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2ª Prova Cooperação

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2ª PROVA DE COOPERAÇÃO 
Cooperação Descentralizada 
 O atores de cooperação internacional são Estados, OI’s , ONG’s (sociedade civil), empresas 
e indivíduos. Há também a atuação dos entes subestatais, que constituem a paradiplomacia, ou seja, 
atividade de política externa de uma unidade federativa. O envolvimento de governos não centrais 
nas relações internacionais mediante o estabelecimento de contatos permanentes e ad hoc, com 
entidades públicas ou privadas estrangeiras, com o objetivo de promoção socioeconômica e cultural, 
bem como de qualquer outra dimensão exterior nos limites de sua competência constitucional. 
Embora bastante contestado, o conceito de paradiplomacia não impossibilita a existência de outras 
formas de participação subnacional no processo da política externa, mais diretamente ligado ao 
departamento de relações exteriores de governos centrais, como assim chamada diplomacia 
federativa, tampouco impede o papel cada vez maior dos governos subnacionais nas estruturas de 
multicamadas para a governança regional ou mundial. 
 Já a cooperação descentralizada se refere a ações bi ou multilaterais de cooperação 
envolvendo atores subnacionais (municípios, províncias, estados ou departamentos) de dois ou mais 
Estados nacionais. cooperação descentralizada é um mecanismo para influenciar o desenvolvimento 
global através de conexões internacionais entre comunidades locais do sul e do norte do mundo, em 
uma dialética construtiva com os governos centrais e com as organizações internacionais [...] Sua 
vantagem principal é a descentralização de ações, reunindo diversos agentes, numa rede de gestão 
mais democrática, criativa, flexível e mais próxima dos problemas cotidianos das populações 
excluídas, sobretudo, dos países pobres. 
 O conceito de Cooperação Descentralizada surge nos finais da década de 80, mais 
precisamente em 1989, com a Convenção de Lomé IV, que defendia uma maior participação e 
envolvimento da sociedade civil e dos países receptores, na promoção do desenvolvimento interno. 
Igualmente, a constatação que a visão tradicional de Cooperação estava ultrapassada e se revelava 
insuficiente face ao contexto internacional, já que até então era entendida como uma relação 
exclusiva entre dois agentes (governos e administrações centrais); a necessidade de criar e 
estabelecer mecanismos de fiscalização, de transparência; e, igualmente, a constatação que as 
políticas estabelecidas no âmbito de um “menos Estado” conduziam, progressivamente, a um 
“esvaziamento” da Cooperação, desnorteando-a dos seus próprios princípios e conduzindo a um 
desfalecimento dos objectivos para os quais foi concebida e segmentada, foram outros dos factores 
que estiveram na origem desta forma de Cooperação. 
 A cooperação internacional para o desenvolvimento foi concebida, inicialmente, como um 
instrumento de ajuda dos países desenvolvidos aos países menos desenvolvidos. A cooperação 
representava uma relação entre Estados centrais e outros atores (como organizações da sociedade 
civil e o setor privado) eram meros observadores. O principal instrumento utilizado era a 
transferência de recursos a fundo perdido ou doações sem contrapartida. O modelo de cooperação 
multilateral implica a utilização de outros instrumentos, além da transferência de recursos, como: “a 
Beatriz Sartori Bernabé
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assistência técnica e financeira, a transferência de tecnologia, a formação de recursos humanos, o 
reforço de capacidades e o desenvolvimento institucional, o intercâmbio de experiências adquire um 
papel prioritário para este novo tipo de cooperação. 
 A cooperação para o desenvolvimento inclui ainda outros atores, além do Estado, como 
protagonistas das iniciativas. Participam representantes da sociedade civil, do setor privado e de 
outras instâncias do Estado. A cooperação internacional que envolve esses outros atores recebe o 
nome de cooperação descentralizada. “A cooperação descentralizada é definida como um novo 
enfoque das relações de cooperação que busca estabelecer relações diretas com os órgãos de 
representação local e estimular suas próprias capacidades de projetar e levar a cabo iniciativas de 
desenvolvimento com a participação direta dos grupos de população interessados, levando em 
consideração seus interesses e seus pontos de vista sobre o desenvolvimento”. 
 A cooperação descentralizada é desenvolvida pelos seguintes atores: poderes públicos 
locais, organizações não governamentais, associações profissionais e grupos de iniciativas locais, 
cooperativas, sindicatos, organizações de mulheres e jovens, instituições de ensino e de pesquisa, 
igrejas e outras associações não governamentais que possam contribuir para o desenvolvimento. 
Outra característica da cooperação descentralizada é que quem promove a cooperação são as 
próprias entidades territoriais descentralizadas, com seus programas e orçamentos. Em alguns casos 
incluem os próprios Estados centrais ou organismos internacionais que estimulam a cooperação 
descentralizada. 
 Quando a cooperação descentralizada envolve governos locais e regionais denomina-se de 
cooperação descentralizada pública. Caracterização da cooperação descentralizada pública a partir 
de três variáveis: os atores, o conteúdo e as formas. Os atores envolvidos neste tipo de cooperação 
não são nem estados centrais e nem entidades não governamentais, são atores específicos que tem 
os atributos dos atores públicos e estão vinculados na dimensão local ou territorial. 
 A cooperação descentralizada pública tem um conteúdo específico: i) focaliza-se em 
problemas locais e territoriais; ii) “oferece uma competência e um know-how que se pode transmitir 
ou intercambiar diretamente desde as instituições locais, sem recorrer a gabinetes de consultoria ou 
especialistas externos”; iii) tem condições de estabelecer cooperação a médio e longo prazos, isto 
porque, geralmente, são utilizados recursos próprios, onde os atores estabelecem as modalidades de 
cooperação; iv) pode promover uma relação mais ampla, uma vez que inclui outros agentes sociais 
locais; v) pode garantir uma relação mais direta com os cidadãos, o que implica em uma relação 
mais participativa. 
 Apesar das diferentes atribuições dos governos locais nos países, existe uma similaridade 
nessas atribuições, entre elas podem ser destacadas: o controle do crescimento urbano, a 
administração dos serviços básicos (água, luz, esgoto etc), a cobertura de serviços sociais básicos 
(educação primária, saúde primária etc) entre outros temas que influenciam o cotidiano das 
populações. Esses temas comuns levam a um enredo de problemas que podem fazer parte do 
conteúdo da cooperação descentralizada pública. 
Beatriz Sartori Bernabé
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 A partir da identificação dos atores e do conteúdo, pode-se observar que a cooperação direta 
entre os mesmos tipos de atores, a cooperação horizontal, é mais facilmente desenvolvida. Os 
governos locais e regionais, de acordo com a sua autonomia, podem estabelecer convênios, relações 
de irmanamento, criação de redes, intercâmbios sem formalização de projetos etc. 
 Enfim, as relações desenvolvidas no âmbito da cooperação descentralizada são relações 
entre iguais, onde os governos locais são reconhecidos como sujeitos ativos da cooperação. Na sua 
dimensão política, a cooperação descentralizada pública pode ter como objetivo o fortalecimentoda 
dimensão local nas agendas nacionais ou regionais. A cooperação descentralizada pode representar 
um elemento de pressão para uma maior descentralização do Estado (competências e recursos). 
Além disso, pode representar uma forma de interferir nas agendas de integração regional. 
 Na sua dimensão de política mundial, a cooperação descentralizada pode contribuir para 
uma afirmação positiva dos governos locais na definição de estratégias e políticas internacionais e 
na solução de problemas globais que normalmente são atribuição exclusiva dos Estados centrais. 
Partindo-se do princípio de que a cooperação descentralizada é um fenômeno que surge a partir da 
necessidade de intercâmbio e comparação de experiências entre os governos locais, em temas de 
sua competência, e de que ela ocorre numa dimensão mais ampla de globalização e descentralização 
do Estado, essa cooperação representa uma das formas das cidades se inserirem de forma mais 
competitiva internacionalmente. 
 Para as cidades maiores, a cooperação descentralizada representa uma forma de essas 
cidades fortalecerem suas potencialidades e de se projetarem política e economicamente no 
contexto internacional, ao mesmo tempo em que, potencializam suas políticas locais de 
desenvolvimento. Já para as cidades menores, representam uma forma de inserção internacional que 
elas não teriam condições de desenvolver sozinhas, além de permitir que essas cidades aproveitem 
as experiências exitosas de políticas locais e os ganhos de escala que os projetos conjuntos 
viabilizam. 
 Paradiplomacia e Cooperação descentralizada não são sinônimos. Ademais, Quando a 
cooperação envolve Estados, OI’s ou entes subestatais ela tem caráter oficial, entretanto, quando é 
uma relação privada, cooperação não governamental, entre sociedade civil, empresas e indivíduos, 
ela tem caráter não oficial. 
Decreto 7.400 
 O Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Italiana, doravante 
denominados “Partes”: 
DESEJANDO reforçar as relações de amizade existentes entre ambos os países; 
CONSCIENTES da crescente importância que assumem as ações de cooperação 
promovidas e realizadas por Regiões, Províncias e Municípios italianos em parceria com os 
entes federativos – Estados e Municípios brasileiros; 
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RECONHECENDO as vantagens recíprocas que derivam da inclusão da cooperação 
descentralizada no contexto das relações de cooperação entre os dois países; 
DESEJOSOS de oferecer aos governos e entidades locais e regionais os quadros de 
referência nos quais incluem-se suas próprias iniciativas, com o objetivo de torná-las 
coerentes e complementares às políticas dos respectivos governos nacionais; 
CONSIDERADA a necessidade de integrar ao Acordo Básico de Cooperação Técnica 
de 30 de outubro de 1972 disposições em matéria de cooperação descentralizada; 
Acordam: 
Art. 1 
Cooperação Descentralizada 
1. Entende-se por Cooperação Descentralizada as formas de cooperação e ação 
internacional estabelecidas entre entidades territoriais italianas e entes federativos 
brasileiros, bem como os respectivos atores da sociedade civil, no intuito de reforçar os 
laços dos dois países, e em consonância com as Políticas Externas conduzidas pelos 
Governos Nacionais. 
2. As Partes empenham-se em favorecer a cooperação descentralizada nas suas 
diversas formas, em conformidade com as respectivas disposições constitucionais e 
legislativas internas. 
3. As Partes reconhecem esta forma inovadora de cooperação, caracterizada pela 
ampla participação popular e pela reciprocidade dos benefícios específicos, como por 
exemplo, nos setores de combate à fome e a pobreza, pela inclusão social, pela promoção de 
processos de democracia participativa e do apoio ao desenvolvimento social-econômico-
territorial e sustentável. 
Art. 2 
Modalidades Operacionais da cooperação descentralizada 
1. As Partes reconhecem aos respectivos governos locais e regionais a possibilidade 
de estabelecerem formas de entendimento com entidades congêneres relacionadas às 
atividades de cooperação. 
2. Tais entendimentos devem definir os objetivos e os setores de intervenção e 
podem indicar valores previstos dos compromissos financeiros. Para usufruir os benefícios 
previstos pelo presente Protocolo, estes entendimentos deverão ser previamente levados ao 
conhecimento das autoridades nacionais competentes em conformidade com as legislações 
vigentes nos respectivos países e/ou inscrever-se no âmbito de programas, convênios e 
marcos de cooperação acordados pelos respectivos governos. 
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3. As Partes se empenharão para orientar as ações de cooperação descentralizada 
inserindo-as em programas-quadro bilaterais, triangulares e/ou multilaterais que prevejam 
linhas e indicações de prioridade temática e territorial, assim como modalidades de co-
financiamento. 
Art. 3 
Meios para a Atuação das Ações e dos Projetos 
1. As ações de cooperação descentralizada poderão prever: 
a) Envio, por parte dos governos locais de peritos, consultores e pessoal técnico e/ou 
administrativo; 
b) recrutamento no local de atuação de peritos, consultores e pessoal de suporte; 
c) atividades de entidades públicas ou privadas fixadas no território ou vinculadas aos 
parceiros territoriais (Universidades, Câmaras de Comércio, Sindicatos, institutos, agências, 
empresas, organizações não-governamentais, entre outros); 
d) envio de bens e serviços necessários à realização das ações acordadas; 
e) concessão de bolsas de estudo; 
f) participação financeira em programas e projetos de desenvolvimento de organismos 
internacionais; 
g) qualquer outra forma de assistência deverá ser negociada e acordada caso a caso. 
2. Participação dos governos locais, por meio de seus técnicos e funcionários, em 
missões de cooperação bilateral ou triangular. 
Art. 4 
Direitos e Isenções 
1. Este Protocolo seguirá as disposições previstas no Acordo Básico de Cooperação 
Técnica, de 30.10.1972, no Memorando de Execução da Cooperação para o 
Desenvolvimento de conformidade com o Acordo Básico de Cooperação Técnica, de 
17.10.1989; e no Acordo Quadro de Cooperação Econômica, Industrial e para o 
Desenvolvimento, de 12.02.1997. 
2. A todas as disposições mencionadas será aplicado o princípio da reciprocidade, 
ou seja, serão válidas para as ações de cooperação realizadas por brasileiros na Itália. 
Artigo 5 
Órgãos consultivos 
1. Para verificar o grau de aplicação e os efeitos do presente Protocolo e 
individualizar novos instrumentos para aumentar a eficácia, a visibilidade e o impacto da 
cooperação descentralizada, as Partes concordam em instituir um Comitê Misto, constituído 
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pelos Governos Nacionais e por entidades locais e regionais dos dois países, que se reunirá 
anualmente. 
2. As Partes acordam realizar periodicamente Fóruns e encontros destinados à 
produção de estratégias compartilhadas, assim como estimular a criação de redes de 
entidades locais. 
Artigo 6 
Solução das controvérsias 
As Partes se empenham em resolver amigavelmente por via diplomática, pelo Acordo 
Básico de Cooperação Técnica de 30.10.1972, todas as controvérsias que possam surgir na 
aplicação ou na interpretação do presente Protocolo. 
Artigo 7 
Entrada em vigor, duração e modificações 
1. O presente Protocolo entrará em vigor a partir da data de recebimento da segunda 
notificação com a qual ambas as Partes serão oficialmente comunicadas sobre o 
cumprimento dos respectivos procedimentos internos e permanecerá em vigor por período 
indeterminado. 
2. Em caso de denúncia do presente Protocolo por uma das Partes, estadeverá fazê-
lo por notificação diplomática. Nesse caso, a denúncia produzirá efeitos decorridos seis 
meses da data de recebimento da notificação. 
3. As Partes concordam que serão concluídos os projetos ainda em curso na data de 
extinção do presente Protocolo. 
4. O presente Protocolo poderá ser consensualmente modificado ou integrado por 
meio dos canais diplomáticos. 
Tais modificações ou integrações entrarão em vigor segundo os procedimentos 
previstos em caso de necessidade. 
Cooperação não governamental 
 A emergencia e o protagonismo interno e externo de atores não estatais representam um 
fenômeno que torna complexo o relacionamento entre governo e sociedade não só no interior de 
cada país, mas também no próprio âmbito das relações internacionais. Desde os anos 80, uma 
crescente atenção tem sido dada ao papel das ONG’s na promoção do desenvolvimento 
internacional. As ONG’s são capazes de atingir populações mais pobres, não assistidas por outras 
agências, e fornecer serviços de baixo custo; conseguem mobilizar recursos e construir 
organizações locais. Devido ao seu tamanho reduzido e flexibilidade administrativa podes atender 
às necessidades locais e formar redes com diversas organizações. Entretanto, elas algumas delas 
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carecem de especialidade técnica, e suas abordagens em pequena escala podem limitar sua 
capacidade de reproduzir os êxitos locais em escalas maiores.. 
 A cooperação não governamental não é feita apenas pelas ONG’s, acontece também entre 
fundações, sindicatos, instituições de ensino e visam potencializar as atividades de cooperação. 
Quando a cooperação não envolve os atores oficiais, ela é uma relação privada, não oficial. 
 Os recursos utilizados neste tipo de cooperação podem ser públicos – doações bilaterais, 
empréstimo normais ou concessionados, e contribuições para organismos multilaterais (os quais 
fazem cooperação com esses entes não governamentais, ONU por ex.) – e privados – investimentos, 
empréstimos, créditos à exportação e doações. 
 Os projetos podem ser executados horizontalmente, ou seja, as decisões são conjuntas e 
construtivas, e há a disseminação de boas práticas, como por exemplo a cooperação Sul-Sul, e 
também verticalmente, de cima para baixo, relações norte sul – o estado doador de cooperação é 
quem decide os meios e fins da cooperação. 
Cooperação para o Desenvolvimento (AID) 
 Historicamente começou com o Plano Marshall, para reconstruir o países europeus depois 
da 2ª GM. Posteriormente, os EUA lançaram o American Foreign Aid para inclui os países em 
desenvolvimento ameaçados pelo comunismo, com o objetivo de desenvolvimento internacional. 
Os “países" mais beneficiados foram Coreia do Sul e Taiwan. O Plano Marshall foi baseado em 
segurança nacional e considerações comerciais, ligados ao interesse nacional norte-americano em 
fortalecer o oeste europeu contra a expansão do comunismo, e os benefícios da reconstrução de uma 
Europa livre para os negócios americanos. 
 Os governo dos EUA desde a década de 50 enfatizava à sua populacho que era uma 
obrigação moral e humanista ajudar os países pobres a se desenvolverem economicamente. 
Entretanto, a pratica do foreign aid era dedicada às considerações de segurança nacional. Assim 
como os EUA, a Alemanha ocidental também priorizou sua segurança nacional. Em comparação, a 
França e a GB levavam mais em consideração as questões morais, principalmente em suas próprias 
ex-colônias. Os ex-colonizadores, de forma geral, concentraram seu foreign aid em suas ex-
colônias. Entretanto, de forma não oficial, visavam seus interesse comerciais e econômicos, 
incluindo o acesso continuado aos recursos naturais, matérias primas e mercado consumidor das ex-
colônias. Já os países nórdicos, estabeleceram seus programas de foreign aid com a expressão clara 
de obrigação humanitária e moral – os países ricos tem o dever e ajudar os países pobres. 
 Desde o final da década de 40, os países industriais pequenos e médios enfatizara a 
importância de uma troca de ajuda externa por meio da ONU, uma vez que ela deve garantir a paz e 
a estabilidade depois no pós-guerra. Assim, vários países, incluindo os nórdicos, deram prioridade 
nos trabalhos de desenvolvimento e humanitários administrados pela ONU. 
 Os importantes tipos de motivação para ajuda externa são relativos aos princípios morais e 
humanitários, considerações políticas e de segurança nacional, e considerações econômicas e 
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comerciais. Nos últimos anos, houve ênfase também nos motivos climáticos, desejo de 
sustentabilidade, cuidado com o meio ambiente, limites da migração internacional, acabar com o 
trafico de drogas, reduzir o risco de epidemias e lutar contra o terrorismo. 
 Existem diferenças significativas entre os motivos declarados e os reais, especialmente entre 
a ajuda oficial bilateral. 
 Todos os atores participam da cooperação para o desenvolvimento. Quanto à igualdade de 
poder entre os agentes, ela só existe no âmbito de interesses entre ONG’s e entre pequenos doadores 
e grandes recipiendários. Normalmente os isolamentos da cooperação para o desenvolvimento 
ocorrerem devido à mudança de interesses. Os interesses de quem oferta não são os mesmos de 
quem recebe a cooperação. Cooperação é uma via de mão dupla/ Assistência é ajuda sem nada em 
troca. 
 Durante a GF a AID era adotada como política externa, para a criação de zonas de 
influencia, hoje, com excessão dos países nórdicos, os demais países tratam a cooperação para o 
desenvolvimento como política de estado, ou seja varia de acordo com o governo. Normalmente, a 
cooperação para o desenvolvimento é realizada por meio de cooperação financeira, técnica e 
humanitária. Os países em desenvolvimento eram os bebedores de cooperação, e se submetiam as 
condições impostas por estava desesperados por recursos. Por causa de sua descentralização e por 
ser um órgão multilateral, a ONU era o principal meio utilizado pelos países em desenvolvimento 
para a busca de investimentos. A ONU tem o papel de disseminar a cooperação ao desenvolvimento 
como algo moral e humanitário – direito ao desenvolvimento, distruibuição das riquezas e 
homogeneidade entre os atores. 
 Quanto a migração, os ex-colonizadores incentivam a imigração quando estão com déficit 
de mão obra, entretanto, quando a economia se estabiliza tenta-se freia-la. Para evitarem problemas 
migratórios, então, os países desenvolvidos iniciam um processo de cooperação para o 
desenvolvimento (know how/ tecnologia / industrialização) nas ex-colônias. Entretanto, a 
tecnologia transferida era obsoleta. Muitas vezes, os países desenvolvidos fazem CPD com o 
objetivo de combater o trafico de drogas. Quando a cooperação humanitária, seu principal motivo é 
a religião. Outro motivo, é que, por causa da interdependência do sistema, os estados cooperam, 
ajudando os outros, esperando que sejam ajudados quando precisem. 
 Grupos ofertantes de cooperação: 
- Escandinávia, Canadá e Holanda – com uma perspectiva humanitária de cooperação ao 
desenvolvimento. 
- EUA, UK, Alemanha 
- céticos – não há moral na cooperação ao desenvolvimentos, há interesses. 
- Parcialmente céticos – pode ser que em alguns casos haja moral e desejo humanitário, mas a 
regra são os interesses. 
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- Indiferentes – a cooperação ao desenvolvimento é uma falácia, esse papo de transferência de 
tecnologia não funciona, isso se trata da possibilidade de criar cada vez mais dependentes 
no sistema, e por causa disso, não adianta pensar sobre moralidade, já que é uma falácia. 
- Escola austríaca da economia – Ninguém tem obrigação de ajudar os outros, se são ricos é 
porque merecem, se os outros querem se desenvolver como eles devem se esforçar 
sozinhos, fazer por merecer; livre mercado, enxugar o estado, mercado garante a 
distribuição as riquezas; ninguém tem obrigação moral nenhuma com ninguém; cooperação 
para o desenvolvimento não interessa. 
O Tied Foreign Aid faz parte da cooperação vertical norte-sul. O estado doador dita as regras e 
assim se torna uma cooperação hegemônica. O pensamento que se tem para esse tipo de cooperação 
é que é ruim com a interferência dos doadores mas é pior sem. Essa cooperação vincula à instalação 
de empresas no pais receptor – esse não terá o know how, mas a empresa criará infraestrutura, 
emprego, consumo e aumento de renda neste país. Essa cooperação inclui ganhos assimétricos – pra 
quem não tem nada metade é o dobro. Os países que mais usavam essa técnica de cooperação eram 
os EUA, Japão, Espanha e Alemanha. Já o UK e afastou da cooperação vinculada para evitar 
doenças, imigração, tráfico e etc. E a Holanda e os países escandinavos não praticam esse tipo de 
cooperação por que possuem um viés humanitário. 
 Com relação à cooperação ambiental, o Relatório do Clube de Roma foi o primeiro debate 
sobre os recursos e incentivou a conferencia de Estocolmo. Foi debatido a relação entre produção e 
consumo – consumismo exacerbado. Esse consumo geraria prejuízos para as gerações vindouras 
pela escassez de recursos. 
 Os liberais acreditam que o desenvolvimento e o crescimento dependem de investimento e 
não de ajuda, mas os investimentos muitas vezes não se reverto para o desenvolvimento necessário 
e causa dependência. O desenvolvimento é uma perspectiva estrutural e de longo prazo, por isso, 
depende de fatores muito mais complexos do que ajuda por si só. Ainda, a transferencia de 
tecnologia pode contribuir, mas também não é suficiente. 
 Os neocolonialistas acreditam que a CPD gera dependência, pois deveria haver investimento 
e não ajuda, pois o investimento gera renda, emprego, consumo e produção, e isso ajudaria o estado 
a crescer. Entretanto, o crescimento não é sustentável e não necessariamente gera desenvolvimento. 
Para o desenvolvimento é necessário o Know-how. Os investimento ajudariam o estado a gerarem 
poupança para investirem em infraestrutura, e essa sim gera desenvolvimento. A infraestrutura 
diminui os custos de produção e assim aumentam a competitividade do Estado. 
 Problema: precisa-se de muito capital para o investimento em infraestrutura, e normalmente 
os estados não conseguem fazê-lo pela corrupção, falta de expertise e gestão ineficiente, além de 
não terem como arrecadar todos os recursos necessários. O aumento da arrecadação aumenta os 
gastos públicos e não resolve o problema. Desse modo, o foco deveria ser ajuda financeira para o 
investimento em infraestrutura. É mais importante a transferencia de recursos do que de tecnologia, 
pois essa tecnologia transferida normalmente é obsoleta. 
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Cooperação financeira 
 Refere-se a concessão de financiamentos, com taxas variáveis, a programas e projetos de 
desenvolvimento nos países beneficiados. 
 Banco Mundial: oferece benefícios aos países pobres, esses países recebem subsídios, 
empréstimos sem juros e assistência técnica da Banco Mundial para que possam fornecer serviços 
básicos. No caso dos empréstimos, os países têm 35-40 anos para pagar, com um período de 
carência de 10 anos. 
 BID: contribui para o progresso econômico e social da AL e do Caribe mediante a 
canalização de seu capital próprio, de recursos obtidos no mercado financeiro e de outros fundos 
sob sua administração para financiar o desenvolvimento nos países em desenvolvimento e 
complementar os investimentos privados; e prover assistência técnica para a preparação, 
financiamento e jxeuçnao de programas de desenvolvimento. 
 Em relação ao escopo, a ajuda externa tem a função primordial de apoiar a realização de 
programas/projetos de desenvolvimento que podem ter repercussões nos âmbitos “local”, 
“regional”, e/ou “nacional”. 
 Em relação aos atores envolvidos, um empreendimento desse porte comumente envolve uma 
infinidade de atores. O PCTI normalmente é multi-institucional, envolvendo instituições nacionais, 
estrangeiras e órgãos multinacionais. No país receptor temos a(s) instituição(ções) executora(s) do 
projeto e, na maioria dos casos, a coordenação através de uma agência ligada ao Ministério das 
Relações Exteriores, como, por exemplo, a ABC. Em nível internacional, temos a(s) 
instituição(ções) cooperadora(s) que dão apoio técnico através da capacitação de recursos humanos 
e da transferência de tecnologia explícita ou implícita (equipamentos), com a eventual 
interveniência, através das ações de coordenação, da agência de cooperação do país que oferece 
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Rodrigo Pires de Campos
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NOVAS DIMENSÕES DA NEGOCIAÇÃO NA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL:
A EXPERIÊNCIA DA AJUDA EXTERNA FINANCEIRA NO BRASIL
sugere, ao gestor do programa de desenvolvimento, uma série de habilidades e percepções.
A primeira delas é a de buscar adotar uma estratégia cooperativa:
Since program managers in the public sector must work with a network of actors across several
agencies and can rarely operate independently, develop a cooperative strategy that incorporates
key actors whose inputs and resources are critical to achieve success (…).
Brinckerhoff também sugere ao gestor desses programas um mix de métodos de
influência, para negociar e manter a cooperação, sem gerar conflito entre esses diversos atores:
Recognize that effective cooperation and coordination must deal with three obstacles. First,
collaborators may experience cooperation as threatening to their operational autonomy. Second,
not everyone involved will agree on what should be done and how. Third, there may be conflicts
between the requirements for horizontal cooperation among collaborating agencies and the
hierarchical demands of individual agencies’ vertical reporting relations (…) Implement the
program’s strategy using a mix of persuasion and exchange methods to influence key collaborators
and stakeholders (…).
19
Esse mix de métodos é apresentado pelo autor num modelo conceitual representado
num quadrante, conforme a Figura 1, abaixo.
Figura 1: Métodos de influência para a gestão de programas de desenvolvimento
Fonte: BRINKERHOFF, Derick W, op. cit., p. 6.
Métodos de Influência
Persuasões Permutas
Alto
Disseminação de informações
Relações públicas
Educação
Marketing & Lobby
Consulta informal e
aconselhamento
Mobilização de demanda
Incentivos positivos e induções
Construção de coalizões
Acordos recíprocos
Reforço e enquadramento de
comportamento
Mediação de compensações
Grau de Escolha
em ConformidadeBaixo
Manipulação psicológica
Negociação informal e
Consentimento mútuo
Consulta formal
Barganha e negociação formais
Ameaças e sanções
Contratos
Beatriz Sartori Bernabé
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basicamente as instituições atuantes quando se trata da CTI bilateral. No caso da CTI multilateral, 
tem-se ainda, adicionalmente, a participação das entidades multinacionais de apoio à cooperação 
técnica, como, por exemplo, o PNUD, a OEA, a OPAS ou outras instituições. Frente a essa 
multiplicidade de atores, é comum haver situações em que “nem todos os envolvidos acordarão 
sobre o que deveria ser feito e como”. 
– 
 Para se avaliar o processo de cooperação financeira deve-se usar a sensibilidade e a 
vulnerabilidade. Quanto maior a vulnerabilidade menor o poder de barganha, e as negociações 
envolvem relações de poder. Quanto mais vulnerável o estado for mais ele terá que se submeter a 
capacidade de persuasão e mais concessões ele acabará fazendo. 
 Porque esse tipo de cooperação costuma envolver vários atores, é uma discussão 
multifacetada, envolve o accountability. Pela dificuldade em se alinhar os interesses, essa 
cooperação ocorre baseada nos ganhos relativos. E os Estados estão em pé de igualdade com os 
demais atores nestas negociações. 
Cooperação Técnica 
Resolução 200 
 Considerando que a promoção de condições para o progresso econômico e social e o 
desenvolvimento é um dos principais objetivos da ONU e que a falta de expertise e organizações 
técnicas estão entre os fatores que impedem o desenvolvimento econômico nas áreas 
subdesenvolvidas, a Assembleia decidiu que se apropriaria dos recursos necessários para cumprir as 
seguintes funções em cooperação com agencias especializada quando requeridas pelos Estados 
Membros. 
- Organizar grupos internacionais formados por experts fornecidos pela ONU e agencias 
especializadas com o objetivo de aconselhar os governos em relançar aos seus programas de 
desenvolvimento econômico. 
- providenciar instalações para o treinamento no exterior dos experts dos países subdesenvolvidos 
por meio de bolsas de estudo nos países ou instituições que possuem avançada competência 
técnica na determinada área de estudo. 
- providenciar o treinamento dos técnicos locais pela promoção de visita dos experts para o 
propósito de instruir o pessoal local e para auxiliar na organização de instituições técnicas 
- providenciar instalações para auxiliar o governo a obter pessoal tecnico, equipamentos e 
recursos, e tornar essa organização apropriada para a promoção do desenvolvimento econômico, 
incluindo a organização de seminários e o intercâmbio de informações acerca de problemas 
técnicos do desenvolvimento economico. 
Capitulo 9 da Carta de São Francisco 
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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL ECONÔMICA E SOCIAL 
ARTIGO 55 – Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações 
pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e 
da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: a) níveis mais altos de vida, 
trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social; b) a solução dos 
problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a cooperação internacional, de 
caráter cultural e educacional; e c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das 
liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
ARTIGO 56 – Para a realização dos propósitos enumerados no Artigo 55, todos os Membros da 
Organização se comprometem a agir em cooperação com esta, em conjunto ou separadamente. 
ARTIGO 57 – 1. As várias entidades especializadas, criadas por acordos intergovernamentais e 
com amplas responsabilidades internacionais, definidas em seus instrumentos básicos, nos campos 
econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos, serão vinculadas às Nações Unidas, de 
conformidade com as disposições do Artigo 63. 2. Tais entidades assim vinculadas às Nações 
Unidas serão designadas, daqui por diante, como entidades especializadas. 
ARTIGO 58 – A Organização fará recomendação para coordenação dos programas e atividades das 
entidades especializadas. 
ARTIGO 59 – A Organização, quando julgar conveniente, iniciará negociações entre os Estados 
interessados para a criação de novas entidades especializadas que forem necessárias ao 
cumprimento dos propósitos enumerados no Artigo 55. 
ARTIGO 60 – A Assembléia Geral e, sob sua autoridade, o Conselho Econômico e Social, que 
dispões, para esse efeito, da competência que lhe é atribuída no Capítulo X, são incumbidos de 
exercer as funções da Organização estipuladas no presente Capítulo. 
––– 
 Dos anos sessenta aos noventa, a sociedade e o governo do Brasil buscaram a cooperação 
técnica internacional, por havê-la considerado um dos fatores capazes de modificar o perfil do 
desenvolvimento. Foi-lhe assim atribuída uma função específica, a função de disseminar os efeitos 
sociais do desenvolvimento. Havia, por conseguinte, certa consciência de que o modelo de 
desenvolvimento então adotado dava demasiada ênfase ao crescimento econômico em detrimento 
de seus aspectos sociais. 
 A função social da cooperação técnica internacional (CTI) por certo não significou para os 
decisores a contrapartida ou o corretivo potencial, capaz de estabelecer o equilíbrio entre o 
crescimento e seu benefício social. Mas foi este o escopo que presidiu à organização e ao 
gerenciamento da CTI do Brasil nas últimas décadas: agregar sempre mais consumidores e produtos 
ao mercado. Por trás do objetivo materialista, a movê-lo como se fosse sua alma, o sistema 
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brasileiro de CTI abrigou uma função humanista: preparar o homem para o domínio do 
conhecimento inerente ao controle do processo produtivo. 
 Essas expectativas explicam a maneira como reagiram tanto o governo quanto determinadas 
agências sociais ante as possibilidades da CTI. Ela acabou por ser incorporada à política exterior do 
país como uma de suas variáveis permanentes, passando a mobilizar grande número de entidades 
internas e externas ocupadas com a difusão ou a utilização de técnicas, ou seja, com a elevação da 
produtividade, o aumento da produção e a posse dos conhecimentos que se faziam necessários. 
 A inserção da CTI no sistema internacional ocorreu com as modificações introduzidas no 
imediato pós-guerra, entre 1945 e 1949. Falava-se então em “ajuda” para a reconstrução da Europa 
e para o desenvolvimento, porém as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, tinham 
em vista, antes de tudo, a montagem de seus sistemas de aliança (Organização do Tratado do 
Atlântico Norte - OTAN e Pacto de Varsóvia), bem como a preservação das zonas de influência com 
que haviam organizado o espaço terrestre. A CTI nasceu, portanto, em contexto estratégico, não 
tendo como único escopo o que lhe era próprio, mas algo mais e distinto. Essa ambivalência entre 
fins próprios e a função derivada manter-se-á pelas décadas seguintes. 
 A noção de CTI envolveu três elementos originais: a) transferência não-comercial de 
técnicas e conhecimentos; b) desnível quanto ao desenvolvimento alcançado por receptor e 
prestador; c) execução de projetos em conjunto, envolvendo peritos, treinamento de pessoal, 
material bibliográfico, equipamentos, estudos e pesquisas. 
 A CTI foi formalmente instituída, de acordo com esse conceito original, pela Resolução no 
200 de 1948 da Assembléia Geral das Nações Unidas.Nessa ocasião, a ONU lançava seu programa 
multilateral, que foi entretanto balanceado pelo Primeiro Programa de Cooperação Técnica Bilateral 
dos Estados Unidos para os países subdesenvolvidos, de 1949. Observa-se com isso que se 
pretendia reforçar o aspecto conceitual de “ajuda” ou “assistência”, com a possibilidade de utilizar a 
CTI para fins econômicos ou ideológicos, em detrimento da “cooperação” entre as partes (2). A 
ambivalência entre a ajuda para aliviar efeitos da pobreza e a capacitação para o desenvolvimento 
persistiu pelos anos cinqüenta, prevalecendo o primeiro sobre o segundo significado na cooperação 
técnica que se implementava. 
 A hierarquia da cooperação internacional, estabelecida em função da relevância dos 
desígnios a ela consignados, do volume de recursos investidos e dos impactos esperados, situava a 
tradicional cooperação técnica internacional (CTI) num grau ínfimo de significado. Convinha, tanto 
aos países desenvolvidos quanto aos atrasados, realçar a CTI em termos de dignidade e importância. 
Para tanto, nos anos sessenta, agregaram-se-lhe duas novas funções: associá-la à captação de 
ciência e tecnologia (intento dos países receptores) ou usá-la para fortalecer os interesses e a 
presença no exterior (intento dos países prestadores avançados). Somente nos anos setenta este 
esquema rígido cederá diante de nova filosofia igualitária, que emergiu com a chamada Cooperação 
Técnica entre Países em Desenvolvimento - CTPD. 
 O conceito brasileiro de cooperação foi elaborado historicamente com base em três 
categorias de elementos: 
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1) Quanto ao significado político. A cooperação era utilizada para refletir de forma sintética a 
essência da política exterior. Realçava, pois, o caráter pacifista e não-confrontacionista dessa 
política, além de legitimá-la diante da nação e da comunidade internacional. Robustecida com esses 
atributos, a idéia passou a ser utilizada no discurso político para promover a 
união do Terceiro Mundo e firmar uma liderança nessa área, tendo em vista a manipulação dessa 
força em favor de ganhos externos no seio do diálogo Norte-Sul e Sul-Sul. O discurso 
cooperativista derramava-se com maior alarde sobre duas áreas contíguas, a América hispânica e a 
África negra, no intuito de captar simpatia e amizade para encaminhar ações concretas de 
penetração e realização de interesses. 
2) Quanto aos fins econômicos. A cooperação era procurada em razão do suporte que insumos 
externos - empresas, capitais, tecnologias - representavam para realizar as metas do 
desenvolvimento em três níveis: a indústria de base, a de transformação e a de ponta. Não se tratava 
de superar o subdesenvolvimento mas de atingir o pleno desenvolvimento. Nos anos sessenta, o 
modelo de desenvolvimento evoluía da substituição de importações para o de substituição de 
exportações. O novo comércio de exportação de produtos agrícolas, minérios, produtos 
manufaturados e serviços de engenharia tornou-se um grande desafio para a cooperação 
internacional. Sabia-se que sem as novas pautas de exportação o desenvolvimento não avançaria. 
Tampouco avançaria sem se captar um volume crescente de ciência e tecnologia, sem se enfrentar 
as dificuldades da competição e da proteção dos mercados. 
3) Quanto ao modus faciendi. O pragmatismo da política exterior caracterizava a conduta brasileira 
na captação e implementação da cooperação internacional. A cooperação pragmática era uma 
cooperação desideologizada, até mesmo despolitizada, que explorava oportunidades com realismo, 
que criava alternativas diante de obstáculos. 
 Elaborou-se, portanto, no Brasil, uma noção abrangente e complexa de cooperação 
internacional, ao ponto de se poder intercambiá-la com a noção de política exterior. Entende-se, 
assim, por que a cooperação técnica internacional (CTI) tenha ocupado um espaço muito exíguo na 
linguagem diplomática. Apesar disso, percebe-se uma evolução conceitual no pensa- mento 
brasileiro, segundo a qual a CTI transitou de sua acepção primitiva, a assistência técnica, para a de 
cooperação para o desenvolvimento. Essa evolução conceitual concluiu-se no momento em que se 
percebeu a potencialidade da CTI promovida pelo sistema da ONU, que incluía a CTPD 
(Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento) (7). Ao pensamento brasileiro, a 
cooperação assistencial passou a causar repugnância, visto que se requeria da política exterior uma 
cooperação econômica, científica e tecnológica a implementar-se entre as partes, em condições cada 
vez mais igualitárias. A CTI prestada pelo Brasil irá integrar progressivamente a política exterior 
brasileira com finalidades não-próprias, ou seja, para “criar e aprofundar laços econômicos, 
tecnológicos e culturais” (8). 
 Os planos nacionais de desenvolvimento (PNDs) e seus respectivos planos básicos de 
desenvolvimento científico e tecnológico (PBDCTs), que vigoraram nos anos setenta e oitenta, 
reconheciam a importância da “transferência de conhecimento” para o desenvolvimento auto-
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sustentado (9). Nesses planos, bem como nos acordos externos firmados pelo Itamarati, observa-se 
um dilema posto em termos políticos. Naquelas décadas, o tradicional Acordo Básico de 
Cooperação Técnica (ABCT) não mais seria reproduzido e sim substituído pelo Acordo Básico de 
Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica (ABCTCT). 
 O dilema entre cooperação técnica ou científica e tecnológica que se colocava nos anos 
setenta e oitenta espelhava a complexa realidade nacional: um país de grandes possibilidades e ao 
mesmo tempo de necessidades existenciais elementares não satisfeitas. Pretendia-se avançar pelos 
sofisticados mecanismos da cooperação tecnológica, mas não se podia deixar de carregar o fardo de 
uma miséria social que persistia e que, entretanto, poderia ser aliviada pela “assistência” técnica ou 
pela “transferência” de conhecimento. 
 As duas modalidades relevantes de CTI recebida pelo Brasil até 1989 correspondem aos 152 
projetos do PNUD (BRAPNUD) e aos 249 projetos da cooperação bilateral (CTRE). Somando-se o 
tempo de execução desses 401 projetos, chegamos a uma duração de 1.302,30 anos de captação, por 
parte do Brasil, de boa cooperação técnica externa. Os 25 projetos de cooperação multilateral 
(COOPMULT) acrescentariam mais 20,6 anos, porém não se trata nesses casos de cooperação 
sempre recebida, de vez que neles o Brasil figura por vezes como prestador. Nessa condição de 
prestador, o Brasil se encontra na maioria dos 68 projetos do PNUD para a América Latina 
(RLAPNUD), que somaram 184,4 anos de execução, e na quase totalidade dos 105 projetos do BID 
(INTRABID) e dos 694 projetos de cooperação entre países em desenvolvimento (BRACTPD). 
 Durante o período de apogeu da CTI - fins dos anos sessenta a início dos anos oitenta - os 
parceiros prestadores do Brasil para a cooperação recebida nas duas modalidades relevantes 
(BRAPNUD e CTRE) contavam entre os de mais elevada capacidade internacional. Os 249 projetos 
de CTRE foram implementados no Brasil por um seleto clube de países prestadores bilaterais: 
Alemanha (89), França (65), Japão (39), Canadá (22), Itália (17) e Grã-Bretanha (16). Além desses, 
foi localizado apenas um projeto dos Estados Unidos. 
 Por outro lado, a cooperação multilateral gerenciada pelo PNUD acionou as agências 
competentes do sistema ONU de CTI: os 152 projetos tiveram a participação da FAO (37), 
UNESCO (18), OIT (16), UNIDO (13), AIEA (10), OMS (7). Afora estes projetos que integram o 
banco de dados, outros de grande envergadura eram executados por agências brasileiras que 
contratavam,sob os auspícios do PNUD, especialistas estrangeiros. O país encontrou, pois, o 
caminho adequado ao suprimento que buscava. 
 Quadros da melhor inteligência mundial que operava a CTI foram atraídos para o Brasil 
naquele período, por condições propícias à execução de projetos criadas nesse país por agências 
nacionais de excelente padrão. Tais agências dedicavam-se a atividades diversas, como o 
treinamento de pessoal, a pesquisa, a produção, a melhoria da produtividade, a comercialização 
(embalagens, conservação), atuando em quase todas as áreas de suporte do desenvolvimento: 
indústria, comunicação, desenvolvimento regional, agri- cultura, mineralogia, alimentação, 
gerência, universidades. Os projetos BRAPNUD e CTRE eram bem sucedidos precisamente porque 
selecionavam a cooperação de pessoal e agências nacionais de nível adequado. Dois fatores internos 
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agiam para elevar de muito a capacidade de atração de técnicos e peritos estrangeiros de alta 
qualificação: a segurança quanto ao êxito do projeto a ser executado e a extensão de seus benefícios 
para a mais ampla possível camada da população. A CTI do Brasil cumpria, na medida de seu 
alcance, a função social que o modelo de desenvolvimento menosprezava. 
 As intenções expressas através dos objetivos traçados pelos 401 projetos de cooperação 
recebida, aprovados pelo PNUD e pelos governos estrangeiros envolvidos (BRAPNUD e CTRE), 
nos levam a concluir sobre a existência das seguintes subáreas de atuação da CTI no Brasil: 
1) Objetivos diversificados: 68 projetos de pesquisa, 82 de desenvolvimento, 28 de treinamento, 30 
de planejamento, 35 de tecnologias, 28 de ensino e Universidade, 8 de desenvolvimento regional e 7 
de meio ambiente. 
2) Área agrícola: 33 projetos, com ênfase decrescente para tecnologias de alimentos, irrigação, 
florestas, pecuária, laticínios, fruticultura, pesca, controle de pragas. 
3) Área industrial: 27 projetos, com ênfase descrescente para telecomunicações, energia elétrica, 
metalurgia, aplicações nucleares, siderurgia. 
4) Área de engenharias: 28 projetos diversificados pelos variados ramos da engenharia. 
 A cooperação técnica que o Brasil recebe de países desenvolvidos regula-se geralmente por 
um acordo básico, nos termos do qual elaboram-se notas verbais, ajustes e memoranda. O 
planejamento é feito em reuniões bilaterais. Essa cooperação envolve, em princípio, transferência 
de conhe- cimentos e técnicas entre agências de ambos os lados, que executam projetos conjuntos. 
Os mecanismos operacionais se reduzem praticamente à vinda de peritos estrangeiros para missões 
específicas (projeto), ao treina- mento de pessoal brasileiro no Brasil ou no exterior e à doação de 
equipa- mentos (19). 
 Freqüentemente, essa cooperação técnica bilateral vincula-se, no Brasil, aos grandes 
empreendimentos econômicos e financeiros do país de origem, dando-lhes suporte acessório em 
termos políticos, psicológicos e operativos. Ela serve, portanto, à integração de ambas as nações, 
conquanto não se descuide de realizar interesses bilaterais que, no caso do Brasil, significavam 
apoiar o desenvolvimento social, econômico e tecnológico. O controle dos projetos é feito pelas 
respectivas agências governamentais incumbidas da cooperação técnica. No Brasil, criada em 1987, 
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a Agência Brasileira de Cooperação‑ - ABC não recebia toda a documentação adequada ao controle 1
das ações de cooperação: correspondência, projeto, ajustes, notas verbais e relatórios. Tampouco 
havia condições para concluir sobre a importância dos recursos alocados pelos países de origem 
(estimados em 100 milhões de dólares anuais nos anos oitenta) e pelo Brasil, como contrapartida. 
Apenas 30 sobre 249 projetos analisados continham relatórios técnicos indispensáveis à avaliação 
de desempenho, 160 continham o projeto e a quase totalidade reunia correspondências diversas, 
incluindo notas verbais e ajustes. Em razão de estar a documentação incompleta, 80 projetos 
ficaram sem comprovação de resultados. Embora isso não signifique necessariamente inexistência 
de resultados, significa necessariamente negligência por parte do órgão brasileiro de controle. 
 Afora a chamada CTPD, até 1989 dois programas importantes de cooperação entre países da 
América Latina e Caribe foram implementados: o RLAPNUD com 68 projetos e o INTRABID com 
105. Nesses últimos, o Brasil figura como prestador de cooperação em sua quase totalidade, ao 
passo que no RLAPNUD as atividades envolviam simultaneamente pessoas de inúmeros países da 
região. Os documentos encontrados são adequados para o estudo dos resultados em 15 projetos 
RLAPNUD; apenas três projetos INTRABID apresentaram relatório técnico. 
 A cooperação técnica prestada pelo Brasil aos países em desenvolvimento (CTPD) 
registrada nos arquivos da ABC nem sempre correspondeu a projetos formais. As ações previstas de 
cooperação traduzem mais precisa- mente a demanda por cooperação que chegava ao governo ou às 
agências brasileiras. Elas impressionam pela quantidade: 694 iniciativas. 
 Os benefícios que a cooperação técnica internacional do Brasil auferiu, nas últimas décadas, 
para apoiar seu esforço de desenvolvimento, devem ser tributados sobretudo à cooperação mediada 
pelo PNUD (BRAPNUD) e à cooperação bilateral recebida das nações avançadas do Norte (CTRE), 
visto que a cooperação interamericana desviou-se em boa medida das atividades de efeito social 
para promover reuniões de burocratas. Os fatores internos responsáveis pelo êxito da CTI do Brasil 
foram a criação de um sistema nacional eficiente e racional para absorver a cooperação e a elevada 
capacidade de atração exercida sobre os agentes externos. Os resultados foram relevantes para o 
 A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que integra a estrutura do Ministério das Relações Exteriores 1
(MRE), tem como atribuição negociar, coordenar, implementar e acompanhar os programas e projetos 
brasileiros de cooperação técnica, executados com base nos acordos firmados pelo Brasil com outros países e 
organismos internacionais. Para desempenhar sua missão, a ABC se orienta pela política externa do MRE e 
pelas prioridades nacionais de desenvolvimento, definidas nos planos e programas setoriais de Governo. 
A estrutura operacional da ABC é formada por quatro coordenações: 
 • CGPD - Coordenação Geral de Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento 
 • CGCB - Coordenação Geral de Cooperação Técnica Bilateral 
 • CGCM - Coordenação Geral de Cooperação Técnica Multiateral 
 • CGAO - Coordenação Geral de Administração e Orçamento Geral da ABC 
A cooperação técnica internacional constitui importante instrumento de desenvolvimento, auxiliando um país 
a promover mudanças estruturais nos campos social e econômico, incluindo a atuação do Estado, por meio 
de ações de fortalecimento institucional. Os programas implementados sob sua égide permitem transferir ou 
compartilhar conhecimentos, experiências e boas-práticas por intermédio do desenvolvimento de 
capacidades humanas e institucionais, com vistas a alcançar um salto qualitativo de caráter duradouro.
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desenvolvimento brasileiro nas mais variadas áreas básicas de atividades, na medida em que 
afetavam as condições de vida da população. Em particular, com a CTI, ampliou-se enorme- mente 
a quantidade, a variedade e a qualidade dos alimentos produzidos e comercializados; melhorou a 
capacitação profissional no campo e na cidade e a prestação de serviços pôde estender-se a novas 
camadas da população. 
 O Brasil procurou e teve êxito até certo limite em extrair da inteligência internacional 
conhecimentos e tecnologias avançadas. Maso objetivo de repassá-los aos agentes sociais não foi 
alcançado como convinha. Um volume significativo de conhecimentos socialmente úteis 
permaneceu enclausurado em relatórios não divulgados. Assim mesmo, a experiência brasileira de 
cooperação técnica produziu efeitos sociais de grande alcance, em razão da multiplicidade de 
projetos através de cujas ações atingiam-se numerosos grupos de produtores e consumidores. 
 O controle do órgão central de governo (SUBIN, depois ABC) sobre a execução dos 
projetos nas diversas modalidades de CTI não foi suficiente. Falha muito mais grave observou-se 
quanto à cooperação prestada pelo Brasil aos países em desenvolvimento. Apesar de preencher os 
requisitos para tal, apesar da enorme demanda registrada por parte desses países, apesar do 
propalado terceiro-mundismo da política exterior do Brasil nas últimas décadas, o país não 
formulou uma política de cooperação técnica em favor dos países atrasados e sua precária atuação a 
tal respeito não se pode qualificar senão de decepcionante. Esse problema permanece sem solução 
nos anos noventa. 
 A experiência brasileira de CTI nas últimas décadas leva a crer que, em razão do estágio de 
desenvolvimento alcançado e da maturidade das agências, empresas e Universidades do país, 
convém desativar nos anos noventa todas as tradicionais modalidades de cooperação técnica 
recebida. Na verdade, já se caminhava no sentido da mudança desde os anos setenta. A cooperação 
internacional será, todavia, adequada ao desenvolvimento auto-sustentado se vier a preencher com 
rigor os novos requisitos: restringir- se à área científica e tecnológica, fazendo-se com 
responsabilidades e vantagens de ambos os lados; orientar-se para subáreas de atuação de maior 
impacto sobre as condições de vida da grande população; despir-se de todo caráter assistencial 
inerente seja à tradicional cooperação técnica, seja ao gênero recente de cooperação caritativa. 
– 
 O Comitê Econômico e Social da ONU endereça o desenvolvimento aos países. A 
cooperação técnica essencialmente não tem fins econômicos e comerciais. Por ser impossível 
socializar o desenvolvimento, deve-se usar o Equilíbrio dinâmico, ou seja, o uso das 
particularidades de cada Estado. 
 A partir de 1959, esse processo para de se chamar assistencial e a relação se torna uma 
cooperação, ou seja, um relançar de trocas. As trocas são desiguais, mas a relação entre os agentes 
deve ser igual. Ganhos relativos. Transferencia de tecnologia obsoleta. 
 O FMI oferecia credito abundante para o desenvolvimento. Ademais, os protecionismo e os 
processos de substituição de importação foram combatidas por meio da cooperação técnica. 
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 Os países desenvolvidos operam cooperação técnica para atingir o mercado consumidor do 
outro pais, para influenciá-lo politicamente, para atrair capacidade técnica (fuga de cérebros), para 
conseguir matéria prima, para estimular a migração (especializada ou não, depende da necessidade 
do momento) e por motivos religiosos. 
 Na década de 70 e 80, os estados doadores diminuíram o volume de investimentos (crises), 
levando dificuldades aos receptores (dependência). Assim, a solução encontrada foi diminuir as 
cooperações verticais e aumentar as interação técnica horizontal. Ou seja, os países antigamente 
receptores, começaram a intercambiar as técnicas que tinham aprendido anteriormente com os 
países desenvolvidos.
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