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Direito Societário

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TEORIA GERAL DAS SOCIEDADES
Atividades econômicas de pequeno porte podem ser exploradas por uma pessoa natural, sem maiores dificuldades. Na medida em que se avolumam e ganham complexidade, o desenvolvimento dessas atividades pressupõe a aglutinação de esforços de agentes interessados no lucro que elas prometem propiciar. Essa articulação pode assumir variadas formas jurídicas, dentre as quais a de uma sociedade.
  
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Personalização das Sociedades: 
A pessoa jurídica não preexiste ao direito; é apenas uma ideia, conhecida de advogados, juízes e demais membros da comunidade jurídica, que auxilia a composição de interesses ou a solução de conflitos. O sujeito de direito personalizado (sociedade) tem aptidão para a prática de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Já o despersonalizado (espólio, massa falida, condomínio horizontal) somente pode praticar ato essencial ao cumprimento de sua função ou o expressamente autorizado.
Quadro Geral das Pessoas Jurídicas (CC - art. 40):
As pessoas jurídicas são classificadas, inicialmente, em dois grandes grupos, as de direito público (interno ou externo) - arts. 41 e 42 do CC - e as de direito privado - art. 44 do CC.
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Efeitos da Personalização
Titularidade obrigacional: quando a sociedade realiza negócios jurídicos, embora ela o faça pelas mãos de seu representante legal, é ela que assume um dos pólos da relação negocial. O sócio que a representou não é parte no negócio jurídico, mas sim a sociedade;
Titularidade processual: a pessoa jurídica é legítima para demandar e ser demandada em juízo;
Responsabilidade patrimonial: a sociedade terá patrimônio próprio, seu, inconfundível e incomunicável com o patrimônio individual de cada um de seus sócios, que, em regra, não responderá pelas obrigações da sociedade. Obs.: o princípio da autonomia patrimonial tem sua aplicação limitada, atualmente, às obrigações da sociedade perante outros empresários. Porém, se o credor é empregado, consumidor, ou o estado, o princípio não tem sido prestigiado pela lei ou pelo juiz.
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Início da Personalização: para a maioria dos autores da atualidade, somente com o registro na Junta Comercial é que teria início a personalidade jurídica da sociedade comercial, de tal sorte que a sociedade irregular (sem registro) seria exemplo de entidade despersonalizada. A própria legislação civil estabelece a formalidade como o ato responsável pela constituição da pessoa jurídica (CC 2002, arts. 45 e 985).
 
Fim da Personalização: a personalização da sociedade termina após um processo dissolutório, que pode ser judicial (NCPC, arts. 599 a 609) ou extrajudicial, importando acentuar que a simples inatividade da sociedade não significa o seu fim, como pessoa jurídica. O processo de extinção extrajudicial, também conhecido por dissolução em sentido largo, compreende: a) dissolução em sentido estrito; b) liquidação e c) partilha.
Limites da Personalização: o princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas não é prestigiado nas hipóteses de uso fraudulento ou abusivo do instituto e para a tutela dos credores com direito não proveniente de negociação (empregados, consumidor ou o estado).
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SOCIEDADES NO DIREITO BRASILEIRO
O CC aponta para a sobrevivência de dois regimes jurídicos frente à unificação do direito privado, o civil e o comercial. Como consequência, o seu art. 982 estabelece que, salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais. Dentre as exceções, merece destaque a regra contida no parágrafo único do art. 982, a qual estabelece que, independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações, e simples, a cooperativa.
Tipos de Sociedades Empresárias – art. 983 do CC: a) Sociedade em nome coletivo – art. 1.039 a 1.044 do CC; b) Sociedade em comandita simples – art. 1.045 e 1.051 do CC; c) Sociedade Limitada – art. 1.052 a 1.087 do CC; d) Sociedade Anônima – art. 1.088 a 1.089 e Lei 6.404/76; e) Sociedade em comandita por ações – art. 1.090 a 1.092 e Lei 6.404/76
As Sociedades Simples (não empresárias) são regidas pelos arts. 997 a 1.038 do CC
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Classificação das Sociedades Empresárias
As sociedades empresárias classificam-se segundo diversos critérios. Os de maior importância são:
Sociedades de Pessoas ou de Capital
Sociedades Contratuais e Institucionais
Sociedades Pluripessoais e Unipessoais
Obs: EIRELI (art. 44, VI x art. 980–A) – interpretação literal contra a sistemática
Estabilidade ou Instabilidade do Vínculo
Resposabilidade dos sócios
Sociedade de Grande Porte (Lei 11.638/2007, art. 3º)
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Sociedades de Pessoa ou de Capital
Sociedades de Pessoa: as sociedades de pessoas são aquelas em que a realização do objeto social depende mais dos atributos individuais dos sócios que da contribuição material que eles dão.
Sociedades de Capital: são as sociedades em que a contribuição material é mais importante que as características subjetivas dos sócios
Obs.: A natureza da sociedade importa diferenças no tocante à alienação da participação societária, à sua penhorabilidade por dívida particular do sócio (conceito atualmente alterado pela 861 do NCPC) e à questão da sucessão por morte.
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Sociedades Contratuais e Institucionais
Sociedades Contratuais: são as sociedades em que o ato constitutivo e regulamentar é o contrato social e cuja constituição e dissolução serão regidas pelo Código Civil.
Sociedades Institucionais: são as sociedades em que o ato constitutivo e regulamentar é o estatuto social e cuja constituição e dissolução serão regidas pelo CC e pela Lei 6.404/76.
Obs. o herdeiro de uma participação societária está obrigado a integrar a sociedade?
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Sociedades Pluripessoais e Unipessoais
De acordo com a quantidade de sócios, a sociedade pode ser pluripessoal (dois ou mais sócios) ou unipessoal (um sócio apenas).
No direito brasileiro, há, desde a Constituição, apenas duas sociedades unipessoais: a subsidiária integral (necessariamente uma sociedade anônima – LSA, art. 251) e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI (necessariamente uma limitada – CC, arts. 44, VI e 980-A).
Nos demais tipos societários (nome coletivo, comandita e limitada) a unipessoalidade só pode ser incidental e temporária (CC, art. 1.033, IV).
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Estabilidade ou Instabilidade de Vínculo
A sociedade empresária é de vínculo instável quando a declaração unilateral de vontade de um sócio basta, a qualquer tempo, para o seu desligamento mediante reembolso de capital, exceto se a sociedade é por prazo determinado.
Já é de vínculo estável a sociedade em que o desligamento mediante reembolso de capital admite-se apenas em hipóteses excepcionais, especificamente indicadas na lei (nas quais o sócio pode exercer o seu direito de recesso ou retirada).
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Responsabilidade dos Sócios
Na sociedade ilimitada: todos os sócios responderão ilimitadamente pelas obrigações sociais (Ex.: sociedade em nome coletivo), enquanto que na sociedade mista apenas uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada e a outra parte tem responsabilidade limitada (Ex.: comandita simples e comandita por ações). Nas sociedades limitadas todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais (Ltda. e S/A).
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Sociedades de Grande Porte
São classificadas como “de grande porte” as sociedades empresárias ou conjunto de sociedades sob o mesmo controle, que têm o ativo ou receita bruta anual superior aos valores legais, ou seja, valor do ativo superior a R$240.000.000,00 ou receita bruta superior a R$300.000.000,00.
Estas sociedades devem manter a escrituração mercantil, elaborar demonstrações financeiras e submeter-se a auditoria independente como se fossem sociedades anônimas, ainda que não adotem esse tipo societário.*
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Nacionalidade da Sociedade 
Uma sociedade se considera nacional se atende a dois requisitos: a) sede no Brasil e b) organização de acordo com a nossa legislação (CC 2002, art. 1.126 e Dec.-Lei 2.627/40, art. 60).
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Desconsideração da Pessoa Jurídica
A “teoria da desconsideração da pessoa jurídica” autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada como expediente para a realização de fraude. Exemplos:
1) venda do estabelecimento comercial à sociedade da qual é sócio, ao invés de integralizar as ações subscritas com esses mesmos bens (reserva de domínio e parcelamento);
 2) desvio de clientela da S/A devedora para o fortalecimento da Ltda.;
 3) contrato com a concorrência assegurando faturamento mínimo em troca de poderes de administração (direito antitruste).
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Considerações sobre a desconsideração da personalidade jurídica
Ver arts. 50 do CC e arts. 133 a 137 do NCPC.
A teoria da desconsideração não contraria a separação entre a sociedade e seus sócios. Ela visa preservar o instituo.
A desconsideração deve ter natureza excepcional e episódica.
Não se invalidam os atos fraudulentos, os quais se tornam ineficazes perante as vítimas do abuso.
Formulação objetiva da teoria da desconsideração não deve prevalecer em relação à subjetiva, segundo a ótica de F.U.C.
Desconsideração inversa também é possível, isto é, alcançar os bens da sociedade por obrigação do sócio (direito de família).
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NATUREZA E REGIME DA SOCIEDADE LIMITADA
Interesse social e iteresse dos sócios: os sócios devem ter em mira a realização dos interesses sociais, dando-lhes primazia sobre os seus. É esse, aliás, o princípio que rege a lei brasileira. Ocorre que, na realidade, interesse social é uma metáfora. O que existe é o interesse dos sócios.
Obs. Interesse é vontade racionalizada. Só o ser humano possui. As sociedades, portanto, se desenvolvem com o objetivo de estabelecer a distribuição de bens entre as pessoas naturais.
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RELAÇÕES ENTRE OS SÓCIOS
As deliberações entre sócios relativamente aos assuntos da sociedade são adotadas por maioria no valor dos interesses. Cada sócio interfere de modo proporcional à contribuição que deu para o negócio (art. 1.010 do CC).
Importante! se aportar recursos na empresa sem a prévia negociação e formalização de cláusulas que amparem os seus interesses de minoritário, o sócio perde a única chance que possuía de se preservar contra os abusos do sócio majoritário.
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Principais cláusulas a serem negociadas pelo sócio minoritário
Cláusula de unanimidade: obsta a alteração do contrato social senão pela vontade unânime dos sócios (o contrato pode ser alterado, na maioria das vezes, pela vontade do sócio ou sócios titulares de ¾ do capital social - CC 2002, art. 1076, I). Obs. O sócio minoritário que divergir da alteração do contrato social terá sempre o direito de se retirar da sociedade e receber o reembolso de suas quotas (CC 2002, art. 1.077). Mas, provavelmente, sofrerá prejuízos.
Cláusula de estipulação de distribuição anual de lucros
Cláusula de acesso às informações gerenciais: não obstante a disposição constante do CC 2002, arts. 1.020 e 1021 e da LSA, arts. 105 e 133;
Omissão no contrato de cláusula que possibilite a expulsão: possível por simples alteração contratual firmada pela maioria. Nesse caso, eventuais desentendimentos entre a maioria e a minoria deverão ser solucionados pelo Judiciário (CC 2002, art. 1.085).
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Legislação aplicável à Sociedade Limitada (art. 1053 do CC):
em assunto disciplinado pelo capítulo do Código Civil específico deste tipo societário, vigora a disposição nele contida;
na constituição e dissolução total, observa-se sempre o Código Civil (arts. 1.033, 1.044 e 1.087);
nos demais casos, se a matéria é passível de negociação entre os sócios, consulta-se o contrato social, aplicando-se supletivamente a disciplina do Código Civil respeitante à sociedade simples (arts. 997 a 1.038), ou, se assim, desejado pelos sócios de modo expresso, a Lei das Sociedades por Ações;
não sendo a matéria suscetível de negociação, pode-se aplicar analogicamente a Lei das Sociedades por Ações na superação da lacuna (ex.: o reconhecimento da condição de substituto processual do sócio minoritário, para demandar, em nome da sociedade, o majoritário que exerce a gerência).
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A Natureza da Sociedade Limitada
A limitada pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com a vontade dos sócios. O contrato social, portanto, definirá a natureza de cada limitada.
Essa discussão é relevante, porque nas sociedades limitadas de pessoas, a cessão de quotas ou o ingresso de herdeiro na sociedade, por exemplo, pode depender da anuência de todos os seus membros. Nas de capital, independe.
Esse critério de pesquisa se torna inoperante, no entanto, se o contrato social é omisso relativamente às condições para a alienação das quotas. Nesse caso, deve-se considerar que a sociedade é de pessoas, uma vez que o art. 1.057 do CC estabelece que o sócio só pode alienar suas quotas a terceiros estranhos à sociedade se não houver oposição de titulares de mais de ¼ do capital social, a menos que o contrato social disponha diferentemente.
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Espécies (ou subtipos) de Sociedade Limitada
Existem duas espécies de sociedade limitada no direito brasileiro. As sujeitas à regência supletiva das normas da sociedade simples (limitadas com vínculo societário instável – subtipo I) e as sujeitas à regência supletiva da LSA (limitadas com vínculo societário estável – subtipo II).
As mais relevantes diferenças entre os dois subtipos são:
a) Dissolução parcial: as sociedades limitadas com vínculo societário instável podem ser dissolvidas nas hipóteses de morte (CC 1.028), liquidação de quotas a pedido de credor de sócio (art. 1.026, par. único), retirada imotivada (art. 1.029, primeira parte), retirada motivada (art. 1.077) ou expulsão de sócio (art. 1.085). Já as sociedades de vínculo societário estável só podem ser parcialmente dissolvidas nas hipóteses de retirada motivada (art. 1.077) ou expulsão de sócio (art. 1.085). Isso porque as três primeiras causas que podem importar a dissolução parcial da sociedade de subtipo I estão previstas unicamente em regras referentes à sociedade simples, que não se aplicam às limitadas de subtipo II, em que os sócios elegeram, no contrato social, a LSA como fonte supletiva de regência.
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b) Desempate: nas sociedades limitadas com vínculo societário instável, o desempate é feito em consonância com o disposto no art. 1.010, §2º do CC. Nas sociedades limitadas de vínculo societário estável o desempate ocorrerá mediante a aplicação da regra prevista no art. 129, §2º da LSA;
c) Destinação do resultado: nas sociedades limitadas com vínculo societário instável, a maioria dos sócios delibera sobre a destinação dos resultado, podendo livremente decidir pelo reinvestimento da totalidade dos lucros gerados. Já as sociedades limitadas de vínculo societário estável devem prever, no contrato social, o dividendo obrigatório a ser distribuído anualmente entre os sócios. Caso seja omisso o instrumento contratual, pelo menos metade do lucro líquido apurado deve obrigatoriamente ser distribuído entre os sócios como dividendo (LSA, art. 202)
d) Vinculação a atos estranhos ao objeto social: a sociedade limitada com vínculo societário instável se submete ao art. 1.015, parágrafo único, III, do CC (teoria ultra vires), enquanto que as sociedades limitadas de vínculo societário estável não.
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Sociedade Limitada Unipessoal - EIRELI
Para Fabio Ulhoa Coelho, a sociedade limitada unipessoal é chamada, no direito brasileiro, de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Esta não corresponde a novo tipo de pessoa jurídica, como equivocadamente se poderia concluir da iinterpretação literal do art. 44, VI, do CC.
Sendo espécie desociedade limitada, a EIRELI submete-se às regras deste tipo societário (CC, art. 980-A, § 6º).
Está, contudo, sujeita a determinadas exigências próprias, como a necessária integralização de todo o capital social, o valor deste de pelo menos 100 salários mínimos e a obrigatoriedade de constar, da firma ou denominação, a sigla EIRELI.
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CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES CONTRATUAIS
1) Natureza do ato constitutivo da sociedade contratual: a sociedade comercial nasce do encontro de vontade de seus sócios, consubstanciado em um contrato social, em que se definirão as suas normas disciplinadoras.
2) Requisitos de validade do contrato social - para ser válido o contrato social deve obedecer a duas ordens de requisitos:
Genéricos: a validade do contrato social depende da observância dos elementos que validam os atos jurídicos em geral (art. 104 do CC 2002) : agente capaz (capacidade de direito comercial), objeto lícito, possível, determinado ou indeterminado e forma prescrita ou não defesa em lei.
Específicos: todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social, seja com bens, créditos ou dinheiro e todos os sócios participarão dos resultados, positivos ou negativos, da sociedade (Cód. Civil 2002, arts. 981 e 1.008);
Obs. não se admite a exclusão do sócio dos lucros, contudo, nada impede a participação desproporcionada nos mesmos.
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3) Pressupostos de Existência:
Affectio societatis, ou seja a disposição, que toda pessoa manifesta ao ingressar em uma sociedade comercial, de lucrar ou suportar prejuízo em decorrência do negócio comum;
Pluralidade de sócios, salvo exceções aplicáveis às sociedades por ações (subsidiaria integral), bem como, quando verificadas qualquer das causas de dissolução parcial, hipótese em que a sociedade tem sua composição reduzida a um membro, podendo permanecer nessa condição por 180 dias (CC 2002, art. 1.033, IV).
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4) Cláusulas Contratuais - existem duas espécies de cláusulas contratuais: de um lado, as essenciais, condição de registro do contrato e conseqüente regularidade da sociedade comercial, e as acidentais, cuja inexistência não impede o registro da sociedade.
Cláusulas Essenciais: estão definidas pelo art. 997 do CC, aplicável, no que couber, às sociedades limitadas. Obs.: ver também o art. 53, III, do Decreto n. 1800/96, bem como, o artigo 56 da Lei 8.884/94.
Cláusulas Acidentais: visam melhor disciplinar a vida da sociedade, mas cuja ausência não importa em irregularidade desta. Ex.: cláusula arbitral, cláusula reguladora dos efeitos da morte de sócio, pro labore etc.
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5) Forma do Contrato: o contrato social pode ser escrito ou oral. Neste último caso, a sociedade será sempre irregular, o que também ocorrerá se o contrato escrito não for registrado perante a Junta Comercial. O instrumento de constituição poderá ser público (escritura) ou particular, não estando as alterações subsequentes atreladas à forma da constituição e vice-versa.
Obs.: pelo disposto nos artigos 303, 304 e 305 do C.Com., sucedidos pelo artigo 987 do CC 2002, verifica-se ser possível provar-se a existência da sociedade por outros meios, além do contrato. Dessa faculdade, no entanto, só poderão se beneficiar os não-sócios. As demandas entre sócios ou destes contra terceiros não serão admitidas em juízo se não for juntado o contrato comprobatório.
No CC 2002 (arts. 986 a 960), as sociedades contratuais sem ato constitutivo arquivado na Junta Comercial (de fato ou irregulares) são denominadas “sociedades em comum”.
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6) Alteração do Contrato Social: o contrato social pode ser alterado de acordo com a vontade dos sócios ou por decisão judicial. O quorum necessário dependerá do objeto da alteração:
Para a designação de administrador não sócio (cabível apenas se houver permissão expressa no contrato social): a alteração depende da vontade unânime dos sócios, enquanto o capital não estiver totalmente integralizado, e da aprovação de sócio ou sócios titulares de 2/3 do capital social, após a integralização deste (art. 1.061);
A destituição de administrador sócio: a alteração exige a aprovação de sócio ou sócios titulares de quotas representativas de 2/3 do capital social, salvo se o contrato preceituar outro quorum maior ou menor (art. 1.063, par. 1o);
Expulsão extrajudicial de minoritário: a expulsão pode ser assinada por sócio ou sócios titulares de mais da metade do capital social (em qualquer das duas hipóteses em que cabível essa forma de expulsão: mora na integralizacão ou atos que põem em risco a continuidade da empresa, se houver, neste ultimo caso, clausula contratual permitindo) (CC 2002, arts. 1.004, par. único, e 1.085);
Demais alterações contratuais: dependem da aprovação de sócio ou sócios titulares de ¾ do capital social (CC 2002, 1.071, V e 1.076, I).
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DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS SÓCIOS
 
1) Integralização do Capital Social: a principal obrigação que o sócio contrai ao assinar o contrato social é a de investir, na sociedade, determinados recursos, geralmente referidos em moeda. Cada sócio tem, noutras palavras, o dever de integralizar – em dinheiro, bens ou créditos - a quota do capital social que subscreveu.
1.2) Sócio Remisso: é aquele que não cumpre, no prazo, a obrigação de integralizar a quota subscrita. A sociedade pode cobrar-lhe o devido, em juízo, ou expulsá-lo (art. 1.004, par. único). Nesta última hipótese, deve restituir ao remisso as entradas feitas, deduzidas as quantias correspondentes aos juros ou indenização pela mora (art. 1.058).
 
Obs.: querendo-se preservar a integralidade do capital social, em caso de expulsão do remisso, as quotas deste devem ser atribuídas a outra pessoa, sócia ou estranha, ou a própria sociedade (CC 2002, art. 1.058).
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2) Responsabilidades pelas Obrigações Sociais - Limitada: o limite da responsabilidade dos sócios pelas obrigações da limitada é o total do capital social subscrito e não integralizado (art. 1.052).
3) Credores Não Negociais - Responsabilidade Ilimitada: para o Fisco (CTN, art. 135, III), o INSS (Lei 6.820/93, art. 13 – declarado inconstitucional pelo STF), os trabalhadores (Jurisprudência) e titulares de direito de indenização (CDC, art. 28, etc.), a limitação da responsabilidade dos sócios pode vir a representar prejuízo, porque eles não dispõem de instrumentos de negociação para se preservarem da insolvência da sociedade.
 
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4) Responsabilidade por irregularidades (ilícitos): a exceção a regra da irresponsabilidade do sócios, aqui, tem o objetivo de punir atos ilícitos, e compreende duas hipóteses:
 
a) deliberação dos sócios contrária à lei ou ao contrato social (o sócio pode ser responsabilizado diretamente, independentemente de desconsideração da personalidade jurídica, sendo, contudo, indispensável sua manifestação por escrito, ao contribuir para a deliberação infringente da lei ou do contrato – art. 1.080 do CC 2002);
 
b) desconsideração da personalidade jurídica (enquanto imputado a sociedade o ato, não há nenhum ilícito. Somente após a sua desconsideração exsurge a ilegalidade, com a imputação do mesmo ato aos sócios. 
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5) Responsabilidade Subsidiária ou Direta: o sócio pode responder direta ou subsidiariamente pelas obrigações da sociedade limitada. A responsabilidade dos sócios pela falta de integralização do capital social é subsidiária, e tem a falência como premissa (CC 2002, art. 1.024).
Na repressão a irregularidades e na proteção ao crédito fiscal, a responsabilização do sócio é direta, ou seja, não depende de prévio exaurimento do patrimônio social (CC 2002, art. 1.080).
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6) Dever de Lealdade: é dever colaborar com o desenvolvimento da sociedade abstendo-se de praticar atos que possam prejudicar a empresa. O sócio deve portar-se com lealdade em relação à limitada (não tumultuar o ambiente de trabalho, não desautorizar atos da gerência ou, de modo geral, concorrer com a sociedade).
6.1) O Descumprimento do Dever de Lealdade:acarreta, no mais das vezes, apenas problemas internos à sociedade, que se resolvem, no limite, com a expulsão do sócio desleal. Mas pode o descumprimento do dever de lealdade vir, até mesmo, a tipificar conduta criminosa.
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7) Expulsão de Sócio: A expulsão do sócio não é medida de discricionariedade da maioria societária (CC, arts. 1.004, par. único, e 1.030). Não tendo o sócio incorrido em ato culposo (integralização total e lealdade), não há fundamento para essa forma de rescisão do vínculo contratual.
O sócio majoritário também pode ser expulso da sociedade, mas a sua exclusão só poderá ser pleiteada em juízo, mediante ação de dissolução. Quando a rescisão for judicial, os remanescentes devem provar a culpa do sócio cuja exclusão pleiteiam (ação de dissolução parcial).
Quando a rescisão for extrajudicial, incumbe ao excluído (minoritário) o ônus de provar que não agiu com culpa, para poder reintegrar-se na sociedade (ação desconstitutiva de alteração contratual).
Assembléia para a expulsão (art.1.085 C.Civil) – para efetivar a expulsão de sócio por justa causa (clausula permissiva), o sócio titular de mais da metade do capital social, diante de elementos que demonstrem estar o minoritário pondo em risco a sociedade, em virtude de atos de inegável gravidade, deve convocar reunião ou assembléia especifica para apreciar a matéria. É condição de validade do ato que seja dada ciência ao acusado da convocação, para que ele possa comparecer e, querendo, defender-se.
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DIREITOS DOS SÓCIOS
a) Participar do resultado social (o contrato deverá prever regra para a distribuição dos lucros);
b) Fiscalizar a gestão da empresa (o contrato deverá prever regras definindo a periodicidade da prestação de contas do gerente);
c) Contribuir para as deliberações sociais (o contrato dever prever o quorum para as deliberações mais importantes);
d) Retirar-se da sociedade (o contrato deve circunscrever as hipóteses de retirada)
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Participação nos Resultados Sociais
Se o contrato social não dispuser sobre a destinação do resultado, pelo menos metade do lucro líquido ajustado deve ser distribuída entre os sócios, no fim do exercício (art. 202 da LSA).
Caso o contrato estabeleça que a destinação será decidida pelos sócios, sem fixar nenhum percentual mínimo, a distribuição dos lucros será decidida pela maioria societária (arriscado).
Obs.: para que o sócio minoritário tenha atendidas as suas expectativas de retorno do capital empregado na sociedade, deve negociar a inclusão de cláusula, no contrato social, que especifique a percentagem mínima de lucros a ser distribuída ao final de cada exercício. Do contrário, seu investimento terá retorno condicionado à vontade do sócio majoritário.
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Fiscalização da Gerência
O sócio minoritário deve, para preservar o seu investimento, contratar com os demais sócios um fluxo contínuo de informações gerenciais, que lhe permita avaliar a regularidade e economicidade dos atos de administração.
Ex.: cópia dos extratos bancários das contas de depósito, dos contratos de maior valor, relatórios de vendas, comprovantes do recolhimento dos tributos, contribuições e encargos, folha de pagamento e recibo de pro labore.
Obs.: o Conselho Fiscal não e obrigatório, bastando omitir no contrato social qualquer referencia ao órgão se os sócios não o considerarem necessário (arts. 1.066 a 1.070). 
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Participação nas Deliberações Sociais
Assembléia de Sócios
Sempre que a quantidade de sócios for superior a dez (1.072, par. 1o.) estes só poderão tomar certas deliberações (arts. 1.071, 1.066, par. 1o., e 1.068) reunidos em assembléia regularmente convocada.
Quando a quantidade de sócios não ultrapassa dez, o contrato social pode estabelecer que as deliberações serão adotadas em reunião de sócio. A assembléia pode também ser substituída por um documento firmado por todos eles, de que conste a decisão adotada. (1.072, par. 3o.)
A assembléia dos sócios deve ser realizada pelo menos uma vez ao ano, nos quatro meses seguintes ao final do exercício social, devendo constar da ordem do dia os assuntos elencados no artigo 1.078 do C.Civ.; podendo, no entanto, ser incluído qualquer outro assunto.
Modo de convocação: art. 1.152; Dispensa de convocação: art. 1.072, par. 2o.; Quorum de instalação: art. 1.074;
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Reunião dos Sócios
Se o contrato social estabelece que as deliberações dos sócios sobre as matérias do art. 1.071 serão adotadas em reunião, ele pode estabelecer regras próprias sobre sua periodicidade, convocação, quorum de instalação, curso e registro dos trabalhos (art. 1.072, par. 6o.).
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Quorum de Deliberação
- unanimidade: para a designação de administrador não sócio, se o capital não estiver totalmente integralizado (art. 1.061), e para a dissolução de sociedade contratada com prazo determinado (art. 1.033, II);
- ¾ do capital social: para aprovação de alteração do contrato social, incorporação fusão, dissolução da sociedade ou cessação da liquidação (art. 1.071, V e VI e 1.076, I);
- 2/3 do capital social: para a destituição de administrador sócio nomeado no contrato social (se outro maior ou menor não estiver previsto neste instrumento – 1.063, par. 1o.) e a designação de administrador não sócio, se totalmente integralizado o capital social (art. 1.061)/
- maioria absoluta (mais da metade do capital social): para designação de administrador sócio feita em ato separado, a destituição de administrador (exceto se sócio nomeado no contrato), a remuneração dos administradores e impetração de concordata (arts. 1.071, II, III, IV e VIII, e 1.076, II), a dissolução de sociedade com prazo indeterminado (art. 1.033, III) e a expulsão extrajudicial de sócio por justa causa (art. 1.085)/
- maioria simples (mais da metade dos presentes a assembléia ou reunião): aprovação das contas dos administradores, nomeação e destituição dos liquidantes e julgamento de suas contas (arts. 1.071, I, VII, e 1.076, III) e demais assuntos.
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Direito de Retirada
 O sócio que não deseja mais participar da sociedade tem duas alternativas:
- a primeira é a negociação de suas quotas: ele deve procurar, entre os sócios ou junto a terceiros, alguém interessado em adquirir-lhe a participação societária. Não havendo a oposição de mais de ¾ do capital social, formaliza-se, em alteração contratual, a substituição no quadro de sócios. A pessoa jurídica, nessa hipótese, não embolsa nem desembolsa nada; quem paga o preço das quotas é o cessionário.
- a segunda é a retirada: trata-se de direito inerente à titularidade das quotas sociais. Nessa hipótese não há negociação. O sócio impõe à sociedade, por sua exclusiva vontade, a obrigação de lhe reembolsar o valor da participação societária. 
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Direito de Preferência
No aumento de capital social mediante a criação de novas quotas, os sócios titularizam direito de preferência para as subscrever proporcionalmente às respectivas participações. O prazo para o exercício desse direito é de 30 dias seguintes à deliberação. Vencido esse prazo sem que a administração tenha recebido pedido de preferência, tem início o prazo de 30 dias para que os demais sócios exerçam o direito de acrescer.
Obs. O aumento do capital social pode ser deliberado com o quorum do art.1.076, III, mas a alteração do contrato social necessita do quorum previsto no 1.076, I.
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ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA
Administradores (Diretoria ou Gerência) é o órgão da sociedade limitada, integrado por uma ou mais pessoas físicas, cuja atribuição é, no plano interno, administrar a empresa, e, externamente, manifestar a vontade da pessoa jurídica.
Eleição e destituição dos administradores - são escolhidos pela maioria societária, variando o quorum de deliberação segundo o instrumento de designação (contrato social ou ato apartado) e o status do administrador (sócio ou não). 
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Administradores SóciosA eleição de administrador sócio nomeado no contrato social depende da aprovação de sócios representativos de ¾ do capital social (quorum para modificação do ato constitutivo - art. 1.076, I). 
A destituição de administrador sócio nomeado no contrato social depende de aprovação de 2/3 do capital social, se outro quorum maior ou menor não for contemplado no contrato social (art. 1.063, par. 1o.).
A eleição e destituição de administrador sócio nomeado em ato separado, ocorre por deliberação dos sócios representando mais da metade do capital social (art. 1.071, II e 1.076, II).
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Administradores não Sócios
A escolha de administrador não sócio, nomeado no contrato ou em ato em separado, depende da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver totalmente integralizado, e de 2/3 após sua integralização (art. 1.061).
Obs.: regra incoerente, pois fica mais fácil eleger administrador não sócio (2/3), do que administrador sócio (3/4).
Para a destituição de administrador não sócio, nomeado no contrato social, entende-se que depende da aprovação de ¾ do capital social (quorum para modificação do ato constitutivo, previsto no artigo 1.076, I)
A destituição de administrador não sócio, nomeado em ato separado, ocorre por deliberação de sócios representando mais da metade do capital social (arts. 1.071, II e 1.076, II)
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Responsabilidade do Administrador
O administrador da limitada tem os mesmos deveres dos administradores da sociedade anônima: diligência e lealdade; se descumprir seus deveres e a sociedade, em razão disso, sofrer prejuízos, o administrador será responsável pelo ressarcimento dos danos (arts. 1.011, 1.016 e 1.017).
Dever de Diligência: o administrador deve observar, na condução dos negócios, os preceitos da tecnologia da administração de empresas;
 
Dever de Lealdade: o administrador não pode se valer das informações a que tem acesso, em razão do posto que ocupa, para se beneficiar, ou a terceiro, em detrimento da sociedade.
Não pode, também, utilizar-se de recursos humanos e materiais da empresa para propósitos particulares.
 
Não pode, finalmente, concorrer com a sociedade ou envolver-se em negócios quando presente virtual conflito de interesses.
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Legitimidade para a responsabilização do Administrador
A titular do direito à indenização pelos danos decorrente da má gestão é a sociedade. Em vista da autonomia patrimonial da sociedade, os sócios não são partes legitimas para promover a responsabilização do administrador, mesmo que este lhes tenha causado danos indiretos (diminuição dos lucros).
Exceção - se o sócio é prejudicado, diretamente, por atos de administração (omissão do arquivamento da alteração contratual, relacionada à integralização da quota do capital social, por exemplo), ele é legitimado para a demanda.
Hipóteses de responsabilização do administrador: “excesso de mandato” e “atos praticados com violação do contrato ou da lei”. 
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Responsabilidade Tributária
O administrador é pessoalmente responsável pelas obrigações tributárias da sociedade limitada, quando originadas de “atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos” (CTN, art. 135, III).
A inocorrência de ilicitudes ou irregularidades afasta a responsabilidade do gerente. Em termos gerais, se a sociedade limitada possuía o dinheiro para pagamento do tributo, mas o seu administrador o destinou a outras finalidades (pagamento de pro labore, aplicações financeiras etc.), este é responsável perante o fisco; mas, se ela não dispunha do numerário (porque o gerente priorizou o pagamento dos salários dos empregados), não é cabível a responsabilização do administrador.
Necessidade de exame detalhado das situações intermediárias (sonegação / inadimplemento).
Compete ao administrador que tiver seus bens penhorados, o ônus de provar que a destinação dada ao dinheiro da sociedade foi, dentre as opções disponíveis, a mais adequada; que o atendimento aos direitos do fisco não restou preterido em favor de nenhum credor, salvo empregados. 
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Representação da Sociedade
A sociedade limitada pratica negócios jurídicos válidos, constitutivos de direitos e obrigações, por intermédio da atuação do administrador que a representa. 
Mas importa perguntar:
Se o gerente pratica, em nome da sociedade, negócio jurídico estranho ao seu objeto, ela está validamente vinculada? Em outros termos, importa saber se a teoria ultra vires é ou não compatível com o direito societário brasileiro (art. 1.015, III do CC).
Se o gerente atua, individualmente, como representante da sociedade, na celebração de negócio jurídico, para o qual o contrato social exige as assinaturas de dois membros da gerência, está ela obrigada a cumprir as obrigações decorrentes do ato?
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SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei n. 6.404/76)
“A sociedade anônima é uma pessoa jurídica de direito privado, de natureza mercantil, em que todo o capital se divide em ações, que limitam a responsabilidade dos participantes, sócios ou acionistas ao montante das ações, por ele subscritas ou adquiridas, as quais facilitam, por sua circulação, a substituição de todos os sócios ou acionistas” (Miranda Valverde). 
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Características Fundamentais:
Limitação da Responsabilidade dos Acionistas: a companhia ou sociedade anônima terá o capital social dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das ações subscritas ou adquiridas (art. 1º da LSA).
Obs.: a) na Ltda. a responsabilidade do sócio é limitada ao capital social, enquanto que na S/A é limitada ao preço de emissão das ações subscritas; b) na Ltda., mesmo que um sócio já tenha integralizado a sua parte, se o outro ainda não fez o mesmo com a parcela que lhe caberia, o primeiro poderá ser responsabilizado pelas obrigações sociais dentro do limite do valor que o seu sócio ainda não integralizou; o acionista nunca poderá ser responsabilizado pela não-integralização da participação societária devida por outro acionista. 
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Negociabilidade da participação societária: a venda de ações independe de anuência dos acionistas. Imprescindível à atração dos investimentos.
Interferência do Estado na constituição e funcionamento: regulamentação para as S/A(s) fechadas e autorização para as abertas.
Sociedade eminentemente de capital: na sociedade anônima há nítida preponderância do capital sobre o relacionamento pessoal. O “intuitu personae”, por conseguinte, não é considerado neste tipo de sociedade;
Denominação: deverá constar da denominação da empresa a referência ao tipo societário, pelas expressões sociedade anônima ou companhia, por extenso ou abreviadamente. A expressão companhia só poderá ser utilizada no início e no meio do nome empresarial, jamais no final; 
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Divisão do Capital em Ações: o capital social de uma S/A divide-se em ações. A ação é uma parcela do capital social; representa parte ou fração do capital social de uma sociedade anônima;
Finalidade Lucrativa: sendo mercantil, a sociedade anônima deve ter finalidade lucrativa. A realização dos lucros a serem distribuídos pelos acionistas, é, pois, da essência das sociedades anônimas. Vide, a propósito, o que dispõe o artigo 202 da LSA (dividendos obrigatórios);
Sociedade Mercantil: qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio (art. 2º, par. 1º, da LSA e 982, parágrafo único do CC) – sujeição à falência, recuperação, enfim, submissão ao regime jurídico-comercial, independentemente da atividade desenvolvida. 
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Classificação das Sociedades Anônimas 
A lei contempla duas espécies de companhias: a Aberta e a Fechada (art. 4º da LSA):
Companhia Aberta: é a companhia que procura captar recursos junto ao público, através da negociação de seus valores mobiliários na Bolsa ou no mercado de balcão, e que, para desempenhar essa sua atividade, deve estar autorizada pelo Banco Central,representado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Companhia Fechada: é a companhia que não formula apelo à poupança pública, obtendo recursos entre os próprios acionistas ou subscritores. É, a rigor, a sociedade anônima tradicional, restrita a famílias ou grupos, e que, por isso mesmo, dispensa a tutela estatal.
Obs.: a) CVM: autarquia que, juntamente com o BC exerce a supervisão e o controle do mercado de capitais, de acordo com as diretrizes traçadas pelo CMN; b) Bolsa de Valores: entidade privada, resultante da associação de sociedades corretoras, que exerce um serviço público, com monopólio territorial; é autorizada e fiscalizada pelo BC e pelo CMN e só opera com mercado secundário (venda e aquisição de ações preexistentes); c) Mercado de balcão: compreende toda operação relativa a valores mobiliários realizada fora da Bolsa de Valores, por sociedade corretora e instituição financeira ou sociedades intermediárias autorizadas. Opera também com o mercado primário, ou seja, para a subscrição de valores mobiliários (emissão de novas ações). 
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A AÇÃO
São valores mobiliários representativos de unidade do capital do capital social de uma sociedade anônima, que conferem aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.
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Valor da Ação: as ações de uma sociedade valem diferentemente de acordo com os objetivos da avaliação.
Valor Nominal: é o resultante da operação matemática de divisão do valor do capital social pelo número de ações. O estatuto poderá expressar esse valor ou não (ação com ou sem valor nominal – art. 11 da LSA);
Valor Patrimonial (real ou contábil): é o valor da participação do titular da ação no patrimônio líquido da companhia. Resulta da divisão do patrimônio líquido pelo número de ações em que se divide o capital social (patrimônio : ações = valor patrimonial); pode-se conhecê-lo pelas demonstrações contábeis que a sociedade anônima é obrigada a levantar ao término do exercício social;
Valor de Negociação: é o valor contratado, por livre manifestação de vontade, entre quem aliena e quem adquire a ação. É o preço que o titular da ação consegue obter na sua alienação, e o principal elemento que as partes do negócio levam em consideração, para chegar ao acordo, diz respeito às perspectivas de rentabilidade da empresa;
Valor Econômico: é o valor calculado por avaliadores de ativos, através de técnicas específicas para se apurar o valor racional para se pagar por uma ação, tendo em vista as perspectivas de rentabilidade da companhia emissora.
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Preço de Emissão: é o preço pago por quem subscreve a ação, à vista ou parceladamente. Destina-se a mensurar a contribuição que o acionista dá para o capital social da companhia, bem como o limite de sua responsabilidade subsidiária. Obs. - o preço de emissão é fixado pela sociedade anônima em duas oportunidades: a) quando da constituição da companhia (pelos fundadores); b) quando do aumento do capital social com emissão de novas ações (pela assembléia geral ou pelo conselho de administração).
Balizas Legais à Fixação do Preço de Emissão:
- o preço de emissão não pode ser inferior ao valor nominal das ações, se existente (LSA, art. 13);
- não pode ocorrer diluição injustificada da participação dos antigos acionistas, o que se verificará sempre que a companhia lançar novas ações com preço de emissão inferior ao valor patrimonial das existentes (LSA, art. 170, par. 1º, caput);
- devem-se levar em conta a perspectiva de rentabilidade da companhia, o valor patrimonial da ação e, se for o caso, o de cotação na bolsa ou mercado de balcão organizado (LSA, art. 170, par. 1º, I a III). 
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Classificação das Ações
As ações se classificam quanto à Espécie, Classe e Forma.
1) Classificação das ações quanto à espécie (art. 15 da LSA) - esse critério leva em conta a extensão dos direitos e vantagens conferidos aos acionistas, e contempla três categorias: a) ações ordinárias; b) ações preferenciais e c) ações de fruição.
a) Ações Ordinárias: conferem ao seu titular os direitos sociais essenciais (art.109 da LSA); seu titular não possui nenhuma vantagem, nem se sujeita a qualquer tipo de restrição, relativamente aos direitos que normalmente são atribuídos aos sócios da sociedade anônima.
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b) Ações Preferenciais: conferem ao seu titular vantagens especiais (art. 17, I da LSA), que podem consistir em prioridade na distribuição de dividendos - dos quais são modalidades o fixo, o mínimo e o diferencial, cumulativos ou não - ou no reembolso do capital. Ex.: “às ações preferenciais é garantido o dividendo mínimo correspondente a 12% do preço de emissão”.
Obs.: as ações preferenciais podem ou não conferir direito de voto ao seu titular (art. 111 da LSA); quando omissos os estatutos na negativa desse direito aos titulares de ações preferenciais, eles poderão votar do mesmo modo que os ordinarialistas, valendo lembrar que as ações com voto restrito não podem ultrapassar 50% do total das ações emitidas (LSA, art. 15, par. 2º).
Obs.: o não pagamentos dos dividendos fixos ou mínimos pelo prazo definido no estatuto (não superior a três exercícios consecutivos), implicará na suspensão da eficácia da cláusula estatutária de privação ou restrição do direito de voto (art. 111,§1º).
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c) Ações de Fruição: são atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente amortizadas (art. 44, par. 5º da LSA). O seu titular estará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das mesmas vantagens da ação ordinária ou preferencial amortizada. A amortização é a antecipação ao acionista do valor que ele provavelmente receberia, na hipótese de liquidação da companhia. 
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2) Classificação das ações quanto a classe: diz respeito à especificação dos direitos titularizados pelos acionistas, com o objetivo de atrair os mais diversos interesses dos investidores atuantes no mercado, e se traduz na identificação de cada categoria por uma letra (classe A, B, C etc. – LSA, art. 15, par. 1º e 16). – Ex.: Administração, Renda e Investimento.
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3) Classificação das ações quanto à forma: pela forma, critério que leva em conta a natureza do ato de transferência da titularidade da ação, pode a ação ser nominativa ou escritural (art. 20 e 34 da LSA). Obs.: A Lei 8.021/90 extinguiu as ações ao portador e as endossáveis.
ações nominativas: inscreve em seu texto o nome do titular da ação e constam do registro mantido pela sociedade. A circulação dessas ações só se consuma pela inscrição do novo acionista no Livro de Registro de Ações Nominativas;
ações escriturais: são mantidas em contas de depósito em nome de seu titular. Essas ações são desprovidas de certificado e sua circulação se dá por lançamento da operação nos registros próprios da instituição financeira depositária, a débito de conta de depósito do adquirente.
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Emissão e subscrição da ação: o direito societário disciplina duas diferentes modalidades de operações pelas quais a sociedade anônima capta recursos necessários ao desenvolvimento de sua atividade econômica: a capitalização e a securitização. Nas duas o instrumento de captação são valores mobiliários, estando a ação relacionada à capitalização e os demais valores mobiliários à securitização.
Obs.: a emissão de novas ações se dá em duas oportunidades: na constituição e no aumento de capital. A inexistência de interessados para a subscrição de todas as ações emitidas, resulta na perda da eficácia da emissão.
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Livre circulação: princípio fundamental das sociedades anônimas. Em nenhuma hipótese a circulação da participação societária pode ficar condicionada à anuência dos demais acionistas. O que o artigo 36 da LSA permite, é que se assegure aos demais acionistas da sociedade anônima fechada, direito de preferência em relação a terceiros, para a aquisição das ações postas à venda.
Circulação das ações não integralizadas: mesmo antes do pagamento integral do preço de emissão, a ação pode ser alienada, obedecidasalgumas restrições legais. Pelo pagamento das prestações faltantes, contudo, permanece solidariamente responsável o subscritor, nos 2 anos seguintes à alienação (LSA, art. 108).
 
Obs.: se for companhia aberta, só pode ser negociada a ação subscrita depois que o acionista pagou pelo menos 30% do preço; nas fechadas, não existe limite mínimo de pagamento para a negociação (art. 29).
Oneração das Ações: as ações podem ser oneradas por penhor ou caução, usufruto e alienação fiduciária em garantia, hipótese em que a averbação da operação se impõe, seja para que constitua direito real, seja para que produza o ato seus jurídicos e legais efeitos perante terceiros.
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VALORES MOBILIÁRIOS
São instrumentos de captação de recursos pelas S/As emissoras e representam, para quem os subscreve ou adquire, um investimento. Além da ação, a companhia poderá emitir os seguintes principais títulos de investimento:
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Debêntures (arts. 52 a 74 da LSA)
São títulos representativos de um contrato de mútuo, em que a companhia é a mutuária e o debenturista o mutuante. Os titulares de debêntures têm direito de crédito perante a companhia, nas condições fixadas na escritura de emissão, que poderá prever forma de correção, garantias, épocas de vencimento das obrigações etc. As debêntures constituem título de crédito extrajudicial (art. 784, I, do NCPC) e podem ser convertidas em ações. A emissão pode ser pública ou privada. No primeiro caso a companhia deve pedir prévia autorização da CVM; no segundo, basta a comunicação.
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Bônus de Subscrição (arts. 75 a 79): são títulos, de pouca presença no mercado de valores, que conferem aos seus titulares o direito de subscreverem ações da companhia emissora, quando de futuro aumento de capital social desta.
Notas Promissórias ou “Commercial Paper” (Inst. CVM n. 134/90): trata-se de valor mobiliário destinado à captação de recursos para a restituição a curto prazo (30 dias, no mínimo, e 180, no máximo).
ADR: American depositary receipts (ADR) são valores mobiliários emitidos por bancos norte-americanos que possibilitam a captação de recursos, no mercado de capitais dos Estados Unidos, por sociedades anônima sediadas fora desse país.
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Partes Beneficiárias (arts. 46 a 51)
São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual, consistente na participação nos lucros da companhia emissora.
A atribuição da pode ser gratuita ou onerosa, sendo vedada a emissão pelas companhias abertas (art. 47, par. único). A atribuição gratuita não pode durar mais de 10 anos, salvo quando favorece entidade beneficente de empregados.
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CAPITAL SOCIAL
Capital social é a parte em dinheiro ou bens com que se constitui o patrimônio inicial de uma sociedade (art. 7º da LSA). – é intangível, isto é não pode ser utilizado para pagamento de dividendos aos acionistas. 
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Integralização do capital social por dinheiro
É a forma mais usual. O acionista, ao assinar o boletim de subscrição, manifesta sua concordância em pagar à companhia, à vista ou nos prazos assinalados, o preço de emissão de determinada quantidade de ações;
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Integralização do capital social por bens (art. 8º da LSA)
São contratados três peritos, ou uma empresa especializada, para a elaboração de um laudo fundamentado com a indicação dos critérios e dos elementos de comparação utilizados, e que deverá fazer-se instruir com os documentos relativos ao bem. Se o subscritor não concordar com o valor aprovado pela assembléia, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia.
Obs.: ordinariamente o bem se transfere à sociedade a título de propriedade e a responsabilidade do subscritor das ações equipara-se à do vendedor (Ex.: o subscritor responde pela evicção de direito).
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Integralização do capital social por créditos
O subscritor será sempre responsável pelo crédito e pela solvência do devedor, equiparando-se ao endossante no regime cambial, mesmo que na integralização a transferência se opere a título de cessão civil.
Obs.: o certificado de ação integralizada por transferência de crédito somente poderá ser expedido após a sua realização (art. 23, par. 2º).
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Mora do Acionista
A integralização do capital é o principal dever do acionista (LSA, art. 106). Verificada a mora, a companhia pode, à sua escolha:
- promover contra o acionista processo de execução para cobrar as importâncias devidas;
- vender as ações em Bolsa;
- não obtido êxito com as operações mencionadas, pode a companhia declarar caducas as ações e fazer suas as entradas realizadas pelo acionista em mora, integralizando-as com lucros ou reservas;
- se não tiver lucros ou reservas suficientes, devem as ações, no prazo de 1 ano, ser colocadas no mercado. Findo esse prazo, não tendo sido encontrado comprador, a assembléia geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente (art. 107, par. 4º, da LSA).
Obs.: se a execução for frutífera o acionista continua sendo sócio; se as ações forem vendidas na bolsa, o remisso deixa de ser sócio.
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Alteração do Capital Social
Durante a atividade da companhia, o capital inicial não permanece estático. Constitui ele o núcleo inicial do patrimônio da companhia, e esse patrimônio tende a crescer ou a diminuir, conforme o sucesso ou insucesso do empreendimento.
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Aumento do Capital Social
Por emissão de novas ações: o aumento só poderá ser realizado depois de realizados ¾, no mínimo, do capital social, por subscrição pública ou particular.
Por conversão de valores mobiliários: a conversão de debêntures ou partes beneficiárias conversíveis em ações, bem como o exercício dos direitos conferidos por bônus de subscrição, importam em aumento de capital social, com emissão de novas ações (art. 166, III, DA LSA).
Por incorporação de lucros e reservas: o que importará, necessariamente, a alteração do valor nominal das ações ou distribuição de novas ações correspondentes ao aumento, entre os acionistas, na proporção do número de ações que possuírem (art. 169 da LSA).
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Redução do Capital Social
Excesso de capital social: havendo excesso de capital, poderá a assembléia geral deliberar a redução do capital (art. 173 da LSA). O processo de que se vale a companhia é o resgate do valor das ações para retirá-las de circulação. Ele representa uma transmissão forçada, irrecorrível e definitiva da propriedade das ações do acionista para o domínio da própria companhia que, em seguida, as extinguirá. Independe, portanto, da vontade do acionista que é constrangido a obedecer a determinação estatutária ou a deliberação válida da assembléia geral. (art. 44, par. 1º, da LSA).
Irrealidade do capital social: quando houver perda, poderá a assembléia geral deliberar a redução do capital social, até o montante do acúmulo dos prejuízos (art. 173 da LSA).
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Redução do Capital Social
Reembolso de acionista dissidente: se não forem substituídos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no montante correspondente (art. 45, par. 6º, da LSA). 
Obs.: deliberações que autorizam o exercício do direito de retirada: arts. 136, I,II, IV, V e VII (art. 137); 221; 230; 236, par. único; 252, par. 2º; 256, par. 2º; 264, par. 3º; 270, par. único; 296, par. 4º e 298, III.Pode a assembléia reconsiderar a deliberação, se se verificar que o pagamento do preço do reembolso das ações aos acionistas dissidentes, possa por em risco a estabilidade financeira da companhia.
Caducidade das ações do acionista remisso: verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha: I) promover contra o acionista processo de execução para cobrar as importâncias devidas; II) vender as ações em Bolsa; III) não obtido êxito com as operações mencionadas, pode a companhia declarar caducas as ações e fazer suas as entradas realizadaspelo acionista em mora, integralizando-as com lucros ou reservas; IV) se não tiver lucros ou reservas suficientes, devem as ações, no prazo de 1 ano, ser colocadas no mercado. Findo esse prazo, não tendo sido encontrado comprador, a assembléia geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente (art. 107, par. 4º, da LSA).
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CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA
Constituição das Sociedades Anônimas: o tema da constituição das sociedades anônimas encontra-se fracionado em três níveis distintos: 
Requisitos Preliminares (arts. 80 e 81 da LSA)
Modalidades de Constituição (arts. 82 a 93 da LSA)
Providências complementares (arts. 94 a 99 da LSA)
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Requisitos Preliminares (arts. 80 e 81 da LSA)
subscrição de todo o capital social por, pelo menos, duas pessoas;
realização, como entrada, de, no mínimo, 10% do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro; em se tratando de instituição financeira, a porcentagem será de 50%;
depósito das entradas em dinheiro no Banco do Brasil ou em estabelecimento bancário autorizado pela CVM.
Obs. (LSA, art. 81): o depósito deverá ser realizado pelo fundador, até 5 dias do recebimento das quantias, em nome do subscritor e em favor da companhia em constituição.Concluído o processo de constituição e uma vez adquirida a personalidade jurídica, a companhia levantará o montante depositado.Se a constituição não se concluir em 6 meses, o subscritor é que levantará a quantia por ele paga.
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Modalidades de Constituição (arts. 82 a 93 da LSA)
por subscrição particular ou simultânea: a subscrição do capital se procede particularmente, sem apelo ao público. Nesses casos, os subscritores do capital se reúnem e por instrumento particular, representado pela ata da assembléia geral, ou por escritura pública, dão por constituída definitivamente a sociedade.
por subscrição pública ou sucessiva: essa modalidade só é admitida às companhias abertas. O capital se forma por apelo público aos subscritores, surgindo nítida a figura do fundador, que deve protocolar, junto à CVM, o pedido de registro da emissão das ações, instruído: i) com o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; ii) com o projeto dos estatutos; e iii) com o prospecto assinado pela instituição financeira que intermediará a colocação das ações no mercado.
Após o deferimento do pedido de registro de emissão, as ações serão oferecidas ao público para subscrição, que deverá ser efetivada junto à instituição financeira intermediária, mediante a assinatura de boletins ou listas de subscrição. Quando todo o capital estiver subscrito, os fundadores convocarão a assembléia de fundação para avaliar os bens oferecidos à integralização, se for o caso, e deliberar sobre a companhia, proclamando-se, na sequência, a sua constituição.
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Providências complementares (arts. 94 a 99 da LSA)
registro na Junta Comercial e publicação dos atos constitutivos da companhia no Diário Oficial; e
se houver incorporação de bem ao capital social, deverá ser providenciada, pelos primeiros administradores, a transferência da titularidade desse bem à companhia, por transcrição no registro público competente (CRI se for imóvel ou INPI se for marca). 
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ORGÃOS SOCIAIS
São os centros dos poderes da administração da sociedade anônima, estruturados de forma democrática; cuja base das deliberações é o voto. Eles são constituídos em três categorias:
Órgão de deliberação - Assembléia Geral: expressa a vontade da sociedade; manifesta-se relativamente à aprovação das contas dos administradores, à definição das normas estatutárias etc.;
Órgãos de execução - Conselho de Administração e Diretoria: realizam a vontade social. O Conselho de Administração, dentre outras atribuições, escolhe os diretores etc.. A Diretoria diz a vontade da companhia na assinatura de contratos, nas manifestações judiciais etc.;
Órgão de controle - Conselho Fiscal: fiscaliza a fiel execução da vontade social.
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Assembléia Geral (LSA, art. 121):
É a reunião dos acionistas, convocada e instalada na forma da lei e do estatuto, com poderes para decidir sobre todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento (art. 121 da LSA).
A AG é o órgão deliberativo máximo da estrutura da S.A.; sua soberania está contida, apenas, pelos limites da lei, do objeto social e do estatuto.
As matérias elencadas no art. 122 da LSA são de competência privativa da assembléia geral – Art. 122.
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Espécies de Assembléias Gerais
Assembléia Geral Constituinte (art. 86): será convocada pelos fundadores, depois de subscrito o capital social, e terá por finalidade promover a avaliação de bens que integrem o capital social e deliberar sobre a constituição da companhia.
Assembléia Geral Ordinária (art. 132): será levada a efeito anualmente, nos 4 primeiros meses seguintes ao término do exercício social, e somente pode deliberar os assuntos listados no art. 132 da LSA: i) tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; ii) deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição dos dividendos; iii) eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; e iv) aprovar a correção da expressão monetária do capital social.
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Assembléia Geral Extraordinária (arts. 131, 135 e 136): realiza-se a qualquer tempo, e sua competência é irrestrita: i) reformas dos estatutos; ii) destituir os administradores e fiscais da companhia; iii) autorizar a emissão de debêntures; iv) suspender o exercício dos direitos do acionista; v) autorizar a emissão de partes beneficiárias; vi) deliberar sobre a transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; vii) autorizar administradores a confessar falência e requerer concordata; viii) alteração do dividendo obrigatório; ix) participação em grupo de sociedade.
Obs.: a Assembléia Geral Ordinária e a Assembléia Geral Extraordinária poderão ser, cumulativamente, convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora, instrumentalizadas em ata única (art. 131, par. único, da LSA).
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Competência para a convocação da Assembléia Geral (art. 123 da LSA): i) Conselho de Administração, se houver; ii) Diretoria, quando não houver Conselho de Administração (fechadas); iii) Conselho Fiscal, se ultrapassado o quinto mês sem que os órgãos competentes adotem a providência, ou quando verificados motivos graves ou urgentes; iv) qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60 dias, a convocação, nos casos previstos em lei ou nos estatutos; v) acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social, quando os administradores não atenderem, no prazo de 8 dias, a convocação que apresentarem, devidamente fundamentada, com indicação das matérias a serem tratadas; vi) acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores não atenderem, no prazo de 8 dias, a pedido de convocação de assembléia para instalação do Conselho Fiscal. 
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Modo de Convocação e Local (LSA, arts. 124 c/c o art. 289): a convocação da assembléia geral far-se-á mediante anúncio publicado por 3 vezes, no mínimo, no órgão oficial da União ou do Estado e em jornal de grande circulação editado no local da sede da companhia. 
Entre a primeira inserção do anúncio e a data da realização da assembléia deve mediar o interregno de pelo menos 8 dias; o anúncio deve especificar: i) local, data e hora da assembléia; ii) ordem do dia; iii) em se tratando de reforma do estatuto, a indicação da matéria objeto da reforma.
As companhias fechadas poderão prever a convocação por carta registrada ou telegrama.
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Quorum de Instalação (art. 125 da LSA):
A Assembléia Geral instalar-se-á:em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, ¼ (art. 125) do capital social com direito de voto, exceto se tiver por objeto a reforma do estatuto, quando necessário se faz 2/3 (art. 135);
em segunda convocação, seja qual for o seu objeto, com qualquer número.
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Quorum de Deliberação ( LSA, arts. 129 e 136):
Quorum Normal (art. 129 da LSA): as deliberações serão tomadas por maioria absoluta de votos manifestados por acionistas presentes à assembléia, não se computando os votos em branco.
Quorum Qualificado (art. 136 da LSA): dependendo da matéria é necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito de voto.
Quorum Estatutário (art. 129, par. 1º e 136): o estatuto da companhia fechada pode exigir quorum maior para deliberação sobre os temas elencados nos artigos 129, par. 1º e 136.
Obs.: no caso de empate, prevalecerá a regra do art. 129, par. 2º (nova assembléia após dois meses; se permanecer o empate e os acionistas não concordarem em submeter a decisão a um terceiro, o Judiciário decidirá).
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Ata da Assembléia Geral (art. 130 da LSA): dos trabalhos e deliberações será lavrada a ata, contendo o registro sucinto, porém fiel, dos acontecimentos ocorridos na assembléia e das decisões nela tomadas.
Prescrição da ação para anulação das deliberações da Assembléia (art. 286 da LSA): 2 anos, contados da deliberação cuja convocação tenha sido realizada de forma viciada, ou que tenha infringido a lei ou o estatuto.
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Conselho de Administração (LSA, art. 138): órgão colegiado de caráter deliberativo, ao qual a lei atribui parte da competência da assembléia geral, com vistas a agilizar as decisões de interesse da companhia (exceto art. 122, da LSA).
É órgão facultativo para a companhia fechada e obrigatório para as companhias abertas, de capital autorizado e de economia mista (art. 138, par. 2º e 239 da LSA).
Composição (art. 140 da LSA): será composto de, no mínimo, 3 membros eleitos pela assembléia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo. (Ver art. 6º da Lei 12.431, de 27 de junho de 2011, que derrubou a exigência de ser sócio para poder ser eleito membro do Conselho de Administração).
Competência do Conselho de Administração: artigo 142 da LSA.
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Diretoria (LSA, art. 143): órgão de representação legal da companhia e de execução das deliberações da assembléia geral e do conselho de administração.
Composição da Diretoria (art. 143 da LSA): será composta por 2 ou mais diretores eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração, ou, se inexistente, pela Assembléia Geral.
Obs.: até 1/3 dos membros do Conselho de Administração poderá integrar, também, a Diretoria.
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Conselho Fiscal (art. 161 da LSA): órgão de controle, fiscalização e também de informação cuja atividade não se esgota na mera revisão de contas, vindo a atingir a própria fiscalização da gestão administrativa.
Requisitos e impedimentos: art. 162 da LSA.
Competência: art. 163 da LSA.
Composição e Funcionamento (art. 161): será composto de no mínimo 3 (três) e no máximo 5 (cinco) membros, com igual número de suplentes, escolhidos pela assembléia geral, entre acionistas ou não.
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ADMINISTRAÇÃO DA COMPANHIA:
Administradores: são os membros do conselho de administração e da diretoria. Encontram-se sujeitos às mesmas regras sobre requisitos, impedimentos, investidura, remuneração, deveres e responsabilidade (LSA, art. 145).
Requisitos: prevê a lei que somente pessoas naturais, com residência no Brasil, podem ser eleitas para os órgãos de administração (art. 146)
Impedimentos: não pode ser eleita para o conselho de administração ou para a diretoria pessoa impedida por lei especial, condenada pela prática de determinados crimes (falimentar, prevaricação, suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade) ou que cumpre pena que veda, mesmo temporariamente, o acesso a cargos, funções ou empregos públicos. Se aberta a companhia, as pessoas inabilitadas por ato da CVM (art. 147 e parágrafos 1º e 2º, da LSA).
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Investidura: os conselheiros e diretores serão investidos nos seus cargos mediante a assinatura de termo de posse no livro de atas; se o termo não for assinado nos 30 (trinta) dias seguintes à nomeação, esta tornar-se-á sem efeito, salvo justificação aceita pelo órgão para o qual foi eleito. (149, da LSA) 
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Deveres dos Administradores: os principais deveres impostos por lei aos administradores são os de diligência (art. 153), cumprimento das finalidades da empresa (154, par. 2º), lealdade (art. 155) e informar (art. 157). São também deveres do adminsitrador: i) divulgar os documentos da administração, com certa antecedência (art. 133); ii) convocar a AGO (art. 123); iii) providenciar a elaboração de demonstrações financeiras (art. 176); iv) preparar laudo demonstrativo da incompatibilidade de distribuição dos dividendos obrigatórios (art. 202, par. 4º); v) observar os estatutos; vi) cumprir as deliberações dos órgãos societários hierarquicamente superiores; vii) controlar a atuação dos demais administradores; viii) não competir com a sociedade, etc.
Obs.: qualquer que seja o dever descumprido, o administrador responderá pela indenização dos danos que provocar. 
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Responsabilidade Civil dos Administradores (art. 158 da LSA): a responsabilidade do administrador de sociedade anônima é subjetiva do tipo clássico, tendo em vista duas razões: a) inexistência de dispositivo legal que excepcione a regra geral do 927 do Código Civil; b) inexistência de fundamento racional para a imputação de responsabilidade objetiva.
Quem quer que demande administrador, por danos derivados do modo como ele exerce ou exerceu suas funções na companhia, deve provar: i) o descumprimento de dever imputado por lei ou pelo estatuto; ii) a existência e a extensão dos danos sofridos; iii) o liame de causalidade entre o descumprimento do dever e o prejuízo.
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