Buscar

2ª PROVA DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO RESUMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�1
2ª PROVA DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO - RESUMO 
Conteúdo da Prova 
- elementos de conexão - competência 
- cooperação jurídica internacional 
- Temas de família - adoção internacional(Haia), alimentos (NY), sequestro (Haia) 
- ordem pública 
- arbitragem 
STJ é o competente para homologar sentença estrangeira. 
Institutos Básicos 
 Regra geral do DIPr – juiz deverá aplicar a norma indicada pela lex fori (no Brasil, a regra 
indicada pelo direito brasileiro, em geral, encontraremos indicação da regra na LINDB). Mas, há 
institutos que podem determinar a forma pela qual uma norma indicativa ou indireta incidirá ou não 
sobre um caso concreto de conflito de leis no espaço: 
• Qualificação; 
• Ordem Pública; 
• Reenvio; 
• Direito adquirido. 
Qualificação 
 Ato pelo qual é delimitado o objeto de conexão, ou seja, o instituto ao qual se referirá um 
elemento de conexão. Por ser anterior a escolha da norma aplicável é também referida como 
qualificação prévia. Requer a conceituação e a classificação de um instituto jurídico. 
 Depois de realizada a qualificação, o juiz examinará a instituição qualificada à luz dos 
respectivos elementos de conexão, para então determinar a norma nacional aplicável a um caso de 
conflito de leis. A qualificação atinge o objeto de conexão da norma indireta ou indicativa, e 
não seu elemento de conexão. 
 Existem três teorias de qualificação.A teoria das qualificações pela lex fori entende que o 
juiz deve qualificar o instituto nos termos de seu próprio ordenamento. A teoria da qualificação pela 
lex causae defende que o instituto deve ser qualificado à luz da lei estrangeira, que deveria ser 
aplicada tão integralmente como é concebida no ordenamento de origem. Teoria da qualificação por 
referência a conceitos autônomos e universais. O Brasil adota predominantemente a teoria das 
qualificações pela lex fori. 
Ordem Pública 
 Refere-se aos aspectos fundamentais de um ordenamento jurídico e da própria estrutura do 
estado e da sociedade. Abrange as noções de soberania e de bons costumes. A incompatibilidade da 
norma estrangeira aplicável a um conflito de leis do espaço com a ordem pública impede a sua 
incidência. 
Reenvio 
 É o instituto pelo qual o DIPr de um estado remete às normas jurídicas de outro estado, e as 
regras do DIPr deste indicam que uma situação deve ser regulada ou pelas normas de um terceiro 
estado ou pelo próprio ordenamento do primeiro estado. Reenvio é retorno, remissão, devolução, 
opção. É o ato pelo qual o juiz nacional ou volta ao seu próprio Direito ou vai a um terceiro Direito, 
�2
acompanhando a indicação feita pelo DIPr da jurisdição cuja legislação consultara de acordo com a 
norma de DIPr de seu país. 
 Reenvio de primeiro grau – ordenamento jurídico do Estado A indica a ordem jurídica do 
Estado B como aplicável a um caso, e o Direito deste Estado B determina como incidente na 
situação a ordem jurídica do Estado A. Reenvio de segundo grau – O DIPr do Estado A determina a 
aplicação do ordenamento jurídico do Estado B, e a ordem jurídica do Estado B manda aplicar o 
direito do Estado C. O Brasil não permite o reenvio em nenhum grau. 
Direito Adquirido 
 É aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a sua aquisição e que, 
uma vez obtido, não pode ser retirado. O direito adquirido sob a égide de um ordenamento jurídico 
estatal acompanha a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido, sem o que restaria desrespeitada 
a própria soberania do Estado onde o indivíduo obteve esse direito. 
Imaginem que as pessoas tivessem que cumprir com procedimentos de novo reconhecimento de 
direito que já possuem quando se deslocassem entre Estados? Seria extremamente burocrático. 
Exceção – se o direito adquirido ofender a ordem pública. Ex. no Brasil – casamento 
poligâmico. 
Aplicação do direito estrangeiro 
 O Direito aplicável às relações humanas é o Direito interno do Estado onde elas têm lugar, 
que é composto pelas normas nacionais como pelos tratados dos quais o Estado faça parte. 
Entretanto, o Direito estrangeiro pode excepcionalmente gerar efeitos em outro Estado, quando 
permitido pela ordem jurídica interna ou pelos tratados pertinentes. Para definição da norma a ser 
aplicada, o juiz deve decidir em conformidade com a lex fori. É o ordenamento interno que 
determina qual a norma, nacional ou estrangeira, resolverá um conflito de leis no espaço. O direito 
estrangeiro não poderá ser aplicado quando ferir a ordem pública, a soberania nacional ou os bons 
costumes. 
 O juiz exerce a jurisdição com o dever de aplicar a norma de ofício aos casos que examina, 
por presumivelmente ter pleno conhecimento do ordenamento pátrio. Todavia, a aplicação do 
direito estrangeiro pode ser problemática já que o juiz não é obrigado a conhecer o Direito de outro 
Estado. Assim, é possível que haja a necessidade de provar a existência da norma estrangeira no 
curso do processo, o que ocorrerá se o juiz não conhecer o preceito do outro Estado. 
 A verificação e a prova do Direito estrangeiro regem-se pela lex fori. 
Meios que podem comprovar a existência da norma estrangeira = doutrina estrangeira e de Direito 
comparado, pareceres de juristas, publicações oficiais que contenham o texto legal, institutos 
especializados, cartas rogatórias etc. Brasil ratificou a Convenção Interamericana sobre Prova e 
Informação acerca do Direito Estrangeiro – Convenção de Montevidéu (1979, ratificada em 1996) – 
regula a cooperação entre os Estados americanos para a obtenção de elementos de prova e de 
informação a respeito das suas ordem jurídicas. Há outros não ratificados pelo Brasil: Conferência 
de Haia. 
 O Brasil também é parte no Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria 
Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa (Protocolo de Las Leñas, ratificado em 1996) – 
regula a verificação e a prova do Direito estrangeiro entre os Estados-membros do MERCOSUL. 
Interpretação do Direito Estrangeiro 
 Existem três correntes doutrinarias acerca da aplicação do direito estrangeiro. Aplicação da 
norma estrangeira de ofício, não excluindo a possibilidade de que o juiz exija que as partes 
contribuam para provar a existência da norma estrangeira ou de que determine que se realizem 
�3
diligências voltadas a apurar o conteúdo e vigência do preceito de outro Estado. Somente as partes 
do processo podem alegar e provar o Direito estrangeiro. Cabe ao magistrado estabelecer como 
deve ser aplicada a norma oriunda de outro Estado. 
 No Brasil, o juiz pode aplicar o direito estrangeiro de ofício, ainda que as partes não a 
invoquem, e pode requerer a colaboração das partes para apurar o conteúdo da norma. Ao final, 
caso o juiz não conheça a norma, ou não sendo sua existência e conteúdo devidamente 
comprovados, poderá aplicar o Direito brasileiro. 
 Doutrina: o juiz deve interpretar a norma estrangeira seguindo a doutrina e a jurisprudência 
estrangeiras, aplicando-se a norma, com o sentido que tem no ordenamento de origem. 
Eventualmente, o Direito estrangeiro pode ser adaptado às circunstâncias nacionais. Um instituto 
não existente no Brasil pode ser aqui aplicado por meio de instituto semelhante, encontrado no 
Direito brasileiro. Instituto da adaptação. Ex.: aplicado aos divorciados no exterior, antes da Lei do 
Divórcio, aos quais era concedido, em território brasileiro, o desquite. 
 O direito estrangeiro, quando aplicável, equipara-se às leis ordinárias. Assim, as normas 
estrangeiras podem ser objeto de controle incidental de constitucionalidade [ordem pública]. 
[controle direito não é possível]. As partes poderão recorrer, sempre que possível ao longo do 
processo, em razão de interpretação errônea ou aplicação indevida de um lei de outro Estado. 
Objetos de Conexão e Elementos de Conexão 
Objeto de conexão: matéria tratada pela norma: casamento, domicílio, capacidade civl… 
Elementode conexão: fator que determina qual a norma nacional aplicável a conflito de lei no 
espaço que envolva um determinado objeto de conexão, ou seja, algum tema de interesse jurídico. 
 Tipos de elementos de conexão: pessoais (nacionalidade, domicilio e residência), reais 
(localização do bem), conductistas (local de celebração e ou de execução de contrato e autonomia 
das partes). 
 A lex fori – lei do Estado – é que define quais os elementos de conexão. Os tratados, que 
também podem definir os elementos, só têm essa capacidade por terem sido aceitos pelo Estado e 
por fazerem parte de seu ordenamento jurídico. Como são fixados pela lex fori, é muito possível 
que diferentes Estados apliquem elementos de conexão distintos para as mesmas situações. 
Elementos de Conexão 
 O estatuto pessoal de domicilio (lex domicilli) é o principal elemento de conexão adotado 
no Brasil. Por esse criterio aplica-se aos conflitos de lei a norma do domicilio de uma das partes. 
Objeto de conexão Elemento de conexão
Matéria ou instituto 
jurídico ao qual se refere 
a norma. Ex.: direito de 
família, obrigações etc.
Critério que determina o 
direito aplicável à 
matéria (ao objeto de 
conexão). Ex.: domicílio, 
nacionalidade, lex fori.
�4
 Domicílio X Residência – domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume 
presente para efeitos de direito. É o lugar pré-fixado pela lei onde a pessoa presumivelmente se 
encontra. Residência - é uma situação de fato. Domicílio da Pessoa Natural é o lugar onde a pessoa 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. A residência é, portanto, um elemento do conceito 
de domicílio, o seu elemento objetivo. O elemento subjetivo é o ânimo definitivo. 
 "O domicílio da pessoa física será determinado pelas circunstâncias discriminadas na 
seguinte ordem: 
1. O local de sua residência habitual; 
2. O local de seu principal lugar de negócios; 
3. Na ausência dos dois fatores acima, o lugar de sua residência; 
4. Na ausência de sua residência, o lugar onde a pessoa se encontrar. 
 A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. […] Tendo os nubentes domicílio 
diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. O 
regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, 
e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
 A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto 
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. A lei do domicílio do 
herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. 
 Pelo elemento de conexão da nacionalidade, lex patriae, aplica-se aos conflitos de leis no 
espaço a norma do Estado do qual a pessoa é nacional. No passado foi o elemento de conexão 
predominante. Na medida em que muitas pessoas passaram a possuir mais de uma nacionalidade, 
aumentando a possibilidade de conflitos. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante 
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
A Lex fori é a lei do lugar do foro, norma do lugar onde se desenvolve a relação jurídica. É uma 
regra do DIPr. Critério que incide quando o Direito estrangeiro não puder ser aplicado ou não for 
verificável. 
A Lex rei sitae, norma do lugar onde está situada a coisa, é o objeto de conexão no caso do regime 
de bens. É parâmetro aplicável aos bens imóveis e aos bens móveis de situação permanente. Os 
conflitos de leis relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da territorialidade. Critério 
aplicável somente aos bens corpóreos, não abrangendo, por exemplo, os direitos da propriedade 
imaterial e os créditos obrigacionais. 
A Lex loci delicti comissi, lei do local de comissão do ilícito, refere-se às obrigações extra-
contratuais que induzem à responsabilidade civil pela prática de atos ilícito. Ex. questões relativas à 
poluição ambiental, concorrência desleal. 
A lex loci executionis/solutionis determina a aplicação da norma do local de execução de um 
contrato ou de uma obrigação. 
O lugar da constituição das sociedades e fundações 
 Elemento de conexão: lex societatis – lei do local de constituição da sociedade, fundação ou 
associação. Outros elementos de conexão, diferentes do Brasileiro: lei do país de nacionalidade dos 
principais sócios ou da maioria do capital social e do capital votante; lei da nacionalidade dos 
�5
administradores e diretores; lei do Estado em que o capital social tenha sido subscrito ou o 
patrimônio tenha sido afetado. 
 Regra relevante para a delimitação da competência do juiz brasileiro sobre a pessoa jurídica 
de direito estrangeiro, tendo como referencial a qualificação dada pela lex fori e a aplicação do 
direito material daquele ordenamento jurídico sob o qual a sociedade, associação ou fundação 
tenham sido constituídas. 
 O fato de o legislador estabelecer o requisito da autorização para funcionamento da pessoa 
jurídica de direito estrangeiro no Brasil não significa a perda da nacionalidade do ente coletivo. A 
sujeição ao direito doméstico aplica-se aos atos ou operações que a pessoa jurídica passe a realizar 
no território brasileiro. Assim, não se constitui uma nova pessoa jurídica. Pode ser solicitada uma 
autorização para funcionamento. [aprovação dos atos constitutivos]. 
 A sujeição ao direito doméstico aplica-se somente aos atos ou operações que a pessoa 
jurídica passe a realizar no território brasileiro. Assim, fica condicionado o exercício das atividades 
operacionais da empresa estrangeira no Brasil, resguardando, contudo, seu status de pessoa jurídica 
constituída sob as leis de outro Estado. 
Aquisição de bens imóveis por Estados e OIS 
 No que respeita à aquisição de bens imóveis no território nacional por sujeitos de DIP - 
Estados e OIs -, a regra geral é a proibição dos Estados e OIs de adquirir imóveis em território 
nacional. Incluem-se as entidades ou organizações constituídas e dirigidas por governos 
estrangeiros – autarquias, institutos de previdência, etc. [Art. 11, § 2º da LINDB] 
 A regra geral se flexibiliza em função da necessidade de prédios destinados às embaixadas e 
consulados no Brasil. [art. 11, § 3º da LINDB] – Expressão do princípio de DIP sobre a proteção do 
exercício das atividades diplomáticas e consulares pelos Estados e garantia de sua manutenção nos 
território domésticos. 
 Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961; e Convenção de Viena sobre 
Relações Consulares, de 1963 [ratificadas pelo Brasil] - consideram a titularidade de bens imóveis 
como fundamento para a inviolabilidade dos prédios e edifícios destinados às missões diplomáticas, 
embaixadas e consulados dos Estados. 
Domicílio 
 Convenção Interamericana sobre Domicílio das Pessoas Físicas no DIPr, de 1979 [Brasil 
não a ratificou, então só pode ser utilizada como inspiração (material) para aplicação do art. 7º da 
LIDB], trouxe critérios: 
a. O local da residência habitual; 
b. O local do centro principal de negócios; 
c. O local de simples residência; 
d. O local em que se encontrar a pessoa, não sendo possível constatar a simples residência. 
 Exceção - nacionalidade: O direito brasileiro ressalva a determinação do direito aplicável à 
capacidade da pessoa física que seja parte em relações jurídicas de direito cambiário – quando ela se 
obrigue ao pagamento de letras de câmbio, cheques ou notas promissórias. Neste caso (títulos de 
crédito), o elemento para solução do conflito de leis no espaço para determinar a lei aplicável à 
capacidade do credor ou devedor cambiários será a nacionalidade > convenções sobre Conflito de 
Leis em Matéria de Letras de Câmbio e Notas Promissórias (1930) e em Matérias de Cheque (1931) 
[ambas ratificadas em 1966]. 
�6
 Lei do local de domicíliopara casos envolvendo estado, capacidade das pessoas e direitos de 
família [alterou a previsão de 1916, que era a lei de nacionalidade] – países receptores de ondas 
imigratórias, de força de trabalho, de alocação de capitais e investimentos. A lei do país em que 
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família. 
 
 Estado da pessoa: totalidade dos atributos que integram sua individualidade jurídica e aos 
quais o ordenamento reconhece ou confere determinados direitos, impondo, igualmente, deveres 
jurídicos. Alcança situações envolvendo idade, sexo, posição social, e normalmente é objeto de uma 
disciplina jurídica que indica as condições de aquisição e exercício dos direitos. O Estado da pessoa 
determina quantitativa e qualitativamente os direitos e as obrigações que a ela são atribuídos 
(Maristela Basso). 
 Capacidade: aptidão de uma pessoa para exercer certos direitos e realizar negócios 
jurídicos. Importante para determinar se a pessoa é capaz ou incapaz para realizar atos da vida 
privada. É a partir da capacidade que a pessoa está legitimada a exercer direitos e contrair 
obrigações. 
 Direito Civil estabelece disciplina especial para o tratamento do casamento, prevendo 
determinadas formalidades a este ato, com o objetivo de assegurar que os nubentes estejam livres de 
impedimentos que inquinariam de nulidade a declaração de vontade manifestada. Assim, por 
exemplo, deve haver “capacidade nupcial” de ambas as partes. Há um processo de habilitação ao 
casamento, em razão dos efeitos socialmente relevantes que dele decorre. 
 Lei do local de celebração do casamento [lex loci celebrationis]. Seguindo a lógica, 
realizando-se o casamento no estrangeiro, será aplicada a lei do local de celebração quanto aos 
impedimentos dirimentes e as formalidades da celebração. 
 Respeito ao princípio do direito adquirido: toda relação matrimonial constituída no 
exterior, em conformidade com a forma estabelecida pela lei do local de celebração do casamento, 
será reconhecida como válida no ordenamento brasileiro, salvo nos casos em que o ato realizado 
violar a ordem pública ou fraudar a lei nacional, o que se constata pela não observância dos 
impedimentos estabelecidos em lei. [Ex.: necessidade de dissolução de casamento anterior; graus de 
consanguinidade ou afinidade;] 
 Regra alternativa à lex loci celebrationis – consagra indiretamente a lei da nacionalidade dos 
nubentes como regra de conexão ao determinar a lei aplicável ao casamento celebrado por 
autoridades diplomáticas ou consulares. Os estrangeiros, quando em trânsito no Brasil, podem 
recorrer às missões diplomáticas e consulados de seu Estado de origem, para que esses celebrem o 
seu casamento. Se um dos nubentes ou ambos for brasileiro, as autoridades consulares e 
diplomáticas não poderão realizar o casamento no Brasil. 
 O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será 
reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de 
separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, 
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior 
Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do 
interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de 
divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. No Brasil, serão 
homologadas sentenças de divórcio proferidas no estrangeiro, produzindo efeitos patrimoniais no 
território brasileiro. 
�7
O lugar da situação do bem 
 Elementos de conexão utilizado no DIPr para determinar a lei aplicável e a disciplina 
jurídica dos bens, entendidos como o conjunto de coisas móveis e imóveis passíveis de serem 
protegidas por direitos proprietários. Brasil: Lei do local da situação do bem – princípio da 
territorialidade. Um imóvel situado no Brasil terá seus contornos e regularização determinados pelo 
direito brasileiro, em especial, pelas normas de direitos reais previstas no Código Civil de 2002. 
Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que 
estiverem situados. 
 Além disso, deve-se considerar a competência internacional do juiz brasileiro para apreciar 
litígios envolvendo bens imóveis situados em território nacional. LINDB Art. 12. É competente a 
autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser 
cumprida a obrigação. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a 
imóveis situados no Brasil. 
 Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao 
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional. 
 Excluiu-se também a jurisdição brasileira para conhecer de ações quando o imóvel está 
situado em outro país. Somente serão reconhecidas no Brasil aquelas decisões proferidas em outros 
países se a competência do juiz brasileiro não tiver sido prejudicada pela demanda proposta em 
outra jurisdição. 
Navios, aeronaves e embarcações: 
 Bens móveis de natureza especial, tais como os acima listados, pela tendência de circulação 
transfronteiriça e pela pouca vocação à fixação em determinado território, são disciplinados pela lei 
de seu abandeiramento ou de matrícula, isto é, a lei do local em que tenha sido efetuado o registro 
dos direitos proprietários sobre a coisa. 
 Lei do local da bandeira – lei do pavilhão. É esse direito que determina a qualificação e a 
disciplina jurídica aplicável às relações proprietárias sobre o bem, em particular quanto às formas 
de aquisição, exploração comercial e a transferência dos direitos decorrentes do registro. 
Direito de família 
adoção 
 Adoção Internacional: é aquela pleiteada por pessoa ou casal domiciliado fora do país, o que 
implicará o deslocamento definitivo da criança ou do adolescente para o país de acolhida. A forma 
do ato é regida pela lei do lugar onde é praticado (locus regit actum), e os efeitos da adoção são 
regulados pela lei do Estado do adotante. Como o ato acaba envolvendo necessariamente dois 
ordenamentos, há instrumento internacional específico – a Convenção sobre Cooperação 
Internacional e Proteção de Crianças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional (1993). A 
adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais 
habilitados à adoção, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil. 
�8
 Convenção sobre Direitos da Criança (ONU, 1989): Artigo 21 - Os Estados Partes que 
reconhecem ou permitem o sistema de adoção atentarão para o fato de que a consideração 
primordial seja o interesse maior da criança. Dessa forma, atentarão para que: 
• a adoção da criança seja autorizada apenas pelas autoridades competentes, as quais 
determinarão, consoante as leis e os procedimentos cabíveis e com base em todas as informações 
pertinentes e fidedignas, que a adoção é admissível em vista da situação jurídica da criança com 
relação a seus pais, parentes e representantes legais; 
• a adoção efetuada em outro país possa ser considerada como outro meio de cuidar da criança, 
no caso em que a mesma não possa ser colocada em um lar de adoção ou entregue a uma 
família adotiva ou não logreatendimento adequado em seu país de origem; 
• a criança adotada em outro país goze de salvaguardas e normas equivalentes às existentes 
em seu país de origem com relação à adoção; 
• todas as medidas apropriadas sejam adotadas, a fim de garantir que, em caso de adoção em 
outro país, a colocação não permita benefícios financeiros indevidos aos que dela participarem; 
• quando necessário, promover os objetivos do presente artigo mediante ajustes ou acordos 
bilaterais ou multilaterais, e envidarão esforços, nesse contexto, com vistas a assegurar que a 
colocação da criança em outro país seja levada a cabo por intermédio das autoridades ou 
organismos competentes. 
 A Convenção parte da noção de que a criança deve crescer em meio familiar, em clima de 
felicidade, de amor e compreensão. Assim, a adoção internacional pode ser uma oportunidade de 
dar uma família permanente à criança que não pode encontrar uma família adequada no seu país de 
origem. A Convenção estabelece medidas para garantir que as adoções internacionais sejam feitas 
no interesse superior da criança e com respeito a seus direitos fundamentais, bem como para 
prevenir a venda ou tráfico de crianças e ilícitos correlatos, como o tráfico de órgãos e a exploração 
sexual de menores de 18 anos. Estabelece também o reconhecimento das ações realizadas segundo a 
convenção, nos Estados signatários. 
 Brasil – Autoridade Central Federal – Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (SEDH); e 
Autoridades Centrais no âmbito dos Estados e do DF – Comissões Estaduais Judiciárias de Adoção. 
No Brasil, há ainda o Programa Nacional de Cooperação em Adoção Internacional, e também há o 
Conselho das Autoridades Centrais Administrativas Brasileiras. As Autoridades Centrais devem 
cooperar entre si e promover a colaboração entre as autoridades competentes de seus respectivos 
Estados, com intuito de assegurar a proteção das crianças e alcançar os objetivos da Convenção 
[intercâmbio de informações, cooperação para remover obstáculos para aplicação da Convenção, 
combate a práticas proibidas em um processo de adoção internacional e acompanhamento dos 
processos. 
 A adoção de um estrangeiro realizada por brasileiro concede ao adotado a condição de 
brasileiro nato, por não se admitir qualquer tratamento discriminatório entre o filho natural e o 
adotado. [ECA - Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os 
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à 
filiação.] Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de 
adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. 
alimentos 
 Situação delicada de pessoas que dependem de pensão alimentícia fornecida por quem vive 
em outros países [dificuldade de solicitar ou executar obrigações de caráter alimentar no exterior]. 
Tratados foram firmados com o objetivo de facilitar a cobrança e o cumprimento de obrigações 
alimentares, quando o alimentante e o alimentando vivem em países diferentes. Mas, como no caso 
�9
da adoção (e de matérias em Direito de Família), o ordenamento interno terá muita relevância. Se o 
Estado não for parte em nenhum tratado, rege-se por cartas rogatórias, os pedidos de cooperação. 
 Convenção de Nova Iorque sobre cobrança de alimentos no estrangeiro, de 1956: objetivo 
de facilitar a uma pessoa, que se encontra no território de um dos Estados partes do tratado, a 
obtenção de alimentos em face de uma pessoa, que se encontra no território de outro dos Estados 
partes do tratado. Autoridades remetentes: encarregadas de encaminhar os pedidos de alimentos 
feitos em um Estado. Brasil - PGR Instituições Intermediárias: encarregadas de receber os pedidos 
de alimentos oriundos de outro ente estatal. Brasil – PGR. Pedidos de alimentos oriundos do 
exterior – Justiça Federal da capital do Estado em que residir o devedor. Lei do Estado demandado 
regerá as ações de alimentos. Homologação de sentença estrangeira que condena ao pagamento de 
pensão alimentícia – STJ. 
 Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar, de 1989 (Convenção de 
Montevidéu): A obrigação alimentar e as qualidades de credor e de devedor de alimentos serão 
reguladas pela ordem jurídica que, a critério da autoridade competente, for mais favorável ao 
credor, podendo ser o Direito do Estado de domicílio do credor ou o Direito do Estado de domicílio 
do devedor. 
 Competência - juiz ou autoridade administrativa do Estado de domicílio ou residência 
habitual do credor ou do devedor; do Estado com o qual o devedor mantiver vínculos, tais como 
posse de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; ou terceiros Estados, 
desde que o demandado no processo não tenha objetado a competência. Competência para cessação, 
majoração ou redução da pensão alimentícia, somente as autoridades que tiverem conhecido de sua 
fixação. 
Sequestro 
 Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças (Convenção de 
Haia), 1980 [ratificada em 2000]. Objetivo: combate ao problema da transferência e da retenção 
ilícita de crianças em outro país, violando os direitos de guarda. Fundamento: necessidade de 
proteger os interesses superiores da criança contra os efeitos prejudiciais que possam resultar da 
mudança de domicílio ou da retenção ilícitas, que ocorrem quando uma criança é levada 
indevidamente do país onde normalmente vive para outro, normalmente por um dos genitores. 
Como? Mediante medidas administrativas e judiciais, voltadas a promover a restituição de crianças, 
ilicitamente transferidas do país de residência habitual para outro país. [Respeitar os termos da 
guarda estabelecidos em um processo judicial ou decorrentes da convivência das crianças com um 
ou os dois genitores]. 
 Princípio do maior interesse da criança. A presunção de retorno da criança não é absoluta, 
mas o ônus da prova da existência de exceção que justifique a permanência do menor incumbe à 
pessoa física, à instituição ou ao organismo que se opuser ao seu retorno. Ademais, uma vez 
provada a existência de exceção, o julgador ou a autoridade tem a discricionariedade de formar seu 
convencimento no sentido do retorno ou da permanência da criança. Limite de idade para aplicação 
- 16 anos. 
 Residência habitual – residência habitual, para fins da Convenção de Haia é aquela em que 
a criança tinha as suas raízes, estava vivendo em caráter de permanência. E, segundo a referida 
Convenção, é a Lei desse Estado soberano que deve decidir as questões relativas à guarda dos 
menores. É irrelevante a nacionalidade da criança. 
 Para cumprir devidamente a Convenção, os Estados devem designar Autoridades Centrais 
(No Brasil, a Autoridade Central é a Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da 
República)(art. 6º), as quais cooperarão entre si para assegurar o retorno imediato das crianças 
�10
retidas ilicitamente no exterior, bem como tomar todas as medidas cabíveis para alcançar os 
objetivos do tratado, que incluem (art. 7º): 
• Localizar crianças transferidas ilicitamente; 
• Tomar medidas que previnam danos à integridade das crianças; 
• Empreender esforços para permitir a entrega amigável de crianças; 
• Trocar informações; 
• Iniciar ou favorecer a abertura de processo judicial ou administrativo que vise ao retorno da 
criança ou a regulamentação e exercício do direito de visita. 
 O Estado de residência habitual da criança e o Estado para o qual a criança foi levada devem 
fazer parte da Convenção. O interessado deve procurar a Autoridade Central do Estado de 
residência habitual da criança ou qualquer outra Autoridade Central, pedindo assistência para 
assegurar o retorno da criança ao país de onde foi retirada. A Autoridade Central que recebeu o 
pedido deve transmiti-lo à Autoridade Central do Estado onde a criança se encontra. Essa última 
deve tomaras medidas apropriadas para assegurar a entrega voluntária da criança, devendo tomar 
uma decisão a respeito desse pleito no prazo de até 6 semanas após apresentação do pleito. No 
Brasil, caso haja dificuldade para o retorno em termos amigáveis, a Autoridade Central brasileira 
encaminhará o caso à AGU, para que esta tome as medidas cabíveis para promover a devida ação 
judicial. 
 Neste caso, a competência será da Justiça Federal, visto que a ação de restituição de uma 
criança a seu país de residência habitual visa a permitir que o Brasil cumpra compromissos 
assumidos em tratado internacional, razão pela qual cabe à União ajuizar o processo judicial. A 
União também atuará como assistente quando o cumprimento da Convenção de Haia for requerido, 
diretamente por um dos genitores da criança dentro de um processo judicial. [Justiça Federal]. 
Objeto em apreço – possível ilegalidade da transferência das crianças de seu país de origem e 
residência habitual. Logo, não deveriam deliberar a respeito da guarda da criança, mas sim a 
respeito do retorno da criança ao país de residência habitual, o qual é o juízo natural competente 
para julgar a guarda. 
 Mesmo quando envolve países não signatários da Convenção de Haia, a retirada de uma 
criança de seu domicílio habitual sem autorização de ambos os pais é considerada sequestro 
internacional, o que obriga a devolução imediata, para que o processo seja julgado no país de 
origem. Para a Justiça, o caso se trata de uma ação de guarda, na qual pai e mãe disputam o direito 
à companhia permanente dos filhos. Quando a Justiça define a aplicação da Convenção, o juiz não 
determina que a guarda será do pai estrangeiro, e sim que o estado anterior seja restaurado. "Essa 
restauração pode ser feita mesmo que um país não seja signatário da Convenção“. 
Ordem Pública - como limite à aplicação do direito estrangeiro 
 Ordem Pública – limite à vontade das partes em âmbito interno. 
No DIPr – pode impedir a aplicação do Direito estrangeiro, a homologação da sentença estrangeira, 
e o reconhecimento de atos realizados no exterior. Relatividade/instabilidade: varia no tempo e no 
espaço. Contemporaneidade: o aplicador da lei deve atentar para o estado da situação à época do 
julgamento. 
Por muito tempo, entendeu-se que a lei estrangeira indicada pelas regras de DIPr não poderia ser 
aplicada se a correspondente norma do direito interno fosse uma “lei de ordem pública”. 
Determinada leis internas eram leis obrigatórias, cogentes, mandamentais, e outras supletivas ou 
permissivas. Atualmente, não se admite a lei estrangeira para permitir a celebração de núpcias 
bígamas em nosso meio. Mas, não se oporá a conceder certos direitos decorrentes deste tipo de 
casamento celebrado no exterior, como, por exemplo, o pleito de alimentos pela segunda esposa. 
�11
Hoje, as leis de ordem pública se identificam muito com as normas de direitos humanos. Vide: 
Maior Interesse da Mulher. Direitos garantidos constitucionalmente. 
arbitragem - método de solução de controvérsias 
 Arbitragem é o meio jurídico de dirimir conflitos nas relações de caráter privado que tenham 
conexão internacional. Pessoas naturais e jurídicas (empresas), assim como Estados e OIs, ao 
atuarem como entes privados, podem tomar parte de relações privadas com conexão internacional. 
Mecanismo de solução de litígios pelo qual as partes decidem submeter um conflito a um ou mais 
especialistas em certo tema, que não pertencem ao poder judiciário, mas cuja decisão deverá basear-
se no Direito e tem caráter vinculante. Não é meio politico, portanto. 
 vantagens: evitam conflitos de competência, alcançam maior grau de especialização 
técnica, quando necessário, em determinada matéria; rapidez nas soluções; soluções mais adequadas 
às peculiaridades de casos internacionais. Por isso, muito utilizada no campo do comercio 
internacional e dos negócios em geral. Efeitos positivos sociais: diminuem a sobrecarga de 
processos no judiciário brasileiro. 
 É regulada, em principio, por normas de Direito interno. Mas, os Estados estabeleceram 
regras uniformes visando conferir estabilidade na matéria. Os tratados nesse campo remontam ao 
Protocolo relativa à Clausulas de Arbitragem de 1923 (Protocolo de Genebra). Principal referência 
jurídica internacional é a Lei Modelo sobre Arbitragem Comercial Internacional (1985) da 
UNCITRAL, instrumento de caráter não vinculante (soft law), que vem servindo de parâmetro para 
a elaboração de tratados e de normas de Direito interno em matéria de arbitragem. BRASIL – Lei 
9.307/1996 (Lei de Arbitragem) – regula o funcionamento dos mecanismos arbitrais no Brasil, 
conjuntamente com o CPC. 
 A decisão de submeter uma controvérsia à arbitragem é feita, em geral, pelas partes em uma 
relação jurídica por meio da chamada “cláusula compromissória”, constante de contrato ou de 
documento à parte, prévios ao eventual litígio, que normalmente define os poderes dos árbitros, o 
procedimento da arbitragem e outras questões relevantes. Todavia, as partes podem submeter um 
conflito à arbitragem depois do aparecimento do litígio, por intermédio de um “compromisso 
arbitral”, feito por meio de aditivo ao eventual contrato ou de outro instrumento. Na prática, tanto a 
cláusula compromissória como o compromisso arbitral são chamados, genericamente, de cláusulas 
arbitrais ou de convenção de arbitragem. 
 Arbitragem somente pode ser empregada para dirimir conflitos que envolvam direitos 
disponíveis. O órgão julgador deve ser formado por um ou mais árbitros, em número ímpar. 
Árbitros podem ter sido escolhidos exclusivamente para conhecer de determinada controvérsia, 
formando um tribunal arbitral ad hoc, com árbitros nomeados para um caso específico, ou podem 
pertencer a uma instituição permanente, que conte com listas de árbitros colocados à disposição dos 
interessados, como câmaras de comércio e tribunais arbitrais. 
 Brasil – A submissão de uma controvérsia à arbitragem é uma faculdade das partes numa 
relação jurídica (logo não é compulsória), e será levada a cabo por meio da “convenção de 
arbitragem” (cláusula compromissória ou compromisso arbitral). Somente litígios relativos a 
direitos patrimoniais disponíveis. A escolha da arbitragem para solução de conflitos 
automaticamente exclui a possibilidade de apreciação do Judiciário [art. 267, VII do CPC e 18 da 
Lei 9.307/96]. 
 Estados partes reconhecem a validade das cláusulas arbitrais estabelecidas entre partes 
submetidas à jurisdição de Estados diferentes no tocante à matéria comercial ou a qualquer outra 
controvérsia que possa ser resolvida por meio de arbitragem, ainda que esta se processe em Estado 
distinto daquele a cuja jurisdição esteja sujeita a parte. Processo de arbitragem será regulado pela 
vontade das partes e pela lei do país em cujo território for efetuado. Cada Estado contratante se 
�12
compromete a garantir a execução das sentenças arbitrais proferidas no seu território, desde que 
estejam em conformidade com seu Direito interno. Os tribunais não conhecerão de litígios relativos 
a contratos que contenham cláusulas válidas que determinem o compromisso de submeter o conflito 
à arbitragem. O Brasil, em vista da permissão do próprio Protocolo, limitava a arbitragem a 
questões comerciais. 
 A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade 
com os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente 
de acordo com a Lei 9.307/96. Sentença arbitral estrangeira: a que tenha sido proferida fora do 
território nacional. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está 
sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça. Aplica-se à homologação para 
reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira, no que couber, as regras para 
homologação de sentença judicial estrangeira. 
Principios:Autonomia da vontade: é o meio escolhido pelas partes para solucionar seus conflitos. 
Assim, as partes têm grande margem para decidir sobre o funcionamento da arbitragem, incluindo 
as regras de direito material (direito aplicável) que serão aplicadas pelos árbitros para analisar uma 
questão; 
 Boa fé: as partes não devem dificultar a arbitragem, nem negar força vinculante ao laudo 
arbitral e deixar de cumpri-lo. 
 Devido processo legal: o processo arbitral guia-se pelas regras referentes ao contraditório e 
à ampla defesa, com todos os recursos que lhe são inerentes; 
 imparcialidade do árbitro: o árbitro não deve ter nenhum interesse pessoal na solução de 
um conflito nem favorecer qualquer das partes; 
 Livre convencimento do árbitro e motivação das decisões: o árbitro deverá apreciar 
livremente as alegações e provas fornecidas no processo, mas deverá fundamentar suas 
deliberações; 
 Autonomia da cláusula compromissória: nulidades relativas ao contrato não afetam o 
compromisso arbitral, desde que em cláusulas independentes; 
 Competência: o árbitro tem poderes para decidir acerca da existência, validade e eficácia da 
cláusula de arbitragem.

Outros materiais