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Porque existem crianças inseguras na Educação Física? - Blog da Educação Física
Porque existem crianças inseguras na Educação Física?
 Postado em Mai 24, Publicado por Inara da Silva Santos Categoria Educação Física Escolar
 
 
 
Segundo um grande educador, Janusz Korczak, os pais temem a morte dos filhos e por isso
não deixam que eles vivam. Esta idéia, apesar de ter mais de 5 décadas e parecer uma
expressão muito pes
ada, continua atualíssima. A insegurança dos filhos é gerada pela superproteção dos pais.
 
É muito comum, principalmente nas aulas de Educação Física nos deparamos com crianças
que se acham incapazes de realizar determinada tarefa e simplesmente não fazem, sequer
tentam. Alguns pedem para ir ao banheiro, outros tentam desviar a atenção do professor
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tumultuando a aula, há aqueles que dizem que estão cansados ou com qualquer tipo de dor e
ainda há crianças que simplesmente têm crises de choro ou pânico dizendo que não sabem
fazer. Do meu ponto de vista isso é muito grave e infelizmente é uma realidade na educação
infantil e séries iniciais do ensino fundamental, especialmente em instituições privadas. Claro
que sempre há exceção para tudo, mas no decorrer da minha experiência com crianças com
idades entre 2 e 7 anos foi possível detectar esse tipo de comportamento num público
específico.
 
Crianças de baixa renda, na maioria dos casos, não são superprotegidas, por exemplo, no que
diz respeito à alimentação de um bebê com idade até 12 meses, as superprotegidas só podem
comer aquilo que o pediatra permite, nada de doces ou pão, nada de leite de caixinha, frutas
verduras e legumes desde que se conheça a sua procedência com garantias de que não há
agrotóxicos. Na parte disciplinar, geralmente, se uma criança dessas faz algo errado o ato é
ignorado e a criança não é repreendida, enquanto que as crianças das chamadas creches
comem e bebem o que tem, o que o restante da família consome. 
 
Não digo que isso seja adequado, pelo contrário, mas é a chamada lei da sobrevivência. Estas
crianças costumam estar dispostas para qualquer coisa, especialmente quando surge um (a)
“tio (a) da educação física”, com aquelas cordas e bolas e todas aquelas brincadeiras que para
“outras crianças” possa parecer um pouco ameaçador ou perigoso.  Estas “outras crianças”
quando estão com 3 ou 4 anos de idade têm medo de segurar uma colher, precisam dos pais,
que se sentem super úteis, para dar a comida na boca, mal sabem eles que estão privando os
filhos de ganhar autonomia e que atitudes como esta podem influenciar negativamente na sua
aprendizagem.
 
Na verdade, independente do tipo de instituição escolar, encontraremos crianças com variados
comportamentos, mas aquelas que se apresentam inseguras.
 
Para alguns profissionais da área de educação pode até parecer que seja manha por parte das
crianças, mas não, elas sofrem com isso. 
 
Imagine-se vendo todos os seus colegas aprendendo a fazer uma estrela, na aula de educação
física e você, com medo de fracassar na frente de todos, lembra que nunca tentou fazer,
ninguém nunca lhe ensinou e alguém da sua família disse que é perigoso que o sangue vai
para cabeça e que ela pode até explodir, além disso e se eles rirem de você? E se você se
machucar o que seus pais irão pensar de você e da aula de educação física? 
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Enfim, é mais fácil fugir, pedir para ir ao banheiro ou dizer que está com dor de cabeça e como
há muitos alunos para o professor se preocupar você irá passar despercebido. É assim que
alguns de nossos alunos se sentem.
 
Há outras crianças que imitam aquelas que são mais populares ou mais espertas, é comum
que estas crianças não saibam brincar. E como é que pode, uma criança não saber brincar?
 
 Não pode, mas infelizmente acontece.
 
Nas aulas com jogos e atividades livres estas crianças são incapazes de criar, de entrar no
simbólico, para elas tudo precisa ser muito estruturado e é necessário ter alguém que diga o
que fazer. Muitas vezes as crianças se tornam expectadoras e tentam vivenciar o brincar
através do outro. E isso não é bom, bom é brincar com o outro.  Este pode ser o primeiro sinal
de alerta para pais e educadores, crianças pequenas em idade pré-escolar que não sabem
brincar, apenas pegam os brinquedos e entregam para um adulto ou outra criança e ainda
dizem assim: “Brinca!” Para muitos, isso não quer dizer nada, mas é essa criança que aos 6
anos irá inventar alguma desculpa para não fazer o que toda criança deveria: se movimentar
ao extremo, arriscar saltando mais de um degrau das escadas, correr atrás de alguém que
pegou algo que é seu ao invés de ficar choramingando, aprender que errar não é ruim, que
preocupações são coisas para adultos.
 
A intervenção do educador é muito importante no desenvolvimento destas crianças inseguras e
para o professor de educação física fica mais fácil auxiliar nesta questão, quem pode ser mais
motivador na escola? Quem é que as crianças costumam abraçar até derrubar no chão?
 
É preciso que os professores troquem informações sobre essa criança identificando o seu
comportamento nas aulas e criando estratégias que valorizem nesta criança suas qualidades, é
preciso acreditar que ela é capaz para poder convencê-la de que isso é verdade. 
 
A coordenação motora global é a nossa maior aliada, mas quando há crianças com este
aspecto comportamental é bom evitar jogos competitivos onde tenha que haver um vencedor,
deixar que as crianças escolham as suas equipes pode não ser uma boa idéia, porque sempre
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há aquele que ficará por último, aquele que ninguém quer... Saber o nome das crianças é
fundamental, é preciso reconhecê-las como indivíduos que são. 
 
Quando alguma criança não quiser participar da atividade não comemore pensando: Ahh! É
menos um. 
Pelo contrário demonstre o quanto ela faz falta na atividade, faça com que ela faça parte do
grupo, do contexto, adapte a atividade a essa criança. 
 
É difícil, eu sei, mas não é impossível e além disso você professor(a) tem cerca de 10 meses
do ano letivo para fazer o mínimo que é contribuir, significativamente, para o desenvolvimento
dos seus alunos.
 
 
 
 
TAGs: desenvolvimento , Educação Física , escola , insegurança , professor
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