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PONTO - 5 - TRF2

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PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 05
Conteúdo
CONSTITUCIONAL - Princípios e Objetivos do Estado Brasileiro. Princípios e Objetivos nas Relações Internacionais.	2
TRIBUTÁRIO: Normas Gerais de Direito Tributário. Lei Complementar Tributária. Regulamento Aduaneiro. Administração Tributária. Procedimento Fiscal. Sigilo Fiscal e Prestação de Informações.	15
ADMINISTRATIVO - Ato Administrativo. Elementos. Perfeição. Validade e Eficácia. Atributos do Ato Administrativo. Procedimento Administrativo. Agentes Públicos. Regime Jurídico dos Servidores Públicos. Sindicância e Processo Administrativo. Direitos e Deveres. Responsabilidade Funcional. Improbidade Administrativa. Agentes Políticos.	74
PENAL - Teoria do tipo. O tipo do crime doloso e o tipo do crime culposo. Crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso. Erro de tipo. Classificação jurídica dos crimes. Crimes comissivos e crimes omissivos. Crimes de dano e de perigo. Punibilidade: causas de extinção da punibilidade. Iter criminis. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Crimes hediondos (Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990).	116
PREVIDENCIÁRIO - Custeio. Salário-de-contribuição. Limites. Reajustes.	152
CIVIL - Dos Bens. Conceito. Classificação. Bens Considerados em si mesmos. Bens Reciprocamente Considerados. Bens Difusos e Coletivos. Estatuto da terra. Responsabilidade civil derivada do risco.	170
COMERCIAL - Direito Societário. Noções Gerais. Classificação das Sociedades em Empresariais e Simples. Sociedade não Personificada. Sociedade em Comum. Sociedade em Conta de Participação. A Relação de Consumo no Direito do Espaço Virtual. Comércio Eletrônico.	183
INTERNACIONAL PÚBLICO – Agentes diplomáticos. Missão diplomática. Cônsules. As Convenções de Viena de 18 de abril de 1961 e de 24 de abril de 1963. Imunidades e privilégios.	191
INTERNACIONAL PRIVADO: Condição dos estrangeiros no Brasil. A Lei nº 6815/80. Entrada, permanência e saída do estrangeiro do território nacional.	199
PROCESSO CIVIL - Sujeitos Processuais. Partes e Procuradores Representação e Substituição Processual. Litisconsórcio. Intervenção de Terceiros. Advogado. Ministério Público. Auxiliares da Justiça. O Processo Civil nos Sistemas de Controle da Constitucionalidade. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Medida Cautelar. Declaração Incidental de Inconstitucionalidade. Ações Civis Constitucionais. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.	250
PROCESSO PENAL: Provas em geral. Objeto e fontes de prova. Apreciação das provas. Ônus da prova. Corpo de delito e perícias em geral. Interrogatório. Perguntas ao ofendido. Testemunhas. Reconhecimento de pessoas e coisas. Acareação. Documentos. Indícios. Busca e apreensão.	310
AMBIENTAL: Zoneamento Ambiental. Sistema nacional de unidades de conservação da natureza. Os indígenas com as suas terras.	346
HUMANOS - Os direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro. Direitos humanos, direitos fundamentais e direitos da personalidade. (Por didática, inverte-se a ordem dos assuntos no resumo abaixo).	359
ECONÔMICO: O Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica. Concentração econômica. Monopólios privados, oligopólios e trustes.	377
PRINCIPIOS INSTITUCIONAIS DA MAGISTRATURA: Da magistratura de carreira.	399
CONSTITUCIONAL - Princípios e Objetivos do Estado Brasileiro. Princípios e Objetivos nas Relações Internacionais.
Felipe Potrich
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (Título I, arts. 1º a 4º)
- art. 1.º, caput: estabelece que a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito;
- art. 1º, parágrafo único: trata da democracia semidireta ou participativa;
- art. 2º: estatui a separação de "Poderes";
- art. 1º, 1 a V: define os fundamentos da República Federativa do Brasil;
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
- art. 3º: trata dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil;
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
- art. 4º: estatui os princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais.
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
REGRAS X PRINCÍPIOS
	Regra
	Princípio
	são mandamentos de definição, impõe resultados, devem ser aplicadas na medida exata de suas prescrições 
[“mandamentos de definição”, “lógica do tudo ou nada” “all or nothing” - DWORKING].
	são mandamentos de otimização, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as circunstâncias fáticas e jurídicas existentes.
“lógica do mais ou menos, dependendo das circunstâncias fáticas e jurídicas” (ALEXY)
	-conteúdo: limitam-se a traçar uma conduta.
	-conteúdo: identificam valores a serem preservados ou fins a serem alcançados.
trazem em si um conteúdo ideológico ou uma decisão política.
	-estrutura normativa: o relato de uma regra, especifica os atos a serem praticados para seu cumprimento adequado.
a atuação do intérprete é menos complexa, se ocorre o fato previsto em abstrato produz-se o efeito concreto prescrito.
	estrutura normativa: o relato de um princípio indica um fim, um estado ideal a ser alcançado. 
a atuação do intérprete será mais complexa, pois caberá a ele definir a ação a tomar.
	-são espécies de normas.
	-são espécies de normas.
	-as regras não podem estar em conflito entre si.no caso de conflito entre duas delas, uma deve ser eliminada.
	os princípios podem estar em conflito, devendo ser objeto de um juízo de ponderação, à luz do caso concreto, pelo qual um cederá em função do outro.
	-encontram-se em uma dimensão de validade..
	-os princípios se encontram em uma dimensão de peso.
-distinções apontadas por CANOTILHO
a)GRAU DE ABSTRAÇÃO: é mais acentuada nos princípios; 
b)GRAU DE DETERMINABILIDADE: na aplicação do caso concreto, uma vez que por serem vagos os princípios precisam de mediações concretizadoras do intérprete, enquanto nas regras o ordinário é a aplicação direta. 
c)CARÁTER DE FUNDAMENTALIDADE: os princípios têm um papel fundamental na estruturação do ordenamento jurídico; 
d)CONTEÚDO DAS IDÉIAS VEICULADAS: veiculação de idéias básicas do direito através dos princípios enquanto as regras podem ter um conteúdo meramente funcional; 
e)NATUREZA NORMOGENÉTICA DOS PRINCÍPIOS: os princípios geram a criação de regras. 
-classificação:
	
a)COMUNS:
	
b)CONSTITUCIONAIS:
i)GERAIS - são os princípios que dizem respeito a todas as constituições.
ii)POSITIVOS – são os princípios presentes em uma determinada constituição.
	POSITIVADOS – são os princípios expressos/explícitos.
	NÃO POSITIVADOS – são os princípios implícitos.-ex.:princípio do duplo grau de jurisdição
CLASSIFICAÇÃO DE CANOTILHO
a)PRINCÍPIOS POLÍTICO-CONSTITUCIONAIS - dizem respeito à ORDEM POLÍTICA adotada pela constituição.-ex.: separação dos poderes.
b)PRINCÍPIOS JURÍDICO-CONSTITUCIONAIS - dizem respeito à ORDEM JURÍDICA adotada pela constituição. -ex.: devido processo legal.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES
1) PRINCÍPIO REPUBLICANO [art. 1º, CF] -princípio relacionado à decisão quanto à forma de governo adotada pelo ordenamento nacional.
	FORMA DE ESTADO
	FORMA DE GOVERNO
	SISTEMA DE GOVERNO
	ESTADO UNITÁRIOESTADO FEDERADO
	MONARQUIA
	REPÚBLICA
	PRESIDENCIALISMO
	PARLAMENTARISMO
- formas de governo: [maneira pela qual o poder é exercido dentro de um determinado território]
	
a)MONARQUIA
– governo de apenas um.
- características: 
hereditariedade
vitaliciedade
irresponsabilidade [o rei não erra]
	
b)REPÚBLICA
– governo de todos
- características:
eletividade
temporariedade/periodicidade
responsabilidade.
REPÚBLICA - governo de muitos.
-características:
	i)RES PUBLICAE	
	ii)TEMPORARIEDADE/PERIODICIDADE
	iii)ELETIVIDADE
	iv)LIMITAÇÃO POR MEIO DA LEI
	v)RESPONSABILIDADE
	vi)CONTROLE
i)RES PUBLICAE
– reconhecimento de que a titularidade do patrimônio estatal é do povo, e não do governante que está no poder.
junto com o reconhecimento da noção de coisa pública surge a necessidade de se criar uma nova forma de gestão administrativa. A ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA, característica das monarquias, é incompatível com a noção de coisa pública. 
ii)TEMPORARIEDADE/PERIODICIDADE
- governante é escolhido para exercer o poder dentro de um determinado lapso temporal. 
iii)ELETIVIDADE
– os governantes são eleitos e o critério de escolha é o mérito de cada um dos concorrentes.
iv)LIMITAÇÃO POR MEIO DA LEI
– a atuação do governo somente poderá ocorrer dentro dos limites legalmente estabelecidos
v)RESPONSABILIDADE
– uma vez que o governante está gerindo a coisa pública ele deve se responsabilizar por essa gestão.
vi)CONTROLE
– existência de instrumentos que possibilitem o controle da gestão da coisa pública.
-formas de gestão da coisa pública:
	
a)ADMINISTRAÇÃO PATRIMONIALISTA
– modelo de administração pública no qual as coisas do administrador se confundem com as coisas reconhecidas como públicas. Confusão entre as coisas do gestor e as coisas que por ele são geridas.
práticas patrimonialista: utilização de veículo público, nepotismo.
	
b)ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA OU WEBERIANA – [MAX WEBER] 
modelo de administração baseado na existência de controles prévios e formais. Separa o patrimônio público dos interesses do administrador e cria uma burocracia profissional, com base na meritocracia, que vela pela preservação desse patrimônio. [objetivo é limitar a atuação da administração para evitar a indevida disposição do patrimônio público]
-modelo marcado pela existência de uma burocracia, de um corpo de funcionários, estabelecidos em função do mérito, que deve tratar de forma impessoal o patrimônio público
	
c)administração GERENCIAL
– modelo de administração pública que se baseia na filosofia da iniciativa privada no serviço público.
-preocupação com a busca de resultados por meio da adoção de práticas empresariais.
-o controle existente deve ser posterior e voltado para os resultados pretendidos. [controle voltado para os resultados].
-a forma de governo [REPÚBLICA] não é clausula pétrea expressa. O que é clausula pétrea é a forma de estado [art. 60, § 4º, I, CF] – forma federativa de Estado.
 	há quem entenda que, após o plebiscito, a forma de governo deve ser entendida como cláusula pétrea implícita.
-o STF já se manifestou que o princípio republicano deve ser considerado como sendo cláusula pétrea, não seria possível deixar de responsabilizar as autoridadeS, nem abolir os instrumentoS de combate a impunidade.
-a forma republicana é um princípio constitucional sensível. [art. 34, VII, a, CF]
FORMAS DE GOVERNO APONTADAS POR ARISTÓTELES:
	
-formas de governo puras:
a)MONARQUIA – governo de um.
b)ARISTOCRACIA – governo de poucos.
c)DEMOCRACIA –governo de muitos.
	
-formas de governo impuras:
a)TIRANIA – é a monarquia corrompida/viciada.
b)OLIGARQUIA – é a aristocracia corrompida/viciada.
c)DEMAGOGIA – é a democracia corrompida/viciada.
ASPECTOS HISTÓRICOS:
- Revolução Francesa e Constituição Americana de 1787: Embora a República tenha sido objeto de atenção de Aristóteles e Montesquieu, somente veio a efetivamente surgir e se consolidar com os ideias de liberdade e igualdade da Revolução Francesa, e que vieram a ser reproduzidos e concretizados com a Revolução Americana de 1776, e a Constituição Americana de 1787.
- Brasil: República tem início com a derrocada do regime imperial em 1889 e com a CF de 1891.
2)PRINCÍPIO FEDERATIVO [art. 1º, CF]
- É cláusula pétrea da Constituição (art. 60, §4º - voto direto, secreto, universal e periódico)
-formas de Estado:
	a)UNITÁRIO
		i)Unitário Simples 
		ii)Unitário Desconcetrado 
		iii)Unitário Descentralizado 
	b)FEDERADO
	c)Estado Confederado:
	d)Estado Autonômico:
	e)Estado Associado: 
a)UNITÁRIO 
- aquele que tem apenas uma fonte de poder político incidindo no território. Possui apenas uma esfera de poder legislativo, executivo e judiciário.
i)Unitário Simples 
- não dividido em regiões administrativas desconcentradas ou descentralizadas.
ii)Unitário Desconcetrado - divisão do território do Estado em diversas regiões, sendo criados órgãos territoriais desconcentrados que não têm personalidade jurídica própria, logo, não têm autonomia, não podendo tomar decisões sem o Poder central. Em geral, encontramos quatro níveis administrativos: departamentos ou províncias, comunas ou municipalidades e arrondissements ou regionais.
iii)Unitário Descentralizado – confere aos entes territoriais descentralizados personalidade jurídica própria, transferindo competências administrativas por lei.
b)FEDERADO 
- aquele que tem mais de uma fonte de poder político incidindo no território. Os entes descentralizados detêm, além de competências administrativas e legislativas ordinárias, também competências legislativas constitucionais, o que significa que os Estados membros elaboram suas Constituições e as promulgam, sem que seja possível ou necessária a intervenção do parlamento nacional para aprovar esta Constituição estadual. Não há hierarquia entre Estados membros e União
Fonte central - União Federal. O sistema A lei é uniforme em todo território nacional;
Fontes regionais - Estados-membros. As leis se modificam ao longo do território nacional;
Fontes locais - Municípios. Somente o Brasil possui esta definição política considerando o Município como fonte de poder.
c)Estado Confederado:
 a confederação é uma associação de Estados soberanos, usualmente criada por meio de tratados, que pode eventualmente adotar uma constituição comum. A principal distinção entre uma confederação e uma federação é que, na Confederação, os Estados constituintes não abandonam a sua soberania, enquanto que, na Federação, a soberania é transferida para o estado federal
d)Estado Autonômico: 
assemelha-se ao Estado Regional no que diz respeito ao grau de descentralização de competências administrativas e legislativas ordinárias, mas tem características próprias: 
I)a iniciativa de estabelecimento de regiões autônomas parte de baixo para cima, sendo que as províncias devem unir-se, formando uma região e, através de uma assembléia, elaborar seu estatuto de autonomia; 
II)o estatuto de autonomia pode ou não incorporar todas as competências destinadas às regiões pela Constituição, o que significa que as competências que não forem assumidas pela região serão assumidas pelo Estado nacional; 
III)Uma vez elaborado o estatuto, este deve ser aprovado pelas Cortes Gerais e só pode ser revisto de tempos em tempos.
e)Estado Associado: 
É o sócio menor em uma relação formal, livre entre um território político com um certo grau de soberania e uma nação (geralmente maior). Há uma relação de Protetorado: uma certa soberania do Estado maior sobre o território do Estado associado especialmente no que se refere às relações exteriores. Os detalhes de tal “livre associação” contêm-se em um Tratado de Livre Associação e são específicos aos países implicados. Todos os estados associados livres são independentes ou têm o direito do potencial à independência.
Outras classificações relacionadas à federação
Critério: quanto à forma que ocorreu o surgimento
a)federação por agregação:-Estados independentes e soberanos se unem cedendo parcela de sua soberania.
	-movimento centrípeto [tende a se aproximar docentro]
	-precedente histórico: países soberanos QUE SE UNEM PARA FORMAR UM ÚNICO ESTADO.
	EUA.
b)federação por segregação:-um Estado unitário se divide em várias unidades com capacidade políticas autônomas.
	-movimento centrífugo [tende a se afastar do centro]
	-precedente histórico: PAÍS UNITÁRIO QUE SE DIVIDE CRIANDO OUTROS ENTES FEDERADOS AUTÔNOMOS. [esses entes-federados não possuirão soberania, mas autonomia]
	Brasil. 
Critério: quanto à sistematização da divisão de competência entre os entes federados
a)federação assimétrica ou heterogênea: maior grau de liberdade de estruturação dos entes federados, que não necessariamente deverão reproduzir as regras existentes para a União.
	-geralmente a federação por agregação é assimétrica.
b)federação simétrica ou homogênea: menor grau de liberdade de estruturação dos entes federados, que devem reproduzir (de forma simétrica) muitas das regras existentes para a União.
	-busca garantir a existência de simetria na repartição de competência.
	-geralmente a federação por segregação é simétrica.
	i)simetria de fato 
	ii)simetria de direito – normas centrais da Constituição – [art. 25, CF – “(...) observados os princípios desta Constituição.”]
Critério: RELAÇÃO ENTRE OS ENTES FEDERADOS
	a)DUAL-REPARTIÇÃO HORIZONTAL DE COMPETÊNCIA entre União e Estados.-clássico modelo norte-americano.
	b)INTEGRATIVO-relação de SUBORDINAÇÃO entre a União e os Estados.
	c)COOPERATIVO-relação de COORDENAÇÃO entre a União e os Estados.
Federação centrípeta x federação centrífuga
Sob o ponto de vista da formação histórica do poder –
Federação centrípeta – EUA. Do ponto de vista histórico o EUA partiram da premissa dos Estados soberanos, convergindo para um centro de poder, formando a Federação, ou seja, seu movimento é de fora para dentro (centralização do poder);
Federação centrífuga – Brasil. Partiu da premissa de Estado unitário, conferindo autonomia para os entes federativos, ou seja, seu movimento foi de dentro para fora (descentralização do poder).
características DA FEDERAÇÃO
	1)repartição constitucional de competências
	2)AUTONOMIA FINANCEIRA DOS ESTADOS CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA
	3)existência de uma constituição rígida
 	4)INDISSOLUBILIDADE DO PACTO FEDERATIVO
	5)AUTO-ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS POR MEIO DE CONSTITUIÇÕES PRÓPRIAS
	6)autonomia recíproca entre estados e união 
	7)EXISTÊNCIA DE UM ÓRGÃO QUE MANIFESTA A VONTADE DOS MEMBROS DA FEDERAÇÃO SENADO
	8)EXISTÊNCIA DE UM ÓRGÃO PARA DIRIMIR CONFLITOS FEDERATIVOS STF
	9)PREVISÃO DE MECANISMOS DE SEGURANÇA EM FACE DE AMEAÇAS
3)ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (art. 1º, caput e parágrafo único da CF)
Princípio democrático: Art. 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Democracia semidireta ou participativa: democracia representativa, com atributos de democracia direta.
Exercício da Soberania (art. 14): pelo sufrágio universal, e também por plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como ação popular.
É cláusula pétrea da Constituição (art. 60, §4º - voto direto, secreto, universal e periódico)
-implicações da adoção de um ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: [JAS]
	ESTADO DE DIREITO:
		i)império da lei;
		ii)divisão de poderes;
		iii)direitos individuais.
	ESTADO DEMOCRÁTICO:-participação popular na elaboração legislativa lei como resultado do processo democrático.
Atualmente a democracia é caracterizada pelo respeito da vontade da maioria, desde que esta vontade respeite a existência das minorias. Não basta a legitimação pela vontade da maioria, se houver o desrespeito à continuidade da existência de uma minoria inexistirá democracia.
-subprincípios do princípio democrático:
	a)PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO 
	b)PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA 
	c)PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO 
4) PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES-tecnicamente o poder é UNO [art. 1º, parágrafo único, CF - “Todo o poder (...)” - tratamento no singular].
	-entretanto é possível reconhecer a existência de diversas funções:
		a)FUNÇÃO LEGISLATIVA
		b)FUNÇÃO EXECUTIVA
		c)FUNÇÃO JURISDICIONAL
ACEPÇÕES DA EXPRESSÃO PODER NO TEXTO CONSTITUCIONAL
	PODER = SOBERANIA [art. 1º, parágrafo único, CF]
	PODER = ÓRGÃO [art. 2º, CF]
	PODER = FUNÇÃO [art. 44, CF – função legislativa]
			[art. 76, CF – função executiva]
			[art. 92, CF – função jurisdicional]
	SEPARAÇÃO DOS PODERES
	ARISTÓTELES
	LOCKE
	MONTESQUIEU
	
previu a atuação do Estado se dava com o desenvolvimento de diferentes funções.
tripartição
	previu a divisão do poder relacionando as funções aos órgãos competentes. bipartição
	
previu a divisão do poder relacionando as funções aos órgãos competentes. tripartição
	executiva
	executivo
	executivo
	judicial
	
	judicial
	legislativa
	legislativo
	legislativo
MONTESQUIEU [“O espírito das leis”] - passagens da obra de Montesquieu:
Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder”. “le pouvoir arrete le pouvoir”
-apontamentos realizados pela doutrina moderna: doutrina moderna defende a utilização da expressão COLABORAÇÃO ENTRE PODERES. A crítica à expressão separação de poderes é no sentido de que poderia ser transmitida a idéia equivocada de que cada poder atuaria por si mesmo. A idéia é de cooperação entre os poderes.
	poderes independentes – autogestão.
 	poderes são harmônicos de forma que o seu relacionamento deve ocorrer com cortesia e respeito.
	separação não é absoluta – exercício de funções atípicas. 	esse exercício atípico colabora para o controle entre os poderes.
	mecanismos de freios e contrapesos (checks and balances) representam a autolimitação recíproca que visa evitar o abuso de poder.
	-fundamentos constitucionais do princípio da separação dos poderes:-[art. 2º, CF]
		-[art. 60, § 4º, III, CF] – divisão dos poderes como cláusula pétrea.
-pressupostos da separação de poderes.
i)ESPECIALIZAÇÃO FUNCIONAL - cada órgão exerce, precipuamente, uma das funções, que será considerada típica, mas, em determinadas situações, poderá exercer funções atípicas.
uma função é exercida precipuamente por um órgão, mas também poderá ser exercida pelos demais.
ii)INDEPENDÊNCIA ORGÂNICA - não há subordinação entre os órgãos.
-uma das questões da independência orgânica é a independência administrativa (função típica executiva). Se o executivo administrasse o legislativo e o judiciário, independência não haveria.
O ABANDONO DO ESTADO LEGICÊNTRICO E A SEPARAÇÃO DE PODERES
	
até 1.789 - prevalência do EXECUTIVO. 
Estado absolutista.
não sofre a incidência de controle.
	
Revolução Francesa - fortalecimento do LEGISLATIVO em detrimento do EXECUTIVO.
-surgimento do ESTADO LEGICÊNTRICO – o centro da decisão política do sistema está no legislativo [legislativo cria a lei, o executivo e o judiciário a aplicam].
-aspectos históricos:
Estado Liberal Estado Mínimo – mínima ingerência do Estado.
direitos fundamentais de 1ª dimensão: direitos de cunho negativo [os direitos fundamentais de 1ª dimensão estão centrados no legislativo edição de norma que limite a ingerência do Estado na vida do particular].
-surgimento do ESTADO GARANTISTA.
	
a partir do sec. XX - fortalecimento do EXECUTIVO em detrimento do LEGISLATIVO.
-aspectos históricos: [insuficiência do Estado Legicêntrico]
Estado do bem-estar-social maior ingerência do Estado.
direitos fundamentais de 2ª dimensão: direitos de cunho positivo. [os direitos fundamentais de 2ª dimensão fazem surgir direitos de crédito do cidadão frente ao Estado; o órgão estatal ligado à atuação concreta do Estado é o Executivo].
velocidade do sec. XX demanda maior agilidade do processo legislativo, o que possibilitou o surgimento das chamadas LEGISLAÇÕES DE EMERGÊNCIA ex.: decreto-lei e MP. O executivo passa a criar normas que posteriormente serão referendadas pelo legislativo.
avanço tecnológico e complexidade das relações sociais:
a pauta do Legislativo passa a ser definida pelo Executivo. 
surgimento do ESTADO PRESTADOR.
	
séc.XXI - fortalecimento do JUDICIÁRIO.
-aspectos históricos:
direitos fundamentais de 3ª dimensão: direitos difusos. As lides passam a ter maior dimensão política uma vez que seu resultado atinge toda a sociedade [diferentemente das lides individuais]. 
surgimento e evolução do controle abstrato de constitucionalidade.
aumento do peso político atribuído ao judiciário.
há na doutrina quem defenda o surgimento do ESTADO TRANSFORMADOR.
- É cláusula pétrea da Constituição (art. 60, §4º, III)
FUNDAMENTOS DA RFB
1) SOBERANIA Poder político, supremo e independente. Supremo, por não estar limitado por nenhum outro na ordem interna; independente, por não ter de acatar, na ordem internacional, regras que não sejam voluntariamente aceitas e por estar em igualdade com os poderes supremos dos outros povos.
Crise da ideia de Soberania: O desenvolvimento dos meios de comunicação e de informação (rede mundial de computadores), a globalização política e econômica, fizeram com que o conceito de soberania fosse ainda mais flexibilizado, causando uma crise na delimitação deste conceito e impondo sua reavaliação em face da atual conjuntura.
Segundo ZAGREBELSKY, desde o final do século passado algumas forças corrosivas têm atuado vigorosamente na soberania estatal, tanto interna como externamente, dentre elas: I) o pluralismo político e social interno, que se opõe à ideia de soberania e de sujeição; II) a formação de centros de poder alternativos e concorrentes com o Estado, operantes no campo político, econômico, cultural, religioso e, com frequência, em dimensões totalmente independentes do território estatal; III) a progressiva institucionalização de “contextos” integrantes dos poderes estatais em dimensões supraestatais, às vezes promovida pelos próprios Estados; e, IV) a atribuição de direitos aos indivíduos, que podem fazê-los valer, perante jurisdições internacionais, frente aos próprios Estados a que pertencem.
Estado Constitucional Cooperativo (relativiza a soberania) Não é um estado voltado para si, é um estado que se disponibiliza como referência para outros estados membros de uma comunidade internacional. 
2) CIDADANIA
Consiste na participação política do indivíduo nos negócios do Estado e até mesmo em outras áreas de interesse público.
O tradicional conceito de cidadania vem sendo gradativamente ampliado, sobretudo após a Segunda Grande Guerra Mundial. Ao lado dos direitos políticos, compreendem-se em seu conteúdo os direitos e garantias fundamentais referentes à atuação do indivíduo em sua condição de cidadão.
 CIDADÃO SENTIDO RESTRITO: É o nacional que exerce direitos políticos (Art. 12 +14)
 CIDADÃO SENTIDO AMPLO / LARGO: É o cidadão que exerce os direitos inerentes a cidadania. 
3) DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Conceito: a dignidade do sujeito é inerente à mera condição humana, independente de características pessoais. Segundo Kant, “o ser racional existe como fim em si, com valor absoluto, e não como meio para outros fins, com valor relativo (a estes outros fins).” Com base nisso, apresenta a seguinte proposição: “age de tal maneira que possas usar a humanidade tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.
Valor Constitucional Supremo: núcleo axiológico do constitucionalismo contemporâneo, a dignidade é considerada o valor constitucional supremo e, enquanto tal, deve servir como diretriz para a elaboração, interpretação e aplicação das normas que compõem a ordem jurídica em geral, e o sistema de direitos fundamentais, em particular.
Deveres do Estado: a consagração como fundamento do Estado brasileiro significa a imposição aos poderes públicos do dever de respeito, proteção e promoção dos meios necessários a uma vida digna.
O dever de respeito impede a realização de atividades prejudiciais à dignidade (“obrigação de abstenção”). 
O dever de proteção exige uma ação positiva dos poderes públicos na defesa da dignidade contra qualquer espécie de violação, inclusive por parte de terceiros . Nesse sentido, cabe ao Poder Legislativo estabelecer normas adequadas à proteção da dignidade (princípio da proibição de proteção insuficiente), e.g., por meio da criminalização de condutas que causem uma grave violação a este bem jurídico.
O dever de promoção impõe a adoção de medidas que possibilitem o acesso aos bens e utilidades indispensáveis a uma vida digna (ligada à igualdade material, impõe uma atuação positiva). A dignidade, nesse sentido, atua como um princípio que tem como núcleo o mínimo existencial. 
Tripla Dimensão Normativa: por meio da interpretação do dispositivo constitucional que a consagra (CF/1988, art. 1.°, III), é possível extrair três distintas espécies de normas:
I) uma metanorma, que atua como diretriz a ser observada na criação e interpretação de outras normas. Importante diretriz hermenêutica.
II) um princípio, que impõe aos poderes públicos o dever de proteção da dignidade e de promoção dos valores, bens e utilidades indispensáveis a uma vida digna; e,
III) uma regra, a qual determina o dever de respeito à dignidade, seja pelo Estado, seja por terceiros, no sentido de impedir o tratamento de qualquer pessoa como um objeto, quando este tratamento for decorrente de uma expressão do desprezo pelo ser humano.
A dignidade como valor absoluto: como qualidade intrínseca a todo ser humano, independentemente de condição não pode ser considerada como algo relativo. Nas palavras de Béatrice MAURER, “a pessoa não tem mais ou menos dignidade em relação a outra pessoa. No entanto, como princípio, ainda que se deva atribuir a esse princípio um elevado peso abstrato na ponderação, o seu cumprimento, assim como o de todos os demais princípios, ocorre em diferentes graus, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes.
Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais: relação de mútua dependência. Ao mesmo tempo em que estes surgiram como uma exigência da dignidade de proporcionar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, somente por meio da existência desses direitos a dignidade poderá ser respeitada, protegida e promovida.
Pesquisas com células-tronco embrionárias: o STF reconheceu a constitucionalidade do art. 5º da Lei de Biossegurança, que permite a pesquisa com células-tronco embrionárias, concluindo que a manipulação e a pesquisa com células-tronco embrionárias não violam a dignidade da pessoa humana ou o direito à vida. Principais fundamentos: a) a pesquisa promove o constitucionalismo fraternal, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional; b) não há violação ao direito à vida, pois o embrião referido na Lei não é vida viável, porquanto lhe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível; c) não se trata de aborto; a Lei de Biossegurança não veicula autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele embrião; não se cuida de interromper gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar.
Busca da Felicidade: O STF, no RE 477.554-AgR, em que se discutia a legitimidade da união homoafetiva enquanto entidade familiar, assentou a possibilidade de reconhecimento jurídico, forte na convicção de que o direito à busca da felicidade é um postulado constitucional implícito, derivado do princípio da dignidade da pessoa humana.
Lei Maria da Penha: O STF deu interpretação conforme à Constituição aos arts. 12, I, 16 e 41 da Lei 11.340/06 para assentar a não aplicação da Lei 9.099/95 aos crimes de violência contra a mulher, de modo que, mesmo tratando-se de lesões corporais leves, a ação penal é pública incondicionada. Um dos fundamentos foi a proteção à dignidade da mulher (ADI 4.424).
Reserva do possível e mínimo existencial: o mínimo existencial, fundado na dignidade da pessoa humana, atua como limitação à cláusula da reserva do possível(ARE 639.337-AgR).
Reconhecimento da união homoafetiva com entidade familiar (ADI 4.277 e ADPF 132)
4) VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA
Os valores sociais do trabalho vem antes da livre iniciativa. Isto quer dizer que o trabalho não é um castigo. 
 O trabalho serve para desenvolvimento pessoal e da comunidade. Os valores sociais do trabalho, tem o sentido de respeito ao trabalhador. É todo o conjunto de regras do artigo 7º. 
 Após a valoração social do trabalho é que se fala em “capitalismo” livre iniciativa.
 Isto quer dizer que a propriedade dos bens ou meios de produção pode ser individual, não precisa ser necessariamente coletiva. 
 busca-se a humanização do capitalismo. Liga-se com o artigo 170 que é a ordem econômica. 
Livre iniciativa e meia-entrada para estudantes: livre iniciativa deve ceder - “Se de um lado a Constituição assegura a livre iniciativa, de outro determina ao Estado a adoção de todas as providências tendentes a garantir o efetivo exercício do direito à educação, à cultura e ao desporto (arts. 23, V, 205, 208, 215 e 217, § 3º, da Constituição). Na composição entre esses princípios e regras há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse público primário. O direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao lazer são meios de complementar a formação dos estudantes."
Fixação de horário de funcionamento de estabelecimento comercial: "A fixação de horário de funcionamento de estabelecimento comercial é matéria de competência municipal, considerando improcedentes as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da isonomia, da livre iniciativa, da livre concorrência, da liberdade de trabalho, da busca do pleno emprego e da proteção ao consumidor." (AI 481.886-AgR)
5) PLURALISMO POLÍTICO
Político aqui não está apenas no sentido de partidos políticos. Aqui o pluralismo político significa o direito fundamental a ser diferente (direito fundamental à diferença)
O caráter pluralista da sociedade se traduz no pluralismo social, político (CF, art. 1.°, V), partidário (CF, art. 17), religioso (CF, art. 19), econômico (CF, art. 170), de ideias e de instituições de ensino (CF, art. 206, III), cultural (CF, arts. 215 e 216) e dos meios de informação (CF, art. 220).34 Este fundamento é concretizado, ainda, por meio do reconhecimento e proteção das diversas liberdades, dentre elas, a de opinião, a filosófico-religiosa, a intelectual, artística, científica, a de comunicação, a de orientação sexual, a profissional, a de informação, a de reunião e a de associação (CF, art. 5.°, IV, VI, IX, X, XIII, XIV, XVI e XVII).
O pluralismo político, em um sentido amplo, compreende: o pluralismo econômico (economia de mercado; concorrência de empresas entre si; setor público distinto do privado); o pluralismo político-partidário (existência de vários partidos ou movimentos políticos que disputam entre si o poder na sociedade) e o pluralismo ideológico (diversas orientações de pensamento; diversas visões de mundo; diversos programas políticos; opinião pública não homogênea, não monocórdia, não uniforme).
O pluralismo está indissociavelmente ligado à diversidade e à alteridade. Não há pluralismo sem respeito às diferenças, ao caráter do que é outro, ao antônimo da identidade.
Exclusão da propaganda eleitoral de partidos que não tenham representação na Câmara: “A exclusão da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão das agremiações partidárias que não tenham representação na Câmara Federal representa atentado ao direito assegurado, expressamente, no § 3º do art. 17 da Lei Maior, direito esse indispensável à existência e ao desenvolvimento desses entes plurais e, sem o qual, fica cerceado o seu direito de voz nas eleições, que deve ser acessível a todos os candidatos e partidos políticos.” (ADI 4430, 29/06/2012) 
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS
ART. 3º CONSTITUEM OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: 
 O ARTIGO 3º, REVELA QUE A CF É COMPROMISSÁRIA, DIRIGENTE. Ela prega metas a serem perseguidas, objetivos a serem alcançados. 
I - CONSTRUIR UMA SOCIEDADE LIVRE, JUSTA E SOLIDÁRIA;
II - GARANTIR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL; - Busca da independência econômica de outros estados. 
 Este desenvolvimento nacional passa pela valorização da indústria nacional, para que nos não tenhamos dependência de outros estados. (BNDeS) Visa financiar o desenvolvimento das indústrias nacionais, acabando com a dependência dos outros estados.
Desenvolvimento no sentido tratado por Amartya Kumar Sem (ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1.998)
 “(...) o desenvolvimento (...)”o DIREITO AO DESENVOLVIMENTO é um DIREITO HUMANO inalienável, reconhecido no âmbito das Nações Unidas e no âmbito interno brasileiro. É o direito que mais tem tido destaque na doutrina internacional e vem crescendo na doutrina nacional
 o DIREITO AO DESENVOLVIMENTO deve ser entendido como DIREITO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO. Desenvolvimento como liberdade.
DIREITO AO DESENVOLVIMENTO X DIREITO DO DESENVOLVIMENTO
	
DIREITO AO DESENVOLVIMENTO – está relacionado com o DESENVOLVIMENTO HUMANO, é mais que simples CRESCIMENTO ECONÔMICO ou DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Atualmente tem sido entendido como DIREITO SÍNTESE – representaria uma síntese de todos os direitos humanos. 
titular: pessoas
	
DIREITO DO DESENVOLVIMENTO – deve ser concebido como um DIREITO INTER-ESTATAL. Representa o direito dos PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO terem a mesma condição econômica dos PAÍSES DESENVOLVIDOS. 
titular: Estados
 III - ERRADICAR A POBREZA E A MARGINALIZAÇÃO E REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS;
SUDAN / SUDENE Programas de desenvolvimentos regionais, desenvolvendo as regiões conseqüentemente se desenvolvem as regiões. 
IV - PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO.
 BEM DE TODOS UNIVERSALIDADE. 
Universalidade ≠ Uniformidade A universalidade é a extensão a todos, mas não é a uniformidade, porque todos não são iguais. Nós somos diferentes, cada um tem que ser considerado na sua individualidade. 
PRINCÍPIOS E OBJETIVOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
Significa não lançar mão da luta armada. Compatibilidade com o art. 11 da Carta da ONU.
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
 É muito mais do que não concordar com o terrorismo, significa a rejeição ao terrorismo. Buscar meios que se afaste, se rejeite o terrorismo. 
ONU não conceitua terrorismo para não limitar seu significado.
TERRORISMO: É a defesa proselitismo de ideais políticos ou religiosos através da violência, através da propagação do medo.
 Racismo é entender que uma raça é superior a outra. 
STF já discutiu a existência de raças no HC 84424/RS. 
 Terrorismo: crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia;
 Racismo: inafiançável e imprescritível.
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
Dever de assistência a outros povos que estejam vivendo condições desfavoráveis que não os permitam ter regimes políticos e sociais justos.
X - concessão de asilo político.
 Asilo político é a proteção que o Estado dá aos nacionais de outros Estados que estiverem sofrendo perseguições em razão de suas posições políticas ideológicas. Asilo político não é sinônimo de refugio. 
Asilo e crime comum: “Não configura crime político, para fim de obstar o acolhimento de pedido de extradição, homicídio praticado por membro de organização revolucionária clandestina, em plena normalidade institucional de Estado Democrático de direito, sem nenhum propósito político imediato ou conotação de reação legítima a regime opressivo. (...) Não caracteriza a hipótese legal de concessão de refúgio, consistente em fundado receio de perseguição política, o pedidode extradição para regular execução de sentenças definitivas de condenação por crimes comuns, proferidas com observância do devido processo legal, quando não há prova de nenhum fato capaz de justificar receio atual de desrespeito às garantias constitucionais do condenado." (Ext 1.085)
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
 Não fala do Mercosul, é muito mais amplo do que o mercosul.
É uma integração dos povos latino americanos. 
PONTO 5 – 
TRIBUTÁRIO: Normas Gerais de Direito Tributário. Lei Complementar Tributária. Regulamento Aduaneiro. Administração Tributária. Procedimento Fiscal. Sigilo Fiscal e Prestação de Informações.
Atualizações por João Augusto Carneiro Araújo - augusto_ca88@yahoo.com.br em azul (dezembro/2014).
	*****NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. *****
Legislação tributária
Conceito: é o conjunto de normas e disposições legais e infralegais que tem por objetivo instituir e definir os tributos do sistema e regular as relações jurídicas decorrentes de sua cobrança. 
Segundo o art. 96 do CTN, a expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Incluem-se, também, os convênios de ICMS, por previsão constitucional. Há quem inclua, também, a própria CF, a qual, via de regra (exceção, CPMF, quando ainda vigente), não cria tributos, limitando-se à sua previsão e ao seu deferimento às pessoas competentes para instituí-los e arrecadá-los. É uma opção de classificação.
Quando o CTN refere-se a uma matéria reservada à lei, utiliza expressamente o vocábulo “lei”, e não “legislação”. Diversamente, quando usa “legislação”, pretende explicitar que aquela matéria pode ser disciplinada por ato normativo infralegal. 
Há de se distinguir o vocábulo legislação X lei. Aquela é utilizada no sentido amplo, abrangendo as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares (art. 96, CTN). Já a lei, no âmbito tributário, deve ser entendida em seu sentido restrito - material e formal, ou seja, um ato jurídico que contenha uma norma produzida pelo Poder competente – Legislativo (Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria). 
Matérias restritas à lei (ou a instrumentos análogos – ex.: Medida Provisória): art. 97, CTN
I - A instituição de tributos, ou a sua extinção: aqui não há exceção em relação a tributo algum. Todos devem ser instituídos por lei.
II - A majoração de tributos, ou sua redução: alguns impostos (II, IE, IPI, IOF), a CIDE-combustíveis e o ICMS monofásico sobre combustíveis podem ter suas alíquotas aumentadas ou diminuídas por normas infralegais, mas só as alíquotas (não a base de cálculo).
III - A definição do fato gerador da obrigação tributária principal: também aqui não há exceções.
IV - A fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo: as exceções à alíquota já foram vistas no item “II”. Quanto à base de cálculo, como já dito, não há exceções, mas o próprio CTN diz que não constitui majoração de tributo a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Tal dispositivo é utilizado especialmente nos casos do IPVA e do IPTU, cujas tabelas são alteradas anualmente.
V - A cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas: aqui entram multas por atraso no pagamento de tributos, pela não entrega de declarações, por infrações na escrita contábil-tributária, etc.
VI - As hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades: neste caso, a Constituição Federal exige mais, isto é, exige lei específica para tratar do assunto (Art. 150, § 6º).
· Além da correção monetária da base de cálculo, já referida acima no item IV, o STF entende que não estão sujeitas à reserva legal as seguintes matérias: a) obrigações acessórias; b) prazos para pagamento de tributos.
· A iniciativa das leis em matéria tributária não é privativa do Chefe do Executivo.
· Em regra, a lei ordinária é o instrumento hábil para disciplinar os tributos. Apenas em casos excepcionais, expressamente previstos na Constituição, é que se exige lei complementar (Des. Luiz Alberto Gurgel de Faria).
As resoluções do Senado Federal
O estabelecimento de alíquotas máximas, mínimas ou interestaduais de alguns tributos estaduais ficou a cargo do Senado Federal.
- IPVA: o Senado fixará (obrigatoriamente) as alíquotas mínimas (CF, art. 155, § 6º, I). A previsão constitucional tem o objetivo de evitar a chamada guerra fiscal entre os estados, visto que cada unidade da federação pode estabelecer alíquotas mais atrativas.
- ITCMD: o Senado fixará obrigatoriamente suas alíquotas máximas (CF, art. 155, § 1º, IV).
- ICMS: o Senado tem três competências distintas:
· Estabelecer, com iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as alíquotas aplicáveis às operações interestaduais e de exportação (CF, art. 155, § 2º, IV);
· Estabelecer, com iniciativa de um terço dos Senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as alíquotas mínimas aplicáveis às operações internas (CF, art. 155, § 2º, V, a). O exercício desta competência é facultativo.
· Estabelecer, com iniciativa da maioria absoluta dos Senadores e aprovação de dois terços deles, as alíquotas máximas aplicáveis às operações internas (CF, art. 155, § 2º, V, b). O exercício desta competência é facultativo.
	TRATADOS INTERNACIONAIS
· CTN - Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
· Para boa parte da doutrina, não são os tratados e convenções internacionais que “revogam” ou modificam a legislação interna, mas os decretos legislativos que os aprovam. Outra parte discorda, ao afirmar que a produção de efeitos internos se dá com a promulgação do decreto presidencial.
· Considerações sobre tratados internacionais em matéria tributária[footnoteRef:1]: [1: 	 http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3897 ] 
a) estão em harmonia com a atual Constituição Federal os entendimentos constantes das Súmulas 575 do STF, 20 e 71 do STJ, que estende a produtos objeto de acordos internacionais isenção concedida a similar nacional;
d) na questão das isenções heterônomas, há que ser diferenciada a posição da União, ora como integrante da federação, ora como representante dessa mesma federação nas relações internacionais;
e) no primeiro caso, as isenções heterônomas não podem ser concedidas, por atingirem a autonomia dos demais entes, salvo as exceções expressamente previstas no texto constitucional. No segundo, tem a União plena liberdade de, por meio de acordos internacionais, conceder isenções de tributos pertencentes aos demais entes federados, pois, aqui, atua como representante destes perante os demais Estados soberanos;
f) os tratados internacionais são recepcionados em nosso ordenamento interno como leis nacionais, por tratarem de assuntos que importam à República Federativa do Brasil como um todo e não somente à União, que a representa no momento da celebração, de modo que, mesmo em matéria tributária, os tratados internacionais são aplicáveis aos demais entes federados;
g) pensar diferente seria desconsiderar a norma programática constante do parágrafo único, do artigo 4º, da Constituição Federal, que aponta como um dos objetivos da República Federativa do Brasil nas relações internacionais a busca da integração econômica com os demais povos da América Latina, que poderá tornar-se inviável caso não se permita à União conceder isenções heterônomas; e
h) assim, em vista da atual sistemática constitucional, pode sim a União, quando atua como representante da federação brasileira como um todo, conceder isençõesheterônomas por meio de tratados internacionais.
Tratados internacionais e legislação interna (anterior e posterior)
· O art. 98 do CTN ensejou divergência doutrinária sobre a situação hierárquica dos tratados internacionais em matéria tributária.
· Há doutrinadores que defendem a tese de que o art. 98 do CTN não estabelece distinção hierárquica entre os tratados internacionais e a legislação tributária interna. Para eles, a primazia dos tratados internacionais dar-se-ia não pelo critério hierárquico, mas sim pelo critério da especialidade (sendo de mesma hierarquia, as disposições específicas não são derrogadas por disposições gerais, mesmo que estas sejam posteriores àquelas). Esse é o atual entendimento do STJ. Até porque o critério especifico prevalece sobre o cronológico (ex: tratado bilateral de bitributação entre Brasil e Jãpão). No entanto, há apenas perda da eficácia, que atinge tão-somente as situações específicas tratadas na Convenção, mas não perde a lei a sua validade para outras questões. 
		- Dessa forma, a lei interna posterior revoga o tratado anterior, quando trata de matéria idêntica (não há especialidade), pois não há hierarquia entre lei e tratado. 
· Há outra corrente que entende que o CTN situa os tratados internacionais que versem sobre matéria tributária em plano hierárquico superior ao das leis ordinárias (corrente internacionalista). Isso porque a parte final do art. 98 do CTN, que exige que a legislação ordinária respeite os tratados anteriores a ela, posiciona os tratados em plano hierárquico superior ao das leis ordinárias.
· É importante ressaltar que, não obstante o art. 98 do CTN, o STF tem jurisprudência afirmando que os tratados internacionais incorporam-se ao direito interno com o mesmo status das leis ordinárias, sem qualquer ressalva quanto à matéria tributária. Significa que, se uma lei ordinária posterior a um tratado internacional, já internalizado, for com ele incompatível, o tratado deixará de ser aplicado. Se for o caso, o Brasil sofrerá as sanções internacionais cabíveis por haver descumprido um tratado internacional. O que o STF não admite é que a lei ordinária posterior ao tratado seja considerada nula, ilegítima ou inaplicável nos pontos com ele incompatíveis.
· STF: em razão do tratamento simular entre tratado e lei ordinária, os tratados não podem cuidar de normas gerais do direito tributário, que exigem LEI COMPLMENTAR. 
· Hugo de Brito e Luciano Amaro entendem que a dicção do art. 98 do CTN não é adequada, nem quando diz que o tratado “revoga” a lei interna, nem quando assevera que a lei interna superveniente deva “observar” o tratado. Para eles, de acordo com o critério da especialidade (e não hierárquico) do tratado, o intérprete, ao examinar a lei interna superveniente, deve observar o tratado, naquilo em que este possa afastar, limitar ou condicionar a aplicação da lei interna, com a qual deve ser harmonizado. Diz, ainda, que a eficácia dos tratados e sua inserção no ordenamento jurídico nacional é questão de natureza constitucional. Não seria com preceito infraconstitucional que se haverá de resolver se o tratado pode ou não modificar a lei interna, ou se esta poderá ou não alterá-lo. Assim, não cabia ao CTN nem negar, nem afirmar o primado dos tratados. Por fim, assevera que, sob a perspectiva jurisprudencial do STF (acima mencionada), o art. 98 do CTN seria inútil, porque, de um lado, lhe faleceria aptidão para impor o primado dos tratados, e, de outro, também lhe seria negada valia para explicar a necessidade de harmonizar-se a lei interna (como norma geral) com a disciplina do tratado (como norma especial), pois essa harmonização não depende do preceito inscrito naquele dispositivo legal.
· Resumindo a questão em relação à legislação anterior, Sabbag diz que o vocábulo “revogam” não está corretamente empregado. Segundo ele, formou-se na doutrina o entendimento de que o tratado seria uma lei especial perante a lei interna (considerada geral), pregando a convivência de todas as normas. Assim, “revogam” deveria ser entendido com “modificam” ou “suspendem”, no bojo da perda da eficácia. Ex: Se a lei manda cobrar IPI sobre produto estrangeiro e há tratado com os EUA para não incidência desse tributo sobre mercadorias de lá importadas, o tratado será lei especial.
· Essa foi a solução dada pela lei 9.876/99 (inseriu o art. 85-A na lei 8212/91).
Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial.
· Tratados normativos, tratados contratuais e a legislação tributária superveniente:
Tratados normativos: caracterizam-se pela generalidade, criando uma regra de direito internacional de aplicação cogente pelos signatários.
Tratados contratuais: decorrem do estabelecimento de obrigações recíprocas entre os pactuante s(prestações e contraprestações). Na avença, os signatários estipulam concessões mútuas, não sendo coincidentes as vontades manifestadas.
O STJ tem dado importância prática à distinção, asseverando a integral aplicabilidade da restrição constante do art. 98 do CTN aos tratados normativos, mas não aos contratuais (REsp 426.945-PR)
· O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT): prevê a equivalência de tratamento entre o produto importado, quando este ingressa no território nacional, e o produto similar (regra do tratamento nacional)
	NORMAS COMPLEMENTARES
As normas complementares englobam o seguinte:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas - as portarias, ordens de serviço, instruções normativas, e outros semelhantes.
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa - as decisões proferidas por órgãos singulares ou coletivos incumbidos de julgar administrativamente as pendências entre o fisco e os contribuintes, desde que a lei atribua a essas decisões valor de norma. 
É a chamada “jurisprudência administrativa” ou “Sistema de Decisões Vinculantes”. Destacam-se atualmente, nessa categoria, os denominados pareceres normativos emitidos pela Coordenação do Sistema de Tributação do Ministério da Fazenda, órgão incumbido de unificar a interpretação da legislação tributária, mediante solução de consultas.
III - as práticas, reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas - representam uma posição sedimentada do fisco na aplicação da legislação tributária e devem ser acatadas como boa interpretação da lei. Se as autoridades fiscais interpretam a lei em determinado sentido, e assim a aplicam reiteradamente, essa prática constitui norma complementar da lei. De certo modo isto representa a aceitação do costume como fonte do Direito.
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios – por exemplo, para estabelecer sistemas integrados de documentação ou fiscalização, e cuidar de outras matérias em que seja comum o interesse dos vários entes políticos.
Diz-se que são complementares porque se destinam a completar o texto das leis, dos tratados e convenções internacionais e decretos. Limitam-se a completar. Não podem inovar ou de qualquer forma modificar o texto da norma que complementam. Além de não poderem invadir o campo da reserva legal, devem observância também aos decretos e regulamentos, que se colocam em posição superior, porque editados pelo Chefe do Poder Executivo, e a este estão subordinados os que editam as normas complementares.
A observância dessas normas faz presumir a boa-fé do contribuinte, de modo a excluir a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo, numa consagração da Teoria dos Atos Próprios (venire contra factum proprium non potest) em Direito Tributário.
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
· Conceito: vigência é a aptidão para produzir efeitos no plano jurídico. Consiste em pressuposto para a incidênciae pressupõe a superação da vacatio legis. 
· Validade , vigência e eficácia – noções gerais.
A lei que completou todo o seu ciclo de formação presume-se válida. A validade, portanto, está presente quando o processo de produção e formação da lei houver observado as diretrizes e os requisitos procedimentais previstos na CF (aspecto formal) e seu conteúdo não agredir a CF (aspecto material).
A norma vigente tem, em regra, total aptidão para produzir, em maior ou menor grau, efeitos jurídicos.
A regra é que a norma vigente seja eficaz, porém isto nem sempre acontece. Ex: princípio da anterioridade, que proíbe aos entes federados cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sito publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Tal princípio não proíbe a vigência da lei que institui ou majora tributo no mesmo exercício de sua publicação, mas tão-somente adia para o exercício subsequente a produção de efeitos (eficácia) dessa norma. Eficácia é quando a lei está completamente pronta para gerar imediatamente os efeitos jurídicos pretendidos pelo legislador.
· Vigência da lei » aptidão para incidir » automática.
Aplicação da lei » depende de alguém » utilidade em situação concreta.
Uma lei pode estar vigente e não ser aplicada, enquanto uma lei pode ser aplicada, não se encontrando mais vigente.
· A vigência deve ser analisada no tempo e no espaço
· Regras básicas da vigência no tempo:
Leis: 45 dias depois de publicada ou 3 meses, no exterior (LICC, art. 1º). Essa é a regra geral, mas o normal é a própria lei dizer quando entra em vigor. Ressalta-se que em matéria tributária devem ser observados os princípios da anterioridade de exercício e da anterioridade nonagesimal. Para alguns autores, tais princípios estariam relacionados com os efeitos da lei, não com sua vigência, apesar de o art. 104 do CTN, ao tratar da anterioridade, usar a expressão “entram em vigor”. De qualquer maneira, devem ser levados em conta. (OBS: ver mais sobre princípio da anterioridade no ponto 01)
Atos normativos: na data da publicação, salvo disposição em contrário.
Decisões com eficácia normativa dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa: 30 dias depois da publicação, salvo disposição em contrário.
Convênios: na data em que o próprio convênio estabelecer, salvo disposição em contrário.
· O art. 104 do CTN e o princípio da anterioridade: Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. 
O STF entende que a revogação de isenção não se equipara à criação ou à majoração de tributo, de forma que o tributo volta a ser imediatamente exigível, não sendo aplicável o princípio da anterioridade (RE 204.062).
· Vigência espacial: em regra, a legislação tributária vigora dentro do território do ente que as editou. Excepcionalmente, a legislação tributária dos Estados, do DF e dos municípios vigora fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem ou de que disponham as leis e normas gerais expedidas pela União (art. 102, CTN).
· A extraterritorialidade prevista em convênio de cooperação: pode se imaginar como exemplo um convênio firmado entre Municípios integrantes da região metropolitana de São Paulo prevendo a fiscalização conjunta do ISS devido pelos prestadores de serviço a cada um desses Municípios.
· A extraterritorialidae prevista em norma geral nacional: as leis que estipulem tais devem se ater a situações em que a extraterritorialidade se imponha como única solução viável para determinado problema, sob pena de inconstitucionalidade por agressão ao pacto federativo. Exemplo de aplicação: criação de novo ente político, através de desmembramento territorial de outro.
· Regra de vigência espacial extraterritorial prevista no CTN (art. 120): Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.
· Aplicação de leis estrangeiras: segundo Luciano Amaro, a lei estrangeira pode integrar a hipótese de aplicação da lei brasileira, em havendo previsão expressa. Tal se dá, por exemplo, quando nossa lei do IR admite que, ao se apurar o imposto devido por contribuinte aqui domiciliado, seja deduzido o imposto retido no exterior, se a lei do país de origem da renda der igual tratamento ao imposto retido no Brasil.
APLICAÇÃO DA LEI TRIBUTÁRIA
· Conceito: aplicar a legislação tributária é concretizar no mundo fático a vontade que o legislador manifestou em abstrato na norma.
· Disposições do CTN sobre o tema:
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
· Fatos instantâneos: fatos geradores que ocorrem em um momento preciso da linha do tempo. Ex: Imposto de Importação
· Fatos periódicos: fatos geradores que se prolongam no tempo, sendo considerados ocorridos nos instantes legalmente determinados. Ex: IPVA. Pode ser divididos em simples e compostos (complexivos). Os fatos periódicos simples tomam por base um único evento que se prolonga no tempo (Ex: IPTU e IPVA). Já os fatos periódicos compostos são fatos geradores compostos de diversos eventos que devem ser considerados de maneira global, dentro de um determinado período de tempo legalmente definido (Ex: IR e CSLL). Obs: existe doutrina[footnoteRef:2] que defende que jamais os fatos poderiam ser considerados como pendentes, uma vez que, mesmo nos fatos periódicos compostos ou complexivos, existe determinação (legal) do instante da completude e perfeição de tais fatos, o que faz com que possam ser tratados como instantâneos. [2: 	 Segundo Ricardo Alexandre, esta seria a tendência atual.] 
· Fato gerador pendente: é aquele cujo fato gerador se tenha iniciado, mas não esteja consumado nos termos do artigo 116 do CTN
· O caso do IR: segundo entendimento do STF, o imposto de renda tem fato gerador complexivo, que começa a ocorrer no início do exercício financeiro (1º de janeiro) e termina no fim do exercício (31 de dezembro). Assim, qualquer lei que venha a ter vigência até o dia 31 de dezembro aplica-se ao IR daquele exercício financeiro, dado que o fato gerador ainda está pendente. Autorizados tributaristas, em discordância com tal tese, têm sustentado que o imposto de renda deve ser regulado por lei em vigor antes do início do período-base respectivo. Com efeito, o entendimento, sufragado pelo STF, de que o fato gerador do imposto de renda somente se completa no dia 31 de dezembro, e assim a lei publicada até tal data aplica-se a todo o período, vale dizer, ao lucro apurado de 1° de janeiro a 31 de dezembro, na verdade prejudica a segurança jurídica, pois o contribuinte chega ao final do ano sem saber a que norma se submeterá na apuração do seu imposto de renda.
· Irretroatividade e IR: SÚMULA Nº 584 do STF: “Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” Tal súmula parece desprezar tanto a anterioridade quanto a irretroatividade. Não obstante, ainda é aplicada peloSTF, embora a matéria esteja sendo rediscutida no RE 183.130 (suspenso em razão de pedido de vista – julgamento 3 X 2 a favor do contribuinte). TRF 2 nesse mesmo sentido.
· 
· 	CONTRA: STJ e toda doutrina.
	Aplicação pretérita da lei tributária:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Lei interpretativa é aquela que não inova, limitando-se a esclarecer dúvida surgida com o dispositivo anterior. A exclusão da aplicação de penalidades beneficia tão somente àquele que interpretou mal a lei e não àquele que agiu em sua total inobservância.
Obs¹: em que pese discussão doutrinária acerca do tema, o STF admite a existência de leis meramente interpretativas (interpretação autêntica) (ADI 695/DF).
Obs².: a Corte Especial do STJ, em relação à Lei Complementar nº. 118/2005, que buscou interpretar a questão da prescrição em tributos sujeitos a lançamento por homologação, entendeu que a referida lei não era meramente interpretativa. Disse o STJ:
O art. 3º da LC 118/2005, a pretexto de interpretar os arts. 150, §1º, 168, I, do CTN, conferiu-lhes, na verdade, um sentido e um alcance diferente daquele dado pelo Judiciário. Ainda que defensável a "interpretação" dada, não há como negar que a Lei inovou no plano normativo, pois retirou das disposições interpretadas um dos seus sentidos possíveis, justamente aquele tido como correto pelo STJ, intérprete e guardião da legislação federal. Portanto, o art. 3º da LC 118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da sua vigência.
Nesse mesmo sentido: STF e TRF 2 (Súmula 59)
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: (obs.: se já foi julgado, não se aplica retroativamente)
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (obs.: redução de alíquotas não tem aplicação retroativa, exceto se houver previsão legal expressa).
· É importante atentar que as três alíneas do inciso II do art. 106 tratam exclusivamente de infrações e suas respectivas punições, de forma que não haverá retroatividade de lei que verse sobre tributo, seja a lei melhor ou pior.
· Alguns autores defendem a inexistência de diferença entre as hipóteses das alíneas a e b. Todavia, para Ricardo Alexandre, a alínea a trataria exclusivamente de penalidade pelo descumprimento de obrigação principal, e a alínea b, exclusivamente de penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória.
· Aplicação retroativa » art. 106, CTN. No tocante ao referido dispositivo, a Justiça vem sendo constantemente acionada quanto à real sentido da expressão “ato não definitivamente julgado”, contida no inciso II, mormente quanto à alínea “c”, que prevê a aplicação da lei a fato pretérito quando comina penalidade mais branda. A jurisprudência vem se sedimentando no sentido de que o “ato não definitivamente julgado” não se restringe à seara administrativa, mas também à judicial. “o CTN, em seu art. 106, estabelece que a lei nova mais benéfica ao contribuinte aplica-se ao fato pretérito, razão por que correta a redução da multa para 20% nos casos em que a execução fiscal não foi definitivamente julgada. (...) somente se tem por definitivamente julgada a execução fiscal quando realizadas a arrematação, adjudicação ou remição”.
· aplicação retroativa x anistia: não se há de se confundir aplicação retroativa do artigo 106 com a anistia. Nesta, não se opera alteração ou revogação de lei antiga, não havendo mudança na qualificação jurídica do ilícito. Apenas fica extinta a punibilidade em relação a certas infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede (art. 180). 
· Existe garantia de irretroatividade das leis para o Estado? A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado (SUMULA STF nº 654).
 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
· Sobre o tema, dispõe o CTN: 
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a eqüidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
· Recordar aqui o princípio da tipicidade tributária. Em matéria de tributos, há uma semelhança com a legislação penal: não é admitida a analogia “in malam partem”. 
· Ademais, a analogia (aplicação de norma jurídica existente a caso não previsto, mas essencialmente semelhante ao previsto) não deve ser confundida com a interpretação extensiva (ampliação do conteúdo aparente da norma, uma vez que o legislador disse menos do que realmente queria dizer).
STF, RE 130.552, j 04.06.1991, excerto do voto do rel. Min. Moreira Alves: “só se aplica a analogia quando, na lei, haja lacuna, e não o que os alemães denominam de ‘silêncio eloqüente’, que é o silêncio que traduz que a hipótese contemplada é a única a que se aplica o preceito legal, não se admitindo, portanto, aí o emprego da analogia”.
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. 
· Ex.: deixar de cobrar o tributo porque a pessoa é pobre. Lembrar que a lei pode conceder anistias ou remissões, até com base na equidade. O que é vedado é utilizar equidade em sede de interpretação da lei tributária, para dispensar o pagamento do tributo. Quanto às multas, alguns autores entendem que não são tributos (visto que tributos não são sanções por atos ilícitos), razão pela qual poderiam ser dispensadas pela aplicação da equidade.
· Importante observar pela leitura do art. 108 do CTN que, a solução dos problemas das lacunas em direito tributário difere da solução geral inserta no art. 4º da LICC: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
· A contrario sensu, quando os conceitos de direito privado não tenham sido utilizados pelas citadas leis máximas, podem ser alterados pelo legislador infraconstitucional (ex.: a prescrição tributária extingue o direito, a decadência tributária admite interrupção). Por outro lado, os conceitos presentes na Constituição não podem ser ampliados arbitrariamente pelo legislador (ex.: charretes não podem ser conceituadas como veículos automotores, nem equiparados aos mesmos, como forma de viabilizar a tributação pelo IPVA)”. Admitir que o legislador tributário alterasse um conceito de direito privado do qual o legislador constituinte fez uso quando definiu ou limitou a competência tributária seria legitimar a mudança na Constituição por norma infraconstitucional. Tal vedação foi vista no caso da COFINS, da Lei 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento para receita bruta, à época sem lastro constitucional, o que acabou acarretando a decretação de inconstitucionalidade dessa ampliação do conceito da base de cálculo.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III- dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
· Isso quer significar que não se poderia utilizar analogia para reconhecer isenção, anistia ou dispensar o cumprimento de obrigações acessórias, mas seria invocável a analogia, por exemplo, no caso de prazos para cumprimento de obrigações. Ou seja, não se aplica a analogia em casos de interpretação literal (restritiva).
· De outro lado, consoante Luciano Amaro (no mesmo sentido, Ricardo Alexandre), não obstante se preceitue a interpretação literal nas matérias assinaladas, não pode o intérprete abandonar a preocupação com a exegese lógica, teleológica, histórica e sistemática dos preceitos legais que versem as matérias em causa, pois faz parte do processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
· Perceba-se que a interpretação benigna se restringe à lei tributária que define infrações ou comine penalidades (princípio do in dubio pro réu, de nítida influência do direito penal e aqui aplicado na seara do direito tributário penal). Vale observar que, para se resolver as dúvidas às demais questões de direito tributário (ex: cobrança de tributo), não existe qualquer concepção apriorística do tipo “na dúvida favorecer o fisco” ou na dúvida favorecer o contribuinte”.
· Interpretar e integrar têm sentidos parecidos, mas sutilmente diversos. A interpretação é atividade lógica pela qual se determina o significado de uma norma jurídica, enquanto a integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o sistema jurídico inteiro, sem lacuna.
 - Interpretação de imunidade:
a) Parte do STF, Hugo de Brito e Hunberto Avila: utiliza interpretação teleológica (busca o verdadeiro sentido e valor da imunidade, para preservar os direitos fundamentais que ela assegura)
b) Parte do STF (Lewandoswk) e Teori Zavask: interpretação restritiva (exceções devem ser interpretadas restritivamente). 
· O interesse público, muitas vezes utilizado como argumento para a exigência de tributos, não se presta para fundamentar uma posição apriorística do intérprete a favor do Fisco. O verdadeiro interesse público, aliás, reside na adequada interpretação da Constituição e das leis, de sorte a que os ditames de seus dispositivos não restem amesquinhados. Segundo Luciano Amaro, está superada a idéia de in dubio pro Fisco.
· Ainda quanto à interpretação, merece referência a chamada interpretação econômica do direito tributário. Hugo de Brito Machado destaca que “a natureza econômica da relação de tributação é importante para o intérprete da lei tributária, porque faz parte integrante do próprio conteúdo de vontade da norma, sendo elemento seguro de indicação do fim ou objetivo visado pela regra jurídica. Por outro lado, inspira um princípio prevalente em direito tributário, que é o da capacidade econômica, em função do qual se devem tanto o legislador como o intérprete orientar.” (curso... p. 120). E, conclui HBM: “a denominada interpretação econômica, na verdade, não é mais do que uma forma de manifestação da preferência pelo substancial, em detrimento do formal.” 
· A interpretação econômica do direito tributário tem origem na dourina alemã e veicula a idéia de que não se deveria considerar, na referência feita pela lei tributária a um negócio jurídico regulado pelo direito privado, a forma por ele revestida, mas sim seu conteúdo econômico. Foi defendida no Brasil, entre outros, por Amílcar de Araújo Falcão, com arrimo no art. 109 do CTN. Sustenta-se, ainda, que o parágrafo único do art. 116, acrescentado pela LC 104/2001, confirma essa tese.
· A tese, porém, não encontra acolhida pacífica na doutrina. Luciano Amaro assevera que tal interpretação choca-se com vários outros preceitos, da Constituição ou do próprio CTN. Segundo o citado doutrinador, a consideração do conteúdo econômico subjacente não permite transfigurar o negócio jurídico privado, sob pena de se fazer letra morta do próprio art. 109, com sacrifício do princípio da legalidade, da segurança jurídica e da certeza do direito aplicável. (Tais questionamentos referem-se ao parágrafo único do artigo 116 (norma anti-elisiva), abordadas especialmente no ponto 12)
· Princípio do pecunia non olet : o art. 118 do CTN prevê que a definicao legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados, bem como a natureza de seu objeto ou efeitos ou dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
	****LEI COMPLEMENTAR TRIBUTÁRIA****
	
Leis complementares e o art. 146 da Constituição:
 Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:
I - será opcional para o contribuinte;
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. (acrescentado pela EC 42/2003)
· As correntes tricotômicas e dicotômicas – correntes sobre o alcance da LC, no que se refere às normas gerais:
· a corrente tricotômica: entende que a lei complementar disposta no artigo 146 da CF/88 manifesta-se sob três funções distintas: 
a) emitir normas gerais de direito tributário; 
b) dispor sobre conflitos de competências entre os entes da federação;
c) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.
· a corrente dicotômica: em oposição a corrente tricotômica, a dicotômica entende que as leis complementares serviriam para veicular unicamente normas gerais de direito tributário, que exerceriam duas funções: 
a) dispor sobre conflitos de competência entre as entidades tributantes e 
2) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Com isso, ficariam resguardados os princípios do federalismo, já que as normas gerais não poderiam entrar em matéria diversa daquelas indicadas por este corrente de pensamento.
 
· A inexistência de conflitos de competência verdadeiros
Qualquer conflito que venha ocorrer entre as pessoas políticas será um conflito aparente e encontrará solução na interpretação das regras e princípios do próprio texto

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