/retórica. 
A interpretação internacionalista é uma consequência natural da ratificação e gera responsabilização internacional, mas é desrespeitada no Brasil.
b) Decisão judicial interna que invalida tratados internacionais sem qualquer modulação temporal.
STF decidiu pela supremacia da CF sobre todos tratados internacionais. Crítica: isso não afeta a validade internacional dos tratados. Ficamos expostos à responsabilização internacional. O STF deveria modular os efeitos da inconstitucionalidade para valerem somente a partir da denúncia/extinção do tratado, incluindo o pré-aviso.
c) Descumprimento por ordem judicial nacional de decisões internacionais.
Assimetrias no mundo plural: a ordem internacional como ordem de maior amplitude
O melhor desenho não é o da relação horizontal clássica, com influência recíproca e interdependência. Mas uma ideia de círculos concêntricos, com a ordem de maior amplitude irradiando efeitos.
Diálogo das Cortes: convergência
O conflito pode ser um catalisador da evolução hermenêutica (progress through catastrophe). Na ideia de pluralidade, não cabe um árbitro final. O diálogo provoca um refinamento na interpretação: fertilização cruzada.
Mas como não cair na retórica? Qual o modo deste diálogo? 4 parâmetros do Diálogo:
1) Menção à existência de dispositivos convencionais e extraconvencionais
2) Menção à existência de caso internacional contra o Brasil
3) Menção à existência de jurisprudência anterior sobre o objeto da lide de órgãos internacionais aptos a emitir decisões vinculantes ao Brasil
4) Peso dado aos dispositivos e à jurisprudência internacionais
Teoria do Duplo Controle:
Convivência entre controle de constitucionalidade e convencionalidade
Adesão brasileira a tribunais internacionais. Evita-se a interpretação nacionalista, que nega a universalidade.
· Aplicar CADH sem citar CIDH é como aplicar CF sem citar STF
ADPF 153 (Anistia a agentes da ditadura militar brasileira) vs. Caso Gomes Lund. Processamento simultâneo e decisões diferentes. Para CIDH: lei não pode ser invocada, não há prescrição, bis in idem e retroatividade penal. Qual decisão cumprir?
· Caso o Diálogo das Cortes inexista ou seja insuficiente teoria do duplo controle ou crivo de Direitos Humanos. Dupla garantia. Leis devem respeitar a CF (CConst) e os tratados internacionais (CConv). Para subsistir, a anistia deveria ter superado ambos os controles.
 Tudo é fruto natural da expansão quantitativa e qualitativa do DIP.
· Risco de denúncia de tratados: Fantasma de Trinidad e Tobago que, insatisfeita com a Corte IDH, denunciou a CADH.
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O DIREITO INTERNACIONAL
Silêncio constitucional sobre o conflito de normas. Salvo DHs:
a) normas de DIDH podem ser internalizadas com status constitucional
b) normas de DIDH possuem aplicabilidade imediata
É cediço:
c) As normas de jus cogens prevalecem até sobre normas constitucionais; 
d) é admissível o controle de constitucionalidade das normas de direito internacional
O processo de aprovação dos tratados aponta claramente para um sistema de transformação; por outro lado, porém, o longo elenco de princípios e objetivos das relações internacionais patenteia uma concepção jusuniversalista, muito mais consentânea à recepção automática.
n) Há ainda um “Processo de impregnação” aplicável independentemente da existência de um mecanismo de internalização aos costumes internacionais
	3.A. Fontes do DIP. Costume internacional. Principios gerais. Jurisprudência e Doutrina. Atos Unilaterais. Deliberações de OI. Analogia e Equidade no DIP. Normas imperativas. Jus cogens. Obrigações erga omnes. Soft Law.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
ESTATUTO DA CORTE DE HAIA (CIJ).
A CIJ julga Estados, não indivíduos. Foi constituída em 1945 pela Carta das Nações Unidas como seu principal órgão judiciário (não exclusivo: nada impede confiar solução a outro tribunal), substituindo a CPJI (Pacto da Sociedade das Nações – Tratado de Versalhes, 1919). Todos os membros da Carta das NU são membros da CIJ, externos podem se obrigar à CIJ (conforme condições do Conselho de Segurança) – MAS ainda que parte do Estatuto da CIJ, só pode ser obrigado a se submeter a processo na Corte com seu consentimento (em tratado específica, tratado da CIJ – cláusula facultativa de jurisdição obrigatória (que não é absoluta), NÃO RATIFICADA PELO BRASIL - ou compromisso). Se uma das partes descumprir, outra pode levar ao Conselho de Segurança e tanto este, como a Assembleia Geral, podem pedir parecer da CIJ, sobre qualquer questão de ordem jurídica. Demais órgãos da NU e entidades especializadas também poderão pedir parecer, sobre sua atividade. CARTA DA ONU/ESTATUTO DA CIJ NÃO AUTORIZAM ESTADOS A REQUEREREM PARECER. Competência jurisdicional e consultiva. 
	ESTATUTO DA CIJ
Composição: 15 membros. Não pode dois nacionais do mesmo Estados. Se for nacional de dois, valerá aquele em que exerce seus direitos civis e políticos. Eleitos pela AG-ONU e CS (sem distinção de membros permanentes ou não), independentemente um do outro, por maioria absoluta de uma lista apresentadas pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem ou pelos Grupos Nacionais (No máximo 4 indicados por grupo, no máximo 2 de sua nacionalidade). Não membro da ONU: conforme acordo especial ou conforme AG por recomendação do CS. Empate: mais velho.
o) Se depois de 3 reuniões os lugares permanecerem vagos AG + CS Próprio tribunal.
Mandato: 9 anos + reeleição. Continuam até preenchimento da vaga. Mandato tampão. Demissão: unanimidade dos membros da Corte.
Funcionamento: permanente. Dispensa de sessão deve manter 11 juízes disponíveis. Quórum mínimo: NOVE juízes.
Câmaras: sentença será considerada como da Corte. Há uma Câmara sumária, formada por 5 juízes (+2 substitutos).
Juízes de mesma nacionalidade das partes: PODEM julgar. Mas a outra parte poderá escolher uma pessoa para funcionar como juiz (preferencialmente entre os candidatos à Corte). Se a Corte não incluir, ambas podem indicar. Dois membros cedem lugares. Diversas partes serão uma para este fim.
Só julga ESTADOS. [DECISÕES DO CONSELHO DE SEGURANÇA SERÃO OBJETO DE PARECERES!]
Competência: todas as questões que as partes lhe submetam e todos assuntos previstos na Carta das NU ou em tratados e convenções em vigor. Podem se submeter por simples declaração ou reciprocidade. Previsão expressa do competenz-competenz (36)
Art. 38 – fontes e aplicação do DIP.
Medidas provisórias, cientificando-se ANTES as partes e o Conselho de Segurança.
Processo: duas fases – escrita e oral. Há revelia (mas a corte deverá analisar competência e fundamentos de fato e de direito). Presidente tem voto de minerva.
· Se nenhum juiz for nacional, Estados indicam ad hoc
Sentença: só obrigatória (CARTA DA ONU) aos litigantes. É definitiva e inapelável (admite-se revisão em 10 anos da descoberta do fato novo).
p) Interpretação: se a parte pedir interpretação e outro Estado intervir no processo, a sentença lhe será obrigatória
Revisão: fato desconhecido da Corte e da parte. Aberto por uma sentença da Corte, que poderá condicionar a abertura à prévia execução da sentença. Prazo de 6 meses do descobrimento do fato novo. Prazo final: 10 anos da sentença.
PARECER CONSULTIVO: Só órgãos da ONU – VEDADO PEDIDO DE ESTADOS! NÃO é obrigatório para ninguém.
	CARTA DA ONU FIXA OBRIGATORIEDADE DA SENTENÇA DA CIJ, E NÃO DE ADERIR A CIJ
	ALGUNS TRIBUNAIS já reconhecem a figura do amicus curiaeinternacional
	BRASIL & CIJ
o Brasil foi um dos primeiros signatários da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória da CIJ, que recebeu o nome do então Ministro das Relações Exteriores Raul Fernandes. No entanto, o Decreto nº 25.795/1948 dispõe que a aceitação ocorreria pelo prazo de cinco anos e sob condição de reciprocidade. Passado tal prazo o Brasil nunca voltou a aderir à cláusula, de modo que se encontra hoje fora da jurisdição obrigatória da CIJ apesar de ter elegido com sucesso diversos nomes para a composição, com destaque para o juiz reeleito Antônio Augusto Cançado Trindade.
CASOS EMBLEMÁTICOS JULGADOS POR BRASILEIROS (CORTE IDH)
Comunidade Maiwana v. Suriname (Corte IDH), Opinião Consultiva 17/2002 da Corte IDH, e o Caso “Niños de la Calle (Meninos de Rua ou Vilagrán Morales y otros v. Guatemala). Este último, na opinião desta professora, contém um dos votos mais comoventes da Corte Interamericana, proferido pelo então juiz Cançado Trindade.
	CASO BERNADOTTE
 Qualquer órgão das Nações Unidas ou entidade especializada que, em qualquer época, tenha sido devidamente autorizada, pode realizar um questionamento consultivo à Corte Internacional de Justiça pela Assembleia Geral.
	CASO LÓTUS
a UNIVERSALIDADE DA JURISDIÇÃO pode ser aplicada em caso de delito que, no todo ou em parte, produza efeitos no território do Estado, ainda que a execução ocorra fora de seu território
O caso do vapor Lótus foi cobrado na última prova oral do MPF. Trata-se de caso de abalroamento em alto mar causado pelo navio vapor francês Lótus em um navio de bandeira turca, causando a morte de tripulantes turcos em 1926. O navio, posteriormente, atracou em um porto turco, oportunidade em que aquele país capturou e exerceu sua jurisdição penal sobre o capitão do navio francês. A França ingressou com reclamação perante a CPJI (predecessora da CIJ) sustentando existir costume internacional pela competência do país de nacionalidade do infrator para delitos cometidos em alto-mar (entre outros fundamentos). A CPIJ, além de afastar a tese de costume nesse sentido, reforçou a possibilidade de os Estados exercerem sua jurisdição universal (competência extraterritorial da lei) não só em casos cuja execução se inicia ou acaba em seu território, mas também quando há efeitos em seu território, ainda que totalmente transnacional. No entanto, não se decidiu pela validade de jurisdição universal ilimitada! Ainda nessa linha, vale a observação de Aciolly, Casella e Silva: A decisão proferida pela Corte Permanente da Justiça Internacional no caso do navio Lotus (...), declarando que nenhum princípio de direito internacional proíbe a localização de delito não internacional, que tenha causado dano por negligência, no lugar onde esta produziu seu efeito.
	CASO VAPOR WIMBLEDON
as obrigações internacionais não podem ser subordinadas a atos administrativos internos de um determinado Estado nem à apreciação discricionária das autoridades alemãs.
O caso se refere à recusa alemã de exercício de direito de passagem pelo canal de Kiel ao navio vapor britânico Wimbledon, fretado por empresa francesa e carregado de armamentos com destino à Polônia (então em guerra com a URSS, conflito no qual a Alemanha se declarara neutra). Ocorre que referido canal estaria sujeito a regime internacional por força do Tratado de Versalhes e a controvérsia foi parar na Corte de Haia.
CASO FÁBRICA DE CHORZOW
foi sedimentada a supremacia da instância internacional sobre atos judiciais internos anteriormente declarada no Caso do Vapor Wimbledon.
O Caso da Fábrica de Chorzow é bastante emblemático porque, basicamente, definiu os parâmetros sobre responsabilidade civil internacional da Corte de Haia, além de reforçar a questão da supremacia do direito internacional iniciada pelo caso Wimbledon. A fábrica mencionada era uma valiosa planta de nitrogênio localizada na Alta Silésia, local anteriormente sob domínio alemão passado à Polônia pelo Tratado de Versalhes. Dentre outras questões, a reclamação alemã incluía a negativa polonesa em observar uma decisão anterior da CPIJ em seu desfavor após conseguir uma decisão em tribunal pátrio que negava executoriedade à decisão internacional. Na oportunidade, a CPIJ teve a oportunidade de pronunciar, justamente, a supremacia da instância internacional. Uma leitura aprofundada sobre este caso é recomendada.
	CASOS TESTES NUCLEARES FRANCESES (FRANÇA V. AUSTRALIA) E LA GRAND
A obrigatoriedade das medidas provisórias da Corte Internacional de Justiça
De fato, no caso dos Testes Nucleares Franceses a CIJ demonstrou que suas medidas provisórias não seriam obrigatórias. Neste caso que também envolve direito ambiental, a Corte perdeu a oportunidade de assentar um caráter de obrigatoriedade a suas decisões. Esta posição foi revista no caso La Grand - em que o descumprimento de uma das medidas provisórias pelos EUA culminou na aplicação da pena capital ao senhor La Grand.4
q) Existem vários métodos de solução de conflitos: negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais ou qualquer outro meio pacífico.
A) Mediação: MEIO DIPLOMÁTICO
B) Arbitragem: MEIO JURÍDICO
C) Bons ofícios: ESTADO NÃO INTERFERE NAS NEGOCIAÇÕES
FONTES DO DIP
É um conceito plurívoco: formal, material, documental, orgânico e sociológico. Fontes são motivos que levam ao aparecimento da norma jurídica e os modos pelos quais ela se manifesta. Podem ser:
a) Material: fundamentos sociológicos das normas internacionais, a sua base política, moral ou econômica (2ª GG)
b) Formais (aqui analisadas): é o modo/processo de expressão da norma jurídica
O art. 38 da CIJ é a referência não exaustiva e não hierarquizada das fontes FORMAIS do DIP:
	Artigo 38
	fontes estatutárias
Fontes principais
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
a. as CONVENÇÕES internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o COSTUME internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c. os PRINCÍPIOS gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
Fontes acessórias/auxiliares
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as DECISÕES JUDICIÁRIAS E A DOUTRINA dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono (equidade), se as partes com isto concordarem.
r) Equidade não é uma fonte. É um modo de aplicar justiça ao caso concreto.
	TRF 5 (2015) Não há previsão expressa de princípios gerais de Direito INTERNACIONAL no Estatuto da CIJ. – CERTO! Só gerais do direito.
Hierarquia? Majoritária: não. Um tratado mais recente pode revogar um costume. Exceções:
a) Jus cogens (se considerada fonte, é superior)
b) Princípios (PORTELA) tem relação de precedência, pois consagram os principais valores orientadores da construção, interpretação e aplicação (“constitucionalização do d. internacional”)
Classificações:
s) Escritas (tratados, decisões e atos unilaterais) e não escritas (costumes e princípios)
t) Primárias (princípios, costumes e tratados) e secundárias (doutrina e jurisprudência)
u) Formais (convenções e costumes) e materiais (princípios)
v) Modos de produção do direito (convenção e costumes) e normas jurídicas (princípios)
w) Estatutárias (tratados, costumes) e extraestatutárias (decisões de organizações internacionais)
Crítica – necessidade de atualização: Fontes extraestatutárias
ESTATUTÁRIAS
a) Tratado
b) Costume – fontes são interdependentes e o costume tem precedência (não hierarquia), pois geralmente desencadeia a formação das normas.
c) Princípios gerais do direito
d) Jurisprudência – costume jurisprudencial
e) Doutrina
EXTRAESTATUTÁRIAS
f) Decisão de organização internacional
g) Princípios gerais de Direito Internacional
h) Atos unilaterais dos Estados
i) Soft Law
Obs.: contratointernacional e lex mercatória são fontes do D. I. PRIVADO, e não do DIP.
TRATADOS: acordos escritos, concluídos por Estados e organizações internacionais. Existem desde a Antiguidade, mas se firmam a partir da Paz de Vestfália, paulatinamente substituindo o costume. Importância prática pelo caráter democrático-participativo e forma escrita que dá mais segurança.
COSTUME INTERNACIONAL: importante pois não há autoridade central. O DIP já foi essencialmente costumeiro. 
x) Conceito: prática geral aceita como sendo o direito (art. 38)
y) Fundamento: para a doutrina voluntarista (Grócio e Rezek) deriva da vontade dos Estados (pacto tácito); para a doutrina objetivista (Miranda) o costume se decompõe em dois aspectos: 
A) elemento material (inverterata consuetudo): repetição de comportamentos ao longo do tempo (positivo ou negativo); 
B) elemento subjetivo (psicológico): convicção de obrigatoriedade (opinio juris), isto é, o Estado deve sentir que cumpre obrigação jurídica.
· Mera reiteração é apenas uso
a) Qual o tempo exigido no elemento material? A celeridade das coisas contemporâneas fez com que a CIJ admitisse que o “transcurso de um tempo reduzido não é necessariamente, ou não constitui em si mesmo, um impedimento à formação de uma nova norma de direito internacional consuetudinário”.
b) Generalização é diferente de unanimidade. Inclusive, costumes podem ser universais ou regionais ou locais (bilaterais).
c) Como o Estado pode impedir que o costume se forme? Numa perspectiva voluntarista, pelo protesto ou pela figura do persistente objector (opositor contínuo) ao costume. Na perspectiva objetivista, quando mais generalizado, mais próximo de ser obrigação erga omnes.
z) Valor jurídico: não há data de início. Não há hierarquia em relação aos tratados, mas relação de precedência. Admite-se a possibilidade de recíproca modificação ou revogação, mas, materialmente, é difícil um tratado revogar um costume. Costumes subordinam-se ao jus cogens.
A) Vêm sendo incorporados por tratados, mais estáveis, públicos e democráticos. Não demandando prova da existência. Mas ainda são importantes, regulam matérias como imunidade de jurisdição e reciprocidade; bem como são mais flexíveis à evolução das relações internacionais e não demandam internalização.
aa) Prova do costume: demonstração dos atos estatais inequívocos de reconhecimento e prova da não oposição/protesto, como pela jurisprudência internacional; trabalhos preparatórios de conferências e tratados internacionais (forma do costume):
A) Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados (1974) (Resolução da ONU) resultado do choque entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos para definição das novas regras do comércio internacional, em especial o compromisso com a soberania alheia, coexistência pacífica, respeito aos DHs.
B) Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969): embora tenha inovado no jus cogens, retratou em sua maior parte normas costumeiras.
C) CIJ – Caso Haya de La Torre. Colômbia vs. Peru (1951): costume regional latino-americano de concessão de asilo diplomático (navios ou embaixada), desenvolvido em razão da instabilidade dos regimes no século XX (não é uma modalidade de asilo político, mas uma etapa provisória do asilo territorial). CIJ decidiu com base na Convenção de Havana de 1928: deve haver perseguição política + urgência (a CIJ não pronunciou sobre haver costume internacional de asilo diplomático, portanto, não há um costume internacional, mas costume regional restrito à América Latina). Há controvérsia se ambos os Estados devem reconhecer os requisitos (Peru diz que sim). Para a CIJ, a qualificação unilateral é um costume. O Asilo era irregular porque não havia urgência, mas Colômbia não estava obrigada a entregar o asilado ao Peru. Isso porque a Convenção nada previa sobre a consequência de não ter perseguição atual: aplicar-se-ia por analogia a consequência de não haver perseguição política. Todavia, descabe analogia em desfavor da liberdade humana (não aplicou equidade porque partes não concordaram). 
ab) Extinção do costume:
A) Desuso
B) Substituição por novo costume
C) Substituição por tratado – “codificação do Direito Internacional”
ac) Costume é fonte convencional? Divergência. 
A) Sim, decorre do consenso – tal como tratados.
B) Não, decorre da evolução da sociedade internacional – como jus cogens; ação unilateral; jurisprudência; atos das OI.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: “das nações civilizadas” (alguns criticam por ser etnocêntrico; outros dizem que somente se refere às nações que possuem ordenamento jurídico, pois o art. 38 referia-se aos princípios reconhecidos internamente). Existem princípios próprios dos direitos das gentes (Portela inclui como fonte extraestatutária os “Princípios Gerais do DIP”). 
a) Prevalência dos DHs
b) não agressão, proibição da ameaça e uso da força; 
c) solução pacífica de conflitos; 
d) igualdade jurídica, autodeterminação dos povos e soberania nacional; 
e) coexistência pacífica e cooperação internacional; 
f) proibição de propaganda de guerra
g) Esgotamento dos recursos internos para acesso aos tribunais internacionais
E comuns com a ordem interna: 
a) Dignidade da pessoa humana
b) pacta sunt servanda; 
c) lex posterior derogat priori; 
d) o nemo plus juris transfere potest quam ipse habet; 
e) Devido processo legal, boa fé, coisa julgada, prescrição, vedação do abuso de direito e obrigação de reparação
JURISPRUDÊNCIA: fonte auxiliar. Compreende decisões de cortes internacionais; tribunais arbitrais; tribunais nacionais no tocante ao DIP (para Portela deveria incluir comissões e comitês, como CIDH). Diálogo das cortes. 
ad) Para REZEK/MAZZUOLI jurisprudência e doutrina não são fontes, pois não criam direito, mas o interpretam; decisões não criam normas, pois não são abstratas e gerais.
ae) Para PORTELA, criam direito, ainda que para as partes. E julgados anteriores servem como referência para posteriores. Há ainda uma retroalimentação do Neoconstitucionalismo e da jurisdição constitucional, com alto papel das cortes.
DOUTRINA: fonte auxiliar. Atualmente, há certo consenso sobre não ser fonte, mas mera interpretação (antigamente tinha papel na criação do DIP). Antes era um conjunto de decisões eurocêntricas, mas hoje há uma retroalimentação entre os sistemas regionais.
EQUIDADE E ANALOGIA:
EQUIDADE: Considerações de justiça. Norma cabível não é eficaz ou justa diante do caso concreto (consequência da abstração e generalidade). O uso da equidade depende da concordância das partes. No caso Haya de La Torre (CIJ, COL x PER, 1951) não foi possível a adoção da equidade porque as partes não concordaram. Para doutrina, é meio de integração/fonte material. Mas, de qualquer forma, a equidade é princípio geral de direito, fonte do DIP.
ANALOGIA: A analogia não é fonte (pequena divergência), mas meio de integração do ordenamento jurídico no caso de lacunas normativas pela aplicação de norma prevista para caso parecido.
ATOS OU DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS:
Não mencionado no art. 38 do ECIJ. Para REZEK não foram incluídos porque convergem com os tratados internacionais. Para PORTELA são fontes quando vinculantes (não vinculantes tem força interpretativa, moral, política e materialmente para construção de normas). Podem ter eficácia interna/externa; normativos/não normativos; preceptivos/programáticos. Estão subordinados aos tratados da própria OI, tal qual um princípio de legalidade.
O Tratado sobre Funcionamento da UE assim dispõe:
a) Regulamento: caráter geral, obrigatório e diretamente aplicável em todos os Estados-membros
b) Diretiva: vincula o E-M destinatário quanto ao resultado a alcançar, deixo os meios às instâncias nacionais
c) Decisão: obrigatória, podendo haver destinatários específicos
d) Recomendações e pareceres: não vinculativos
Resoluções:
a) Obrigatórias (impositivas): recomendações da OIT que criam obrigação de legislar no prazo de um ano e do Conselho de Segurança. Podem ser individuais, como a Resolução n. 1874 para impedir a proliferação de armasnucleares na Coreia do Norte (foi inclusive internalizada no Brasil para impedir comércio com a Coreia). Deverão ser executadas, no Brasil, por meio de Decreto Presidencial (ex.: Res. 1373/01 do CS sobre combate ao terrorismo).
b) Facultativas: propostas com força moral e política
ATOS UNILATERAIS:
Controvérsia. Não mencionados no art. 38. Não possuem generalidade/abstração internacional, mas geram efeitos jurídicos: não pode impor obrigações a outros Estados, mas pode criar direitos.
a) Rezek: inclui Estados, OI e Santa Sé - um ato normativo unilateral interno, que gere efeitos jurídicos internacionais, pode ser alegado por outro Estado. Ex.: Decreto 3749/1866 que permitiu navegação estrangeira no Rio Amazonas.
b) Miranda: somente os atos jurídicos unilaterais de OI (atos dos Estados não entram nessa categoria, pois não criam o direito, embora tenham efeitos jurídicos)
a. Autônomos ou principais: reconhecimento, protesto, notificação e renúncia
b. Não autônomos ou acessórios: assinatura, ratificação, adesão, reservas e denúncia
c. Atos de soberania ou funções do Estado: decisão sobre extradição ou refúgio
c) Portela: são fontes, desde que não configurem violação ao princípio da não intervenção.
Exemplos:
a) Protesto: manifestação expressa de discordância quanto à uma situação. Persistent Objector. Ex.: objeção a golpes de Estado.
b) Reconhecimento: ato expresso ou tácito de constatação e admissão da existência de certa situação que acarreta consequências jurídicas. Ex.: reconhecimento de um Estado.
c) Notificação: Estado leva a conhecimento de outro a existência de uma situação que pode produzir efeitos jurídicos, criando “certeza da informação”. É um “ato condição” para validade de atos posteriores, como o estado de guerra.
d) Renúncia: desistência de um direito, que é extinto. Sempre deve ser expressa.
e) Denúncia: desligamento de um tratado.
f) Promessa: compromisso jurídico de adoção de certa conduta
g) Ruptura nas relações diplomáticas: Estado suspende diálogo oficial com outro.
NORMAS IMPERATIVAS: JUS COGENS
Conceito: corresponde a princípios de direito cogente ou imperativo, opera erga omnes, depende de reconhecimento pela comunidade internacional e deve ser universal, possuindo força jurídica superior a qualquer outro princípio ou preceito de direito internacional. Tem caráter evolutivo, pois pode ser enriquecido por novas normas.
af) C. V. 1969: é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
ag) Em rechaço ao voluntarismo, é uma restrição direta da soberania fruto de um processo histórico, político e social pelo qual a sociedade internacional reconhece em certos valores maior importância para coexistência entre seus membros.
Outros nomes: peremptórias e até como obrigações erga omnes (Portela).
Histórico: somente desde 1945 são proclamados em textos internacionais e nacionais e tomados como critérios para solução de conflitos. Decorrem da nova consciência do primado dos direitos humanos, após os cataclismos provados pelos regimes totalitários e pela 2ª Guerra; das novas exigências de paz e segurança coletiva e crise de soberania; da ideia de autodeterminação dos povos e aparecimento de novos Estados empenhados em refazer a ordem internacional; impulso da ciência internacionalista. 
Previsões: não são elencadas em lugar nenhuma. Mas possuem fundamentos:
ah) Carta das Nações Unidas 1945
	2.6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais.
	Artigo 103. No caso de conflito entre as obrigações dos Membros das Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta.
ai) Convenções de Genebra de 1949 
aj) PIDCIP (art. 4º)
ak) CADH (art. 27 – suspensão de garantias)
al) Pareceres e acórdãos da Corte de Haia (CIJ)
A) Caso das reservas à Convenção contra o Genocídio – 1951
B) Caso Barcelona Traction – 1970
C) Caso das Atividades Militares e Paramilitares na Nicarágua – 1986
am) Convenção de Viena 1969
	Artigo 53
Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
É NULO um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
	Artigo 64
Superveniência de uma Nova Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens) 
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral, qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se NULO E EXTINGUE-SE.
	Artigo 71
Conseqüências da Nulidade de um Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral 
1. No caso de um tratado NULO em virtude do artigo 53, as partes são obrigadas a: 
a) eliminar, na medida do possível, as consequências de qualquer ato praticado com base em uma disposição que esteja em conflito com a norma imperativa de Direito Internacional geral; e 
b) adaptar suas relações mútuas à norma imperativa do Direito Internacional geral. 
2. Quando um tratado se torne nulo e seja EXTINTO, nos termos do artigo 64, a extinção do tratado: 
a) libera as partes de qualquer obrigação de continuar a cumprir o tratado; 
b) [não gera efeitos retroativos] não prejudica qualquer direito, obrigação ou situação jurídica das partes, criados pela execução do tratado, antes de sua extinção; entretanto, esses direitos, obrigações ou situações só podem ser mantidos posteriormente, na medida em que sua manutenção não entre em conflito com a nova norma imperativa de Direito Internacional geral.
	(DPE – 2015) “As normas jus cogens não podem ser revogadas por normas positivas de DIP” – ERRADO, pois uma norma positiva pode veicular jus cogens, revogando.
	
Fontes: não previstas especificamente, mas são o costume, certos tratados multilaterais, resoluções da AG-ONU, jurisprudência das cortes de DHs e TPIs em tais grupos:
a) Princípios atinentes à comunidade internacional como um todo
b) Princípios atinentes às obrigações dos sujeitos de DIP
c) Princípios atinentes às relações entre os Estados
d) Princípios atinentes às pessoa humana
É fonte do DIP? Não. É uma qualidade das normas e não uma forma de expressão delas.
Direito Natural? Não, só a inspiração. Não são imutáveis. São rígidas, mas de conteúdo variável.
Uma Constituição Internacional? Ainda não, pois o constitucionalismo ainda é intrinsecamente ligado ao Estado (organização do Estado), e não existe um Estado internacional.
Diferenciação em relação às obrigações erga omnes: estas são normas que todos os Estados têm interesse de cumprir (“concern of all states”) e são oponíveis independentemente de consentimento. O jus cogens tem a força obrigatória erga omnes adornada de superioridade hierárquica. Dois casos em que a CIJ reconheceu a existência de obrigações erga omnes, afastando-as da hipótese do caso:
a) Caso Barcelona Traction (1970): definição de obrigação erga omnes como conjunto de obrigações que veiculam valores essenciais para a comunidade internacional como um todo (ex.: instrumentos universais ou quase universais de proteção de DH), em contraposição à proteção diplomática (que foi o instituto aplicado no caso). No caso, não se reconheceu o caráter erga omnes das obrigações violadas, pelo que se negou à Bélgica o jus standi (a Bélgica foi considerada um Estado terceiro sem legitimidade para exigir o cumprimento de obrigações pela Espanha).
b) Caso Timor Leste: Direitodos povos a autodeterminação como direito erga omnes e princípio de direito internacional – Diferença entre o caráter erga omnes e a norma de aceitação de competência. Portugal denuncia Austrália por violações no Timor Leste. A Corte entende que é incompetente para julgar o feito com base no art. 36 do seu Estatuto, uma vez que para analisar o mérito da causa a Corte teria que analisar, obrigatoriamente, a participação da Indonésia em tratado relativo à plataforma continental do Timor Leste o que implicaria em revolver fatos relativos a direitos e obrigações da Indonésia, transformando tal debate no cerne da questão. A Corte acredita que debater direitos e deveres de Estado que não é parte da causa infringe o princípio de direito internacional que diz que a Corte apenas tem competência para se pronunciar sobre direitos e deveres de Estados se estes assim o consentirem.
c) BRASIL: Sofreu a incidência da Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, em vigor desde 1970, em relação aos crimes da ditadura militar. O STJ reconheceu que é norma jus cogens, mas disse que não é aplicável por não sermos signatários (princípio da legalidade quanto à prescrição).
CODIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL
Primeiros tratados surgiram em 1815. Processo iniciado dada a fragilidade operacional de muitas regras puramente costumeiras (ex.: regime e privilégios do serviço diplomático e consular, codificados nos Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 e 1963).
Foi estimulado pela Carta das Nações Unidas:
	Artigo 13. 1. A Assembléia Geral iniciará estudos e fará recomendações, destinados a:
a) promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação;
Regimento da Comissão de Direito Internacional da ONU (art. 15) também a promove como uma formulação mais precisa e sistematização das regras de DIP oriundas das demais fontes. 
an) A passagem a escrito não afeta o caráter consuetudinário, mas se soma a ele.
SOFT LAW
Em oposição à hard law (EUA). Tem valor normativo limitado e não é fonte do DIP. Mas é relevante politicamente para a formação do DIP, com força na estruturação de comportamentos internacionais. É um direito em formação, flexível ou quase-direito. Originam-se de negociações ou de órgãos técnicos ( melhor que tratados nisso).
a) Normas jurídicas ou não de linguagem vaga (principiológico)
b) Normas que prevejam mecanismos de solução de controvérsias (mediação e conciliação)
c) Atos concertados entre Estados que não adquiram a forma de tratados e que não sejam obrigatórios
d) Atos das OI que não sejam obrigatórios
e) Instrumentos produzidos por entes não estatais que consagram princípios orientadores de comportamento dos sujeitos do DIP e tendam a estabelecer novas normas jurídicas
Seu cumprimento pode ser incentivado por mecanismos não compulsórios como a revisão dos pares (peer review) e o constrangimento perante a opinião pública internacional (power of embarrassment) mediante declarações públicas de OI ou listas sujas.
ao) Regras Mínimas das NU para o Tratamento de presos (Regras de Mandela, 2015)
ap) Declaração das NU sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007)
aq) Princípios de Yogyakarta
ar) DUDH (1948) – Que é Resolução da AG-ONU. Mas sua normatividade decorre do costume internacional de proteção dos DHs e por ser interpretação autêntica da Carta de São Francisco de 1945.
as) Carta Democrática Interamericana
at) Recomendações da OIT (incorporam-se às fontes tradicionais, pois obrigam a realizar lei interna em 1 ano)
au) Declaração da Alma-Ata e de Cartagena (saúde pública)
av) Recomendações do GAFI (2012) 
	O Grupo de Ação Financeira é um OI estabelecido em 1989 que visa a implementação efetiva de medidas legais, regulamentares e operacionais para o combate ao branqueamento de capitais, inicialmente para o combate ao tráfico e ampliado ao financiamento do terrorismo, da proliferação de armas de destruição massiva bem como outras ameaças ao sistema financeiro nacional.
O GAFI publica diretrizes e melhores práticas não obrigatórias (soft law) em busca de diálogo, incluindo setor privado, sociedade civil e outros.
(a) identificar os riscos (inclusive obrigando instituições financeiras a identifica-los) e desenvolver políticas e uma coordenação a nível nacional; (b) atuar contra o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e de armas; (c) aplicar medidas preventivas para o setor financeiro e outros; (d) dotar autoridades competentes dos poderes necessários e outras medidas institucionais; (e) reforçar a transparência e disponibilidade de informação; (f) facilitar a cooperação internacional.
(h) mandado de criminalização; perda de bens [sem necessidade de condenação penal prévia] e medidas provisórias [de congelamento] semelhantes às da Convenção de Viena, de Palermo e para Eliminação do Financiamento do Terrorismo, inclusive medidas legislativas. Inversão do ônus da prova do presumível autor da infração.
(i) organizações sem fins lucrativos são particularmente vulneráveis para serem abusivas com aparência de legitimidade.
(J) segredo profissional das instituições financeiras não obstem Recomendações do GAFI.
(K) DEVER DE DILIGÊNCIA RELATIVO À CLIENTELA: vedação às contas anônimas/fictícios e dever de diligência/vigilância sobre contas suspeitas.
(L) DEVER DE CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS (5 ANOS).
(M) MEDIDAS SUPLEMENTARES PARA CLIENTES E ATIVIDADES ESPECÍFICOS:
1) PESSOAS POLITICAMENTE EXPOSTAS (e família): Gestão de riscos; vigilância e medidas razoáveis sobre origem do patrimônio.
2) BANCOS CORRESPONDENTES, transferências e novas tecnologias: relações transfronteiriças. Informação, responsabilidades, diligências adequadas do correspondente. Vedado relações com bancos de fachada.
Prevê como responsabilidade das autoridades de aplicação da lei e DAS AUTORIDADES DE FISCALIZAÇÃO de, em todos os casos, proceder a INVESTIGAÇÃO FINANCEIRA PARALELA proativa aquando da perseguição do branqueamento de capitais, das infrações subjacentes associadas e do financiamento do terrorismo.
a) o diferimento ou a dispensa da detenção de pessoas suspeitas e/ou da apreensão de fundos, com o objetivo de identificar as pessoas implicadas em tais atividades ou de coligir provas
Essas autoridades possuem direitos de:
a) Acesso a documentos e informações, bem como a procedimentos criminais e ações relacionadas
b) Condição técnica adequada: operações encobertas, interceptação de comunicações, acesso a sistemas informáticos e entregas controladas. Identificação de pessoas e ativos sem notificação prévia.
Cooperação internacional:
aw) Convenção de Viena (1988), 
ax) a Convenção de Palermo (2000), 
ay) a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2003) e 
az) a Convenção para a Eliminação do Financiamento do Terrorismo (1999)
ba) Convenção do Conselho da Europa sobre o Cibercrime (2001), 
bb) a Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2002) e 
bc) a Convenção do Conselho da Europa sobre o Branqueamento, a Deteção, a Apreensão e a Perda dos Produtos do Crime e sobre o Financiamento do Terrorismo (2005). 
Auxílio judiciário mútuo: Os países deveriam prestar auxílio judiciário mútuo, mesmo na ausência da dupla incriminação, desde que o auxílio não implique medidas coercivas. Congelamento e perda. Extradição.
	9.A Tratados internacionais. Evolução histórica. Classificação. Terminologia. Gênese. Negociação e competência negocial. Formas de expressão do consentimento. Conflito entre tratados e com as demais fontes.
	5.B Tratados internacionais. Condições de validade. Reservas. Entrada em vigor. Registro e publicidade. Modificação. Exigibilidade e efetividade. Efeitos sobre terceiros. Tratados sucessivos. Nulidades. Suspensão de aplicação do tratado. Modalidades de extinção.
	12.C Fases de formação e incorporação do tratado ao direito brasileiro. Acordo executivo e o direito brasileiro. Modo de formação e incorporação das fontes internacionaisextraconvencionais ao Direito Brasileiro.
	7.A Interpretação dos tratados no âmbito internacional e no âmbito nacional. Controle de convencionalidade de matriz internacional e de matriz nacional. Diálogo entre órgãos judiciais nacionais e internacionais. Conflito entre decisão nacional e internacional.
TRATADOS
CONCEITO: É um acordo de vontades entre sujeitos do DIP constitutivo de direitos e deveres ou de outros efeitos nas relações entre eles; ou, de outra perspectiva, um acordo de vontades, regido pelo direito internacional, entre sujeitos de DI.
bd) Tratados orais? Pode haver (conforme Comissão de Direito Internacional da ONU, inclusive, a CV 1969 refere-se a eles para dizer que não se aplica a eles – art. 3).
be) Tratados em mais de um instrumento escrito? Sim, como a troca de notas.
CONCEITO DA C.V.1969: É um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo DI, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.
bf) Conceito não exige que partes sejam Estados
bg) Convenção de Viena de 1986 incorporou explicitamente a capacidade dos organismos internacionais de concluir tratados ainda não entrou em vigor, mas se aplica ao Brasil por ser norma costumeira
EVOLUÇÃO HISTÓRICA: Antiguidade (registros hititas, egípcios e gregos). Sobretudo bilaterais (Na Paz de Vestfália reuniram-se tratados bilaterais!). A partir do Século XIX, surgiram os primeiros tratados multilaterais (Congresso de Viena, 1815, do qual resultou o “Concerto Europeu”). Densificação das codificações no século XX levou à edição das Convenções de Viena de 1969 (Decreto 2009) e 1986 sobre Direito dos Tratados (ainda não ratificada). No século XX também desenvolveram-se as organizações internacionais como sujeitos de DIP.
bh) O instituto da ratificação surgiu para controle dos representantes pela confirmação posterior do Chefe de Estado; no século XIX, com a queda do absolutismo, agregou-se a necessidade de participação do Parlamento. Atualmente, mais do que controle, é democracia.
	Brasil aderiu a Convenção de Viena de 1969 com reserva aos arts. 25 (Aplicação provisória) e 66 (processo de solução judicial, arbitragem e conciliação).
	Convenção de Viena de 1986 - ainda não entrou em vigor, mas se aplica ao Brasil por ser norma costumeira
ELEMENTOS DOS TRATADOS:
a) Acordo de vontades
b) Forma escrita
c) Elaboração por Estados, organizações e entes internacionais
d) Regulamentação pelo DIP (formas e jus cogens)
e) Regulação de temas de interesse comum
f) Obrigatoriedade
TERMINOLOGIA: Tratado é gênero. Outro nome não modifica natureza jurídica. 
	Ato Internacional.
	Sinônimo. Adotada pelo Ministério das Relações Exteriores.
	Tratado
	Gênero. Espécie mais solene e de maior importância política.
	Acordo
	Sinônimo ou espécie com reduzido número de participantes e menor importância política. Geralmente utilizada para tratados de cunho econômico, financeiro, comercial e cultural.
	Acordo por troca de notas
	Natureza administrativa ou para alterar ou interpretar cláusulas de tratados já concluídos. Há uma nota diplomática proponente e uma nota de resposta. No Brasil, dispensa aprovação do Congresso, se não acarretar compromissos gravosos para o patrimônio nacional.
	Ajuste ou acordo complementar.
	Detalha ou executado tratado com escopo mais amplo. Acordo-quadro. Semelhante ao decreto, portaria, instrumentos infralegais.
	Ata (ou ato)
	Estabelece regras de Direito, com mera força política ou moral.
	Carta, constituição e estatuto
	Tratados constitutivos de OI (ONU, OIT, TIP, CDE)
	Compromisso
	Tratado que determina submissão de um litígio ao foro arbitral.
	Concordata
	tratado entre Santa Sé e um Estado
	Convenção
	Sinônimo ou Acordos multilaterais para normas gerais de DIP em temas de grande interesse mundial, como DHs.
	Convênio
	Cooperação bilateral ou multilateral em campos mais específicos.
	Declaração
	Consagrar princípios ou afirmar posição comum de alguns Estados sobre certos fatos. Pode não vincular.
	Memorando de entendimento.
	Ato internacional para registrar princípios gerais que orientarão as relações entre signatários. Simplificado. No Brasil, dispensa aprovação do Congresso, se não acarretar compromissos gravosos para o patrimônio nacional.
	Modus vivendi
	Instrumentos de menor importância e vigência temporária. Normalmente quando pares não avançam em outros entendimentos.
	Pacto
	Alianças militares (Pacto do Atlântico/Varsóvia) ou de elevado conteúdo político (PIDCP e PIDESC)
	Pacto de contraendo
	Compromisso de concluir um acordo final sobre determina matéria.
	Pactum de negotiando
	Compromisso de iniciar negociações de boa-fé com a finalidade de concluir um tratado
	Protocolo
	Complementar ou interpretativo de tratados anteriores ou compromisso menos formal ou ata de reunião internacional registrando os compromissos assumidos.
	Protocolo de intenções
	Pré-compromisso que sinaliza possibilidade de avanços em entendimentos, estabelecendo bases para futuras negociações.
	Acordo de cavalheiros
	Não é tratado. Feitos por autoridades de alto nível, em nome pessoal. Normas morais. Não são juridicamente vinculantes.
CLASSIFICAÇÃO: 
a) PRINCIPAL – QUANTO À NATUREZA DAS NORMAS/MATERIAL: 
a. NORMATIVOS (Tratados-leis): comando geral e abstrato para reger relações entre as partes ou entre estas e seus súditos
b. NÃO-NORMATIVOS (Tratados-contratos): acordos de prestações recíprocas que se esgotam com sua execução.
c. MISTOS (Portela critica distinção; não há hierarquia)
b) Quanto ao número de sujeitos/partes: bilaterais ou multilaterais (aumentaram após o Congresso de Viena 1815)
c) Possibilidade de adesão: Abertos (admitem adesão) e restritos
	Política Criminal Global
a) Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Subs Psicotrópicas (Viena, 1988)
b) Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo, 2000)
c) Convenção da ONU contra Corrupção (Mérida, 2003)
d) Convenção Interamericana sobre Assistência Mútua em Matéria Penal (Nassau, 1992)
e) Decreto 8.833/2016: Convenção de Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLPP) (Praia, 2005)
Atualmente, há 19 tratados bilaterais de assistência mútua (Canadá, China, Colômbia, Coreia do Sul, Cuba, Espanha, EUA, França, Honduras, Itália, México, Nigéria, Panamá, Peru, Portugal, Reino Unido, Suíça, Suriname e Ucrãnica). Isso é pouco: a ONU tem 193 E-M (-10%).
No campo extradicional, tratados bilaterais com 27 países (princípio da reciprocidade atenua).
Necessidade de revisão da política de bilateralização da cooperação penal internacional, pois a complexidade das relações internacionais só aumenta. Como isso? Estímulo à adesão.
Muitos tratados europeus permitem adesão de Estados terceiros, não integrantes do Conselho da Europa (CoE). São tratados sobre: Extradição; Assistência Mútua; Proteção de Dados Pessoais; Transferência de Condenados; Cibercriminalidade. E já tem vários países aderidos. A adesão aumentaria nosso espectro de vínculos jurídicos para além da bilateralidade.
Diversos tratados da OEA também permitem adesão.
bi) A adesão vem transformando convenções regionais em globais.
Ademais, além de lenta, a negociação de tratados bilaterais consome recursos públicos e favorece a impunidade em crimes graves, dificulta a recuperação de ativos e trava o exercício de direitos fundamentais de acusados, condenados e vítimas.
d) Quanto ao procedimento de conclusão: Solenes (tratados em sentido estrito: negociação, assinatura, ratificação – e, no Brasil, - promulgação) ou de forma simplificada (ACORDOS EXECUTIVOS: dispensam a aprovação pelo Congresso Nacional e não exigem ratificação, podendo ser concluídos por mera assinatura – troca de notas – seguida de publicação – arts. 12 e 13 da CV/69). Exemplos de tratados de forma simplificada no Brasil: ajustes complementares; modus vivendi; preparatórios.
Esta classificação diz respeito ao número de etapas e

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