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Texto inicial Grupo de Estudos Winnicott

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A Obra Donald Woods Winnicott	�
Donald Woods Winnicott (1896 - 1971) foi um pediatra e psicanalista inglês.
“O homem maduro é aquele capaz de identificar-se com a sociedade sem ter que sacrificar excessivamente sua espontaneidade, é capaz de atender suas necessidades pessoais sem tornar-se por isto um ser antissocial, e de aceitar certa responsabilidade quando isto se tornar necessário (WINNICOTT, 2001).” 
“ O PRECURSOR DO ESPELHO É O ROSTO DA MÃE
Donald Woods Winnicott (1896-1971) nasceu numa próspera família de Plymouth, de origem metodista e interesses políticos.
O lar dos Winnicott era grande e movimentado, com muita atividade, havia espaço para todos na grande casa e jardim e não faltava dinheiro. Havia uma horta, um pomar, um gramado para jogar críquete, uma quadra de tênis e um açude e árvores altas fechavam todo o jardim. Das três crianças da família, Donald era o único menino, e as irmãs eram mais velhas que ele. Não há dúvida de que os pais de Winnicott eram o centro da vida dos filhos e que a vitalidade e a estabilidade de todo o lar emanavam deles. A mãe era vivaz, gostava de sair e era capaz de demonstrar e expressar os sentimentos com facilidade. Sir Frederick Winnicott (título que mais tarde recebeu), rico comerciante enobrecido, foi prefeito da cidade por duas vezes. Aqueles que o conheceram falam dele como sendo uma pessoa de alta inteligência, julgamento correto e profundo senso de humor.
Do outro lado da estrada havia outro lar dos Winnicott, onde viviam o tio Richard Winnicott (irmão mais velho de Frederick) sua esposa e cinco primos, três meninos e duas meninas. Os primos foram criados quase como se fossem uma só família, de maneira que nunca houve escassez de companheiros de brinquedo. Uma das irmãs disse recentemente que a pergunta “O que posso fazer?” nunca foi formulada na casa deles. Havia sempre alguma coisa para fazer, e espaço para fazê-la e alguém com quem fazê-la, se necessário. A família de Donald, incluindo seus pais, era musical e uma de suas irmãs tornou-se uma pintora bem dotada.
Winnicott nasceu em Plymouth, Devon, Inglaterra em 7 de abril de 1896, filho de Elizabeth Martha (Woods) Winnicott e do Sr. John Frederick Winnicott, um comerciante que se tornou cavaleiro em 1924 após servir duas vezes como prefeito de Plymouth.
A família era próspera e aparentemente feliz, mas atrás desse verniz, Winnicott se viu como oprimido por uma mãe com tendências depressivas como também por duas irmãs e uma babá. Foi a influência do seu pai, que era um livre-pensador e empreendedor que o encorajou em sua criatividade. Winnicott se descreveu como um adolescente perturbado, reagindo contra a própria auto-repressão desenvolvendo sua capacidade de cuidar para tentar suavizar os sombrios humores de sua mãe. Estas sementes de autoconsciência se tornaram a base do interesse dele trabalhando com pessoas jovens e problemáticas. Winnicott foi para um internato aos 13 anos de idade, em Cambridge, onde estudou biologia e posteriormente medicina.
Mas interrompeu seus estudos para servir como cirurgião aprendiz - residente em um navio (destroyer) britânico, o HMS Lúcifer, durante a Primeira Guerra Mundial. Ele completou sua formação em medicina em 1920 e em 1923, ele foi indicado para o The Queen’s Hospital for Children e também para o Paddington Green Hospital for Children, onde permaneceu pelos 40 anos seguintes, trabalhando como pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista.Nno mesmo ano do seu primeiro casamento com Alice Taylor, foi contratado como médico no Paddington Green Children's Hospital em Londres. Foi também em 1923, que Winnicott iniciou sua análise pessoal com James Strachey (1887 – 1967), o tradutor das obras de Sigmund Freud para o inglês. 
Em 1927 Winnicott foi aceito como iniciante na Sociedade Britânica de Psicanálise, qualificado como analista em 1934 e como analista de crianças em 1935. Seu primeiro livro, sobre transtornos clínicos das crianças, foi publicado em 1931, e foi o primeiro de muitos. Winnicott foi um contribuidor prolífico para os jornais médicos, psiquiátricos e psicanalíticos, e também escreveu para revistas destinadas ao público em geral, nas quais discutia problemas das crianças e das famílias; além dos livros, ele deixou mais de 100 artigos publicados e não publicados.
Winnicott iniciou a sua vida profissional – a observação e o estudo das crianças – como médico e, em especial, como pediatra. Ele ainda estava trabalhando no hospital infantil e posteriormente comentou que... ”naquele momento nenhum outro analista era também um pediatra, assim durante duas ou três décadas eu fui fenômeno isolado…" O tratamento de crianças mentalmente transtornadas e das suas mães lhe deu a experiência com a qual ele construiria a maioria das suas originais teorias. E o curto período de tempo que ele poderia dedicar-se a cada caso o conduziu ao desenvolvimento das suas "inter - consultas terapêuticas." outra inovação da prática clínica que introduziu. Um acontecimento relevante da vida desse autor foi a chegada em Londres, no ano 1926, Em 1926, a pedido de Ernest Jones, Melanie Klein (1882-1960), instalou-se em Londres. Uma das mais importantes analistas de criança da sua época, Melanie Klein logo fez escola e seguidores. Winnicott aproximou-se e fez uma análise adicional com um deles, Joan Rivière. A convicção do Kleinianos na importância suprema, para saúde psíquica, do primeiro ano da vida da criança, foi compartilhada por Winnicott. Contudo esta visão diverge um pouco da de Freud e de sua a filha Anna Freud (1895—1982)- ela mesma uma analista de crianças, que também vieram para Londres em 1938, refugiados do Nazismo na Áustria. No momento em que Winnicott começou a sua formação psicanalítica, a Sociedade Britânica de Psicanálise, fundada por Ernest Jones em 1913, estava em crise em função dos violentos conflitos que opunham os partidários de Anna Freud aos partidários de Melanie Klein, a propósito da Psicanálise Infantil.
No meio dessa terrível confusão familiar, Winnicott afirmou sua independência. Embora admirasse Melanie Klein, com quem fez supervisão entre 1935 e 1941, recusou-se a ceder às suas exigências.
Assim, quando ela quis obrigá-lo a analisar seu filho Erich, a fim de supervisionar o tratamento, ele o fez mas não aceitou nenhum tipo de supervisão. Todavia, foi no grupo kleiniano que ele continuou sua formação, fazendo outra análise com Joan Reviere entre 1933 e 1938 por sua vez, Clare Winnicott seria analisada por Melanie Klein. 
A final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, um acordo tipicamente britânico estabeleceu três cordiais grupos: os Freudianos, o Kleinianos e um grupo “conciliador" ao qual Winnicott pertenceu juntamente com Michael Balint ( - ) e John Bowlby (1907–1990).
Para Freud, ao brincar, a criança tem prazer na aparente onipotência que adquire ao manipular os objetos cotidianos associando-os a símbolos imaginários como no jogo fort-da que evocava a presença da mãe na análise infantil que realizou. Não há dúvidas, porém que foi Melanie Klein quem efetivamente trouxe a brincadeira para o trabalho psicanalítico com crianças. Klein reconhecera uma similitude entre (1) a atividade lúdica infantil e o sonho do adulto, e (2) as verbalizações da criança ao brincar e a associação livre clássica. Discípulo de Klein, Winnicott redimensiona a brincadeira, situando o brincar do analista e o valor que essa atividade possui em si, instituída como uma atividade infantil, e que também faz parte do mundo adulto. Para ele os analistas infantis por se ocuparem tanto dos possíveis significados do brincar não possuíam um claro enunciado descritivo sobre o brincar. Para ele “Brincar é algo além de imaginar e desejar, brincar é o fazer.
Durante os anos de guerra trabalhou como consultor psiquiátrico de crianças seriamente transtornadas que tinham sido evacuadas de Londres e outras cidades grandes, e separado de suas famílias. Ele continuou trabalhando aoPaddington Green Children's Hospital nos anos 1960.
Depois da guerra Winnicott tornou-se um médico contratado do Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise durante 25 anos; foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise por duas gestões; membro da UNESCO e do grupo de experts da OMS; atuou como professor no Instituto de Educação e na London School of Economics, da Universidade de Londres; dissertou e escreveu amplamente como atividade profissional independente.
Ele divorciou-se de sua primeira esposa em 1951 e, nesse mesmo ano, casou-se com Elsie Clare Nimmo Britton, assistente social psiquiátrica e psicanalista. Morreu em 28 de janeiro de 1971, após o último de uma série de ataques de coração e foi cremado em Londres.
O processo de observação e estudos psicanalíticos foi criado por Freud, primeiro com base nas observações a partir de sua autoanálise e mais tarde baseado na análise de homens e mulheres adultos, e então, brevemente, e somente “por procuração”, na experiência adquirida no trabalho com uma criança (“O Pequeno Hans”). Suas inferências sobre a psique humana, no período inicial, infância e idade adulta, decorriam, portanto, de suas experiências com pacientes adultos no ambiente de seu consultório em Viena, onde ele clinicava, privadamente, como médico, atendendo pacientes adultos freqüente e intensivamente, às vezes todos os dias. Mais tarde, Melanie Klein e outros adaptaram o método psicanalítico para o tratamento de crianças. Trabalhando com pequeno número de crianças, novamente atendidas intensivamente, Klein tirou conclusões sobre a psique que aplicava da psicanálise infantil ao entendimento dos adultos, e nos últimos anos as assim chamadas psicoses dos adultos.
Em sua breve palestra intitulada “A influência do Desenvolvimento Emocional sobre Problemas de Alimentação”, apresentada em 1967 em um Simpósio sobre Saúde Ambiental na Infância Inicial, realizado na Royal Society of Medicine, Donald Winnicott enfatiza a extensão de sua dívida à sua formação e experiência médica continuadas:
“Como vocês provavelmente sabem, eu comecei como pediatra e gradualmente me transformei num psicanalista e psiquiatra infantil, e o fato de eu ter sido originalmente um médico fisicamente orientado influenciou imensamente o meu trabalho. Eu realmente tenho bastante experiência, simplesmente pelo fato de ter praticado ativamente por quarenta e cinco anos, e num período como este a pessoa acumula muitas informações.”
Este débito reconhecido com a ciência médica e também com um ambiente em que a investigação psicanalítica podia ser continuamente testada e aplicada, colocava Winnicott numa posição que poderia ser descrita como tendo o objetivo de compreender o comportamento das crianças e tentar descobrir as suas causas. Desta posição, Winnicott estava à vontade para falar de informações, e é possível que esta continuação da “prática ativa”, conforme Winnicott coloca, influenciando o desenvolvimento de e modificando suas idéias psicanalíticas, tenha um grande significado para o futuro da psicanálise como um modelo ou teoria da mente que pode ser estudado e pesquisado.
Winnicott manteve seu trabalho como pediatra, e o ambiente médico em que fizera sua formação, lado a lado com seu desenvolvimento como praticante da psicanálise. Ele permaneceu ligado ao campo que lhe permitia um contato clínico continuado com a criança (e em especial a criança que é trazida pelos pais, geralmente pela mãe, para ver o médico quando está doente), e utilizou esta experiência para um estudo psicanalítico prolongado da infância inicial e do desenvolvimento até a idade adulta. Isso lhe permitiu quase meio século de estudos de caso e observações clínicas, e acesso a aproximadamente 60.000 interações com pacientes.
Winnicott estabeleceu esta prática da observação clínica tanto no ambiente hospitalar infantil do Paddington Green Children’s Hospital quanto no ambiente criado durante o tumulto dos anos de guerra – os albergues para crianças evacuadas, muitas das quais eram carentes e delinquentes, para os quais ele serviu como consultor designado pelo governo, e aonde veio a conhecer e colaborar com sua segunda esposa, Clare Britton. Esta observação continuou no ambiente de seu consultório, onde eram particularmente oferecidas análises de crianças e adultos, e onde poderia ser feita uma avaliação analítica ou psicoterapia breve. Ele registrou os resultados dessas pesquisas nos muitos volumes de artigos, palestras, notas, apresentações, transmissões pelo rádio e cartas que compõem seu trabalho.
Esta decisão de especializar-se e de permanecer um especialista em pediatria, juntamente com sua escolha de dedicar-se à psicanálise e de estudar e escrever sobre a pediatria e a psicanálise conforme elas estavam ligadas em seu entendimento, levou inevitavelmente à especialização particular que ele desenvolveu. Esta especialização era a observação e o estudo do bebê e sua mãe, numa diversidade de formas, e o que isso lhe permitia deduzir sobre a psique, a do bebê e a do indivíduo maduro.
A distinção, metodologicamente, em relação a Freud e outros, foi a decisão de continuar a estudar o bebê e sua mãe, in situ, como uma “unidade psíquica”, uma decisão decorrente da sua posição investigatória singular de pediatra/psicanalista. Isso lhe permitia observar a sucessão de mães e bebês (e em alguns casos, bebês muito jovens, nas primeiras semanas de vida) que passavam diante do médico, e utilizá-la como informações potenciais referentes à constelação mãe-bebê, e não ao bebê e sua mãe puramente como dois seres distintos.
Winnicott achava que as mães podiam nos dizer muito sobre os bebês, significando isto que elas podiam nos dizer muito sobre esse paradigma Consciente/Inconsciente, num momento muito intenso e culminante de experiência – o nascimento – e a interação mãe-bebê na saúde e na doença.
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De sua Obra:
Em sua obra Da pediatria à psicanálise, publicada em 1958, Winnicott apresentou de suas posições sobre o tema. Ao contrário de Melanie Klein, interessava-se menos pelos fenômenos de estruturação interna da subjetividade do que pela dependência do sujeito em relação ao ambiente. Não aceitava a explicação freudiana da agressividade em termos de pulsão de morte e definiu a psicose como um fracasso da relação materna. Daí sua crença em uma certa normalidade fundada nos valores de um humanismo criador. Segundo ele, era o “bom funcionamento” do laço com a mãe que permitia à criança organizar o seu eu de maneira sadia e estável.
Depois, durante a guerra, foi o trabalho com crianças refugiadas e conseqüentemente privadas da presença materna que levou Winnicott a desenvolver um conjunto de novas noções. Em sua opinião, a dependência psíquica e biológica da criança em relação à mãe tem uma importância considerável. Daí o célebre aforismo de 1964 “O bebê não existe”. Winnicott queria dizer com isso que o lactante nunca existe por si só, mas sempre e essencialmente como parte integrante de uma relação. Se a mãe estiver incapaz, ausente ou, pelo contrário, demasiadamente intrusiva, a criança se arrisca à depressão ou a condutas antissociais, como o roubo ou a mentira, que são maneiras de reencontrar, por compensação, uma “mãe suficientemente boa”.
Todos os grandes conceitos winnicottianos construídos a partir de 1945 fazem parte de um sistema de pensamento fundado na noção de relação: a mãe devotada comum (ordinary devoted mother), a mãe suficientemente boa (good enough mother), o jogo do rabisco ou ainda o falso e o verdadeiro self e o objeto transicional.
Pela importância que atribui à mãe e à relação de maternagem, Winnicott se inscreve na lógica do freudismo no período entre as duas guerras, quando o interesse pelo pai, pelo patriarcado e pelo Édipo clássico foram abandonados em benefício de uma redefinição do materno e do feminino. Nessa perspectiva, a good enough mother era realmente uma mãe ideal: atenta a todas as formas de diálogo e de brincar criativo, ela devia se mostrar capaz de inspirarà criança uma frustração necessária, a fim de desenvolver seu desejo e sua capacidade de individuação. Essa relação, que reduz o lugar do pai ao mínimo indispensável, aparece como exclusiva e não-erotizada.
A partir de 1945, a obra winnicottiana tomou importância no mundo anglófono, na medida em que as mulheres foram estimuladas a voltar ao lar, depois do esforço de guerra e da volta dos homens à vida civil. Quanto ao próprio Winnicott, tornou-se uma figura popular em seu país, depois de fazer, entre 1939 e 1962, cerca de 50 conferências radiofônicas na BBC, quase todas dirigidas aos pais.
Winnicott tinha verdadeira paixão pela infância, como mostra o relatório do tratamento da “Pequena Piggle”, publicado depois de sua morte. Esta tinha dois anos quando foi paciente de Winnicott. Ele a viu durante três anos, a pedido, e fez com ela 16 sessões memoráveis.
Sua técnica psicanalítica sempre esteve em contradição com os padrões da International Psychoanalytical Association (IPA). Winnicott não respeitava nem a neutralidade nem a duração das sessões, e não hesitava, na linhagem da herança ferencziana, em manter relações de amizade calorosa com seus pacientes, reencontrando sempre a criança neles e em si mesmo. Via na transferência uma réplica do laço materno. Assim, oferecia a seus analisandos um “ambiente” especial.
Ao contrario da maioria dos psicanalistas ingleses, Winnicott não ignorou a doutrina lacaniana. Teve com Lacan uma relação epistolar assídua e inspirou-se na noção de estádio de espelho para escrever o seu artigo de 1967 sobre “O papel de espelho da mãe e da família no desenvolvimento da criança”.
Independente, sem ser solitário, não gostava de seitas ou discípulos, motivo pelo qual não fundou sua própria escola.
Entre tantos aspectos da teoria e conseqüentemente da técnica de Donald W. Winnicott, vamos destacar alguns que consideramos de grande importância:
A observação e o estudo do bebê e sua mãe como dupla e análise do que acontece nesta relação;
A Importância do Meio Ambiente no Desenvolvimento Mental Primitivo, ou o conceito de mãe suficientemente boa: O papel da mãe real, ilusão/ holding, desilusão gradativa;
O conceito de falha ambiental e o conceito de regressão a serviço da cura (quando as falhas ambientais são precoces e intensas há um congelamento da situação de fracasso que pode posteriormente ser revivido e descongelado dentro do setting analítico). Este conceito está ligado ao conceito de Holding: função materna de sustentação/continente;
Uma abordagem diferente do conceito de agressividade – não ligada ao instinto de morte – e a vivência desse sentimento na contratransferência;
Estabelece uma diferença entre desejos e necessidades (desejos precisam ser interpretados e necessidades precisam ser atendidas);
O conceito de objeto transicional e o uso do analista como objeto transicional pode dar outra dimensão à transferência e à interpretação;
A concepção de que, de forma análoga ao que se passa entre a mãe e a criança, também entre o analista e o analisando, cada um está sendo “criado” e “descoberto” pelo outro, o que, parece-me, evidencia nitidamente o enfoque de uma psicanálise vincular, tal como transparece no “jogo do rabisco”;
A noção de que a não satisfação de uma necessidade pode provocar, não o ódio, mas a decepção, uma reprodução do fracasso ambiental que causou uma interferência na capacidade para desejar, a qual deve ser resgatada na vivência emocional com o analista;
A sua convicção de que com os pacientes bastante regressivos vale mais o manejo do analista do que as suas interpretações;
Toda pessoa apresenta algum grau e tipo de dependência, e cabe ao analista ajudar o paciente a transitar pelas três fases que caracterizam o processo de dependência: a absoluta, a relativa e aquela que vai rumo à independência;
Conceito de Falso Self.	
Em seu artigo “A deformação do ego, em termos de um self verdadeiro ou falso”, Winnicott se refere ao papel da mãe na constituição de um self falso. Diz: “A mãe ‘boa’ é a que responde à onipotência do lactante e, de certo modo, dá-lhe sentido. Isto se faz rapidamente. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através da força que a mãe, ao cumprir as expressões de onipotência infantil, dá ao ego débil da criança”.	
“A mãe que ‘não é boa’ é incapaz de cumprir a onipotência da criança, pelo que repetidamente deixa de responder ao gesto da mesma; em seu lugar coloca seu próprio gesto, cujo sentido depende da submissão ou acatamento do mesmo por parte da criança. Esta submissão constitui a primeira fase do self falso e resulta da incapacidade materna para interpretar as necessidades da criança”.	
Embora o primeiro sentido dado por Winnicott ao falso self estivesse relacionado com a psicopatologia, este ponto de vista foi gradualmente mudando.	
A princípio, considerou o falso self como uma formação presente apenas nos paciente graves, provocada por uma falha nos cuidados maternos. Existiria uma submissão do self verdadeiro ao gesto da mãe; tempos depois, Winnicott propõe uma gradação de matizes, na qual o falso self estaria sempre presente, embora com diferentes níveis de implicação patológica, incluindo a possibilidade de que seja, em certo grau, compatível e até necessário para a saúde mental;
Psicopatia ou Tendência Antissocial.	
Para Winnicott, outro transtorno no qual a falha ambiental tem um importante papel é a psicopatia ou tendência antissocial.	
 “É preciso, em primeiro lugar, procurar definir a palavra ‘psicopatia’. Eu a utilizo, creio que justificadamente, neste contexto, para descrever uma afecção adulta que consiste em uma delinqüência não curada. O delinqüente é um menino ou uma menina antissocial, que não se curou... há lógica na atitude implícita que ‘o meio ambiente deve-me algo’ adotada pelo psicopata, delinqüente e pela criança antissocial... Neste sentido, a tese de Winnicott é que a inadaptação e demais derivados deste tipo de transtorno consistem em uma inadaptação originária do meio ambiente da criança, produzida em uma fase não precoce o suficiente para dar origem a uma psicose. A ênfase recai na falha ambiental, e a patologia, portanto, está principalmente no meio ambiente, e, somente de maneira secundária, na reação da criança”. Seriam tentativas de auto-cura.	
Por outro lado, a tendência anti-social, longe de expressar pulsões agressivas e vingativas para com o meio ambiente frustrante, é uma manifestação de esperança de que este note a falha e a corrija. A psicopatia seria um estado avançado do transtorno, no qual se reproduz um endurecimento das defesas diante do “desengano total”.
Teoria sobre importância e efeitos do cuidado materno
Para Winnicott, cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça cuidados que precisa, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe suficientemente boa. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.
Segundo esse autor a mãe suficientemente boa (não necessariamente a própria mãe do bebê) é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que diminui gradativamente, segundo a capacidade deste em aquilatar o fracasso da adaptação e em tolerar os resultados da frustração. (Winnicott, 1971)
Assim, podemos pensar que, se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco, possíveis dificuldades da mãe em olhar para o filho como diferente dela, com capacidade de alcançar certa autonomia, podem tornar o ambiente não suficientemente bom para aquela criança amadurecer. Não basta, apenas, que a mãe olhe para o seu filho com o intuito de realizar actividades mecânicas que supram asnecessidades dele; é necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas particularidades.
Num artigo intitulado “A mãe dedicada comum”, escrito em 1966 e publicado numa colectânea de conferências e palestras radiofónicas, Winnicott descreveu um estado psicológico especial, um modo típico que acomete as mulheres gestantes no final da gestação e nas semanas que sucedem o parto. Nessa palestra, o autor nos conta como, em 1949, surgiu quase que por acaso a expressão "mãe dedicada comum", que serviu para designar a mãe capaz de vivenciar esse estado, voltando-se naturalmente para as tarefas da maternidade, temporariamente alienada de outras funções, sociais e profissionais.
Trata-se, pois, de uma condição psicológica muito especial, de sensibilidade aumentada, que Winnicott chega a comparar a uma doença, uma dissociação, um estado esquizóide, que, no entanto, é considerado normal durante esse período. Observe-se também que não é raro um surto psicótico típico nesse período, o que se denomina psicose puerperal.
Winnicott afirma que, na base do complexo de sensações e sentimentos peculiares dessa fase, está um movimento regressivo da mãe na direcção de suas próprias experiências enquanto bebê e das memórias acumuladas ao longo da vida, concernentes ao cuidado e protecção de crianças.
Tão gradualmente como se instala, em condições normais, o estado de “preocupação materna primária” deve dissipar-se. Essas condições incluem a saúde física do bebé e da mãe, após um parto não traumático, uma amamentação tranqüila e pouca interferência de elementos estressantes.
Após algumas semanas de intensa adaptação às necessidades do recém–nascido, este sinaliza que seu amadurecimento já o torna apto a suportar as falhas maternas. A mãe suficientemente boa deve compreender esse movimento do bebé rumo à dependência relativa e a ele corresponder, permitindo-se falhas que abrirão espaço ao desenvolvimento.
De fato, na obra de Winnicott (1979/1983; 1988/2002) encontramos que a capacidade das mães em dedicar a seus filhos toda a atenção de que precisam, atendendo suas necessidades de alimentação, higiene, acalento ou no simples contacto sem actividades, cria condições para a manifestação do sentimento de unidade entre duas pessoas. Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebé, emergem os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento emocional-afetivo da criança.
A capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebé, que é uma forma de amar; contudo, também se amplia a ponto de incluir a provisão ambiental total anterior ao conceito de viver com, isto é, da emergência do bebé como uma pessoa separada que se relaciona com outras pessoas separadas dele.
Winnicott (1979/1983) também coloca que a mãe, ao tocar seu bebé, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma (o organismo considerado fisicamente) e psique e, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como espelho no qual o bebé pode se ver.
Na visão winnicottiana, já nos primórdios da existência, é fundamental para a constituição do self o modo como a mãe coloca o bebé no colo e o carrega; dá-se, assim, a continuidade entre o inato, a realidade psíquica e um esquema corporal pessoal.
O holding é necessário desde a dependência absoluta até a autonomia do bebé, ou seja, quando os espaços psíquicos entre este e sua mãe já estão perfeitamente distintos.
Winnicott (1976/1983), visando mostrar a pais leigos a importância do que eles faziam naturalmente, traz uma descrição mais concreta do que está envolvido no holding:
Protege da agressão fisiológica, leva em conta a sensibilidade cutânea do lactente – tacto, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade à queda (acção da gravidade) e a falta de conhecimento do lactente da existência de qualquer coisa que não seja ele mesmo. Inclui a rotina completa do cuidado dia e noite, e não é o mesmo que com dois lactentes, porque é parte do lactente, e dois lactentes nunca são iguais. Segue também as mudanças instantâneas do dia-a-dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento do lactente, tanto físico como psicológico. (Winnicott, 1979/1983, p.48)
O objeto transicional
Em sua teoria, conforme colocado anteriormente, afirma que o “estado de preocupação materna primária” implica uma regressão parcial por parte da mãe, a fim de identificar-se com o bebé e, assim, saber do que ele precisa, mas, ao mesmo tempo, ela mantém o seu lugar de adulta. É, ainda, um estado temporário, pois o bebé naturalmente passará da “dependência absoluta” para a “dependência relativa”, o que é essencial para o seu amadurecimento.
A dependência absoluta refere-se ao fato de o bebé depender inteiramente da mãe para ser e para realizar sua tendência inata à integração em uma unidade. À medida que a integração torna-se mais consistente, o amadurecimento exige que, vagarosamente, algo do mundo externo se misture à área de omnipotência do bebé. Ser capaz de adoptar um objecto transaccional já anuncia que esse processo está em curso e, a partir daí, algumas mudanças se insinuam. O bebé está passando para a dependência relativa e pode se tornar consciente da necessidade dos detalhes do cuidado maternal e relacioná-los, numa dimensão crescente, a impulsos pessoais.
No início da passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objectos transaccionais exercem a indispensável função de amparo, por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebé. A transaccionalidade marca o início da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê.
Na progressão da dependência absoluta até a relativa, Winnicott (1988/2002) definiu três realizações principais:
integração, 
personificação e 
início das relações objetivas. 
É nesse período de dependência relativa que o bebé vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não – eu, mundo externo e interno, estágio de concernimento, podendo então seguir em seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebé desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projecção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente.
É importante ressaltar que, segundo Winnicott, a independência nunca é absoluta. O indivíduo sadio não se torna isolado, mas se relaciona com o ambiente de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes.
Livros publicados em português
A classificação das obras de Winnicottt (ano e letra) segue a estabelecida por Knud Hjulmand. Foi acrescentada também a classificação estabelecida por Harry Karnac (W!, W2 ...W21) e os respectivos livros na sua primeira edição, tanto em português quanto no original.
1958a: Da pediatria à psicanálise. Trad. de Jane Russo. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1978. Da pediatria à psicanálise. Trad. de Davy Litman Bogomoletz. Rio de Janeiro, Imago, 2000. W6 - Collected Papers: Through Paediatrics to Psycho-Analysis. London, Tavistock ,1958. 
1964a: A criança e seu mundo. Trad. de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1985. W7 - The Child, the Family, and the Outside World. Harmondsworth, Penguin Books, 1964. 
1965a: A família e o desenvolvimento individual. Trad. de Marcelo Brandão Cipola. São Paulo, Martins Fontes, 1983. W8 – The Family and Individual Development. London, Tavistock Publications, 1965. 
1965b: O ambiente e os processos de maturação. Trad. de Irineu ConstantinoSchuch Ortiz. Porto Alegre, Artes Médicas, 1983. W9 - The Maturational Processes and the Facilitating Environment. London, Hogarth 1965. 
1971a: O brincar e a realidade. Trad. de José Octávio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro, Imago, 1975. W10 - Playing and Reality. London, Tavistock, 1971. 
1971b: Consultas terapêuticas em psiquiatria Infantil. Trad. de Joseti Marques Xisto Cunha. Rio de Janeiro, Imago, 1984. W11 - Therapeutic Consultations in Child Psychiatry. London, Hogarth, 1971. 
1977: The Piggle: o relato do tratamento psicanalítico de uma menina. Trad. de Else Pires Vieira e Rosa de Lima Martins. Rio de Janeiro, Imago, 1979. W12 - The Piggle. An Account of the Psycho-Analytic Treatment of a Little Girl. Ed. I.Ramzy. London, Hogarth 1977. 
1984a: Privação e delinquência. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo, Martins Fontes, 1987. W13 – Deprivation and Delinquency. Eds. C.Winnicott/R.Shepherd/M.Davis. London, Tavistock, 1984. 
1986a: Holding e interpretação. Trad. de Sónia Maria Tavares Monteiro de Barros. São Paulo, Martins Fontes, 1991. W15 - Holding and Interpretation. Fragment of an Analysis. London, Hogarth, 1986. 
1986b: Tudo começa em casa. Trad. de Paulo Sandler. São Paulo, Martins Fontes, 1989. W14 - Home Is Where We Start From. Eds. C.Winnicott/R.Shepherd/M.Davis. Harmondsworth, Penguin 1986. 
1987a: Os bebés e suas mães. Trad. de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1988. W16 - Babies and their Mothers. Eds. C.Winnicott/R.Shepherd/M.Davis. Reading, Mass., Addison-Wesley, 1987. 
1987b: O gesto espontâneo. Trad. de Luis Carlos Borges. São Paulo, Martins Fontes, 1990. W17 - The Spontaneous Gesture, Selected Letters. Ed. F.R.Rodman. Cambridge, Mass., Harvard University Press, 1987. 
1988: Natureza humana. Trad.de Davi Litman Bogomoletz. Rio de Janeiro, Imago, 1990. W18 - Human Nature. Eds. C.Bollas/M.Davis/R.Shepherd. London, Free Association, 1988. 
1989a: Explorações psicanalíticas. Trad.de José Octávio de Aguiar Abreu. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994. W19 - Psycho-Analytic Explorations. Eds C.Winnicott/R.Shepherd/M.Davis. Cambridge, Mass., Harvard University Press, 1989. 
1993a: Conversando sobre crianças [com os pais]. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo, Martins Fontes, 1993. W20 - Talking to Parents, eds. C.Winnicott/C.Bollas/M.Davis/R.Shepherd. 
Reading, Massachusetts, Addison-Wesley, 1993.
1996a: Pensando sobre crianças. Trad. de Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997. W21 - Thinking About Children, eds. R.Shepherd/J.Johns/H.T.Robinson. 
London, Karnac Books, 1996.

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