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Treinamento desportivo Infancia, Adolecencia e Fase adulta

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Brasília-DF. 
TreinamenTo DesporTivo – infância, 
adolescência e fase AdulTa
Elaboração
Clariana Rodrigues Rui
Guilherme Fleury Fina Speretta
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS ........................................................................... 9
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TREINAMENTO DESPORTIVO ............................................................ 9
CAPÍTULO 2
PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO ........................................................................... 17
CAPÍTULO 3
SISTEMAS ENERGÉTICOS ........................................................................................................ 23
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA DO TREINAMENTO DESPORTIVO ..................................................................... 32
CAPÍTULO 5
MÉTODOS PEDAGÓGICOS DE PREPARAÇÃO DO ATLETA ......................................................... 34
UNIDADE II
TREINAMENTO DESPORTIVOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......................................................... 44
CAPÍTULO 1
CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E MATURAÇÃO ................................................................ 45
CAPÍTULO 2
IDADE CRONOLÓGICA X IDADE BIOLÓGICA ......................................................................... 50
CAPÍTULO 3
CRESCIMENTO ÓSSEO .......................................................................................................... 54
CAPÍTULO 4
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES .............................. 56
CAPÍTULO 5
TREINAMENTO DE FORÇA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................................................. 62
CAPÍTULO 6
EXERCÍCIO FÍSICO X CRESCIMENTO ÓSSEO .......................................................................... 68
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 75
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
O treinamento desportivo é componente de um fenômeno de maior amplitude, o desporto. Surgiu, 
evoluiu e continua sofrendo alterações até os dias atuais. Nesse sentido, para compreendermos as 
problemáticas do treinamento desportivo, independentemente da população envolvida, devemos 
ter uma noção geral do que é desporto (MATVÉIEV, 1991). 
Além disso, para que o aprendizado e a execução de um desporto ocorram com eficiência, é preciso 
que tenhamos uma metodologia clara e científica, acerca do treinamento a ser aplicado (Hernandes 
JÚNIOR, 2002).
Portanto, um dos principais objetivos do desporto, especialmente o de alto nível, é aproximar-se 
cada vez mais da ciência. Somente com a inclusão de novos dados, no sistema geral dos pontos de 
vista e abordagens, é possível aperfeiçoar, de modo criativo, o sistema de preparação do indivíduo 
(Zakharov; Gomes, 2003).
Devemos ter ciência de que nosso conhecimento acerca das atividades físicas e dos esportes é 
insignificante frente aos conhecimentos existentes e aos que a ciência e a experimentação aglutinam 
dia a dia (Hernandes Júnior, 2002). Em outras palavras, nos dias atuais, os profissionais que 
trabalham com o treinamento desportivo não podem, em hipótese alguma, usar o empirismo como 
metodologia de treinamento. 
Assim, este Caderno de Estudos e Pesquisa irá abordar os principais aspectos relacionados ao 
treinamento desportivo, valendo-se sempre de uma abordagem científica.
Objetivos
 » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre o tema.
 » Ampliar a compreensão das diversas concepções acerca do tema.
 » Refletir a respeito das questões pertinentes ao ensino doassunto.
 » Estimular a reflexão crítica e a produção discente na área em questão.
9
UNIDADE I
BASES DO 
TREINAMENTO 
DESPORTIVO PARA 
ADULTOS
CAPÍTULO 1
Evolução histórica do treinamento 
desportivo
Ao consultar a literatura, iremos encontrar diversas análises da evolução histórica do treinamento 
desportivo. A maioria dos pesquisadores afirma que o treinamento desportivo teve início 
concomitantemente com os jogos olímpicos. Entretanto, para Almeida et al. (2000) esta é uma 
maneira incompleta de analisar o tema. Para tais autores é necessário considerar que antes de 
os jogos olímpicos serem instituídos na antiga Grécia como manifestação desportiva, já existiam 
práticas empíricas diversificadas sem relação às diversas atitudes com o intuito de obter um 
melhor rendimento físico independentemente da eficiência dessas atitudes. Pode-se considerar 
que muitas dessas práticas se processavam de forma inconsciente, como na pré-história, em que 
o homem necessitava lutar por sua sobrevivência dia a dia em relação aos animais predadores, 
bem como os de sua própria espécie, por meio de um excepcional condicionamento físico adquirido 
no dia a dia. Em seguida, com a evolução do homem, principalmente na Grécia e Roma antiga, 
estas práticas apesar de muito diferirem das linhas gerais seguidas no treinamento desportivo atual, 
passaram a obedecer a um senso lógico, buscando, além da estética corpórea (a beleza corporal 
era considerada um elemento significativo para elevar o cidadão comum, a uma condição social 
superior), também a preparação para as guerras, bem como para outras competições desportivas 
menos importantes que as dos Jogos Olímpicos, como os Jogos Augustos e os Jogos Capitolinos. 
Com objetivo de iniciar uma nova discussão sobre o tema, Almeida et al. (2000) sugerem uma nova 
ordem cronológica para a evolução do treinamento desportivo na história:
1o – Período do Empirismo – Duração:
 » dos métodos arcaicos de preparação física das antigas civilizações;
 » até o surgimento do Renascimento (século XV).
2o – Período da Improvisação – Duração:
 » do surgimento do Renascimento (século XV)
10
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
 » até as I Olimpíadas da Era Moderna (1896, Atenas)
3o – Período da Sistematização – Duração:
 » das I Olimpíadas da Era Moderna (1896, Atenas)
 » até as XI Olimpíadas (1936, Berlim)
4o – Período Pré-Científico – Duração:
 » das XI Olimpíadas (1936, Berlim)
 » até as XIV Olimpíadas (1948, Londres)
5o – Período Científico – Duração:
 » das XIV Olimpíadas (1948, Londres)
 » até as XXI Olimpíadas (1972, Munique)
6o – Período Tecnológico – Duração:
 » das XX Olimpíadas (1972, Munique)
 » até as XXV Olimpíadas (1992, Barcelona)
7º – Período do Mercantilismo Desportivo – Duração:
 » a partir das XXV Olimpíadas (1992, Barcelona)
Período do empirismo
Muitos dos diferentes processos que implicam a complicada estrutura esportiva atual parecem ter 
origem na mais remota civilização, iniciando pela pré-história, período em que o homem primitivo 
tinha sua vida cotidiana marcada por duas grandes preocupações, atacar e defender-se, passando 
pela antiguidade, na qual os povos do Oriente, Ocidente e Novo Mundo apresentavam notável 
interesse em cuidar do “adestramento”, da alimentação, do regime de vida e da performance dos 
indivíduos, até atingir o rigor tecnológico e científico de nossos dias. Observa-se na antiguidade a 
enorme contribuição dos povos gregos e romanos para o desenvolvimento deste período (ALMEIDA 
et al., 2000).
Segundo Hernandes Júnior (2002), esta fase também pode ser chamada de Período da Arte.
Na Grécia antiga, além de se pregar o culto ao corpo, era significativo o número de jogos existentes, 
tendo como principal evento desportivo os Jogos Olímpicos (figura 1). Pesquisadores afirmam que a 
preparação dos atletas gregos era semelhante ao treinamento empregado em nossos dias em muitos 
aspectos, com uma preparação bastante eclética (corridas, marchas, lutas, saltos etc.), empregavam 
sobrecargas para melhoria do rendimento, tinham preparação psicológica apoiado no sofrimento, 
11
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
utilizavam o aquecimento no início e a volta à calma acrescida de massagens ao final da sessão 
de treino, e também possuíam algo similar à periodização, os chamados ciclos de treinamento, 
denominados na época de “tetras”, e ainda estabeleciam dietas especiais nos períodos de treino e 
competições. Por outro lado, os romanos desviaram totalmente os objetivos propostos através do 
esporte pelos gregos. Aproveitando os mesmos conhecimentos, passaram a treinar seus soldados a 
fim de torná-los mais fortes (ALMEIDA et al., 2000; HERNANDES JÚNIOR, 2002).
Figura 1. Corridas pedestres na Grécia antiga.
Disponível em: <http://jullionovaes.blogspot.com/2010/09/jogos-olimpicos.html>. Acesso em: 9 out. 2011.
A partir do século XV, caracterizou-se a transição da mentalidade medieval para a moderna, através 
do movimento renascentista originado na Europa, com amplo alcance intelectual atingindo os 
setores das artes, ciências e filosofia e suas implicações na construção de uma nova sociedade mais 
racional, baseada no progresso das ciências e na difusão educacional dos conhecimentos entre os 
homens. Parece que foi nesse período que se iniciaram os métodos arcaicos de preparação física das 
antigas civilizações, que não passavam de práticas empíricas (ALMEIDA et al., 2000). 
Período da improvisação
Para Almeida et al. (2000), a principal marca desse período foi a precariedade dos treinamentos. 
A principal justificativa para tal fato parece ser os conhecimentos a respeito da biologia humana 
serem, na época, sumamente insipientes.
O treinamento desportivo nesta fase apresenta igualdade quanto aos recursos empregados no 
treinamento. Assim, os atletas com uma carga genética mais favorável obtinham vantagem 
(HERNANDES JÚNIOR, 2002).
12
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
É importante mencionar que, a partir do renascimento, os humanistas inspirados pelos estudos 
biológicos de Hipócrates e Galeno passaram a reconhecer o movimento como uma das maiores 
possibilidades para satisfazer as necessidades intrínsecas do ser humano, principalmente a 
partir do momento, em que a máquina começou a ocupar lugar de destaque no cotidiano do 
homem. Nesse momento, aparentemente reconheceram que essa possibilidade de movimento, 
necessitava ser aplicada rapidamente e de maneira metodizada, a fim de enfrentar o futuro. 
Segundo pesquisadores, os países europeus, evidentemente pelo fato de apresentarem aspectos 
culturais diferentes, direcionaram-se de forma diferenciada às práticas esportivas em relação 
a outros países, originando, na época, duas principais “tendências” metodológicas com 
relação à dinâmica do treinamento desportivo: a tendência inglesa e a norte-americana. 
(ALMEIDA et al., 2000).
Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar 
o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e 
meados do século XVII, mas os estudiosos não chegaram a um consenso sobre essa 
cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Seja como 
for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, 
que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar de estas 
transformações serem bastante evidentes na cultura, sociedade, economia, política 
e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando 
uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado 
para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.
Chamou-se “Renascimento” em virtude da redescobertae revalorização das 
referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste 
período em direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela 
primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como 
hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A 
cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma 
época de “descoberta do mundo e do homem”.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Renascimento>. Acesso em: 22 nov. 2011.)
A tendência inglesa de treinamento desportivo era baseada em corridas atléticas, em especial as de 
longa duração, as quais além de serem utilizadas como recreação passaram a integrar a preparação 
do exército britânico, sendo utilizadas também para disputas entre entregadores de correspondência 
que percorriam grandes distâncias no seu trabalho. Mais tarde, começaram a se interessar também 
pelas distâncias mais curtas. Neste período, alguns pesquisadores, através de obras próprias, 
orientaram o treinamento além das questões desportivas, enfatizando os aspectos profiláticos da 
atividade física orientada (ALMEIDA et al., 2000).
Por sua vez, a tendência norte-americana de treinamento desportivo foi influenciada justamente 
pelos ingleses. Os americanos utilizavam diversas combinações entre os métodos existentes. 
Treinadores da época sugeriram dividir a distância total da corrida em partes, as quais eram 
13
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
percorridas em velocidades próximas à máxima e intercaladas com um intervalo para recuperação 
orgânica, orientando assim o treinamento mais para a capacidade de velocidade, estabelecendo 
uma corrente contrária à tendência inglesa de treinamento. Surgiam assim os primeirosconceitos 
do treinamento com princípios nos intervalos e as pausas entre as repetições de cada corrida 
(ALMEIDA et al., 2000).
Período da sistematização
A partir desse período, que é marcado pelo início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (figura 2), 
observa-se a necessidade de controlar adequadamente e de maneira ordenada as cargas de trabalho 
a serem utilizadas durante o treinamento, estabelecendo-se pontos básicos e caminhos a seguir em 
direção a uma meta previamente estabelecida. Este processo foi facilitado, uma vez, que apesar das 
dificuldades de comunicação na época, o continente europeu adaptou seus métodos de treinamento 
de acordo com as “inovações” norte-americanas, emergindo neste período outras tendênciasde 
treinamento desportivo: a finlandesa, a alemã e a sueca (ALMEIDA et al., 2000).
Figura 2. Estádio em que ocorreram os Jogos Olímpicos de Atenas, 1896.
Disponível em: <pedrodaveiga.blogspot.com>. Acesso em: 10 out. 2011.
Nessa fase, o treinamento desportivo sofrem uma grande evolução, sendo que vários teóricos se 
tornaram conhecidos com a idealização de novos conceitos. Um dos precursores desta fase é o 
finlandês Lauri Pihkala, que revolucionou as estrutura da teoria do treinamento com o desempenho 
espetacular de Paavo Nurmi. Tal atleta obteve vinte e dois recordes mundiais e dez medalhas 
olímpicas entre os anos 1920 e 1923. O alemão Krummel também foi muito importante para a 
sistematização dos estudos na área do treinamento desportivo a partir de 1920. Por fim, temos o 
desenvolvimento do sistema fartlek pelo sueco Gosse Holmer, na década de 1930 (HERNANDES 
JÚNIOR, 2002).
14
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Segundo Almeida et al. (2000) esse método parte do princípio de que os atletas deveriam evitar, 
durante a preparação, o contato direto com os locais de competição. Assim deveriam utilizar bosques, 
campos, etc., que seriam os locais mais favoráveis para o desenvolvimento das capacidades funcionais 
como a velocidade e a resistência. Após passar por várias modificações ao longo dos anos o Fartlek 
ainda hoje é amplamente utilizado em muitas modalidades desportivas. O método constava, em sua 
forma original, de:
a. esforços realizados em plena natureza, portanto, longe da pista de corridas com um 
ou dois horas de duração;
b. existência de uma combinação de todos os tipos de distâncias durante o seu 
transcorrer, com uma variação de 50 até 3.000 metros;
c. intensidade dos esforços de acordo com a distância das corridas;
d. a pausa entre os esforços de acordo e em relação com as características das corridas, 
realizadas de tal maneira que o intervalo de recuperação fosse realizado em forma 
de marcha ou trote.
Período pré-científico
Segundo Almeida et al. (2000), este período iniciou-se um pouco antes da Segunda Grande Guerra 
Mundial, persistindo até alguns anos após o final dela. Este período é caracterizado pelo surgimento 
das primeiras tentativas de experimentos científicos relacionados à preparação física, tendo 
como fundamentação, as observações empíricas até então vigentes. Estas pesquisas foram muito 
prejudicadas pela escassez de recursos financeiros, uma vez que o mundo voltava suas atenções 
para o advento da guerra, estabelecendo-se, nesta época, uma profunda recessão econômica, o que 
não impediu o surgimento de novas tendências de trabalho com relação ao treinamento desportivo. 
Destacaram-se as tendências alemã, checa e húngara. 
Pesquisadores como Woldemar Gersehller e Waitzer (1933) despontam com novas propostas 
de treinamento. Tais propostas foram baseadas na volta da utilização das pistas, em vez de 
corridas em bosques e praias, e a utilização de sessões mais curtas e da utilização de corridas 
de velocidade. Entretanto, a maior contribuição desse período foi a criação do treinamento 
intervalado realizado pelo alemão Toni Nett em conjunto com o checo Kerssenbroc, treinador 
do lendário Emil Zatopek (figura 3), que era conhecido como “locomotiva humana”. Neste 
tipo de treinamento repetiam-se várias vezes as distâncias de duzentos e quatrocentos 
metros, sendo que, em algumas situações, o volume chegava a setenta repetições, com 
intervalos de aproximadamente um minuto, em que o atleta realizava o repouso ativo 
(HERNANDES, 2002).
15
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 3. Emil Zatopek competindo nos Jogos Olimpícos.
Disponível em: <http://www.omundodacorrida.com/zatopek.htm> Acesso em: 23 nov. 2011.
Período científico
Esse período, apesar de iniciar-se ainda sobre os vestígios pouco fundamentados do período 
anterior, evoluiu rapidamente. Assim o mundo desportivo foi estimulado por uma multiplicação 
impressionante de laboratórios de investigações científicas do esforço físico. Destacaram-se nesse 
período as tendências desportivas australiana, neozelandesa e alemã (ALMEIDA et al., 2000).
O belga Raul Mollet (1961) inicia o movimento do “treinamento total”, em que defendia a necessidade 
de reestruturação dos componentes do treinamento. Assim, iniciava-se uma abordagem global para 
a ciência do treinamento, extrapolando o campo da preparação física e iniciando a conscientização 
do atleta como ser social.
Período tecnológico
Após o período científico, os resultados desportivos foram vertiginosamente ascendentes. Isso é 
devido não somente pelo surgimento de uma metodologia de treinamento com bases científicas, 
como também pela constante evolução da tecnologia na fabricação dos equipamentos e confecção do 
vestuário utilizado pelos atletas de alto nível. As novas concepções aliaram-se ao crescente interesse 
político pelos grandes resultados desportivos, que vinham sendo comprovados como supremacia 
das nações e até mesmo ideologias pelos países socialistas, desde os XI Jogos Olímpicos em Berlim 
(1936) (figura 4), fazendo do esporte de alto rendimento um interessante meio de propaganda de 
seu sistema político.Os países ocidentais encararam o desafio, de tal forma que atualmente, em 
defesa de suas ideologias políticas, as nações investem orçamentos milionários na preparação de 
seus atletas, o que fica evidenciado quando observamos as competições internacionais. 
16
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Além disso, verifica-se a utilização acentuada da informática no diagnóstico morfofuncional e 
psicológico dos indivíduos, na planificação do treinamento, na prescrição dos exercícios sobre as 
linhas guias de volume e intensidade, bem como na correção de gestos técnicos e análise tática 
das situações de competição. Assim, nesse ponto, observou-se uma nova etapa dentro do processo 
de evolução do treinamento, com o aparecimento de diferentes filosofias orientando de formas 
diferenciadas as direções quando da preparação dos atletas. Destacaram-se as tendências saxônica, 
socialista, europeia-ocidental e asiática (ALMEIDA et al., 2000).
Figura 4. Jogos Olímpicos de Berlim (1936)
Disponível em: <http://www.accecanoagem.com.br/index.php?topiacce=nav/page&pagina=historia> Acesso em: 21 nov. 
2011.
Período do mercantilismo
Para Almeida et al. (2000), o esporte se tornou, sem dúvida, um dos mais eficientes produtos para 
divulgação do nome e da marca de seus anunciantes e patrocinadores, porque o esporte talvez seja a 
melhor maneira de aproximar-se de seus clientes e do mercado. Além disso, investir no esporte passou 
a ser um excelente negócio, com grandes retornos publicitários em termos de divulgação, melhoria de 
imagem, lucros financeiros e vantagens fiscais. É sob esse ponto de vista que as empresas passaram a se 
interessar pela promoção institucional do esporte, consolidando na atualidade a existência de apenas duas 
grandes orientações de treinamento desportivo, independentemente das condições socioeconômicas, 
opções políticas, tradições ou mesmo posições geográficas: a capitalista e a socialista.
A tendência capitalista tem como integrantes os países capitalistas do globo, independentemente 
de sua situação geopolítica, com clubes e associações, quase sempre subsidiados pelas empresas 
oferecendo total apoio aos atletas, que recebem em troca, além de salários importantes, outras 
vantagens financeiras. O atributo mais marcante dessa tendência é que as competições de alto 
nível tornaram-se verdadeiros shows, independentemente do nível, nas quais, utilizando-se de 
estratégias promocionais, as grandes empresas interessadas na divulgação de seus produtos 
investem orçamentos milionários no financiamento da preparação de atletas ou equipes, bem 
como, promovem e administram eventos desportivos. Já a tendência socialista abrange todos os 
países socialistas. Nesse caso, o Estado tem a total responsabilidade sobre a educação física e o 
desenvolvimento desportivo. A base dessa tendência é o regime de governo que entrega ao Estado a 
educação integral das crianças. (ALMEIDA et al., 2000) 
17
CAPÍTULO 2
Princípios do treinamento desportivo
A partir deste capítulo, vamos focar mais nas adaptações fisiológicas resultantes do treinamento de 
força. Para estudar isso precisamos conhecer os princípios que podem ser aplicados em todas as formas 
de treinamento.
Princípio da individualidade
Todos nós sabemos que cada pessoa tem características fisiológicas diferentes. Dessa forma, a 
resposta ao treinamento físico varia muito, ou seja, nem todos respondem da mesma forma ao mesmo 
treinamento. Um dos fatores principais para isso é a hereditariedade, que pode ser responsável pelas 
respostas a uma única série de exercício bem como às mudanças após um programa de treinamento.
Assim se caracteriza o princípio daí individualidade. Duas pessoas com as mesmas características 
genéticas somente é possível nos casos de gêmeos idênticos. As variações ocorrem no 
metabolismo, no crescimento celular, nas regulações de sistemas, como o sistema nervoso, 
endócrino, cardiovascular e respiratório, que, por fim, gera uma situação individual única. Dessa 
forma fica claro o porquê de algumas pessoas responderem rapidamente a um programa de 
treinamento, enquanto outras levam meses para notar algumas adaptações, ou em alguns casos, 
nenhuma mudança é observada (WILMORE; COSTILL et al., 2010).
Portanto, todos os programas de treinamento devem levar em consideração a individualidade, 
tendo em conta as habilidades e as necessidades de cada pessoa.
Princípio da especificidade
Quando uma única sessão de exercício de força é realizada ou após um programa de treinamento 
aeróbio, as respostas e adaptações são altamente específicas à atividade realizada. Se um atleta precisa 
realizar provas de corridas de longa duração, seu treinamento deve respeitar essa especificidade 
e ser composto de sessões que melhorem seu condicionamento aeróbio, permitindo que o atleta 
suporte essa prova. Da mesma forma, um atleta que arremessa peso precisa desenvolver sua 
potência e explosão (KRAEMER; FLECK, 2009; WILMORE; COSTILL et al., 2010).
A resposta ao treinamento ou exercício é específica para o modo e a intensidade do exercício. 
Portanto, o planejamento do programa de treinamento deve enfatizar os sistemas fisiológicos para 
o esporte praticado.
18
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Princípio da reversibilidade
Após um programa de treinamento ser realizado, os ganhos, como já dito, são específicos à 
modalidade praticada. Da mesma forma, se o indivíduo ou atleta permanece um período sem 
praticar esse programa, os ganhos são revertidos podendo voltar até mesmo aos níveis normais de 
uma pessoa sedentária. Esse princípio obedece à lei do uso e desuso, em que o corpo responde 
aos estímulos internos. Caso esteja treinando, o corpo se adapta a isso. Caso esteja inativo, o 
corpo também se adapta (WILMORE, COSTILL et al., 2010).
Princípio da sobrecarga – adaptação
No treinamento, um dos princípios fundamentais é o da sobrecarga ou adaptação, que quer dizer 
que um organismo deve ser submetido a um nível além daquele com o qual está acostumado para 
que ocorra o efeito do treinamento, sendo que o organismo se adapta a essa sobrecarga. Além disso, 
algumas variáveis devem ser aplicadas como intensidade, duração e frequência, ou seja, para o ganho 
de força, os músculos precisam ser cada vez mais sobrecarregados. O treinamento de força necessita 
que à medida que o músculo se torna mais forte, mais carga deve ser utilizada, para que novos ganhos 
de força sejam possíveis (KRAEMER; FLECK, 2009; WILMORE; COSTILL et al., 2010).
Quando o organismo é estimulado, reações fisiológicas alteram o equilíbrio homeostático, 
provocando uma série de reações como resposta. Caso os estímulos sejam aplicados continuamente, 
as reações acontecem em maior intensidade. Isso leva a um desequilíbrio, diminuindo a capacidade 
fisiológica do organismo. Quando o estímulo cessa, o organismo passa a se recuperar, ultrapassando 
o nível de equilíbrio inicial. Nesta etapa, é necessário que outro estímulo mais forte seja aplicado, 
causando desequilíbrio. No entanto, estímulos menos intensos podem ser utilizados em situações 
onde o objetivo é a regeneração, após um treinamento muito intenso ou competições.
Os processos anabólicos e catabólicos (síntese e degradação) estão, usualmente, em equilíbrio dinâmico em 
um organismo em repouso. O exercício é capaz de alterar esse equilíbrio, deslocando-o para o catabolismo. 
É durante o descanso que o processo de síntese ultrapassa o de degradação. Isso resulta no acúmulo de 
proteínas formando um sistema funcional adequado e no aumento da capacidade do indivíduo.
A figura 5 mostra uma adaptação positiva, em que o período de recuperação foi adequado para que 
ocorresse a curva de supercompensação e o aumento da capacidade do indivíduo. Para isso é necessário 
queo descanso seja respeitado, a alimentação seja balanceada e a carga adaptada (MONTEIRO, 2000).
Figura 5. Exemplo de adaptação positiva quando o descanso foi aplicado de forma correta. 
Adaptado de MONTEIRO (2000).
19
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Caso o descanso seja prolongado pode acontecer uma adaptação negativa, em que não ocorre 
melhoria da aptidão (figura 6).
Figura 6. Exemplo de adaptação negativa quando o descanso foi muito prolongado. 
 
Adaptado de MONTEIRO (2000).
Outra situação possível é quando a recuperação é insuficiente e/ou a alimentação foi inadequada, 
não permitindo que o sistema se recupere totalmente. Isso pode levar a um processo conhecido 
como sobretreinamento ou overtraining, que é caracterizado por cansaço frequente, insônia, 
irritabilidade e possíveis lesões (figura 7).
Figura 7. Exemplo de adaptação negativa onde o descanso foi curto.
Adaptado de MONTEIRO (2000)
A síndrome do overtraining é uma condição complexa, caracterizada por um 
conjunto de sinais e sintomas, em resposta a um planejamento inadequado do 
treinamento esportivo. Esta síndrome é frequentemente observada em atletas que 
cumprem um programa de treinamento mal planejado, caracterizado por grandes 
volumes e/ou altas intensidades, sem um período de recuperação adequado 
(BUDGETT, 1990), podendo ser potencializada por fatores estressores psicossociais, 
calendário esportivo atribulado, treinamento monótono, dieta inadequada e muitos 
outros fatores não necessariamente relacionados ao treinamento (BUDGETT, 1998).
O principal sintoma da síndrome do overtraining é a queda persistente do desempenho 
mesmo após um período de treinamento leve ou descanso total, sendo que o desequilíbrio 
entre o treinamento e a recuperação pode levar à fadiga crônica, dores musculares, perda 
de peso, sono inadequado, alterações no estado de humor e enfermidades frequentes, 
principalmente infecções do trato respiratório superior (MACKINNON, 1996).
Consequências fisiológicas do overtraining (Disponível em: <http://www.centrodeestudos.org.
br/pdfs/ovt.pdf>. Acesso em: 2 set. 2011.
20
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
As variáveis recuperação e alimentação também são de fundamental importância para a 
adaptação positiva. O estímulo também é fundamental, pois, quanto mais forte o estímulo aplicado, 
maior deverá ser o período de recuperação. Dessa forma, ao longo do treinamento, o indivíduo vai 
se adaptando às cargas impostas.
Por exemplo, um indivíduo que iniciou um programa de treinamento de força é capaz de realizar 10 
repetições com a carga de 30kg no exercício de agachamento. Após duas ou três semanas fazendo esse 
exercício com essa intensidade, o número de repetições pode chegar a 15 ou 20. Dessa forma, para que esse 
indivíduo continue estimulando o seu ganho de força, a carga deve ser aumentada, progressivamente. 
Então, é indicado que a partir do momento que mais do que 10 repetições sejam possíveis, a carga 
seja aumentada, como, por exemplo, para 35-40kg. Dessa forma, novamente, somente 10 repetições 
serão possíveis.
Princípio do heterocronismo da recuperação
No processo de treinamento, é fundamental selecionar o estímulo adequado e o melhor momento para 
a sua realização novamente, a fim de não sobrecarregar o organismo do desportista e muito menos dar 
um estímulo insuficiente para gerar supercompensação. Existem dados que estimam, de acordo com 
as diversas sessões de treinamento, o tempo adequado para novos estímulos similares serem aplicados 
novamente. São justamente as diferenças nos tempos de recuperação do organismo, frente aos diferentes 
estímulos que são conhecidos como heterocronismo da recuperação (Tabela 1) (HERNANDEZ 
JÚNIOR, 2002).
Tabela 1. Tempos de recuperação dos sistemas energéticos frente a diferentes estímulos. 
TIPO DE SESSÃO SISTEMAS ENERGÉTICOS TEMPO DE RECUPERAÇÃO
Anaeróbia Alática
Anaeróbia Alático 40 - 48 horas
Anaeróbio Lático 20 – 24 horas
Aeróbio 6 – 10 horas
Anaeróbia Lática
Anaeróbia Alático 20 - 24 horas
Anaeróbio Lático 40 – 48 horas
Aeróbio 6 – 10 horas
Aeróbia – anaeróbia
Anaeróbia Alático 40 - 48 horas
Anaeróbio Lático 20 – 24 horas
Aeróbio 68 – 72 horas
Aeróbia
Anaeróbia Alático 4 - 6 horas
Anaeróbio Lático 20 – 24 horas
Aeróbio 68 – 72 horas
Adaptado de HERNANDEZ JÚNIOR (2002)
21
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Vale ressaltar que somente o acompanhamento e o registro do treinamento permitirão a descoberta 
do tempo ideal para cada desportista, baseado na evolução de performance através da utilização de 
intervalos menores ou maiores do que os preconizados. (HERNANDEZ JÚNIOR, 2002)
Princípio da multilateralidade
O desenvolvimento das capacidades de performance de um desportista está estreitamente 
relacionado a quantidade de estímulos esportivos que este recebeu no decorrer de sua formação 
atlética, principalmente em sua infância. Assim, a prática de diversas modalidades acarreta uma 
maior “cultura” esportiva e, como consequência, uma multilateralidade de conhecimentos que irão 
influenciar no sucesso esportivo do atleta em sua fase de especialização. O treinador deve incentivar 
a diversidade técnica e funcional nas atividades ministradas, em outras palavras, as atividades 
devem solicitar diferentes tipos de coordenação neuromuscular e utilizarem diferentes sistemas 
energéticos. (HERNANDEZ JÚNIOR, 2002).
Princípio da sistematização
O treinamento deve obedecer a uma sistemática de desenvolvimento em que os conteúdos devem 
evoluir e serem planificados de acordo com as teorias do treinamento e variáveis fisiológicas 
envolvidas, a fim de obter uma sequência pedagógica tenha como objetivo o desenvolvimento atlético. 
Nessa planificação devem estar contidos o planejamento escrito dos conteúdos do treinamento e as 
justificativas para a utilização dos procedimentos adotados. Os conteúdos devem ser iniciados pelos 
menos complexos, evoluindo progressivamente aos de maior complexidade, e os de menor volume 
e intensidade, aos de maior volume e intensidade. (HERNANDEZ JÚNIOR, 2002).
Princípio da continuidade
O programa de treinamento deve ter uma frequência ideal de realização, visando estabilizar e 
otimizar as modificações fisiológicas e as capacidades de desempenho adquiridas. Se houver 
necessidade de interromper o treinamento ou aplicar sobrecargas de treinamento muito leves 
por períodos prolongados, a capacidade de performance diminuirá, afetando a qualidade do 
treinamento aplicado. Assim, é preciso estar ciente dos efeitos do treinamento, ou seja, as mudanças 
que ele induz no organismo do desportista. Autores dividem os efeitos decorrentes do treinamento 
em imediatos, retardados e somativos. Os efeitos imediatos são aqueles verificados logo 
após uma sessão de treinamento, em função da depleção das reservas energéticas. Nesse caso, 
o nível de performance estará diminuído. Entre as semanas de treinamento, dependendo do 
planejamento, haverá um acúmulo ou depreciação do nível energético, caracterizando os efeitos 
retardados do treinamento. O efeito somativo, é caracterizado pela soma dos efeitos imediatos 
e os retardados, resultando na otimização da forma física, se a periodização estiver adequada, 
ou na sua diminuição, caso os princípios metodológicos do treinamento não estejam adequados. 
(HERNANDEZ JÚNIOR, 2002).
22
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Princípio da conscientização
Os conteúdos e objetivos do treinamento devem, na medida do possível, ser compreendidos 
pelo atleta, para que ele esteja ciente da lógica e da importância destes conteúdos ao sucesso do 
programa de treinamento. Alguns atletas, devido à sua natureza investigativa, ou por desconfiança, 
realizam perguntasacerca do treinamento, buscando entendê-lo. A aprendizagem de técnicas 
desportivas tendem a ocorrer com maior velocidade e qualidade quando o executante compreende 
os fundamentos motrizes nela envolvidos. Tal consciência não necessita de muita profundidade; o 
treinador deve utilizar uma didática acessível ao nível intelectual de cada desportista. Fotografias e 
filmagens do desempenho do atleta são boas ferramentas para acompanhar sua evolução técnica e 
conscientizá-lo. (HERNANDEZ JÚNIOR, 2002)
23
CAPÍTULO 3
Sistemas energéticos
Para conseguirmos planejar e prescrever de maneira adequada um treinamento para um desporto 
específico precisamos primeiramente revisar o que são os sistemas energéticos e, fundamentalmente, 
quais são as fontes energéticas predominantes na modalidade em que vamos atuar. 
A energia é fundamental para a realização de exercícios e é fornecida quimicamente pelo ATP. Aliás, 
a energia armazenada pelo ATP é vital para todas as formas de função biológica. (MAUGHAN; 
GLEESON et al., 2000)
Nosso organismo contém uma quantidade limitada de estoques de ATP e precisa ser renovada. Tal 
renovação pode ocorrer através de vias metabólicas distintas, que podem ser aeróbias ou anaeróbias. 
Nesse sentido, além do uso imediato das reservas de ATP, temos outros dois mecanismos anaeróbios para 
a regeneração dos estoques de energia (ATP), são eles: o sistema fosfogênico e o glicolítico anaeróbio. 
Por sua vez, os processos aeróbios (com utilização de oxigênio) que ocorrem na mitocôndria 
metabolizam uma variedade de substratos. O sarcoplasma contém diferentes enzimas que podem 
converter carboidratos, lipídios e proteínas em substratos utilizáveis (principalmente Acetil-CoA) 
para a oxidação completa na mitocôndria resultando na produção de ATP (figura 8). (MAUGHAN; 
GLEESON et al., 2000)
Figura 8. Resumo dos principais percursos do metabolismo energético que utilizam como fontes de energia 
carboidratos lipídios e preoteínas.
Adaptado de MAUGHAN, GLEESON et al., 2000.
24
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Sistema fosfogênico
A propriedade mais importante dos fosfogênios ou sistema fosfocreatina (PCr) é que seu estoque de 
energia é imediatamente disponível para o músculo. Nesse tecido, a fosfocreatina pode ser utilizada para 
ressinteizar ATP em uma taxa muito alta de energia. Essa alta taxa de transferência de energia deve-se 
à capacidade de produzir ações fortes e rápidas. Entretanto, existe uma grande desvantagem desse 
sistema, uma vez que a quantidade total de energia é pequena. Se nenhuma outra fonte de energia 
estiver disponível para o músculo esquelético, a fadiga ocorrerá rapidamente. Um grande exemplo 
de utilização desse sistema são as corridas curtas, entre 30 e 50m. Nessas distâncias não há perda 
de velocidade durante os últimos metros, pois a demanda energética é suprida pelos estoques de 
fosfocreatina. Em distâncias maiores, a velocidade de corrida sofre uma queda, uma vez que esses 
estoques se esgotam e a liberação de força diminui. A recuperação da PCr é relativamente rápida, 
após somente dois ou três minutos seus estoques já estão praticamente repostos (MAUGHAN; 
GLEESON et al., 2000).
Em nosso organismo, existe um equilíbrio entre as concentrações de creatina livre e creatina 
fosfato, obtido através de um processo conhecido como “phosphorylcreatine shutlle” (figura 9). 
Este processo demonstra a difusão da creatina por três locais: área de utilização, área de transição 
e área de fosforilação da creatina. No local de utilização, ou seja, na miosina, a molécula de PCr é 
“quebrada”, através da ação da enzima CPK, liberando energia (íons fosfato) para a ressíntese de 
ATP. A creatina livre, resultante desta “quebra”, é levada por difusão até a membrana da mitocôndria, 
onde é novamente fosforilada, utilizando a energia proveniente da quebra de ATP em ADP. Em 
seguida, a creatina fosforilada retorna, por difusão, ao seu local de utilização, onde novamente será 
utilizada como fonte de energia para a ressíntese de ATP (MENDES; TIRAPEGUI, 2002).
Figura 9. Ação da creatina quinase.
Adaptado de MENDES; TIRAPEGUI (2002).
Sistema glicolítico
Em condições normais, apesar de não manter o mesmo rendimento, o músculo continua produzindo 
energia após alguns segundos de esforço, indicando que existe outra fonte energética, além dos 
fosfogênios. Essa energia provém da glicólise, processo que envolve a quebra de glicose ou glicose 
de fosfato-1 cujo produto final é o piruvato. A glicólise não utiliza oxigênio e resulta em energia em 
forma de ATP disponível para o músculo esquelético em algumas reações que envolvem fosforilação 
do nível substrato (figura 10). 
25
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 10. Etapas do processo de glicólise.
Fontes: Lehninger Princípios da Bioquímica. David L. Nelson, Michel M. Cox. 3 edição, 2002. 
<http://www.btinternet.com/~n.j.f/olympicsr/VirtualSchool.htm>, <http://pt.wikipedia.org/wiki/Glicólise>.
Para as reações ocorrerem, o piruvato deve ser removido. Assim, em exercícios de baixa intensidade, 
quando a energia necessária pode ser obtida aerobiamente, o piruvato é convertido em CO2
 e 
água por meio do metabolismo oxidativo na mitocôndria. Quando o exercício é intenso e não há 
disponibilidade adequada de O2 o piruvato é removido pela conversão de lactato de forma anaeróbia. 
Nos exercícios de alta intensidade, os estoques de glicogênio muscular são quebrados com rapidez 
com uma alta taxa de formação de lactato, sendo que parte do lactato difunde-se para fora das fibras 
musculares onde é produzido, aparecendo na corrente sanguínea. A energia para exercícios com 
duração de 20 segundos a 5 minutos provém predominantemente de maneira anaeróbia através da 
glicólise. Depois desse período o metabolismo oxidativo ou aeróbio torna-se progressivamente mais 
importante. A capacidade total de fornecimento de energia pela glicólise é maior que a PCr, porém 
a taxa de produção é menor (MAUGHAN, GLEESON et al., 2000).
26
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Metabolismo aeróbio: oxidação de 
carboidrato lipídio e proteína
Outros meios para a regeneração de ATP baseiam-se no fornecimento de carboidratos ou substratos 
de lipídios intramusculares, na circulação e se necessário na quebra (catabolismo) para formar 
energia e abastecer as reações de fosforilação ou das reações da cadeia transportadora de elétrons 
e fosforilação oxidativa. Para formar novas moléculas de ATP a partir do catabolismo lipídico, a 
presença de oxigênio é indispensável, enquanto o catabolismo do carboidrato pode ocorrer com ou 
sem a presença de oxigênio, como foi descrito anteriormente (MAUGHAN; GLEESON et al., 2000).
O catabolismo da glicose começa com a glicólise anaeróbia. No final desta via formam-se duas 
moléculas de piruvato (lactato) e duas moléculas de ATP (se o substrato inicial for o glicogênio 
muscular o saldo é de 3 ATPs). Se houver oxigênio disponível, a maior parte do piruvato é convertida 
em acetil CoA e levada ao metabolismo aeróbio (figura 11) (MAUGHAN; GLEESON et al., 2000).
Figura 11. Metabolismo do piruvato.
Adaptado de SILVERTHORN (2003).
O catabolismo de lipídios na forma de ácidos graxos também culmina na formação de acetil-CoA. 
Essa molécula de Acetil-CoA é o maior provedor para o ciclo do ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs) 
como mostra a figura 12 (MAUGHAN; GLEESON et al., 2000). 
27
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 12. Ciclo do ácido tricarboxílico.
Adaptado de SILVERTHORN (2003).
Por sua vez, as proteínas são uma fonte de energia relativamente menor. Em muitas situações, o 
catabolismo das proteínas contribui com menos de 5% para a atividade muscular, em atividades 
físicas,por exemplo. No entanto, em quadros de inanição ou de esgotamento do estoque de 
glicogênio durante o exercício, as proteínas podem ser uma fonte de energia muito importante. 
O catabolismo da proteína fornece aminoácidos tanto cetôgenicos quanto glicogênicos, sendo que 
estes são eventualmente oxidados por deaminação e convertidos em um dos substratos no ciclo 
de Krebs ou pela conversão de ácido pirúvico ou ácido acetoacético e eventual transformação para 
acetil-CoA. (MAUGHAN; GLEESON et al., 2000)
Fosforilação oxidativa
A figura 13 ilustra a fosforilação oxidativa, que é o processo pelo qual o ATP é sintetizado durante 
a transferência de elétrons de FADH2 e NADH para o oxigênio molecular (1). Esse processo ocorre 
na cadeia transportadora de elétrons localizada na membrana interna da mitocôndria devido 
ao bomebamento dos íons de hidrogênio ou prótons (H+) da matriz interna da membrana para 
a matriz externa (2). Os elétrons no final do sistema transportador de elétrons retomam ao seu 
estado de energia normal. Eles se combinam com H+ e oxigênio para formar água (3). A energia 
potencial capturada no gradiente de concentração do H+ é convertida em energia cinética quando 
os íons de H+ passam através da ATP sintase. Parte da energia cinética é capturada como ATP (4) 
(SILVERTHORN, 2003). 
28
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Figura 13. Cadeia transportadora de elétrons.
Adaptado de SILVERTHORN (2003).
Efeitos fisiológicos do treinamento
Para Hernandes Júnior (2002), as alterações ou adaptações fisiológicas que ocorrem no organismo 
do desportista como resultado do treinamento promovem o aumento do desempenho esportivo. 
Tais alterações representam os mecanismos de resposta que o organismo apresenta frente aos 
diferentes tipos de estímulos. 
Os efeitos fisiológicos podem ser divididos em três categorias:
 » Alterações bioquímicas
 » Alterações cardiorrespiratórias
 » Outras alterações
Entretanto o mesmo autor enfatiza que é possível efetuar esta divisão de acordo com o sistema 
energético utilizado e seu efeito sobre as variáveis fisiológicas. Nesse sentido, é possível observar os 
efeitos decorrentes das solicitações aeróbias e anaeróbias. 
Entretanto, antes de discorrer sobre as adaptações específicas da aplicação de treinamentos aeróbios 
ou anaeróbios, serão listadas a seguir as adaptações genéricas para ambos os estímulos.
 » Alteração na composição corporal, com aumento de massa muscular e redução de 
tecido adiposo, sendo que o aumento de massa muscular é mais pronunciado na 
solicitação anaeróbia.
29
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
 » Redução nos valores de pressão arterial, em decorrência do aumento da eficiência 
do coração como bomba, associado a uma diminuição da resistência vascular 
periférica.
 » Facilitação do processo de adaptação ao calor, pois o organismo tende a atingir altas 
temperaturas durante o esforço, assim é necessário que mecanismo de ajustes e 
controle da temperatura atue de maneira eficiente.
 » Aumento do conteúdo mineral ósseo, com mais vantagem para as solicitações 
anaeróbias. (MCARDLE, KATCH et al., 2003; HERNANDES JÚNIOR, 2002)
Efeitos fisiológicos obtidos através de estímulos 
anaeróbios
Como foi dito anteriormente, os esforços anaeróbios são aqueles em que a ressíntese de ATP é 
realizada a partir de reações onde não há presença de oxigênio. São caracterizados por estímulos 
de alta intensidade e curta duração, com duração máxima de aproximadamente três minutos. As 
alterações bioquímicas mais importantes que ocorrem com esse tipo de esforço são estas:
1. Aumento da atividade enzimática e das reservas de fosfocreatina (PCr).
2. Maior eficiência nas reações necessárias ao sistema da glicólise anaeróbia com 
formação de lactato.
3. Melhora do sistema de controle ácido-base, que efetua o tamponamento dos íons de 
H+, produzidos durante a glicólise anaeróbia, além de um aumento da capacidade 
em suportar elevados níveis de acidez.
4. Aumento da atividade de ribossomos das células musculares, gerando uma maior 
capacidade de síntese proteica.
5. Aumentos das reservas de glicogênio muscular. (MCARDLE, KATCH et al., 2003; 
HERNANDES JÚNIOR, 2002).
A tabela a seguir faz um resumo das alterações discutidas acima:
Tabela 2. Efeitos produzidos por estímulos anaeróbios.
RESERVAS ENERGÉTICAS AUMENTO EM %
ATP 25
PCr (fosfocreatina) 60
Enzimas
ATPase 30
Mioquinase (MK) 20
Creatinoquinase (CPK) 36
Fosfofrutoquinase 50 a 83
Adaptada de HERNANDES JÚNIOR (2002).
30
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Além das alterações bioquímicas, os exercícios anaeróbios, que são caracterizados por estímulos 
curtos e intensos que promovem a aumento rápido da frequência cardíaca e respiratória, promovem 
um aumento da espessura das paredes ventriculares do músculo cardíaco, culminando em maior 
força de ejeção de sangue pelo coração, facilitando a remoção e metabolização dos íons de H+ e 
do lactato produzido durante o esforço. Além disso, ocorre a redução da frequência cardíaca e da 
pressão arterial de repouso. (HERNANDES JÚNIOR, 2002)
Efeitos fisiológicos obtidos através de estímulos 
aeróbios
O estímulo aeróbio é caracterizado pelos esforços em que a ressíntese de ATP é realizada com a 
presença de oxigênio através da quebra da glicose (glicólise aeróbia), gordura (beta oxidação) ou 
proteínas. Os esforços aeróbios são geralmente aqueles com duração acima de seis minutos, sendo 
que a duração máxima vai depender da quantidade de energia disponível. As alterações bioquímicas 
decorrentes desse tipo de estímulo são aquelas que favorecem um melhor aproveitamento de oxigênio 
e estão descritas a seguir.
1. Aumento do número de mitocôndrias nas células musculares, em fibras rápidas, 
mas principalmente em fibras lentas.
2. Aumento no número de capilares que circundam uma fibra muscular, possibilitando 
uma oferta maior de oxigênio e nutrientes advindos da corrente sanguínea, além de 
facilitar a difusão do mesmo para dentro das células musculares, sendo que este 
aumento ocorre em maior amplitude nas fibras lentas.
3. Aumento na concentração de hemácias e de hemoglobina possibilitando uma maior 
capacidade de transporte de oxigênio na corrente sanguínea.
4. Elevação na concentração e nível de atividade das enzimas envolvidas no 
metabolismo aeróbio, favorecendo a oxidação de carboidratos e gorduras.
5. As reservas musculares de glicogênio e triacilglicerois intramusculares são 
elevadas, propiciando maior aporte de energia (MCARDLE; KATCH et al., 2003; 
HERNANDES JÚNIOR, 2002).
A tabela a seguir faz um resumo das alterações discutidas acima:
Tabela 3. Efeitos produzidos por estímulos anaeróbios.
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS AUMENTO EM %
Volume sanguíneo 10
Conteúdo de Hemácias 18
Conteúdo de Mioglobinas 80
Conteúdo de Glicogênio 150
Oxidação de glicogênio 100
31
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS AUMENTO EM %
Oxidação de gorduras 100
Número de mitocôndrias 120
Área da Mitocôndria 50
Adaptada de HERNANDES JÚNIOR, (2002).
Além disso, o treinamento aeróbio proporciona um aumento no volume de ejeção, ou seja, a 
quantidade de sangue que é ejetada pelo ventrículo a cada sístole. Isso ocorre em função de um 
aumento no tamanho da cavidade do ventrículo esquerdo em aproximadamente 25%. Além disso, 
ocorre um aumento no volume total de sangue circulante de 5,7 litros para 6,4 litros em homens e 4,3 
litros para 4,8 litros em mulheres. Por fim, ocorrem alterações no sistema respiratório, sendo que 
entre elas destacam-se o aumento da ventilação-minuto – quantidade de ar inspirado ou expirado 
durante um minuto e o aumento da eficiência alveolar quantidade do ar inspirado que efetivamentechega aos alvéolos –. (MCARDLE; KATCH et al., 2003; HERNANDES JÚNIOR, 2002).
32
CAPÍTULO 4
Metodologia do treinamento desportivo
Atualmente, as ciências do esporte, bem como outras áreas do conhecimento, vêm adotando uma 
abordagem holística, em que o indivíduo é visto de maneira global, dentro das diferentes áreas 
do conhecimento. Tal enfoque busca o distanciamento dos conceitos cartesianos, ou seja, dos 
conceitos que dividem o ser humano em partes e a análise feita com cada parte, de forma separada. 
(HERNANDES JÚNIOR, 2002)
Os principais métodos do treinamento desportivo são representados pelos diferentes sistemas 
de exercícios de treino, competições, recuperação e periodização. Além disso, são amplamente 
utilizados, como qualquer outro processo pedagógico, os meios e métodos da pedagogia geral. 
(MATVÉIEV, 1991)
Zakharov e Gomes (2003), dividem os sistemas em três:
 » Sistema de competições
 » Sistema de treinos
 » Sistema de fatores complementares
Segundo os autores citados acima, todos os componentes da preparação desportiva estão 
extremamente relacionados e complementam-se mutuamente. 
Sistema de competições
O sistema de competições representa uma série de competições oficiais e não oficiais que fazem 
parte da periodização do desportista. Nesse sentido, algumas competições, normalmente aquelas de 
menor expressão, são utilizadas como parte da preparação, e, nesse caso específico, o resultado final 
não importa. A participação dos desportistas em competições é fundamental para o aperfeiçoamento 
das capacidades básicas específicas e da preparação técnica, tática e psicológica. Entretanto é 
importante ressaltar que somente a combinação ótima de preparação competitiva com os outros 
componentes do sistema de preparação pode garantir a obtenção dos objetivos desportivos. 
(ZAKHAROV; GOMES, 2003).
Sistema de treinos
O sistema de treinos, sem dúvida, é o componente central da preparação de um desportista. Fazem 
parte desse sistema os exercícios físicos que visam ao aperfeiçoamento máximo das potencialidades 
do organismo do indivíduo, de acordo com as exigências da modalidade esportiva em questão. Na 
33
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
estrutura do treinamento desportivo estão a preparação física, a tática, a técnica e a psicológica, 
sendo que cada uma dessas áreas tem a sua formação específica, por exemplo, a preparação física 
inclui o desenvolvimento de capacidades físicas como força, resistência, flexibilidade, velocidade e 
coordenação (figura 14). (ZAKHAROV; GOMES, 2003)
Figura 14. Capacidades Físicas.
Adaptado de ZAKHAROV e GOMES (2003).
Sistema de fatores complementares
Alguns fatores extratreino e extracompetição são imprescindíveis para que o atleta tenha 
adaptações ótimas aos estímulos dos sistemas de treino e de competições. Entre estes fatores 
complementares destacam-se: a fisioterapia, a sauna, a alimentação adequada, recursos 
farmacológicos, fatores da natureza (clima, altitude etc.), entre outros. Não podemos deixar de 
lembrar que o desportista é um ser social e entendê-lo como ser humano faz toda a diferença 
em seus resultados. Em outras palavras, a vida biológica e a social do desportista influenciam o 
processo de preparação do atleta. Nesse sentido, vários fatores ligados às condições do homem 
na sociedade interferem no treinamento desportivo como, por exemplo, nível material de vida, 
condições da vida cotidiana, alimentação, relações familiares, condições ecológicas do meio 
ambiente, entre outros (ZAKHAROV; GOMES, 2003).
34
CAPÍTULO 5
Métodos pedagógicos de preparação 
do atleta
Os métodos de treinamento que tem como base a atividade motora do atleta podem ser subdivididos 
em estritamente regulamentados; métodos de competição e métodos de jogos. 
(MATVÉIEV, 1991)
O técnico deve ter em mente que é imprescindível que a forma de treinamento deve estar diretamente 
relacionada ao objetivo do atleta, de forma que as ações realizadas proporcionem condições para 
que ele solucione a tarefa solicitada durante a prática do esporte (ZAKHAROV; GOMES, 2003).
A composição do sistema de preparação é definida por métodos, que podem ser divididos em: 
 » Influência prática
 » Influência verbal
 » Influência demonstrativa
Figura 15. Métodos de influência prática, verbal e demonstrativa.
Adaptado de ZAKHAROV e GOMES, (2003).
35
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Como pode ser observado na figura 15, no processo de preparação, esses métodos são apresentados 
preferencialmente pelos exercícios físicos, ou seja, através das influências práticas. Os outros dois 
métodos (verbal e demonstrativa) atuam como métodos complementares, contribuindo para a 
realização de forma mais eficaz dos métodos práticos (ZAKHAROV; GOMES, 2003).
Métodos de exercício rigorosamente 
regulamentado
A regulamentação é a condição necessária que contribui para que a tarefa a ser realizada no treinamento, 
seja feita de forma eficiente. Todos os métodos de treinamento possuem um determinado grau de 
regulamentação, variando apenas o seu grau e parâmetros (ZAKHAROV; GOMES, 2003). A sua 
principal característica está no caráter restrito da ordem pela qual são executadas as ações do exercício. 
(MATVÉIEV, 1991)
De uma forma geral, os métodos de exercício rigorosamente regulamentados possuem muitas 
diversificações. Cada conteúdo possui caráter específico. Cada método possui uma série de variáveis 
que são manifestadas à medida que a precisão das tarefas é aumentada. Veremos a seguir todos os 
métodos de exercícios rigorosamente regulamentados, que podem ser divididos em métodos para 
o ensino da técnica das ações motoras e métodos orientados para o treinamento das 
capacidades físicas. (ZAKHAROV; GOMES, 2003)
Métodos de ensino da técnica de ações 
motoras
Existem duas formas principais de ensino da técnica motora, o método integral e o método 
dividido.
O método integral utiliza o estudo da técnica das ações motoras de uma vez e em caráter integral. 
Sua principal vantagem é que a técnica da ação motora pode ser assimilada, permitindo manter o 
ritmo das ações. (ZAKHAROV; GOMES, 2003)
Em relação às suas deficiências, esse método impossibilita o ensino de ações motoras complexas, 
dificulta as correções dos erros, pois o técnico não pode corrigi-los imediatamente durante a 
realização do exercício e o cansaço rápido do indivíduo treinado, promovido pelas várias repetições 
do exercício. (ZAKHAROV; GOMES, 2003).
Este método pode ser utilizado nas fases iniciais de aprendizado das ações motoras mais fáceis, 
além de poder ser aplicado na etapa de consolidação e aperfeiçoamento da técnica.
Por outro lado, o método dividido representa a divisão da ação motora em elementos ou fases 
independentes, que se aprende de modo autônomo, ligando estes elementos mais tarde em algo 
único. Um aspecto positivo desse método é que o indivíduo treinado pode se concentrar mais em 
detalhes de seu aperfeiçoamento. Nesse método, as fases e as partes não entendidas são excluídas, 
36
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
evitando que erros (que devem acontecer no método integral) ocorram. Além disso, a execução de 
forma isolada é menos cansativa, permitindo que mais repetições sejam realizadas.
Uma de suas desvantagens é não poder ser aplicado em casos que as ações musculares não podem 
ser divididas como, por exemplo, em um chute, em um arremesso de bola ou em saltos de ginástica.
Métodos de treino das capacidades físicas
Os exercícios neste método podem ser executados de forma contínua ou intervalada. Estas alterações 
são caracterizadas por utilizar parâmetros constantes ou variáveis do exercício, onde as alterações 
podem ser progressivas, regressivas ou progressivase regressivas no método variável. (ZAKHAROV; 
GOMES, 2003)
a. Método intervalado permanente
O método intervalado permanente é caracterizado por repetir as ações musculares 
de forma constante. Um exemplo são tiros de 60 metros, com velocidades próximas 
ao limite, com intervalos de 10 minutos entre os tiros (figura 16).
Figura 16. Exercício 8 x 60 m (corrida) a 90% da velocidade máxima com intervalo de 10 min.
 Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
b. Método de exercício intervalado progressivo
Neste método, os parâmetros do exercício alteram-se com o volume da influência do 
treino sobre o organismo aumentando, como em um exercício de levantamento de 
peso, em que a carga é aumentada progressivamente a cada tentativa ou o aumento 
da velocidade em uma corrida ou, ainda, a redução dos intervalos como mostra a 
figura 17.
37
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 17. Levantamento de peso, exercício supino, aumentando a carga a cada série. 
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
c. Método de exercício intervalado variável
O método intervalado variável frisa que os parâmetros devem variar de forma 
constante tanto para o aumento quanto para a diminuição. Um exemplo deste método 
é em um treinamento de corrida em que a velocidade alterna constantemente, em 
um exercício para halterofilismo em que a carga aumenta em uma série e diminui 
na outra ou, ainda, em um treino de natação em que são utilizados estilos diferentes 
(figura 18).
Figura 18. Tiros de 200m realizando cada esforço em uma velocidade diferente.
 
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
d. Método de exercício intervalado regressivo
O método intervalado regressivo é caracterizado por diminuir a intensidade dos 
exercícios. Um exemplo simples é diminuir a velocidade de corrida a cada volta 
de um percurso. Dessa forma, este método permite que ocorra uma facilitação das 
condições de execução do exercício, ou seja, à medida que o atleta fica mais cansado, 
a intensidade do exercício diminui, facilitando sua execução como mostra a figura 19.
38
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Figura 19. Velocidade média na natação em esforços de 200m. A cada 50m diminui-se a velocidade. 
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES (2003).
e. Método de exercício contínuo (permanente)
Este método é caracterizado por ser realizado de forma ininterrupta, mantendo os 
parâmetros do exercício inalterados durante a execução do exercício. É conhecido 
também como “Método Maratona” ou “Treino de Distância”. Exemplos comuns são 
os exercícios cíclicos como natação, corrida, ciclismo, remo etc. em que a velocidade 
é permanente, mas abaixo do limite (figura 20).
Figura 20. Pedalar no ciclismo durante 30 minutos com intensidade de 60% do máximo.
Adaptado de Zakharov; Gomes, (2003).
f. Método de exercício contínuo progressivo
A aplicação deste método se dá com exercícios cíclicos. A diferença entre ele e o 
anterior, “Método de Exercício Contínuo Permanente”, é que este possui um caráter 
progressivo na dinâmica dos parâmetros do exercício, ou seja, a intensidade é 
elevada durante o percurso como, por exemplo, durante uma corrida, onde o atleta 
aumenta sua velocidade com o decorrer do percurso, como mostra a figura 21.
39
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 21. Em uma corrida de 400m, o atleta corre, procurando a cada 100m aumentar a velocidade média. 
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
g. Método de exercício contínuo variável
O método contínuo variável pode ser aplicado nas bases dos movimentos, tanto os 
acíclicos quanto nos cíclicos, com alteração da velocidade durante o percurso. Um 
exemplo são os exercícios baseados em jogos desportivos (figura 22) (ZAKHAROV; 
GOMES, 2003).
Figura 22. Treino coletivo de basquetebol. 
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
h. Método de exercício contínuo regressivo
Neste método são utilizados exercícios cíclicos, e sua principal função é assegurar o 
caráter permanente das influências de treino no organismo do atleta. Um exemplo 
claro é uma situação em que o atleta diminui gradativamente a intensidade de sua 
corrida para manter sua frequência cardíaca entre 140 e 160 batimentos por minuto, 
como mostra a figura 23.
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UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Figura 23. Em uma corrida de 20 minutos, os atletas iniciam em um ritmo forte e diminuem durante o trabalho 
até o final.
Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, (2003).
Método competitivo
O método competitivo tem como base um processo de competição racionalmente organizado, em 
que o atleta não compete apenas com outros atletas, mas também consigo próprio, procurando 
melhorar os seus resultado. (MATVÉIEV, 1991)
As ações e o comportamento dos atletas em uma partida ou jogo são, em grande parte, determinadas 
pelas situações competitivas do próprio jogo. É este fato que diferencia o método competitivo e de 
jogo dos métodos de exercício estritamente regulamentado.
Como o próprio nome diz, o método competitivo se utiliza de recursos das competições. Apesar disso, 
existem diversas formas de aplicação deste método, podendo ser utilizado em qualquer modalidade 
com organização de treinos com base em exercícios físicos. Esse método é capaz de mobilizar as 
potencialidades físicas e psíquicas dos atletas, como acontece nas competições (ZAKHAROV; 
GOMES, 2003).
Uma das possíveis desvantagens deste método é a dificuldade de dosar e controlar a carga. No 
entanto, pode ser aplicado na solução de diversas tarefas na preparação dos atletas, sendo de grande 
eficiência na etapa de aperfeiçoamento da maestria desportiva (MATVÉIEV, 1991; ZAKHAROV; 
GOMES, 2003).
Não é aconselhável a aplicação deste método no início da preparação ou em uma situação em que 
o atleta ainda não tenha nível suficiente de desenvolvimento das capacidades físicas, podendo o 
resultado se tornar negativo. (ZAKHAROV; GOMES, 2003). 
41
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
Figura 24. Jogo oficial de handebol.
Disponível em: <http://www.lazeresportes.com/category/handebol>. Acesso em: 23 dez. 2011.
Método de jogo
Este método é realizado por meio dos jogos habituais, ou seja, basquete, futebol, vôlei etc. Sua 
principal característica é desenvolver a capacidade motora do atleta. Portanto, várias situações podem 
ser usadas, como jogos de imitação, movimentos da prática laboral de militar etc.(ZAKHAROV; 
GOMES, 2003).
Neste método sempre existe uma rivalidade entre os participantes, mas subordinada ao 
desenvolvimento do exercício. Então, se manifestam diversos hábitos e capacidades motoras. Além 
disso, mais uma vez o técnico precisa ter em mente que não é possível dosar com precisão a carga, 
pois não existe uma maneira de prever as ações de cada um dos participantes. Este método tem 
grande utilidade no treinamento desportivo, pois o processo de treino não utiliza necessariamente 
materiais pertencentes aos jogos, mas sim materiais preparatórios, especialmente feitos para essa 
situação (exemplo: treinos com regras de jogo simplificadas e com ações suplementares).
Figura 25. Jogo oficial de voleibol. 
Disponível em: <http://www.esportesite.com.br/2009/10/25/brasil-voleisbc-vence-a-primeira-partida-da-
final-e-fica-mais-perto-do-titulo/>. Acesso em: 23 dez. 2011.
42
UNIDADE I │ BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS
Métodos de influência verbal
Da mesma forma como em outros processos pedagógicos, o principal papel é do treinador-
professor, que dirige a atividade dos atletas utilizando atividades metodologicamente elaboradas 
de contato verbal, com o propósito de persuadir, sugerir, explicar ou dirigir. A palavra do treinador 
exerce grande influência em todos os aspectos da atividade realizada peloatleta durante o treino 
(MATVÉIEV, 1991). Os técnicos se destacam quando usam sua pedagogia de forma efetiva, usando 
a palavra para ativação e direção eficiente da atuação do atleta. Geralmente os técnicos se apoiam 
em critérios ligados a intuição, experiência pessoal, conhecimento das particularidades individuais 
do atleta etc. 
Os métodos de influência verbal utilizam formas como a explicação, a conversa, o comando, a 
indicação corretiva, a análise verbal, a avaliação entre outros. É importante levar em consideração 
o conteúdo emocional e o sentido lógico (informativo) de cada método verbal (ZAKHAROV; 
GOMES, 2003).
A escolha da utilização de palavras depende das particularidades lógicas e específicas do processo de 
treino. Então, o método verbal inclui a prática da transmissão exata e completa das instruções antes 
da execução dos exercícios, as explicações dadas durante e nos intervalos dos exercícios e ainda as 
instruções, ordens e comentários estimulantes ou corretivos. (MATVÉIEV, 1991)
Métodos de influência demonstrativa
A busca de alternativas para a otimização da condução do processo desportivo para a verificação 
dos aperfeiçoamentos técnicos e para a avaliação dos efeitos das cargas de treino levou à elaboração 
de novos meios que aproveitam ideias de verificação automática dos parâmetros dos movimentos e 
dos desvios funcionais individuais durante a execução dos exercícios, com imediata transmissão aos 
atletas dos dados obtidos, corrigindo suas ações (MATVÉIEV, 1991).
Quando demonstrações são utilizadas no processo de treino, devemos levar em conta os diferentes 
sistemas sensórios do homem, que são os métodos demonstrativos visuais, auditivos e 
motores (ZAKHAROV; GOMES, 2003).
Os métodos demonstrativos visuais podem ser divididos em demonstração de materiais 
didáticos, apresentação da ação motora e orientação visual. A apresentação de materiais didáticos 
permite que o atleta perceba o meio de solução da tarefa motora, ou seja, são utilizados vídeos, 
cartazes, desenhos, esquemas, entre outros.
A demonstração da ação motora é o método mais utilizado no início da aprendizagem, que ocorre 
geralmente pela imitação. Com crianças essa etapa é fundamental, principalmente pelo fato de elas 
possuírem grande capacidade de imitação.
Por fim, a orientação visual auxilia na execução correta do movimento no espaço e tempo. 
Portanto, são utilizados objetos como referência de acordo com os quais o atleta tem de construir 
seu movimento. Os atletas de salto em altura, por exemplo, utilizam a marcação que determina o 
43
BASES DO TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ADULTOS│ UNIDADE I
comprimento, a direção do impulso e a colocação dos pés. Para isso, várias ferramentas podem ser 
utilizadas, como lâmpadas em diversos pontos para o treino de rapidez e para a precisão, a “onda” 
luminosa ao longo da pista de corrida.
Os métodos auditivos utilizam pontos sonoros de referência. Um sinal combinado anteriormente 
pode indicar o momento do esforço principal (exemplo: a curva do corpo, na execução de um 
elemento ginástico no aparelho). Dessa forma, é possível assimilar muito bem o ritmo das ações 
motoras.
Os métodos motores estão relacionados à organização pelo atleta da percepção das sensações do 
aparelho motor. Um exemplo comum é a ajuda dada pelo técnico quando guia um movimento com 
a mão (exemplo: guiar a mão do atleta no movimento do tênis). A fixação da postura correta auxilia 
também no ensino da ação motora correta.
44
UNIDADE II
TREINAMENTO 
DESPORTIVOS 
PARA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES
Atualmente existem inúmeras evidências que apontam a importância da atividade física para crianças 
e adolescentes. 
Por meio de exercícios, ginástica, jogos, competições, danças etc., as crianças adquirem 
características físicas, psíquicas e sociais como: força, flexibilidade, resistência, velocidade; 
coordenação de reflexos, de movimentos; capacidade de concentração e relaxamento, disciplina; 
equilíbrio emocional, segurança, coragem; espírito de solidariedade, de equipe; e adaptação social 
(CERSÓSIMO; SATO, 2003).
Entretanto, temos que adaptar os estímulos da atividade física para essas populações, uma vez que 
elas respondem a eles de maneira diferenciada.
Nesse sentido, os profissionais especializados em pediatria ressaltam que as crianças, tanto 
funcional quanto estruturalmente, são diferentes dos adultos e, consequentemente, respondem 
de diferentes maneiras ao esforço físico. Em pessoas adultas, tem-se assumido que as alterações 
que eventualmente possam ocorrer caracterizam-se como uma resposta ao processo de adaptação 
do estresse imposto pelo esforço físico. Contudo, quando falamos de crianças e adolescentes, as 
modificações que presumivelmente ocorrem até que atinjam o estágio de maturidade podem ser 
tão grandes ou maiores até do que as próprias adaptações resultantes de um programa de atividade 
física (TOURINHO FILHO; TOURINHO, 1998).
Nesse sentido, para planejar e prescrever atividade física de maneira adequada para essas populações, 
primeiramente, é fundamental entender quais são as peculiaridades das crianças e dos adolescentes 
tanto no âmbito fisiológico quanto no psíquicossocial.
45
CAPÍTULO 1
Crescimento, desenvolvimento e 
maturação
A principal característica do processo da vida é a constante transformação. Observando animais 
e vegetais é possível verificar que existe um ciclo importante, capaz de manter e perpetuar todas 
as espécies. O ser humano, por pertencer a esse macrossistema, passa por inúmeras mudanças e 
etapas durante toda a sua vida, como ovo, embrião, recém-nascido, criança, adolescente, adulto e 
idoso. Essas passagens ou degraus galgados pelo homem são um somatório de três funções básicas 
inerentes a todo o processo: o crescimento, o desenvolvimento e a maturação (TOURINHO FILHO; 
TOURINHO, 1998)
Para Malina et al. (2009), o processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano 
interfere diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos adolescentes. Sendo assim, é 
importante adequar os estímulos ambientais em função desses fatores. 
Entretanto, antes de avançarmos precisamos definir os termos crescimento, desenvolvimento 
e maturação, a fim de não os utilizarmos como sinônimos, fato corriqueiro nos dias atuais. Para 
Malina et al. (2009), esses temos são definidos da seguinte maneira.
1. CRESCIMENTO: inclui aspectos biológicos quantitativos (dimensionais), 
relacionados com a hipertrofia e a hiperplasia celular (figura 26).
Figura 26. Esquema do crescimento musculoesquelético como uma função de hiperplasia muscular (no alto) e 
hipertrofia muscular (em baixo).
Adaptado de Malina et al. (2009).
46
UNIDADE II │ TREINAMENTO DESPORTIVOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
2. MATURAÇÃO pode ser definida como um fenômeno biológico qualitativo, 
relacionando-se com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas.
3. DESENVOLVIMENTO: é entendido como uma interação entre as características 
biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente ao qual o 
indivíduo é exposto durante a vida.
Os processos de crescimento, maturação e desenvolvimento humano são intimamente relacionados 
e ocorrem continuamente durante todo o ciclo de vida. Portanto, as aquisições motoras de crianças 
e adolescentes não podem ser compreendidas de forma exclusivamente biológica ou ambiental; 
uma abordagem biocultural é essencial, reconhecendo a interação entre fatores biológicos e 
socioculturais presentes na vida do ser humano (RÉ, 2011).
Desenvolvimento neural
Segundo Ré (2011), o desenvolvimento neural é extremamente rápido no início da vida, sendo que 
por volta dos três anos de idade o cérebro e as estruturas relacionadas já atingiram aproximadamente 
70% do seu tamanho na idade

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