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PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO

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PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO
PROFESSOR DANIEL DE ANGELIS
danielangelis@gmail.com
Filme: Corpo e Evidência. 
TRABALHO:
Instigação ao suicídio e Infanticídio. Arts. 122 e 123, CP
BIBLIOGRAFIA
Damásio e Capez. 
02-08-2018 – QUINTA-FEIRA
HOMICÍDIO
ART. 121, CP
Bem jurídico mais importante. Valor vida: valor da maioria. Aceita-se todos os tipos de opinião, mas prevalece a da maioria. Homicídio é a eliminação da vida por outrem desde que a vida seja extrauterina, se for uterina, é aborto. Definir o que é vida é difícil, existem aspectos puramente biológicos, de existência, de razão, etc. O homicídio é um crime material, que provoca alteração no mundo. Os crimes formais nada alteram no mundo aí fora. Ex.: o crime de injúria racial não altera nada no mundo. Já, no crime material algo se modifica na natureza; no caso do homicídio, a pessoa deixa de existir. 
Consumação do crime: se dá quando se reúnem todos os elementos do crime. A consumação do crime de homicídio se dá com a morte. Uma das importâncias de se saber se houve morte, se dá por causa dos transplantes dos órgãos. Com a lei dos transplantes precisou-se estabelecer um parâmetro do que seria a morte (Lei 9424/97 e Resolução CFM 1480/97). A partir desse momento passou-se a determinar se a pessoa está morta ou não. 
Não havendo a morte, é possível que haja a tentativa de homicídio. Pune a tentativa com o art. 14, II, CP. Ex.: marido saca a arma e atira na esposa. Se arrepende. Leva-a ao hospital. Ocorre crime de lesão corporal porque houve o arrependimento foi eficaz ou a desistência voluntária. 
O homicídio sempre deixa vestígios, por isso é imprescindível o exame de corpo de delito, que é feito por peritos naquilo que houve modificação no mundo, pela conduta humana. No caso do homicídio, o cadáver. Art. 158, CPP. É imprescindível ainda que não se faça o exame no cadáver. Nem a confissão supre o exame de corpo de delito. Se as evidências forem claras que a pessoa morreu se utiliza destas e o exame de corpo de delito é dispensado. 
+ grave = aumento da pena.
- grave = diminuição da pena.
HOMICÍDIO SIMPLES 
Pena de 6 a 20 anos – 121, caput. 
Pena até 4 anos = aberto.
Pena de 4 a 8 anos = semiaberto. 
Pena acima de 8 anos – fechado. 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
§ 1º - homicídio privilegiado: 1) relevante valor moral ou social; 2) violenta emoção seguida da injusta provocação da vítima. 
- Relevante valor moral ou social: não mais aceito pela jurisprudência. 
- Violenta emoção seguida da injusta provocação da vítima: é aceito como privilégio porque o autor foi provocado de forma tão injusta que o seu ato será tido como menos grave. Está ligado ao conceito de justiça. O conceito de “injustiça” é impreciso. O júri decide. Ex.: foi considerado tentativa de homicídio privilegiado um caso em que houve traição. O marido inquiria a esposa se a traía. Esposa negava. Discutiram fortemente. A esposa confessou e disse ser o amante melhor que seu marido. Ex.: foi também considerada injusta provocação o caso de um vizinho, que não trabalha, nada faz da vida e provoca o vizinho, xingando-o e caluniando que sua mulher o trai com outro. O vizinho é trabalhador, honesto. O trabalhador após dois anos matou o vizinho ante esta injusta provocação. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO
Crime hediondo. Lei 8072/90. Crime considerado muito mais grave que os demais. Não permitem indulto, graça ou anistia. Cumpre-se 2/5 em regime fechado para primários e 3/5 para reincidentes. Em um apena de 12 anos, cumpre 4 anos e 9 meses em regime aberto e mais 4 anos e 9 meses em regime semiaberto. 
À pena base acrescenta-se uma pena maior. 
Homicídio qualificado – Art. 121, § 2º 
§ 2o Se o homicídio é cometido: 
Circunstância subjetiva: diz respeito à intenção do agente. Tudo o que está na cabeça do agente tem que ser provado pelos atos que ela cometeu. I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; Homicídio mercenário: homicídio mediante dinheiro. Paga: o dinheiro é dado antes. Promessa: o dinheiro é pago depois. Motivo torpe: asqueroso, nojento, ignóbil, muito reprovado. Ex.: matar o pai para ficar com a herança. Ex.: matar o contratante de seguro. 
Circunstância subjetiva: diz respeito à intenção do agente. Tudo o que está na cabeça do agente tem que ser provado pelos atos que ela cometeu. II – por motivo fútil; motivo banal, desproporcional. Ex.: briga de trânsito. Ex.: briga por conta de discussão doméstica. Ex.: briga de bar. ex.: briga de torcida pela rivalidade do time. Ex.: homicídio em razão de homofobia. 
Circunstância objetiva: Não dizem respeito à intenção do agente, mas quanto à forma em que é praticado. III – com emprego de veneno (remédio, droga), fogo, explosivo, asfixia (sufocação, esganadura, estrangulamento, afogamento, etc.). Os sinais da asfixia são facilmente detectados., tortura (impingir sofrimento à vítima, desnecessariamente e sem finalidade específica) ou outro meio insidioso ou cruel (matar alguém com chutes, por exemplo, geralmente para obter confissão), ou de que possa resultar perigo comum; 
Circunstância objetiva: Não dizem respeito à intenção do agente, mas quanto à forma em que é praticado. IV – à traição (quebra de confiança). Ex.: dois amigos vão pescar. No meio do rio, um sabendo que o outro não sabe nadar, o joga no rio.), de emboscada (criação de um ambiente, armadilha, para que a pessoa morra, arapuca), ou mediante dissimulação (fingimento) ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (surpresa. Ex.: uma pessoa sacar a arma); 
Circunstância subjetiva: diz respeito à intenção do agente. Tudo o que está na cabeça do agente tem que ser provado pelos atos que ela cometeu. V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Assegurar a Execução: 5 sujeitos resolvem roubar um banco. 10 min antes da ação, um dos sujeitos se arrepende. Os outros 4 sujeitos matam o que se arrependeu para que ele não delate o plano à polícia. Ocultação: mulher mata o marido e o amante exige parte da herança. Mulher não quer dividir a herança mata o amante também. Impunidade: caso do Celso Daniel, onde ocultaram seu cadáver para garantir a impunidade. Vantagem de outro crime: mata-se uma pessoa para que o produto do crime permaneça somente com o matador. Ex.: roubo do Banco Central de Fortaleza. 
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
* Circunstância subjetiva. Ex.: sujeito foi pego 3 da manhã saindo de uma fazenda com um porco no braço. Disse que estava passeando com o animal. Deduz-se entretanto, que estava furtando, porque não é comum essa prática. 
* Uma pessoa pode ser condenada por duas qualificadoras: uma de ordem objetiva e outra subjetiva. A pena terá que ser aumentada acima do mínimo legal. Uma das qualificadoras será motivo de aumento da pena. 
* Premeditação não é qualificadora. 
* Teoria finalista: não existe conduta humana que não seja dirigida a um fim. O homem sempre age de acordo com um determinado objetivo. Art. 18, CP: somente se pune o que o agente quis produzir. 
* Homicídio qualificado privilegiado é possível? Sim. Desde que as qualificadoras sejam objetivas. 
Circunstância objetiva: Não dizem respeito à intenção do agente, mas quanto à forma em que é praticado.VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 
Circunstância objetiva: Não dizem respeito à intenção do agente, mas quanto à forma em que é praticado.VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Agentes públicos. Agente no exercício da função: está trabalhando. Agente em razão da função: não está trabalhando, mas é morto em virtude da função que exerce. Somente parentes consanguíneos até terceiro grau. 
Pena – reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A. Considera-seque há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I – violência doméstica e familiar; Art. 5º da Lei 11.340/2006. Lei Maria da Penha. 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Depreciação do valor da condição de ser mulher. Discriminação: negar acesso a algum tipo de direito em razão de ser mulher. 
* Art. 5º da Lei 11.340/2006. Violência contra a mulher. Lei Maria da Penha. Trata de assuntos essencialmente processuais. Influencia muito pouco no Direito penal. 
I – âmbito da unidade doméstica, espaço de convívio de pessoas, com ou sem vínculo familiar: lar, uma república, etc. 
II – no âmbito da família, formada por indivíduos que são ou que se consideram aparentados. Parentes: considerados até 4º grau (primos). Parentesco (primos). parentesco am em v. essuais. razmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmma e outra subjetiva. civil: parentes do cônjuge. Aparentados: considerados afetivamente. 
III – relação íntima de afeto: namorado. Pouco importa se conviveu ou não sob o mesmo teto. Se pratica a violência, será considerada violência contra a mulher. 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA DO HOMICÍDIO DOLOSO
Causa de aumento de pena = circunstância que se presente, aumenta a pena da forma como predeterminada pela lei.
Circunstância agravante = circunstância que se presente, aumenta a pena de acordo com a quantificação feita pelo juiz. Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Ex.: Pena de 12 anos, passa para 16 anos. Pena de 30 anos, passa para 40 anos. 
Pode haver duas causas de aumento de pena? Pode. 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
HOMICÍDIO CULPOSO – 121, § 3º 
Culpa = responsabilidade penal (sentido amplo) e elemento subjetivo. No sentido subjetivo, culpa é uma ação voluntária não desejada, mas, cujo resultado antijurídico é previsível e evitável. 
O padrão de punição do direito penal é o dolo, porque é incito à conduta. No momento em que se cogita o crime é possível prever-se o resultado. Se as ações do sujeito se guiam para atingir esse resultado tem-se o dolo direto. Já na culpa, vislumbra-se o resultado, mas as ações não visam (pretendem) o resultado. A culpa não é punida pela finalidade que se quer atingir, mas sim como a forma em que o agente age. O resultado precisa acontecer, mas o que importa é como se chega a esse resultado. A culpa consiste em comportar-se de uma maneira que a lei reprova. Os tipos de crime culposo são chamados abertos, por isso, não tem uma antijuridicidade bem definida. 
Conduta dolosa = conduta + resultado + nexo de causalidade + tipicidade.
Conduta culposa = conduta + resultado + nexo de causalidade + tipicidade + previsibilidade + inobservância de um dever de cuidado. 
Homicídio culposo 
§ 3o Se o homicídio é culposo: 
Pena – detenção, de um a três anos.
Comete-se um crime culposo, quando o resultado morte é previsível e quanto não observo o dever de cuidado na minha conduta. Uma condenação por crime culposo, torna certa a obrigação de reparar o dano. Geralmente a pena é substituída por restritiva de direitos. 
Ex.: manejando arma de fogo, atinjo a pessoa que está do meu lado. Não quis matá-la. Não quis o resultado, mas era previsível que manejando aquela arma com a saída do cano voltada para uma pessoa, pudesse provocar um acidente. Deixei de observar a direção do cano. Teria que voltar-me para um local seguro.
Ex.: erro médico. Cirurgia plástica. Lipoaspiração. Perfura-se o intestino. Morte. Houve um erro. Era previsível. A inobservância do dever de cuidado se deu porque não manejou corretamente o cateter. 
Ex.: paciente chega ao Pronto Socorro. Médico não atende. Paciente morre. Homicídio. O médico deve agir em virtude de lei. A sua omissão em relação ao paciente o condena por homicídio culposo. O não agir provoca o resultado. Do ponto de vista da natureza, quem a matou foi a doença. Do ponto de vista do Direito, quem a matou foi a omissão do médico por negligência, por não observar o seu dever de cuidado de socorrer a vítima. 
Ex.: pai em relação a filho. Pai sai para trabalhar. Filho fica sozinho. Pai volta e a casa está pegando fogo. Filho morre. O pai não tomou o dever de cuidado de deixar o filho supervisionado. É previsível. Decorre dos costumes supervisionar criança. 
Ex.: acidente de trabalho. Trabalhador no 10º andar do edifício limpando os vidros de fora, sem EPI. Cai. Morre. Homicídio culposo. A queda era previsível. O empregador tem o dever de fornecer o EPI diante das normas regulamentadoras do MT. O chefe imediato responde pelo homicídio culposo. 
Ex.: acidente de trânsito em vias terrestres. Art. 302, CTB: cometer homicídio culposo na direção de veículo automotor de vias terrestres. O dever de cuidado é aquele determinado pelo CTB. Se observar todo o dever de cuidado do CTB e atropelo alguém, não há crime. Se estiver em excesso de velocidade e há o atropelamento, há crime. Se ambos (pedestre e motorista) estiverem errados, no direito penal, as culpas não se compensam.
Ex.: ultrapassagem em local não apropriado. O pneu do caminhão explode e atinge o motorista. O dever de cuidado do motorista do caminhão o torna negligente se não faz a manutenção adequada. 
SITUAÇÕES NO TRÂNSITO
	DOLO EVENTUAL
	CULPA
	Vislumbro o resultado.
Ajo com todas as maneiras necessárias para chegar ao resultado.
Não me importo se o resultado acontecer. 
Ex.: embriaguez em altos níveis (acentuada); racha; velocidade muito alta. Nessas circunstâncias não há como evitar o resultado. 
	Culpa Consciente
Vislumbro o resultado.
Ajo com todas as maneiras necessárias para chegar ao resultado; porém, acredito que posso evitar o resultado. 
	
	Culpa inconsciente
Não vislumbro o resultado.
PERDÃO JUDICIAL 
Art. 107, IX.
Art. 120. 
Somente para homicídio doloso. Qualquer situação em que a lei autoriza o Juiz a não punir o agente, não aplicando a pena, mesmo sendo este responsável pela conduta. 387, CPP: o Juiz ao condenar o réu, aplicará as penas cominadas, exceto quando houver possibilidade do perdão judicial. A finalidade da pena é causar aflição. Não pode ser algo prazeroso. 
O perdão judicial pode ser aplicado quando as consequências do crime atinjam a vítima de uma tal forma que a pena se torna desnecessária (art. 121, § 5º). Ex.: pessoa que acidentalmente atropela o filho. Ex.: pai que está ao volante e mata o filho acidentalmente em um capotamento. 
Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Art. 120. A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
A Súm 18, STJ diz que a sentença que concede o perdão judicial é extintiva de punibilidade: não há consequência nenhuma para o agente. 
ABORTO
Art. 124 a 128, CP
Não existe aborto culposo. É sempre doloso. Embora a mulher orientada pelo médico para fazer repouso e não o faz tenha um aborto, ela não pode ser condenada, porque não existe aborto culposo. 
Nem todo tipo de aborto é crime. Somente os provocados. Alguns podem ocorrer espontaneamente por algum problema de saúde da gestante. Aborto é a interrupção da gravidez com o resultado morte do produtoda conceção. Se apenas intentar o aborto, interromper a gravidez, mas a criança nascer, não é aborto. 
A medicina considera uma pessoa grávida quando o ovo se fixa na parede do útero: nidação. O marco desse momento é importante, porque sem a nidação nada acontece com o corpo da mulher. 
O término da gravidez do ponto de vista jurídico é o início do parto. Se matar o feto quando o parto foi iniciado, tem–se o crime de homicídio e não o de aborto. 
Não pode haver perdão judicial, porque não há previsão legal para tanto. 
Métodos abortivos:
Físicos: introdução de agulha. 
Químicos: remédios, chás. 
Tentativa de aborto.
Pode ocorrer. Começa a execução do crime e ele não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos. 
1ª parte: provocar aborto em si mesma. 
Toma remédio, introduz objeto. 
2ª parte: consentir que outrem lho provoque.
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena – reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
	Auto-aborto
	Aborto consentido
	Aborto provocado por terceiro
	Aborto consensual
	Art. 124, primeira parte.
A gestante provoca aborto em si mesma sem a ajuda de terceiros. 
Crime próprio (somente a gestante pode praticar). 
O crime se consuma com a morte do feto.
	Art. 124, segunda parte.
O aborto é provocado na gestante por terceiro. Aceita que outra pessoa o faça. 
Crime próprio (somente a gestante pode consentir).
O crime se consuma com a morte do feto. 
	Art. 125.
Aborto praticado sem a vontade da gestante. É forçada a praticar o aborto. Ex.: o namorada pega a gestante à força, a seda e leva para que seja provocado o aborto. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos a gestante. 
O crime se consuma com a morte do feto.
	Art. 126.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. O terceiro que ajuda a gestante a provocar o aborto. Ex.: médico da clínica de aborto. 
O consentimento tem que ser válido. Algumas pessoas não podem dar consentimento. Se o aborto ocorrer mediante o consentimento daqueles que não podem consentir, o crime será o do art. 125. 
Ver Lei 13.146/2015 sobre o conceito de pessoa com deficiência. 
O crime se consuma com a morte do feto.
	Concurso de pessoas. Art. 29, CP. Quem de qualquer forma concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas. Duas ou mais ações. Um resultado. Tem que haver nexo de causalidade. Tem que haver unidade de desígnios (unidade de intenções). Neste caso da ‘coincidência’ entre o art. 124 e 126 do CP, não ocorre o concurso de pessoas, porque a norma específica prevalece sobre a norma geral (art. 29). 
Forma qualificada. Art. 127, CP. Causa de aumento de pena.
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Aborto legal. Art. 128, CP. 
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário 
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; se o médico tiver que optar pela vida de alguém, sacrifica a do feto e não a da gestante. Salva a vida da mãe. Não importa a opinião ou consentimento da mãe. O médico pode tomar qualquer atitude. Se não houvesse esse inciso específico, seria o caso de estado de necessidade (exclusão da ilicitude). Não precisa autorização judicial.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Aborto sentimental: gravidez resultante de estupro. Dentro da teoria do crime é o caso de inexigibilidade de conduta diversa. A violência é tamanha que a mãe não tem condições psíquicas de carregar aquele ser. Não precisa autorização judicial, mas, na prática nenhum médico o faz sem. Se o médico faz mediante uma declaração da gestante de que a gravidez é resultante de estupro e a declaração é inverídica, o médico não incorre em pena, porque não sabia da declaração inverídica. 
Anencefalia. Aborto de feto anencefálico.
Qualquer anormalidade grave que impeça a vida autônoma. Não consegue sobreviver sem ajuda de terceiros ou aparelhos hospitalares. A ADPF 54 concluiu que não viola nenhuma norma legal praticar aborto de feto anencefálico. Tem caráter obrigatório. Acrescentou-se, na prática, outro caso de aborto legal. 
LESÃO CORPORAL
Ofensa à integridade física (normal funcionamento do organismo). Necessariamente, tem que haver a ofensa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: pessoa viva. 
Consentimento do ofendido: dependendo do caso, exclui o crime. A restrição voluntária ao direito da personalidade pode excluir o crime, de forma temporária e em proveito do titular do direito. Direitos de personalidade: ao próprio corpo; nome; imagem; privacidade; honra. Podem sofrer restrição, desde que sejam temporário e em proveito do titular. 
Ex.: futebol e MMA: consentimento temporário em seu proveito, em virtude de sua profissão.
Ex.: sexo agressivo: o parceiro consentiu dispondo de seu direito de personalidade temporariamente e em seu proveito. 
Ex.: consentimento dos pais para furar a orelha do bebê para colocar brinco. 
Vias de fato: linguagem do início do século passado. É uma contravenção que se caracteriza quando a agressão não causa ofensa à integridade física. Ex.: puxar a orelha, tapa leve no rosto, empurrão. 
Cortar totalmente o cabelo de alguém: se não causar lesão psíquica é vias de fato. Se causar lesão psíquica é lesão corporal. 
Tapa no peito de outra pessoa: intimidação. Ato de provocação. Por si só é vias de fato, agressão. Não pode deixar lesão. Se deixar é lesão corporal. 
Lesões corporais anatômicas: hematoma; escoriação; incisão; perfuração; fraturas; tatuagem; queimaduras; cicatrizes, etc. 
Lesões corporais psíquicas: insônia; pânico, etc. Os efeitos tem que ser permanentes. 
Lesões corporais funcionais: vômito; diarreia; embriaguez; etc. 
Autolesão. Não é crime. Pode, porém, configurar crime de estelionato, como, por exemplo, quem assegurou as mãos em virtude de sua profissão e se auto lesiona, para receber prêmio de seguro. 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Elementar do crime. Significados que as palavras do tipo penal têm. Ex.: matar alguém. 
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Ex.: reincidência; maior de 60 anos.
Lei 9605/98. Art. 32. Crime contra animais.

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