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LESÕES PRÉ-CANCEROSAS CRITÉRIOS DE MALIGNIDADE Profa. MSc. Mara Layanne Felix ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ CURSO DE FARMÁCIA CITOLOGIA CLÍNICA Câncer escamoso invasivo do colo do útero é precedido por uma transformação maligna do ep. escamoso; Subdivisões histológicas e citológicas eram confusas e de difícil reprodução; Para simplificar, organizou a classificação em sistema binário: Lesões de baixo grau Lesões de alto grau Melhor correlação entre os achados citológicos, histológicos e clínicos 2 FATORES DE RISCOS Em 1842, observou-se que câncer do útero era mais comum entre mulheres casadas e viúvas do que entre virgens; Em 1950, observou-se que freiras no Canadá não apresentavam câncer cervical; Estudos posteriores mostraram que os fatores de riscos para câncer cervical: Mulheres que iniciavam a vida sexual muito cedo; Apresentavam muitos parceiros sexuais; Desenvolviam DSTs; Engravidavam muitas vezes na vida jovem; Parceiros masculinos promíscuos PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) Infectam epitélios da pele e certas membranas mucosas; A replicação viral está diretamente relacionada à maturação e diferenciação do epitélio escamoso; Conhecidos mais de 70 tipos de HPV; As proteínas E6 e E7 dos HPVs tipos 16 e 18, formam complexos com proteínas antioncogênicas: p53 e p105Rb Zona de transformação é o principal sítio de infecção do HPV; Células basais transferem o vírus para as outras células; Principal via de transmissão é sexual; Transmissão vertical é possível, provocando papilomatose larígea juvenil e condilomas anogenitais; O vírus pode ficar latente a vida toda; Manifesta-se, principalmente, pela imunodeficiência; RELAÇÃO COM LESÕES PRÉ-CANCEROSAS Replicação viral está vinculado à diferenciação do epitélio escamoso, provocando o efeito patogênico: coilocitose; Comum em todos os tipos, oncogênicos ou não; Célula degenerada que apresenta citoplasma lisado e núcleo com grande número de partículas virais; CONDILOMA ACUMINADO (CONDILOMATOSE) Associados ao HPV; Podem acometer genitais externos, membranas mucosas da vagina, uretra e cérvice; Quando nas genitais externas – verrugas genitais; No colo uterino, assumem formas de verrugas de coloração esbranquiçadas Podem ser diagnosticados mediante esfregaços e confirmados por biópsia; Coilocitose é mais evidente na superfície das lesões e está associada a uma camada superficial de células queratinizadas Condição conhecida por hiperqueratose; Não são consideradas lesões cancerígenas; Podem regredir naturalmente ou evoluir para câncer; Importante fator de risco; Classificada, segundo Bethesda, dentro do grupo de lesões escamosas intra-epiteliais de baixo grau; LESÕES INTRA-EPITELIAIS ESCAMOSAS Câncer invasivo do colo do útero é uma lesão que progride lentamente; É precedida por quadros intra-epiteliais; Histologicamente, as lesões pré-cancerosas caracterizam-se por: Desorganização da arquitetura do epitélio escamoso; Atipias nucleares; Mitoses anômalas A graduação das lesões costuma basear-se no nível de anomalias epiteliais; Lesões bem diferenciadas – NIC I (lesões intra-epiteliais escamosas de baixo grau - LIEBG) Lesões de menor diferenciação – NIC II e NIC III (lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau - LIEAG) Segundo Sistema Bethesda; Coilócitos costumam aparecer nas lesões de baixo grau e raros nas de alto grau; NIC pode regredir, persistir ou progredir para câncer invasivo; 30% das NIC de alto grau progridem; 10 a 15% das NIC baixo grau progridem; Tratamento depende do tamanho e localização das lesões; CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES Nem todas as lesões pré-cancerosas evoluem para câncer invasivo; Necessário diferenciar duas lesões cervicais, com significados e prognósticos diferentes: Carcinoma in situ: precursor verdadeiro de câncer invasivo; Displasia: lesões de comportamento imprevisível SISTEMA BETHESDA Classificação citológica dos esfregaços genitais; Objetivos: Uniformizar a classificação, de forma clara e sem ambiguidades; Melhorar comunicação entre citopatologista, ginecologistas e cirurgiões; Oferecer um sistema unificado de relatório; Facilitar pesquisas epidemiológicas Sistema Bethesda LIE-BG LIE-AG Alterações como NIC I; Displasias leves; Alterações associadas ao HPV (inclusive condilomas) Alterações como NIC II e NIC III; Displasias moderada e grave; Carcinoma in situ Etapa 1: Avaliação geral quanto à qualidade do material; Etapa 2: Definir se o esfregaço está dentro dos limite da normalidade; Etapa 3: Define como o esfregaço alterado deve ser classificado Etapa 1: Qualidade da amostra: Satisfatória para avaliação (especificar componentes endocervical e da ZT ou outro indicador) Insatisfatória para avaliação (especificar causa) Espécime rejeitado/não processado (especificar causa) Espécime processado e examinado Espécime processado e examinado, mas insatisfatório (especificar causa) Etapa 2 Categorização geral (opcional) Negativo para lesão intraepitelial ou malignidade Anomalias de células epiteliais Outros Etapa 3 Interpretação/resultados Negativo para lesão intraepitelial ou malignidade Organismos Trichomonas vaginalis Micro-organismos consistentes com Candida Flora sugerindo vaginose bacteriana Alterações consistentes com herpes simples Outros achados não neoplásicos Alterações reativas associadas à inflamação; Alterações reativas associadas à radiação; Alterações reativas associadas ao DIU Outros: células endometriais em mulheres > 40 anos Anomalias em células epiteliais* Anomalias em células epiteliais*: Células escamosas Células escamosas atípicas (ASC) De significado indeterminado (ASC-US) Não permitem excluir LIEAG (ASC-H) Lesão escamosa intraepitelial de baixo grau (LSIL/LIEBG) – abrange HPV/displasia NIC I Lesão escamosa intraepitelial de alto grau (HSIL/LIEAG) – abrange displasias moderadas/severas; NIC II e NIC III com características de suspeita de invasão Carcinoma escamoso Células glandulares Adenocarcinoma in situ LESÕES INTRAEPITELIAL ESCAMOSA DE BAIXO GRAU (LIE-BG) Incluem coilocitose, hiperqueratose e anormalidades nucleares como hipercromasia e contornos nucleares irregulares; O padrão geral de maturação escamosa é preservado; As figuras mitóticas são restritas às camadas de células basais/parabasais. Características citológicas: Células do tipo superficial e intermediário, com citoplasma abundante, bem definido; Núcleos com mais de 3X o tamanho de núcleos de células intermediárias normais; Relação nucleocitoplasmática conservada ou levemente alterada; Hipercromasia e leve irregularidade da borda nuclear; Cromatina finamente granular; Binucleação e/ou multinucleação Nucléolo ausente; Coilocitose Coilócito é uma célula intermediária ou superficial que exibe uma cavitação bem demarcada perinuclear; O núcleo dessa célula é aumentado de volume e hipercromático; Pode haver binucleação ou rara multinucleação; O coilócito é específico da infecção pelo HPV, embora nem sempre esteja presente nos esfregaços citológicos. Antes de falar de ASC-H, lembrar células reservas e metaplásicas 24 LESÃO INTRAEPITELIAL ESCAMOSA DE ALTO GRAU Inclui as lesões anteriormente conhecidas como displasia moderada (NIC 2) e carcinoma in situ (NIC 3); NIC 2 há persistência da maturação escamosa com estratificação nas camadas mais superficiais. As alterações na NIC 3 são mais uniformes, com atipia nuclear em toda a espessura do epitélio e maturação mínima ou ausente; LIE-AG/HSIL são caracterizadas por: Células metaplásicas imaturas ou lembrando células de reserva; Células redondas ou ovais; Citoplasma delicado, denso ou queratinizado; Aumento do volume nuclear; Elevada relação nucleocitoplasmática; Irregularidades marcadas da borda nuclear; Cromatina finamente granular, cromatina finamente granular com cromocentros ou cromatina grosseiramente granular; Células isoladas, em agrupamentos planos ou dispostas em agrupamentossinciciais (carcinoma in situ); Na NIC2 (displasia moderada) são observadas células que têm uma relação nucleocitoplasmática aumentada Citoplasma menos abundante que geralmente é denso; Os núcleos são hipercromáticos, podendo demonstrar maior número de cromocentros e maiores irregularidades da membrana nuclear que nas células da displasia leve; O carcinoma in situ é representado habitualmente pelo grande número de células primitivas, imaturas Sempre exibem elevada relação nucleocitoplasmática. A borda nuclear é irregular e pode ter uma aparência interrompida. As seguintes características geralmente se associam à maior gravidade da lesão: Número aumentado de células anormais por lâmina. Maturidade citoplasmática diminuída. Aumento da relação nucleocitoplasmática. Irregularidades crescentes das bordas nucleares. Aumento do número e do tamanho dos grânulos de cromatina. Hipercromasia aumentada. CRITÉRIOS CITOLÓGICOS DE MALIGNIDADE Os seguintes aspectos devem ser considerados antes de classificar um esfregaço como positivo para malignidade: Presença de anormalidades em mais de uma célula. Presença de várias características de malignidade em cada célula anormal. Anormalidades em células bem preservadas, com citoplasma íntegro. Anormalidades detectadas e comparadas com a estrutura de células normais do mesmo tipo na vizinhança. Critérios de malignidade Alterações no núcleo Alterações no citoplasma Outros critérios de malignidade ALTERAÇÕES NO NÚCLEO São as mais importantes; É essencial a combinação de várias anormalidades para a decisão final; HIPERTROFIA NUCLEAR Deve sempre ser comparado ao tamanho de outros núcleos de células benignas. É fundamental analisar relação nucleocitoplasmática; Condições benignas (inflamação, reparação, alterações pós-irradiação) podem se associar ao aumento do volume nuclear devido a fenômenos degenerativos; ANISOCARIOSE (VARIAÇÃO DO TAMANHO) VARIAÇÃO DA FORMA NUCLEAR Deve-se à rápida multiplicação das células neoplásicas, que se sobrepõem em um espaço cada vez menor. HIPERCROMASIA É relacionada ao maior conteúdo de DNA dos núcleos anormais. Associa-se às irregularidades da estrutura da cromatina e da borda nuclear. A hipercromasia pode ocorrer por exposição prolongada à hematoxilina (falha de coloração) ou devido à degeneração, onde neste último caso a cromatina é borrada e a borda nuclear é mal delimitada. 42 IRREGULARIDADE DA CROMATINA Normal: cromatina finamente granular e quase invisível; Malignas: a cromatina forma grumos irregulares, variáveis em tamanho e forma, com múltiplas projeções bem demarcadas; MULTINUCLEAÇÃO A multinucleação deve ser valorizada quando os núcleos exibem tamanho, forma e estrutura de cromatina variados. É mais comum nas displasias que no câncer invasivo. ALTERAÇÕES NAS BORDAS NUCLEARES Células malignas: bordas bem definidas, com irregularidades (indenteação, lobulação, protrusão ou excessiva retração) Para diferenciar das células normais, observa-se o halo perinuclear. Uma boa fórmula para apreciar as alterações cromatínicas é dividir o núcleo em quatro quadrantes: nos núcleos benignos os quadrantes apresentam aspecto semelhante, já nos núcleos malignos os quadrantes exibem padrões diferentes. 44 ALTERAÇÕES NO CITOPLASMA QUANTIDADE O citoplasma das células malignas geralmente não aumenta na mesma proporção que o núcleo; Um aumento na relação nucleocitoplasmática é um bom critério de malignidade no reconhecimento de muitos tumores; Esse critério deve ser sempre comparado com a faixa de variação fisiológica no tamanho das células normais do mesmo tipo. Deve ser lembrado que a variação do tamanho citoplasmático pode ser observada em condições benignas, como: Iradiação; Deficiência de ácido fólico; Infecção viral; Degeneração e regeneração. VARIAÇÃO DO TAMANHO CITOPLASMÁTICO Somente tem importância quando é extrema; Exemplos são as células caudadas e fusiformes encontradas no carcinoma escamoso do subtipo queratinizante. VARIAÇÃO CITOPLASMÁTICA DA FORMA COLORAÇÃO CITOPLASMÁTICA Pode ser útil na identificação de alguns tipos de neoplasia. Citoplasma de cor laranja, brilhante, denso, é próprio do carcinoma escamoso; Células de tumores pouco diferenciados exibem habitualmente citoplasma basofílico, delicado, mal delimitado. Importantes no reconhecimento e classificação de lesões pré-cancerosas e malignas do colo. São eles: Agrupamentos sinciciais ou tridimensionais – células sobrepostas, com anormalidades nucleares e exibindo citoplasma escasso, mal delimitado Ácinos e papilas – relacionados à adenocarcinomas. Pseudocanibalismo – é o indício de proliferação celular exagerada em um espaço pequeno. A célula menor está geralmente localizada em uma depressão do citoplasma da célula maior. Esse pseudocanibalismo pode também ser visto em lesões benignas OUTROS CRITÉRIOS DE MALIGNIDADE ARRANJOS CELULARES
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