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– O abdome é a maior cavidade do corpo humano e compreende a região do tronco que fica entre o tórax e a pelve. A divisão entre o tórax e o abdome é demarcada pelo diafragma, enquanto a abertura superior da pelve demarca os limites entre as cavidades abdominal e pélvica. Assim, o abdome comporta órgãos do sistema digestório e algumas estruturas do sistema urinário. Anatomicamente, o abdome é dividido em 9 regiões e 4 quadrantes, o que auxilia na descrição de sinais, sintomas e anormalidades anatômicas que podem estar presentes no paciente para diagnóstico e registro no prontuário médico. É importante pontuar que todo o exame físico é feito à direita do paciente, e o mesmo deve estar em decúbito dorsal e com os braços ao lado corpo. Além disso, é importante que se siga uma ordem no exame para evitar que alguma região deixe de ser devidamente examinada. A inspeção do abdome deve se iniciar observando a pele da região, à procura de: • Manchas; • Lesões; • Cicatrizes, especialmente cicatrizes cirúrgicas – a cicatriz umbilical também deve ser descrita, indicando se é centralizada ou descentralizada e protrusa ou intrusa; Principais cicatrizes: – Com isso, deve-se observar a CONFORMAÇÃO DO ABDOME, identificando se ele é plano, escavado ou globoso. Abdome escavado normalmente é sinal de desnutrição, enquanto o abdome pode ser globoso às custas de panículo adiposo, ascite, gases, tumores, etc, sendo importante sinalizar quando é globoso às custas de panículo adiposo e ascite. E além da conformação, é importante sinalizar se o abdome é simétrico ou não e se apresenta deformidades, utilizando as regiões e quadrantes para descrever a localização das anormalidades. Na inspeção também deve se observar a presença de circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis. A circulação colateral pode ser do TIPO PORTA ou do TIPO VEIA CAVA INFERIOR (na imagem a seguir, respectivamente), e indicam hipertensão portal. Na inspeção, também é preciso avaliar a presença de hérnias, e para isso se realiza a MANOBRA DE VALSALVA, que nada mais é do que solicitar ao paciente que sopre o punho fechado. Com isso, aumenta-se a pressão intra-abdominal, forçando o aparecimento das hérnias que podem estar presentes. O que é hérnia? Hérnia é definida como uma protrusão parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, o que pode ocorrer por enfraquecimento da parede abdominal ou por má formação e a depender de sua localização, recebe diferentes nomenclaturas. – Para essa parte do exame físico, é importante que o médico esteja com as unhas cortadas e aqueça as mãos. Antes de começar as manobras, é im- portante perguntar ao paciente se ele está sentindo alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (ou se estar com vontade de ir ao banheiro). Durante a percussão, especialmente naqueles pacientes que referirem dor, é necessário que o profissional pesquise sinais de desconforto na ex- pressão do paciente. A percussão é usada para fazer a HEPATIMETRIA, ou seja, mensuração do tamanho do fígado, percussão do espaço de Traube, a fim de identificar visceromegalia (VCM) e percussão geral para identificar se o som é timpânico (normal) ou maciço, indicando que há massas sólidas anormais na cavidade abdominal. A hepatimetria é feita utilizando os dedos como medida. Começando na região abaixo do umbigo, deve-se percurtir em direção ao fígado até que o som mude de timpânico (abdominal normal) para maciço, indicando a margem inferior do fígado. Após isso, deve-se percurtir da região hemicla- vicular direita na altura dos pulmões em direção ao fígado, até o som mude de som claro pulmonar (atimpânico) para maciço, indicando o início do fí- gado. Com isso, mede-se a distância entre esses dois pontos (início e margem inferior do fígado), considerando que cada dedo tenha 1 cm de largura. Vale pontuar que a percussão nor- malmente fornece estimativas inferiores à realidade e o fígado pode ser deslocado para baixo pelo diafragma em pacientes com DPOC. Antes de iniciar as manobras de palpação, é importante perguntar ao paciente se ele sente alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (assim como na percussão). Quando há aumento do volume abdominal por distensão gasosa das alças intestinais, é comum o encontro de hipertimpanismo generalizado. Entretanto, quando ao acúmulo de gases se junta o aumento do conteúdo líquido, como se vê nos estados de má absorção acentuada ou em segmentos proximais à obstrução, a distensão abdominal pode acompanhar-se de submacicez ou macicez. Nestas condições, impõe-se o diagnóstico diferencial com ascite. Essa parte do exame é realizada em dois momentos: palpação superficial e palpação profunda. • Na palpação superficial, deve-se palpar todos os quadrantes, com apenas uma mão, sem excluir as regiões laterais, bus- cando áreas sensíveis e/ou alteração de consistência durante a palpação. • Na palpação profunda são palpados as mesmas regiões, também buscando áreas sensíveis e alterações de consistência, mas nessa manobra devem se usar as duas mãos, uma apoiada sob a outra, pesquisando a presença de massas. É importante saber que algumas estruturas podem ser palpadas, mas que não indicam anormalidades patológicas, como a aorta, a borda do fígado, alguns linfonodos, bexiga distendida, polo inferior do rim direito, músculo reto abdominal e seus tendões, cólon e fezes. Além disso, algumas manobras buscando palpar algumas estruturas devem ser realizadas nesse parte do exame físico, como o fígado, o baço e o rim direito. – ➢ A PALPAÇÃO DO FÍGADO pode ser feita utilizando duas técnicas. • Na técnica habitual, deve-se posicionar a mão por debaixo do paciente, paralela às 11ª e 12ª costelas, apoiando-as. Com isso, faz-se a compressão da mão esquerda para frente, palpando o fígado com a outra mão. Deve-se posicionar a mão direita à direita do abdome do paciente, lateralmente ao músculo reto, com as pontas dos dedos bem abaixo da borda inferior hepática. Nessa parte, deve-se fazer uma compressão suave para dentro e para fora, solicitar ao paciente que respire fundo, e na expiração deve sentir a borda do fígado, quando ela descer ao encontro dos dedos do médico. Nesse momento, deve-se diminuir a pressão na mão que está palpando e deslizar a ponta dos dedos para palpar a superfície anterior do fígado. É importante observar a presença de alguma hipersensibilidade ao toque e tentar delimitar as bordas medial e lateral do fígado. • A outra técnica para palpar o fígado é a MÃO EM GARRA, que é muito útil em pacientes obesos. Nessa manobra, deve-se posicionar as duas mãos, lado a lado, do lado direito do abdome, logo abaixo da borda do fígado. Em seguida, faz-se uma pressão com os dedos, para dentro e para cima, em direção ao rebordo costal, e nesse momento solicita-se ao paciente que respire fundo. Quando palpado, a borda do fígado saudável é mole, nítida e regular, e a superfície é lisa. Elementos de análise à palpação do fígado. Dimensão (cm) Borda (espessura) ■Fina ou romba Superfície ■Regular ou lisa ■Irregular Sensibilidade ■Indolor ■Dolorosa Consistência ■Elástica ou normal ■Firme ou aumentada ■Diminuída Refluxo hepatojugular ■Ausente ■Presente ➢ Quando o baço está aumentado, ele começa a ser palpado abaixo do rebordo costal. O baço fica acoplado no diafragma, na altura da 9ª, 10ª e 11ª costelas, ocupando grande parte da região posterior à linha axilar média esquerda. Porém, em alguns adultos é possível palpar a ponta do baço normal abaixo do rebordo costal esquerdo. A técnica para palpar o baço é semelhante à técnica habitual de palpação do fígado: o médico deve segurar o paciente com a mão esquerda, apoiando e comprimindo para frentea região inferior da caixa torácica e dos tecidos moles adjacentes; com a mão direita, por baixo do – rebordo costal esquerdo, faz-se pressão para dentro, na direção do baço. Então, inicia-se a palpação em um nível baixo suficiente que seja capaz de detectar um possível aumento, e nesse momento deve se solicitar ao paciente que inspire profundamente; quando o baço descer de encontro aos dedos do examinador, este deve palpar a margem ou ponta do baço, pesquisar sensibilidade ao toque e avaliar o contorno esplênico e a distância entre o ponto mais baixo do baço e o rebordo costal esquerdo. Após isso, deve-se repetir a mesma manobra com o paciente em decúbito lateral direito (ou seja, de frente para o examinador), pois nessa posição, a gravidade desloca o baço para um local mais acessível para palpação. Essa posição também é chamada de posição de Schust. ➢ Os rins normalmente não são palpados, mas é importante que se domine esta técnica também. Para palpar o rim direito, o médico deve posicionar a mão esquerda atrás do paciente, logo abaixo e paralela à 12ª costela, com as pontas dos dedos no ângulo costovertebral. Com isso, deve-se elevar a mão tentando deslocar o rim para a frente, e colocar a mão direita para devagar no quadrante superior direito, lateral e paralelamente ao músculo reto. Nesse momento, é solicitado ao paciente que respire fundo, e no pico da inspiração, comprime- se a mão direita profundamente ao quadrante superior direito, abaixo do rebordo costal, tentando capturar o rim entre as mãos. Nesse momento, o paciente deve expirar e ficar em apneia em curto período, com isso, o médico deve liberar lentamente a compressão exercida pela mão direita simultaneamente, tentando sentir o deslizamento do rim e seu retorno à posição que estava durante da expiração. Caso seja possível palpar o rim, é importante que se descreva seu tamanho, contorno e presença de sensibilidade ao toque. Existem ainda algumas técnicas de palpação/percussão que auxiliam na pesquisa de ascite. As principais são as técnicas de macicez móvel, semi-círculo de skoda e pesquisa do sinal de piparote. • SINAL DO PIPAROTE: Posiciona-se uma das mãos em um dos flancos, no lado oposto posicionar a ponta do dedo médio, dobrado, apoiado e tensionado contra o polegar, disparar contra o flanco contralateral; o abalo irá produzir uma onda de choque que será transmitido no líquido ascítico, sendo percebido pela palma da mão no flanco oposto. Se houver grande adiposidade ou edema de parede abdominal, solicita-se que um assistente posicione a borda cubital da mão na linha mediana do abdome, com ligeira pressão, interceptando as ondas transmitidas pela parede, sem impedir a onda de choque do líquido ascítico. – • SEMICÍRCULO DE SKODA: O líquido ascítico ocupam as áreas de declive do abdome, em hipogástrio e flancos, ao se percutir o abdome a partir do andar superior, delimita-se uma linha circular na transição entre o timpanismo e macicez das áreas de maior declive; a concavidade estará voltada para a região epigástrica, fazendo diagnóstico diferencial com cisto gigante de ovário, que tem sua concavidade voltada para o púbis. • MACICEZ MÓVEL: O líquido ascítico encontra-se livre na cavidade peritoneal. Para verificar se há macicez móvel, posiciona-se o paciente em decúbito lateral e percute-se o flanco sobre o qual ele está apoiado, obtém-se um som maciço; a seguir, sem retirar o dedo do local, solicita-se que o paciente vire apoiando-se no decúbito contralateral e realiza-se nova percussão, obtém-se o som timpânico. O que é ascite? Ascite consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal, que além de causar aumento do volume abdominal, pode gerar aumento de peso, desconforto abdominal e dispneia. Normalmente, a ascite está associada à doenças hepáticas graves associadas à hipertensão portal e déficit na síntese de albumina, que causam desequilíbrio entre as pres- sões osmótica e coloidosmótica, forçando o extravasamento de líquido para o terceiro espaço (vasos linfáticos). A ausculta abdominal visa identificar dois principais sinais: ruídos hidroaéreos (RHA) e sopro nas artérias abdominais – aorta, artérias renais e artérias ilíacas. Para isso, é preciso posicionar o estetoscópio em 7 pontos. A ausência de sopros pode ser confirmada quando não se ouve nenhum ruído nos pontos abaixo. Para ouvir os RHA basta posicionar o estetoscópio em áreas difusas do abdome, permanecendo por cerca de 2 minutos – ouvir um ruído já exclui a possibilidade de íleo paralítico e não é necessário ficar os 2 minutos inteiros caso se ouça antes disso. http://production.latec.ufms.br/new_pmm/modulos/01/anamneseExameFisico_n1405.html – O aumento da frequência e da intensidade dos borborigmos, que chegam a ser audíveis a distância, indica movimentação anormal do conteúdo hidroaéreo intraluminal. Isto costuma ocorrer nas doenças associadas à má absorção, nos transtornos da motilidade e, em particular, se houver oclusão intestinal. Neste caso, pode haver aumento da duração do período de ocorrência dos ruídos, bem como modificação do timbre, que adquire tonalidade metálica ou musical. Por outro lado, os ruídos hidroaéreos podem estar diminuídos, ou mesmo abolidos, quando a motilidade gastrintestinal cessa, em resposta reflexa à inflamação peritoneal ou à isquemia da parede intestinal. (Inspeção) Abdome plano, simétrico, ausência de lesões, cicatrizes, circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis; cicatriz umbilical intrusa. (Ausculta) RHA presentes, ausência de sopros. (Percussão) Predomínio de som timpânico à percussão geral, hepatimetria 9 cm na linha média clavicular (LMC) e 4 cm na linha médio esternal (LME = nível do apêndice xifoide), espaço de Traube livre. (Palpação) Indolor à palpação superficial e profunda, ausência de VCM, Giordano negativo (em alguns casos é importante negar outros sinais). Alguns sintomas e sinais relacionados com os órgãos abdominais podem indicar doenças e complicações. Sinal de Cullen corresponde à coloração azulada ao redor do umbigo, sugestivo de hemorragia retroperitoneal. Sinal de Grey Turner é referente à equimoses não traumáticas nos flancos, que pode indicar pancreatite hemorrágica, estrangulamento intestinal ou abcessos com extravasamento de sangue. Sinal de Murphy corresponde à dor profunda à palpação da área subcostal direita, que sugere colecistite. Sinal de Blumberg é referente à dor à compressão e principalmente à descompressão súbita da fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney (ponto apen- dicular), sugestivo de apendicite aguda. Essa manobra também pode identificar peritonite, que – também pode ser pesquisada pinçando e puxando uma parte do abdome, e caso o paciente sinta dor quando soltar rapidamente a pinça, é sugestivo de peritonite. Sinal de Rovsing refere-se à dor no quadrante inferior direito quando há compressão do quadrante inferior esquerdo, e esta manobra é utilizada para identificar apendicite. Sinal do psoas é indicativo de irritação do músculo psoas, sendo um dos sinais de apendicite aguda. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo, e o examinador deve realizar a hiperextensão passiva de membro inferior direito (ou flexão ativa contra resistência). Em caso de dor a hiperextensão passiva ou a flexão ativa, o sinal é positivo. Sinal do Obturador também é investigado para diagnóstico de apendicite e consiste na elevação da perna direita, flexionando-a até 90º. O sinal é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar esse movimento, visto que o músculo obturador fica próximo ao apêndice cecal. Sinal de Giordano é positivo quando se tem dor à punho percussão das lojas renais, o que sugere pielonefrite. Sinal de Courvoisier-Terrier define-se porvesícula biliar palpável e indolor em paciente ictérico. Os pacientes com sinal de Courvoisier-Terrier geralmente são idosos (> 60 anos) que, além da icterícia e massa palpável indolor no hipocôndrio direito (correspondente a vesícula biliar), costumam apresentar quadros de vômitos, náuseas, perda ponderal, prurido, febre e poucos casos sangramentos gastrointestinais. Sinal de Torres-Homem – dor intensa, despertada pela percussão abdominal de áreas da zona de projeção do fígado, feita com as pontas dos dedos reunidas: indicativo de abscesso hepático, amebiano ou bacteriano. – O exame proctológico compreende quatro etapas: inspeção da região anossacrococcígea, toque retal, anuscopia e retossigmoidoscopia, sendo este último um exame complementar que exige equipamento e preparo especial. O paciente deve ficar em uma posição que permita boa visualização da região e fácil manuseio dos aparelhos usados na endoscopia. Duas são as posições usadas no exame proctológico: posição lateral de Sims e genupeitoral. A POSIÇÃO LATERAL DE SIMS consiste no decúbito lateral direito ou esquerdo com as pernas fletidas sobre o abdome. Na POSIÇÃO GENUPEITORAL, também chamada de POSIÇÃO DE PRECE MAOMETANA, o paciente ajoelha-se na extremidade da mesa de exame, flexiona o tórax de modo a apoiá-lo na mesa, faz uma torção do rosto para a direita ou para a esquerda e estende os braços. Esta posição pode ser ligeiramente modificada, a fim de dar maior comodidade ao paciente, orientando-o a apoiar o ombro direito ou esquerdo na mesa, em vez de fazê-lo com o tórax. As duas posições têm vantagens e desvantagens: a posição lateral de Sims, embora proporcione maior comodidade, tanto para o examinador como para o paciente, apresenta o inconveniente de dificultar um pouco o exame endoscópico. A posição genupeitoral é menos cômoda para os pacientes, principalmente para os do sexo feminino, por aumentar o constrangimento, porém dá uma boa visualização da região; pelo fato de o paciente fazer flexão do tórax, os órgãos localizados na cavidade pélvica são como que estirados, facilitando sobremaneira o exame endoscópico. Nos pacientes muito idosos, nos cardíacos descompensados ou com problemas articulares, não há outra maneira de fazer o exame a não ser na posição de Sims. Com a ajuda do foco de luz adequado (fotóforo), obtém-se boa visualização da região anossacrococcígea. Em seguida, com o auxílio das duas mãos, espalmadas em ambas as nádegas, a região anal é delicadamente entreaberta, possibilitando a visualização do início do canal anal. A inspeção deve ser cuidadosa, pois muitas vezes o diagnóstico pode ser definido nesta etapa do exame, pela visão direta da lesão. Os principais dados são: tumorações (trombose hemorroidária externa é a mais comum), – abscessos da região perianal, lesões tumorais que prolabam para fora do ânus (pólipo e neoplasias do canal anal), fissura anal, plicomas, condilomas, orifício externo de fístula, prolapso do reto. Pode-se lançar mão de uma lupa a fim de melhor visualizar as alterações que poderiam passar despercebidas a olho nu (piodermites provocando prurido anal, por exemplo). À inspeção, o canal anal deve mostrar-se fechado pela força dos esfíncteres. Ao se fazer ligeira pressão com as mãos, entreabrindo-o, verifica-se que, ao deixar de forçá-lo, ele se fecha completamente. Em algumas ocasiões pode-se encontrar a chamada inversão do reflexo anal. Para caracterizá-la, repete-se a manobra anterior. Havendo inversão do reflexo, em vez de fechamento, observa-se a abertura do canal anal quando se deixa de forçá-lo. Esta inversão do reflexo obriga-nos a pensar na possibilidade de prolapso retal, inflamação do canal anal e prurido anal. Exame dos mais importantes na propedêutica coloproctológica, deve ser incluído no exame físico de todo paciente adulto que procura um médico, principalmente nos de faixas etárias acima de 50 anos de idade. ➢ Estando o dedo indicador da mão direita protegido com luva, lubrificado com vaselina ou, eventualmente, com xilocaína, inicia-se o exame com ligeira massagem no introito do canal anal, para que o paciente relaxe um pouco o estojo esfincteriano. A introdução do dedo no canal deve ser feita com delicadeza, procurando-se, durante a manobra, fazer o paciente participar do exame. Para isto o médico vai relatando o que vai fazer (“vou introduzir o dedo no ânus…”, “não vai doer…”). O maior diâmetro do canal anal é no sentido anteroposterior. Por conseguinte, deve-se usar este conhecimento ao introduzir o dedo, colocando-o na posição lateral. Após vencer a barreira do esfíncter, faz-se, com manobras de rotação do dedo, o exame de todo o canal anal. Primeiramente, deve-se tocar a face anterior do canal anal, onde se localiza a loja prostática no homem e o relevo vaginal da mulher. Aumento do tamanho da próstata é facilmente detectado. Os movimentos rotatórios do dedo permitem sentir as alterações do relevo do canal. Em condições normais, o canal anal e o início do reto apresentam paredes lisas, sem qualquer rugosidade. Qualquer massa que se conseguir tocar obriga o médico a aprofundar a avaliação semiológica por meio da anuscopia, terceira etapa do exame proctológico. Qualquer endurecimento deve levar-nos a pensar em massa tumoral, pois pode tratar-se de uma neoplasia localizada nessa região. Sangramento originado no canal anal é facilmente detectado pelo toque ao se observar a luva recoberta por sangue.
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