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capacidade civil indigena

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Capacidade civil indígena 
No sistema jurídico brasileiro toda pessoa passa a ser sujeito de direitos quando adquire 
personalidade jurídica compreendida como a aptidão genérica para ser titular de direitos e 
contrair obrigações. 
Adquirida a personalidade jurídica conforme o artigo 1º do atual Código Civil (2002), " toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil." elucida GONÇALVES (2007) que a 
capacidade é a medida da personalidade, podendo ser plena para uns (maiores de 18 anos) e 
limitada para outros. 
Após especificar a "capacidade limitada" como, incapacidade absoluta (art. 3.º,CC) e relativa 
(art. 4.º,CC), o Código Civil assinala que "a capacidade dos índios será regulada por lei 
especial" (art. 4.º, parágrafo único). A lei especial referida é o Estatuto do Índio (Lei nº 6.001, 
de 19 de dezembro de 1973) que define índio ou silvícola como "todo indivíduo de origem e 
ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo 
étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional" (art. 3.º, inc. I). 
A legislação especial dispõe que os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à 
comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar da União que será exercido por meio da 
Fundação Nacional do Índio – FUNAI. Nos termos do Estatuto do Índio, "são considerados 
nulos os atos praticados entre índios não integrados e qualquer pessoa estranha à comunidade 
indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente" (art. 7.º, §8.º, da 
Lei nº 6.001/73). Nos termos do Estatuto, para que o índio seja considerado capaz de praticar 
normalmente os atos da vida civil, poderá requerer ao Juízo competente a sua liberação do 
regime tutelar após preenchidos os requisitos legais, quais sejam: ter idade mínima de 21 
anos; conhecimento da língua portuguesa; habilitação para o exercício de atividade útil, na 
comunhão nacional; e razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional (art. 
9.º, Lei nº 6.001/73). Entretanto, a relativa incapacidade civil dos índios e o regime tutelar a 
que estão sujeitos devem ser entendidos e interpretados à luz da Constituição Federal de 
1988. Com o surgimento da nova ordem constitucional houve o rompimento definitivo com a 
ideologia integracionista dos povos indígenas, assegurando-se a estes o direito de manterem 
seus costumes e identidade cultural, conforme previsto no artigo 231 e 232( conferiu 
legitimação processual plena aos índios em defesa de seus direitos e interesses) "Art. 231. 
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e 
os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União 
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens." Art 232 “Os índios, suas 
comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus 
direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.” Portanto, 
seria recomendável que o Congresso Nacional atualizasse a Lei nº 6.001/73 em vários 
aspectos de modo que possa ficar em completa harmonia com a atual ordem constitucional 
brasileira vigente.

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