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Exame Fisico Detalhado - Aparelho Digestório Inspeção: a inspeção do abdome inclui a observação de uma superfície quanto: a forma ao contorno, assimetria, a característica da pele e à ocorrência de movimentos visíveis na parede. Semiotécnica: a observação deve ser iniciada com a enfermeira posicionada em pé e a direita do paciente. Entretanto, para melhor visualização do contorno da parede abdominal, bem como na procura por peristase visível, a enfermeira poderá sentar-se ou abaixar-se de maneira que consiga perceber a tangencialidade da parede. Contorno: o abdome pode apresentar-se plano, arredondado, protuberante, escavado e ascitico. Forma: pode também, estar marcada pela presença de saliências ou de profusões localizadas que, além de alterar a assimetria pode sugerir a existência de massas Herniações ou visceromegalias. Ao observa-las, a enfermeira deverá descreve-las, indicando as respectivas localizações. Cicatriz umbilical: normalmente está localizada na linha média e é invertida, podendo apresentar-se plana, e vertida ou com sinais de inflamação ou hérnia. A pele da parede abdominal deve ser observada quanto a: integridade e a presença de cicatrizes, as quais devem ser descritas em relação a localização e as características, assim como outras marcas anormais como manchas, trajetos venosos dilatados e estrias. Os movimentos na parede abdominal devido aos peristaltismos, as vezes são observados em pessoas muito magras. As pulsações da aorta também podem ser visíveis em pessoas magras, em região epigástrica, sendo consideradas normais. Ausculta: avaliação dos ruídos intestinais, ocorrem em consequência dos movimentos peristálticos e do deslocamento de ar e líquidos ao longo dos intestinos, constitui a principal finalidade da ausculta abdominal. Utilizando um estetoscópio com o diafragma previamente aquecido, a enfermeira deve iniciar a ausculta abdominal pelo quadrante inferior direito, aplicando leve pressão e identificando a presença e a qualidade dos ruídos intestinais. Podem ser necessários até cinco minutos de ausculta continua antes que se possa determinar a ausência de ruídos hidroaéreos. Quando for difícil de ausculta-los a enfermeira deve prosseguir sistematicamente repetindo a ausculta por 2 a 5 minutos em cada um dos demais quadrantes abdominais. Avaliar frequência e intensidade dos ruídos hidroaéreos. Os sons tipo gargarejo ou borbulhar são característicos em uma frequência irregular que pode variar em cinco e trinta e cinco por minutos, dependendo da fase de digestão em que se encontra o paciente. A intensidade é descrita em geral, em termos de ruídos hipoativos ou hiperativos. Percussão: Percussão direta: é realizada utilizando uma das mãos ou os dedos, afim de estimular diretamente a parede abdominal por tapas. Percussão indireta: Inicia-se levemente a percussão no quadrante inferior direito prosseguindo-se pelos demais quadrantes no sentido horário, até percorrer toda área abdominal. Em geral, predomina os sons timpânicos definidos como sons claros e de timbre baixo, semelhantes a batida de um tambor devido ao conteúdo de gás das vísceras ocas do trato gastrointestinal. Esses são encontrados sobre o estomago vazio e sobre os intestinos. Maciez ou sub maciez, sons breves, com timbre alto, são percebidos sobre órgãos sólidos como o fígado, o baço ou sobre vísceras preenchidas por líquidos ou fezes. Ao percutir um paciente com abdome distendido, que apresenta hipertimpanismo difuso, deve-se ter em mente a possibilidade de uma obstrução intestinal. Palpação abdominal É realizada por meio da palpação superficial e profunda que auxiliam na determinação do tamanho, forma, posição e sensibilidade da maioria dos órgãos abdominais além da identificação de massas e acumulo de fluidos. Os quadrantes devem ser palpados em sentido horário reservando-se para o final do exame aquelas áreas previamente mencionadas como dolorosas ou sensíveis. A palpação superficial é iniciada mantendo-se os dedos de uma das mãos estendidos, fechados entre si, e com a palma da mão e o antebraço em plano horizontal, pressiona-se de forma delicada a superfície abdominal, aproximadamente 1 cm, com movimentos suaves, evitando-se golpes súbitos. Assim, além de contribuir para o relaxamento do paciente, a enfermeira vai determinando as condições gerais da parede abdominal, identificando grosseiramente massas ou órgãos superfícies, áreas de sensibilidade dolorosa, além de reconhecer a contratura muscular reflexa. A palpação profunda é usada para delimitar mais precisamente os órgãos abdominais e detectar massas menos evidentes. Com o paciente respirando pela boca, a parede abdominal é deprimida em profundidade a cada expiração, procurando-se perceber, com maior pressão dos dedos, tamanho, forma, consistência, localização, sensibilidade, mobilidade e palpações de órgãos ou massas. Procedimentos especiais Avaliação da dor abdominal, sugestiva de irritação peritoneal, a pesquisa do sinal de descompressão brusca dolorosa é de grande valor. Durante a palpação superficial e profunda, for detectada alguma área de sensibilidade dolorosa, o teste deve ser feito. Assim, evitando as áreas mais dolorosas, aplica-se com os dedos uma compressão lenta e profunda no abdome para, então, subitamente suspender a mão, soltando a parede abdominal. Observando as reações do paciente, pede-se, também, que compare a intensidade de dor sentida durante a compressão com aquela sentida na descompressão. A descompressão brusca pode ser acompanhada de dor intensa e aguda, descrita como lancinante ou em facada, sendo devida ao rebote das estruturas internas contra um peritônio inflamado, causando por apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite, diverticulite ou lesão peritoneal. A descompressão brusca dolorosa, quando ocorre no ponto de Mc Burney (ponto médio entre a cicatriz umbilical e crista ilíaca direita), é conhecida como sinal de McBurney e indicativo de apendicite aguda. Sinal de Rosving é identificado pela palpação profunda e continua do quadrante inferior esquerdo que produz dor intensa no quadrante inferior direito, mais especificamente, na fossa ilíaca direita, sinal esse também sugestivo de apendicite aguda. Sinal de Murphy deve ser pesquisado quando a dor ou a sensibilidade no quadrante superior direito sugerirem colecistite. Ao comprimir o ponto cístico, solicita-se ao paciente que inspire profundamente. A resposta de dor intensa no ponto pressionado e a interrupção súbita da inspiração caracterizam o sinal de Murphy, indicativo de colecistite aguda. Sinal de Jobert é encontrado quando a percussão da linha axilar média sobre a área hepática produz sons timpânicos ao invés de maciços, indicando ar livre na cavidade abdominal por perfuração de víscera oca. Sinal de Blumberg: Manobra da descompressão súbita! Dor à descompressão abdominal; indica irritação peritoneal frente a dor (apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite, diverticulite ou lesão peritoneal) Teste do piparote: é positivo quando há ascite de GRANDE volume. Pede-se que o paciente coloque sua mão na linha mediana do abdome e realiza-se a percussão na lateral. Ascite: corresponde ao acumulo de fluidos na cavidade peritoneal, em geral devido à doença hepática avançada, insuficiência cardíaca, pancreatite ou câncer, determinando um abdome proeminente com aumento na circunferência abdominal e submacicez à percussão dos flancos Palpação do Fígado: Primeira – técnica bimanual, : exige palpação com uma das mãos e pressão em sentido contrario com a outra mão. É realizado com o examinador posicionado à direita do paciente com a mão esquerda sob o tórax posterior direito, na altura da 11ª e 12ª costelas. A mão direita é colocada sobre o abdome, com os dedos estendidos apontados para a cabeçae com as pontas dos dedos tocando a linha média clavicular, logo abaixo do rebordo costal direito. A mão direita exerce compressão para dentro e para frente, enquanto a mão esquerda pressiona o tórax posterior para cima e o paciente inspira profundamente, deslocando o fígado para baixo, tentando-se sentir sua borda. Um fígado normal será indolor e deverá ter uma borda fina, cortante ou romba, firme, macia e lisa. Segunda – técnica da mão em garra : enfermeiro se posiciona próximo ao tórax superior direito do paciente, voltado na direção de seus pés, palpando o abdome na linha do rebordo costal direito com os dedos das duas mãos curvados. Solicita-lhe que inspire profundamente, ao mesmo tempo em que pressiona a parede abdominal para dentro e para cima. Se o fígado for palpável, sua borda poderá ser sentida pelas pontas dos dedos, à medida que desliza para dentro do abdome durante a inspiração. Palpação do Baço: Técnica I: 1- Examinador posiciona-se à direita do paciente, que está em decúbito dorsal; 2- Com a mão esquerda, faz uma tração anterior na região póstero-lateral e inferior do gradil costal esquerdo do paciente; 3- Com a mão direita disposta abaixo da margem costal esquerda, comprime o abdômen em direção ao hipocôndrio esquerdo; 4- Tentar sentir o baço durante inspiração profunda Técnica se Shuster: 1- Realiza o mesmo procedimento da técnica I; 2- Paciente posicionado em decúbito lateral direito com as pernas e as coxas ligeiramente fletidas e com a mão esquerda posicionada na cabeça; O baço é palpável somente quando atinge duas a três vezes o seu tamanho habitual; exceto em algumas crianças, onde o baço pode ser palpável em 5-10%. A palpação pode nos fornecer outros dados além do tamanho, como consistência, sensibilidade e as características da superfície e da borda esplênicas. O baço doloroso e de consistência amolecida sugere processo infeccioso agudo. Baço de consistência dura e pouco doloroso sugere esplenomegalias congestivas (p. ex. esquistossomose). Leucemias crônicas e linfomas, o baço apresenta superfície irregular e consistência dura. Palpação dos Rins : Os rins estão localizados na parte posterior do gradil costal, ficando protegidos pelas costelas. Normalmente não são palpáveis e quando são sugerem aumento de seu tamanho por tumores, cistos e hidronefrose. Se estiver aumentado dos dois lados sugere doença policística. Para palpar o rim direito coloque sua mão esquerda nas costas do cliente, na altura da 12ª costela, sentindo com seus dedos a junção da 12ª costela com a vértebra lombar. Eleve as costas do cliente em direção a sua mão direita, que deverá estar posicionada logo abaixo do rebordo costal, um pouco antes da linha axilar anterior. A mão direita deverá exercer pressão para baixo e para dentro do rebordo costal. No momento da palpação o examinador deverá solicitar ao cliente que inspire profundamente. Na palpação do rim esquerdo, utilize a mesma técnica, colocando a mão direita nas costas do cliente, utilizando a mão esquerda para palpar o quadrante superior esquerdo. Neste caso, ao contrário da palpação do rim direito, o examinador deverá estar do lado esquerdo do cliente. Método de Devoto : É realizado com o paciente em decúbito dorsal, solicitando-se ao mesmo que tente relaxar a musculatura o máximo possível. O enfermeiro deverá estar sentada no leito, junto ao paciente, do lado do órgão que pretende palpar. Coloca uma mão contrária ao rim a ser examinado no ângulo lombocostal, exercendo pressão de trás para frente, enquanto a outra mão, espalmada sobre o abdome abaixo do rebordo costal, procura sentir e pinçar o pólo inferior do rim na sua descida inspiratória. Método de Israel : O paciente é posicionado em decúbito lateral, oposto ao lado do rim que será palpado. A coxa corresponde ao órgão que vai ser examinado deverá ficar fletida sobre a bacia, e o outro membro deverá permanecer em extensão. A enfermeira deverá sentar-se do lado do dorso do paciente, colocar uma das mãos no ângulo lombocostal, fazendo pressão de trás para frente. Com a outra mão espalmada sobre o abdome, logo abaixo do rebordo costal, a enfermeira procura pinçar o rim na sua descida inspiratória. PERCUSSÃO RENAL : Podem ser delimitados pelo sinal de Giordano (punho percussão). Sinal de Giordano: dor à punho percussão na região lombar; indica acometimento renal (positivo em litíase, pielonefrite aguda). PALPAÇÃO DA BEXIGA: Deve ser feita após o paciente ter urinado. PERCUSSÃO DA BEXIGA : O cliente deve “esvaziá-la” antes do exame; Decúbito dorsal; Deve estar a 5 cm da sínfise púbica, percuta em sentido ascendente, em direção à bexiga e sobre a mesma; Normal com som timpânico. Se for maciço indica ascite ou bexigoma. O som deve ser do tipo timpânico. Confirmar com duas teorias: Percussão do abdome com o cliente em decúbito lateral, pode-se perceber a diferença entre o som timpânico e maciço, devido ao deslocamento gravitacional do conteúdo liquido para a parte mais baixa da cavidade peritoneal, em relação ao conteúdo de gás do cólon, que permanece na mais alta. Assim devem predominar os sons maciços no lado do abdome em contato com a superfície da cama, enquanto o som timpânico é encontrado no lado oposto. A outra técnica exige que uma terceira pessoa, ou pelo menos o próprio paciente, coloque a borda lateral externa das mãos sobre a linha média do abdome, exercendo pressão moderada, porém firme. A enfermeira aplica golpes rápidos com a ponta dos dedos de uma mão sobre um dos flancos, enquanto com a outra mão espalmada sobre o flanco oposto palpa o impulso da onda liquida assim transmitido. Planejamento do exame físico do abdome Preparando o ambiente – o ideal seria um sala de consultório, com iluminação adequada, que seja ventilada e garanta a privacidade do cliente, devendo evitar corrente de ar durante o exame. Na ausência desta sala, o exame pode ser realizado no leito, tendo o cuidado de utilizar um biombo de proteção. Preparo do material – a enfermeira deve ter a sua disposição materiais como balança antropométrica, estetoscópio, régua milimetrada (20 cm), fita métrica, caneta marcadora, travesseiro pequeno, relógio com marcador de segundos e luvas para procedimentos, se necessário. Preparo do cliente – é necessário que o cliente esteja com a bexiga vazia. A posição mais adequada é o decúbito dorsal, tendo os braços estendidos ao longo do corpo. Um travesseiro pequeno deve ser colocado sob a cabeça e outro sob os joelhos. Toda área abdominal deve ser exposta, poupando-se os genitais. Para completar o exame, a região posterior do abdome também deve ser examinada, principalmente quando se pretende avaliar órgãos retroperitoneais como os rins. Para tal solicita-se ao cliente para que se sente no leito ou na mesa de exame. Compete ao enfermeiro dialogar com o cliente, proporcionando-lhe condições para que se sinta confortável e, com isso, mais relaxado para o exame. Além disso, que tenha unhas aparadas e as mãos aquecidas. Preocupando-se em aquecer, também o diafragma do estetoscópio.
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