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Hermeneutica - Av1 - Oitaven 2018.2

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ESTRUTURA LÓGICA DA NORMA
Dado Fato, deve-ser a Prestação
Dado não-Prestação, deve-ser a Sanção.
Exemplo: Dado o fato de contratar compra e venda, deve-ser pelo comprador o pagamento do preço e pelo vendedor a entrega do bem. Dado o fato de não adimplir a prestação, deve-ser aplicação de sanção de juros e indenização por aquele que não adquire. 
 Antes da Vírgula Depois da Vírgula
	Hipótese 
	Consequência 
	Antecedente
	Consequente
	Descritor
	Prescritor 
Descritor: Descreve um modelo abstrato de fato - A norma não tem um fato concreto, ela diz antes do fato acontecer; quando o fato concreto ocorre, pode-se aplicar este modelo abstrato.
Prescritor: Prescreve comportamentos que devem ser cumpridos por aqueles que irão figurar na relação jurídica. - No exemplo acima seria o comprador e vendedor (dois modelos de sujeitos - não individualizados, porém gerais).
	a) Normas Gerais: São as normas que se dirigem a uma classe de pessoas, contrapõem-se as que têm por destinatário um indivíduo singular, chamadas normas individuais; 
b) Normas Abstratas: São aquelas que regulam uma ação-tipo, ou uma classe de ações, contrapõem-se as que regulam uma ação singular, chamadas de normas concretas; Assim admitidas as normas gerais; individuais; abstratas e concretas, poderemos ter quatro combinações, ou quatro tipos de normas jurídicas:
Normas Gerais e Abstratas: São a maior parte das leis, como as leis penais;
Normas Gerais e Concretas: Como a lei que declara mobilização geral se volta a uma classe de cidadãos e ao mesmo tempo prescreve uma ação singular, que uma vez cumprida, exaure a eficácia da norma;
Normas Individuais e Abstratas: Uma lei que atribui a uma determinada pessoa um ofício, como por exemplo, o de juiz da Corte constitucional, se dirige a um só indivíduo e lhe prescreve não uma ação singular, mas todas aquelas que são inerentes ao exercício da função;
Normas Individuais e Concretas: O exemplo mais comum é o fornecido pelas sentenças do juiz; 
 
Código Penal - Art. 59
Critérios para fixar, entre 6 a 20, a pena.
Expressões indeterminadas; não dá para chegar a uma quantificação/número preciso da pena.
Problema de passar desta norma geral e abstrata, que te dá os critérios, para a norma individual e concreta.
Direito Civil
Caso Suzane von Richthofen - Não pode ficar com a herança dos pais.
Contudo, existe um caso paradigmático do Common Law e outro da Holanda em que pessoas mataram as outras, quiseram herdar, e o ordenamento não falava sobre nenhuma regra dispondo que as pessoas não poderia herdar. 
O que faríamos se não tivéssemos essa regra?
Argumentar principiologicamente, através de uma interpretação sistemática teleológica, que embora não exista uma regra expressa, este é um caso que precisa utilizar a Redução Teleológica.
Redução teleológica: Reconhece uma exceção que não está expressamente escrita, mas que o todo do ordenamento implicitamente exige que você reconheça.
Princípio da Boa-Fé (Direito Civil: Tu Quoque)
Código Civil - Art. 180
Abre uma exceção à proteção do menor relativamente incapaz.
Regra específica; protege quem está de Boa-Fé.
Materializa o princípio da Boa-Fé do Art. 187 do Código Civil.
Código Civil - Art. 187 
Fala sobre o ilícito por abuso de direito 
Problema da Indeterminação da Norma Geral e Abstrata para a Norma Individual e Concreta
	
	Cognitivismo Formal (Vinculação)
	Céticos (Liberdade)
	Cognitivismo Material (Jurídico-Racional)
	RAZÃO
	Sim (Ex: Exegese)
	Não (Ex: Kelsen)
	Sim (Ex: Alexy, Cóssio)
	NEUTRO
	Sim
	Não 
	Não
	DISCRICIONARIEDADE
	Não
	Sim
	Não ou só um pouco
Razão: É possível que o juiz tome uma decisão racionalmente?
Neutro: A decisão do juíz tem como ser neutra? Ou seja, sem valorar?
Discricionariedade: O juiz tem um espaço de liberdade para o que ele vai fazer com a decisão?
KELSEN
Influência de Wittgenstein (1º fase)
Kelsen foi muito influenciado pela primeira fase de Wittgenstein. Nesta fase, ele tratou de se preocupar com a relação entre linguagem e ciência;
A linguagem permite ao cientista ‘‘espelhar a realidade’’
Verdade com correspondência: A proposição científica só será verdadeira se houver correspondência da afirmação com a realidade.
Isomorfia (Identidade e forma): Relação entre a proposição e a realidade que ela pretende descrever.
Concepção de ciência verificacionista (hipótese - teste - tese)
Parte do pressuposto de que precisamos distinguir três dimensões básicas da linguagem:
Sintática: Estuda as relações entre as partes de uma oração; a estruturação da afirmação (como os termos se relacionam e qual a função deles). Trata da dimensão estrutural/lógica da linguagem (termo - termo)
Semântica: Diz respeito ao sentido. Estuda a correspondência entre o que se afirma e aquilo a respeito do que se faz a afirmação. Nesse campo, encontramos problemas como vagueza (dificuldade denotativa - Ex: Boa Fé; art. 59 do Código Penal) e ambiguidade (problemas de conotação - diz respeito à intencionalidade do sujeito que fala). A dimensão semântica acaba tendo um interceção com a dimensão pragmática.
Pragmática: Dimensão contextual. Muitas vezes só dá para saber o significado real se tiver o contexto (falta de entonação da palavra escrita). 
Nesta fase, Wittgenstein preocupa-se bastante com a ciência, sendo assim ele está mais preocupado em saber como o cientista pode descrever melhor a realidade (sintática e semântica).
Kelsen é influenciado por Wittgenstein, mas o objeto que ele vai estudar não é um objeto da realidade empírica, mas sim uma realidade construída. Uma realidade construída porque Kelsen vai pegar a realidade material do direito (direito como objeto material; direito puro) e vai fazer um recorte específico.
‘‘Empirismo Lógico’’: A realidade que Kelsen quer trabalhar é uma realidade que ele recorta como lógica. E, portanto, os testes que o cientista do direito vai fazer, na concepção de Kelsen, são testes que ocorrem dentro do espaço de uma linguagem lógica em que você faz um proposição sobre uma norma e essa proposição se refere a um objeto que você construiu como objeto lógico.
Valores, para Wittgenstein, são coisas que não compõem o real; são sobrenaturais (não podem ser racionalizadas). Sendo assim, não se pode testar a credibilidade e a veracidade de uma afirmação por valores. Quando os valores entram, dá espaço para a subjetividade.
Tudo no campo da ética é uma questão de opinião, valor, vontade e não razão.
A cientificidade aceita a realidade como ela é, ou aparentemente é. 
Para avaliar o universo, deve-se tomar a forma geral proposicional (‘‘as coisas estão assim’’). Ou seja, um cientista só descreve o que ele vê; não questiona a realidade.
A ideia de valores como não composição do real e a forma geral proposicional, pois não há testes na realidade com as lentes dos valores. A ideia de valores não é passível de valoração.
Dever-ser descritivo
Kelsen tenta versar como o cientista do direito descreve a realidade normativa e como é este nível de linguagem. O direito, na realidade, é distinguido entre uma matéria bruta de estudo e de uma matéria de recorte das demais faculdades de estudo humanas.
O direito pode ser estudado por diversos ângulos, mas a cientificidade do estudo do direito, a ciência pura, trata da norma como objeto de estudo.
São sete níveis de linguagem, onde trabalham idéias de metalinguagem e linguagem objeto. A ideia de linguagem é ampla, havendo a ciência do direito como pressuposto de um direito objetivo e então, formador de condutas.
Metalinguagem: Linguagem que fala sobre a outra.
Linguagem objeto: Linguagem que é objeto da fala.
	Linguagem 1
	Linguagem 2
	Linguagem 3
	Linguagem 4
	Linguagem 5
	Linguagem 6
	Linguagem 7
	Conduta
Linguagem objeto em relação ao 2.
	Normas Jurídicas
Linguagem objeto em relação ao 3;
 
Metalinguagem em relação ao 1.
	Ciência do Direito
Linguagem objetoem relação ao 4;
Metalinguagem em relação ao 2.
	Teoria Geral do Direito
Linguagem objeto em relação ao 5;
Metalinguagem em relação ao 3.
	Metodologia
Linguagem objeto em relação ao 6;
Metalinguagem em relação ao 4.
	Epistemologia
Linguagem objeto em relação ao 7;
Metalinguagem em relação ao 5.
	Ontologia
Metalinguagem em relação ao 6.
Conduta: Objeto da fala de uma outra linguagem (normas jurídicas)
Normas Jurídicas: Determinam como as pessoas devem se comportar (caráter prescritivo). Compõe o ordenamento jurídico/direito objetivo/direito positivo (Kelsen). 
Ciência do Direito: Um cientista do direito tem apenas a função de descrever as normas positivas (ele não tem que valorar, opinar, etc.). Na visão de Kelsen, se você começa a opinar, você deixa de fazer ciência. - Kelsen admite que um cientista, ao descrever, encontre mais de um sentido.
Teoria Geral do Direito: Conceitos de IED que são aplicáveis a qualquer ordem positiva; utilizados pelos cientistas do direito na hora de descrever o sentido das normas jurídicas. 
Metodologia: Estudo dos métodos que os teólogos gerais e cientistas do direitos vão utilizar para estudar a norma positiva do direito. Prescrição metodológica. 
Epistemologia: Estudo das condições de possibilidade de produção do conhecimento científico. Pensando no direito se discute o que é ciência do direito, as possibilidades, limites, método, etc. O modelo de Kelsen entende que a ciência do direito, L5 e L4 não podem trabalhar com o valor (porque valor tira da ciência). 
Ontologia: Estudo da essência do ser. 
O cientista do direito não cria normas, ele descreve o dever-ser (descreve uma linguagem prescritiva). Quem escreve as normas tenta descrever o que o legislador prescreveu.
Norma hipotético fundamental
Wittgenstein é influenciado por Kelsen em alguns aspectos. Um desses aspectos é o paralelo que pode ser estabelecido entre a fórmula geral proposicional e a norma hipotético fundamental.
Para Kelsen, a atividade pura do direito é de descrever as hipóteses determinadas para aplicação da norma, pois na legislação há muita indeterminação e suas situações concretas são de autoria do cientista do direito segundo a estrutura lógica normativa. A valoração pode ocorrer, por exemplo, quando se conceitua boa-fé sem uma estrutura lógica normativa. 
Norma Hipotético Fundamental: Se ela é uma norma posta ela não é criada pelo humano, ela é pressuposta; sendo usada para dar base para sua teoria. É um jeito do cientista do direito fazer uma preposição sem uma valoração na ordem de obediência da norma. O cientista tem trabalho técnico, com voto de neutralidade. 
Se ela é uma norma pressuposta, então não é posta. Ser posta significa não ser uma norma positiva (criada por uma autoridade); ela não é pressuposta por nenhuma autoridade.
Pressuposta (pelo cientista do direito) porque o cientista, ao tentar explicar o sistema jurídico, pressupõe a norma fundamental, que irá conferir validade a constituição.
O cientista pressupõe essa norma para que ele possa estudar a ordem jurídica sem questionar a validade, conteúdo justo ou injusto, forma, etc.
Assim como para Wittgenstein tem que pressupor a fórmula geral proposicional, e dizer que as coisas estão assim, e, portanto não questionar a realidade que ele está estudando. Para Kelsen, o cientista do direito tem que pressupor que devemos obedecer a constituição, que para fins jurídicos, as coisas estão assim (de acordo com aquele regramento do dever ser que a Constituição estabeleceu).
Sendo assim, a fórmula geral proposicional e a forma fundamental cumprem a mesma função de permitir o cientista fazer um recorte descritivo, que não questiona a realidade que está sendo estudada. 
Papel da Norma Fundamental: Kelsen, influenciado por Kant (para ele esses planos são irredutíveis), pensa na norma fundamental porque ele se preocupa em distinguir o plano do ser (do que é - fático) do plano do dever ser (plano do que é normativo). 
Kelsen admite, para poder falar que a ordem jurídica é válida, deve-se ter um mínimo de eficácia global - porque ele diz que a eficácia global de uma ordem jurídica é condição de validade desta norma jurídica. Caso contrário, se norma jurídica não for globalmente eficaz, não tem como pressupor a norma fundamental.
Revolução Jurídica: Quando uma ordem jurídica vai deixando de ser globalmente eficaz, você vai deixar de obedecer a aquela norma e vai obedecer outra, que irá estabelecer que devemos obedecer a nova constituição. Substituição de uma Constituição por outra. Pelo âmbito sociológico, esse é um plano com eficácia.
Kelsen tenta cunhar em linguagem do dever ser, quando ele faz a norma fundamental, uma explicação para algo que intuitivamente a gente procuraria no plano do ser: EX: Alguém chega em um determinado território consegue estabelecer um poder político e dita o que vai ser determinado (pode causar sanção). As pessoas passam a reconhecer a autoridade daqueles que criam normas e aplicam as respectivas sanções, e com isso tem uma ordem jurídica formada. 
Recebeu críticas devido a artificialidade, no que diz respeito a coerência da sua teoria, porque ele ficou o tempo inteiro dizendo que o ser e dever ser não poderiam ser reduzidos um ao outro, mas na hora que ele admitiu que a eficácia global é condição de validade para a sua constituição, ele está admitindo, em alguma medida, um pouco de contato.
Para tentar corrigir isso, Kelsen tenta converter essa percepção para a linguagem normativa. 
A essência do positivismo não é apenas a discussão sobre a norma. O positivista se preocupa com a questão do poder (poder de fato). 
Tércio Sampaio, filosoficamente, o positivismo se traduz na ideia de ato de vontade (tem a possibilidade de tomar e impor uma decisão). Sociologicamente, isso se expressa por meio do processo de positivação de normas. Então, a norma é importante para o positivista porque ela expressa um fato da institucionalização de um poder político.
Historicamente, a ideia de ter um poder inquestionável e de autoridade para impor esta na essência do positivismo.
Tipos de interpretação (critério residual)
Não autêntica: É a interpretação praticada por todos os outros sujeitos.
Intérpretes não autênticos:
Leigo: Na situação que ele não está atuando na sua autonomia de vontade. 
Para Kelsen, o leigo e o cientista (advogado) não tem importância sobre o pensamento acerca da inconstitucionalidade. Eles não interferem na ordem jurídica. 
Não produz efeitos vinculantes, a ordem jurídica permanece a mesma.
Autêntica: É aquela praticada por um sujeito autorizado pelo Estado a criar e aplicar as normas jurídicas.
Intérpretes autênticos:
Agentes estatais: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Os particulares: na situação em que eles estão se utilizando do poder de autonomia da vontade ou privados (ex: contratos)
Porque no caso de contrato também tem um intérprete autêntico? Porque no que diz respeito à atividade da autonomia de vontade, o Estado te autoriza (dá competência) a criar e aplicar normas que vinculam sua própria esfera jurídica.
Para Kelsen, todo ato de aplicação do direito também é um ato de criação porque ele sai do pressuposto de que toda vez que eu estou fazendo a criação de uma norma eu estou, necessariamente, aplicando duas outras normas: norma de competência, que te autoriza a criar normas, e a norma de conteúdo, que serve de fundamento de validade para a norma que você está criando.
Produz efeitos vinculantes.
Legislador: Cria e aplica normas. Quando você cria uma atigo, você está aplicando, pelo menos, duas normas: competência e conteúdo. Nota-se que muitas vezes existe uma discussão sobre a interpretação que o legislador fez da norma constitucional: Quando a gente discute uma lei infraconstitucional, se ela é compatível com a constituição ou não, se ela é constitucional ou inconstitucional, no fundo, o que estamos discutindo é se o legislador, ao aplicar a norma constitucional superior, que expira conteudisticamentea norma infraconstitucional, se esse legislador não fez uma besteira.
Divergência sobre se a aplicação da norma e criação da norma infraconstitucional foi ou não foi uma aplicação adequada.
Quando o legislador criar fontes, ele também está aplicando normas.
Juiz: Aplica e cria direito. Quando um juiz vai decidir um caso, ele está, em regra, aplicando duas normas: a norma que o compete para aplicar a norma de competência para julgar e a norma de conteúdo que expira o conteúdo da sentença. Ele cria direito porque o resultado da sua decisão modifica a situação jurídica das pessoas envolvidas (cria direito de forma individual e concreta).
Agente administrativo: A depender da situação pode funcionar mais como o caso do legislador ou como o caso do juiz. Ex: Multa. A autoridade de trânsito cria uma norma individual e concreta, mas ao mesmo tempo ele tem a norma de competência (de te multar) e de conteúdo (não pode estacionar) - mais parecido com o juiz. No caso em que ele cria normas gerais e abstratas, mais parecido com o legislador. Ex: Criação de uma espécie de solução administrativas.
Todo ato de autoridade interfere na ordem jurídica. A ordem jurídica muda quando alguém te multa, cria um código penal, etc.
Na visão de Kelsen, para o Direito importa aquilo que entra na esfera da ordem jurídica por meio dos atos das autoridades competentes. Kelsen preocupa-se em mostrar a prevalência do Sistema de Normas Dinâmico:
Sistema de Normas Estático: De uma norma sempre deriva a outra, e o ponto inicial do sistema já é um ponto conteudístico. Ex: São Tomás de Aquino - Todas as normas tem que ser compatíveis com as normas criadas por Deus.
Para Kelsen, o sistema jurídica não é um sistema de prevalência estática, ele é um sistema de progressão dinâmica porque a norma fundamental é meramente formal, ela diz que devemos obedecer a constituição (não coloca ali um valor, prevalência - porque valores são coisas do sobrenatural). A norma fundamental amarra o sistema de modo formal e diz que dimensão dinâmica vai prevalecer - prevalece a autoridade; não prevalece a correção/incorreção do conteúdo dentro do próprio sistema (a resposta da autoridade é a que importa).
Sistema de Normas Dinâmico: Questão procedimental. Prevalece a dimensão da competência, mas não do conteúdo. 
Validade depende do ato de uma autoridade. A autoridade diz o que a constituição fundamenta ou não; ele é o intérprete autorizada para dar a interpretação correta.
	Controle de Constitucionalidade: O efeito padrão da declaração de inconstitucionalidade; efeito ex tunc (retroage) e ex nunc (não retroage).
O efeito padrão é o retroativo. Porque parte do pressuposto, aqui no Brasil, de que a norma já nasceu inválida.
Quando o STF declara a validade da norma, ela tem efeito ex tunc. A decisão retroage de modo a que a desconstituir todos os efeitos a produzir por aquela norma desde o momento em que se iniciou a sua vigência. 
O tribunal pode, excepcionalmente, modificar esses efeitos.
 Para Kelsen, o Efeito Padrão que reconhece a constitucionalidade de uma norma é um efeito Ex Nunc, em que, excepcionalmente o tribunal pode acabar. Kelsen não vai dizer que o tribunal declara a inconstitucionalidade a uma norma que já nasceu inválida, ele diz que o tribunal constitui a norma inválida. 
 Para ele, validade depende de um ato de autoridade. Sendo assim, uma norma é válida a partir do momento em que foi criada por uma autoridade e torna-se inválida a partir do momento em que uma autoridade competente diga que é inválida (espécie de revogação especial). 
O que acontece se você chega ao extremo de tomar uma decisão que não encontre suporte em nenhuma moldura normativa, mas se essa decisão fica/transita em julgado? Kelsen diz:
Norma de habilitação: Decisão irrecorrível que estabiliza um conteúdo normativo que não encontra lastro em nenhuma fonte conteudística do sistema (mas há lastro na fonte de competência). As normas de competência, para Kelsen, são mais importantes que a de conteúdo. 
Momento ametódico e discricionariedade
O intérprete não autêntico tem como tarefa descrever as possibilidades que você encontra em uma estrutura normativa - ato de conhecimento; neutro.
O juiz não pode listar, não pode ser neutro. Ele tem que decidir dentre as possibilidades listadas. Quando um juiz escolhe e toma uma decisão, ele está vivenciando um momento ametódico. Ato de vontade.
Para Kelsen, a escolha é um ato de vontade. Sendo assim, é valorativo (elementos externos podem entrar naquele momento).
Ceticismo no que diz respeito a aplicação do direito. 
Compatível ao positivismo. Em que o juiz pode praticar o ato de vontade da maneira que ele achar melhor.
ESCOLA DE EXEGESE
Contexto histórico
Vertente de pensamento positivista, porém diferente de Kelsen em diversos aspectos.
A Escola de Exegese surge por conta do contexto político da época. 
Revolução Francesa
É um movimento que retorna ao jusnaturalismo, pelos direito inatos humanos. 
A burguesia queria unificar o direito, pois os juízes retinham muito poder local.
Obter esse poder político era importante para a burguesia porque eles tinham um Direito Pulverizado (há normas jurídicas diferentes em lugares diferentes). Isto era ruim, pois causava uma dificuldade na hora de negociar, além de trazer insegurança política. Não bastasse o direito ser pulverizado, o direito era majoritariamente costumeiro (ia de acordo com a localidade).
Era um estado unificado no que diz ao poder, mas pulverizado nas esferas de competências.
Tentativa de controlar o juiz para ter segurança jurídica a fim de ter um comércio que funcione bem. Em determinado momento, surge um contexto para que a ordem política fosse questionada, pois havia uma certa insatisfação da nobreza e do clero, e enfim, a ordem cai.
	ROUSSEAU 
Ideia de Soberania Popular
Até aquele momento tínhamos a tradição de trabalhar com a soberania nacional (estado-nação). 
Soberania popular: Soberano é o povo. Ideia muito utilizada no discurso revolucionário francês. 
Vontade Geral: As decisões políticas, em uma determinada comunidade, tem que ser tomadas de acordo com o que vai ser melhor para o povo e não com um interesse pessoal.
Relação entre Juiz e Legislador (habilitado a falar em nome do povo). No modelo da Escola de Exegese, o Legislador tem mais moral que o juiz, já que ele fala em nome do povo e o juiz assusta.
O ideal da revolução não era interessante para o juiz. A revolução tende a cortar a moral do juiz e portanto, existia uma espécie de fantasma que, o juiz iria tentar fazer uma contrarrevolução (tentar restaurar o regime anterior).
O modelo de estado que surge depois da revolução é a divisão de poderes. O judiciário não será subsidiário ao legislativo, mas dada as diversas opções de desenho institucional que você pode ter, ele está no direito. No que diz respeito às relações entre legislativo e judiciário, o desenho institucional que você tinha na frança naquela época era em que o legislativo era mais privilegiado que o judiciário. 
Desenho Institucional - Saber quais são as estruturas que existem tanto para o legislativo quanto para o judiciário, no que diz respeito a tensão entre os poderes.
 Sendo o direito francês um direito tácito e comum, caberia mais ainda ao juiz as decisões jurisdicionais. A medida tomada para esse tipo de interpretação, após a Revolução Francesa, foi que se o juiz tivesse alguma dúvida, quando houvesse lacunas, para o legislador seria mandado, para que este diga qual seria a norma aplicada.
O Jusnaturalismo inspira o surgimento do Estado de Direito pós Revolução Francesa. 
Ideia da Revolução: Criar um corpo de legislação diferente do anterior que vai materializar em regras escritas o ideal revolucionário; os valores jusnaturalistas iriam inspirar o direito escrito para a frança. 
Como boa vertente que vai acabar se configurando como positivismo, a Escola de Exegese providenciou logo que fosse fechada a porta para o pluralismo jurídico (não há mais espaço para o direitocostumeiro, apenas a existência das normas criadas pelo legislador).
Modelo monismo ao extremo.
Titularidade do monopólio de criação, aplicação e execução das normas jurídicas por parte do Estado - Presente no Positivismo e no Exegese.
Assim, a Escola da Exegese se constitui como primeira expressão do positivista, após a virada do Estado absolutista para o Estado de Direito e surge em decorrência da agonia a partir da ideia de “temos que amarrar o juiz para proteger os nossos valores”. Chega num ponto em que não passa mais a se questionar quais valores são esses, se são justos ou injustos.“ Amarrar o juiz “ aqui significa seguir aquilo que o legislador determinasse. Dava-se prevalência ao legislador e não ao juiz, a ideia de que seria uma atividade lógica, puramente racional, o juiz não faria um ato de vontade, porque ele decidir conforme o legislador determinasse.
A escola da Exegese não surge do nada, tendo como principal evento de surgimento a elaboração do código civil francês.
Deixa de se preocupar com o Direito Natural e passo a seguir o que o legislador determinasse
Autointegração x Heterointegração 
	Código de Napoleão
Criado na primeira década do séc. XIX
Naquela época o que interessava para a burguesia era o direito privado
Criação do Código Comercial e Código Civil
O chamado Código Civil de Napoleão foi criado, e no momento em que estavam discutindo o projeto do código, surgiu uma controvérsia: O que fazer em caso de lacunas? 
Colocar disposições que diga como o legislador deve agir
Integração de lacunas
Essa briga leva a divisão do grupo: Um que defende a autointegração e outro que defende a heterointegração.
Houve uma briga entre estas correntes.
A briga diz respeito ao que fazer diante das lacunas, mais especificamente ao art. 4 em projeto. Seja uma lei obscura, uma falta de regramento, o debate é como seria resolvido. 
Autointegração: Defendia uma visão mais dura, limitada por parte do juiz. Afirmava que o juiz só poderia integrar no ordenamento utilizando os elementos que já estão no próprio texto da lei.
Um autointegrador afirma que a resposta seria tirada de dentro do próprio sistema.
Ex: Fazer uma analogia - Você está integrando com base no próprio texto legal. 
Um positivista do século XIX será sempre um autointegrador, já que não se aceita um juiz praticando um ato de vontade, devendo sempre haver o entrelaçamento com o que o legislador diz.
Um autointegrador vai defender que o ordenamento é completo
Heterointegração: Defende que você pode recorrer a Doutrina, Jurisprudência, Equidade, etc.
Um heterointegrador diz que pode procurar dentro do próprio sistema ou até fora dele. 
Já o jusnaturalista é sempre heterointegrador porque vai dizer que o direito positivo está condicionado pelo direito natural, o direito natural não está no sistema e isso significa que sempre será possível que se recorra a um elemento fora do sistema, qual seja o direito natural.
O heterointegrador vai defender que as vezes deve se sair do ordenamento.
Recorre a equidade, não no sentido da segunda hipótese citada nos itens abaixo, mas sim a primeira, porém era de uma maneira mais específica. Sendo assim, era um recurso dos princípios do direito natural - Essa solução era muito compatível com a narrativa sobre o direito naquele período revolucionário.
Integração de lacunas por equidade: Significa que se o juiz olhar um espaço no texto normativo e enxergar que existe ali uma lacuna, ele pode criar uma norma que feche aquela lacuna por meio da equidade.
Outros dizem que isso só pode acontecer quando a lei te autoriza a faz juiz por equidade. Nesse caso você só tem uma lacuna aparente.
Para Kelsen não há lacunas, e como as normas de competência dizem que é o juiz que resolve e evidente que aquilo ali já autoriza o juiz a criar qualquer norma, portanto não existiriam lacunas.
	 Portalis, o relator do código civil , era a favor de heterointegração, e estava certo em certa medida, já que naquela época havia o mito de que o código de Napoleão era completo – onde todas as situações passíveis de imaginação seriam ali disciplinadas. Porlatis percebeu que a ideia de se colocar todas as situações num código era algo limitado, então deveria arranjar alguma forma de resolver as situações em que o legislador não disciplinou. Assim, entende-se que é melhor admitir a necessidade de se buscar algo, a elementos fora do ordenamento do que fingir que não se pode recorrer e na prática acabarem recorrendo. Ou seja, ele entendeu que era melhor admitir para que isso fosse feito de uma maneira coerente. Tinha-se aqui a possibilidade de recorrer ao direito natural, permitindo ao juiz, a possibilidade de resolver o problema das lacunas, onde há a identificação com a revolução francesa.
 No projeto de Portalis, ele instituía o direito natural como fonte subsidiária e restringia a ideia de equidade à ideia de direito natural. Essa equidade que vemos atualmente não tem mais a ver com o direito natural, constituindo-se como elemento relacionado a algum senso de justiça. Portalis não tentou apenas defender uma heterointegração com base no juízo de equidade, também defendeu a doutrina e a jurisprudência como fontes de integração, mas os autointegradores não partilhavam da mesma ideia, pois havia um medo imenso de dar liberdade o juiz de que se abrisse uma porta para que se restaurasse o regime absolutista. Eles acharam que a ideia de utilizar a doutrina não era compatível com a vinculação ao que é dito pelo legislador.
OBS: Se fosse um costume que é reconhecido na lei, os autointegradores reconheceriam como fonte de integração. Mas a jurisprudência, doutrina, não serviriam como fonte de integração.
O problema do direito civil é de como resolver uma situação diante da ausência da lei específica.
Subsunção e neutralidade axiológica 
Subsunção é uma espécie de encaixe lógico do fato na norma. 
Raciocínio de subsunção: Significa dizer que o juiz tem a capacidade racional de encaixar um caso no antecedente de uma norma, e, a partir daí deflagrar o consequente daquela norma. 
Encaixe lógico: Significa dizer que esse encaixe é neutro, não envolve a valoração (neutralidade axiológica). Esse encaixe é, figurativamente, mecânico. É uma operação tão lógica quanto recorrer a uma equação, o que significa que, a rigor, qualquer juiz que julgasse qualquer caso deveria chegar à mesma conclusão. E, caso ele não chegasse à mesma conclusão, seria porque alguém estava errado.
Qual era o método que o juiz se utilizaria para poder fazer a subsunção?
O juiz faria a interpretação literal, dura (declarativa).
Para fazer uma interpretação literal, o juiz precisa também utilizar a técnica gramatical. No sentido de que, se você tem alguma espécie de dúvida como interpretar, você se atenta à gramática para tirar a interpretação a partir dali.
O juiz, de acordo com o modelo de exegese, era uma espécie de núncio do legislador.
Núncio: Espécie de mensageiro (não tem liberdade para reconstruir a mensagem). Um núncio não é um representante, pois não tem essa margem de escolher.
Núncio do Legislador: O juiz não tem nenhuma espécie de margem de manobra para reviver o conteúdo da norma criada para reformular. Ele não tem nenhuma participação valorativa; nenhuma margem de interpretação.
A construção do enunciado fático (da narrativa sobre o problema) e construção do enunciado jurídico (da leitura sobre o texto normativo) vai sofrer alguma alteração. Então, Exegese estava enganada a respeito disso, visto que, para ela, as interpretações tinham que ser iguais.
 Em Kelsen o Direito se esgota na norma, mas não quer dizer que esta seja a única fonte do Direito seja a lei, ainda que Kelsen diga que é a fonte mais importante. Esse é um pressuposto que o positivismo do século XIX vai assumir, que é o de levar o jusnaturalismo ao seu pensamento.
 Os exegetas , diante de situações semelhantes não percebem que existem elementos que não são levados em consideração, achando que porque se segue com a mesma fórmula,poderia ser encaixada por qualquer pessoa da mesma maneira em um caso concreto. Para o exegeta tem de ser apontada qual é a fórmula correta de maneira científica.
 Então para a exegese todos devem chegar na mesma resposta, não admitindo-se a vontade e discricionariedade. Tem de ser feita uma interpretação que se prenda a literalidade da norma, por isso se chega dizer que nem é preciso que se faça interpretação, já que a norma é clara, não necessita de interpretação. Haveria aqui uma mera dedução de raciocínio, já que a interpretação traria um quê de subjetividade.
 Mas na realidade, cada um pode ler a norma e interpretar do seu jeito, que é o que Kelsen disse. Ou seja, é óbvio que isso que era pregado pelos exegetas era uma ilusão.
Vontade dos legislador
Existe uma distinção entre vontade da lei e vontade do legislador. 
Exegese queria uma interpretação rígida, dura, diferentemente do que significa Vontade da Lei. Sendo assim, é importante distinguir as duas ‘‘vontades’’.
Vontade da Lei: Ideia de que a lei tem uma vontade autônoma; a lei, portanto, tem um sentido próprio que independe do propósito do sujeito que a criou. Então, a ideia de Vontade da Lei não é uma ideia super conservadora, no sentido de ser rígida, pelo contrário. A conceção de Vontade da Lei é de não estar preso ao que legislador diz, ou à sua intenção. A lei, como produto, ganha sentido próprio, autonomia independente do que seu criador quis.
Vontade do Legislador: Juiz rígido, voltado para o que o legislador diz. Exegese quer um juiz voltado para ser um núncio. 
A expressão ‘‘Vontade do Legislador’’ pode ter a concepção alterada a depender do quem aborda.
O sentido da interpretação, para exegese, é alcançar a vontade do legislador. 
Vontade da lei não é interpretação literal, gramatical, invoca a ideia de autonomia da lei perante o seu autor, isto é, desvinculada da vontade do legislador. Já a ideia de vontade do legislador é uma ideia que se apega à literalidade da lei, pela ideia da necessidade de se respeitar a vontade do sujeito que criou a lei
Interpretação extensiva e restritiva
Na exegese se trabalha com a vontade do legislador e esse tipo de rigidez interpretativa , o que pode culminar em resultados absurdos. Assim, fala-se na interpretação restritiva e extensiva.
A interpretação padrão é declarativa e quando for para evitar o absurdo, eventualmente seriam utilizadas as interpretações restritiva e extensiva. 
Para a hermenêutica do século XIX, havia uma importante diferença entre a interpretação extensiva e a analogia, porque alguns autores entendiam que analogia já era exagerar demais, expandir demais. 
Interpretação extensiva: Fala-se em uma situação que caiba dentro daquela padrão;
Analogia: Caso a situação não caiba dentro daquele padrão, seria analogia.
Constrói-se na exegese todo um discurso rígido, mas na hora de solucionar o problema, coloca-se numa situação numa categoria que não é sua. No caso do cachorro e do leão é lógico se imaginar que se não entra um, não entra outro. Já o caso do cão guia é algo não tão lógico assim, sendo muito mais axiológico do que lógico.
O exegeta queria que o juiz se comportasse como um núncio do legislador, um mensageiro, que não possui poderes e deve fazer sempre uma interpretação declarativa. O juiz exerce apenas um silogismo. Contudo, pretender que o juiz faça apenas uma subsunção constitui uma negação ao seu poder criativo.
A interpretação restritiva ou extensiva é algo que não escapa da vontade do legislador. Ou seja, o legislador se expressou mal mas efetivamente a vontade dele era a de proibir a entrada do leão , no caso do exemplo citado.
OBS: Interpretação restritiva X Interpretação estrita
Interpretação estrita: É aquela que não admite que se estenda , mas quando se fala numa interpretação estrita não significa que esteja se restringindo.
Interpretação restritiva: Procura restringir o texto que foge aos limites desejados pelo legislador. Ela subordina os termos da lei à esfera do pensamento que o legislador realmente desejou exprimir. Com efeito, por vezes a linguagem da lei diz mais do que o pretendido: lex scripta minus voluit. A interpretação restritiva limita, então, o alcance das palavras da lei até o seu sentido real
SAVIGNY E A JURISPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS
Contexto
Trata-se de um pensamento localizado na Alemanha no século XIX.
A Alemanha não passou por uma revolução, de período absolutista. A evolução histórica da Alemanha foi mais lenta, já que não havia um Estado unificado. A vida na Alemanha era muito mais localizada, costumeira, tradicional, não havendo uma pretensão e universalidade de valores. 
Savigny era um elitista, aristocrática. Por ele ser elitista, Savigny não vai ter um discurso universalista que quer tratar todo mundo igual. Sendo assim, o discurso do Jusnaturalismo que acabou influenciando a Escola de Exegese, não é uma preocupação de Savigny
Savigny era um conservador, e nesse sentido, defende uma perspectiva de Direito diferente daquelas que estavam sendo defendidas na França, ou seja, ele nem quer um pensamento jusnaturalista racional e nem o positivismo.
Ele dizia que o direito era construído pela história, nascido dos costumes/tradições. Sendo assim, o direito nascia a partir de uma comunidade específica (o direito é diferente em cada lugar). Isso significa que não posso ter um direito universal e abstrato.
Não liga para a metafísica
Savigny não é positivista. Visto que, no modelo positivista não há um vínculo entre legislador e costumes. Nesta corrente, o que você encontra é um tipo de convencionalismo.
Savigny entende que o costume tem que ser visto como fonte material, sendo assim, ele não vai curtir o convencionalismo dos positivistas 
Savigny teve um briga com Thibaut.
Thibaut queria criar um código 
Savigny contestou essa ideia de Thibaut, visto que, Savigny defendia para um povo fazer um código ele tem que ter uma visão madura de como a comunidade vê o direito, e ele acreditava que a alemanha não estava pronta para isso. A alemanha não tinha estabilidade suficiente para isso; não estava unificada.
Thibaut não conseguiu vingar naquele período. 
Savigny não negava a legislação, mas a codificação. Ele acha que só pode ter a codificação se povo tem uma visão do direito; não tinha como cristalizar tudo. O direito deles era muito jovem para colocar um código duro, que seria difícil de mudar depois. 
PRIMEIRA FASE 
Savigny foi influenciado por um autor chamado Hugo. 
Hugo vai defender que existem basicamente três campos de estudo do direito: o da filosofia do direito, da história do direito e da dogmática jurídica. 
Dogmática Jurídica: Estudo do direito que se dedica a entender o que é o direito hoje, qual o direito vigente, explicar o direito atual
Filosofia do Direito: Visão crítica no sentido de avaliar o direito vigente
História do Direito: Estuda como chegamos até o direito vigente - estuda a histórias dos institutos jurídicos para explicar como chegamos aqui
Hugo vai entender que a ciência do direito por excelência é a história, pois não teria como se trabalhar dogmaticamente sem entender o contexto histórico daquele instituto. Ou seja, não teria como se estudar uma lei sem entender como se chegou nela.
Hugo era um jusnaturalista que pensava numa perspectiva histórica do direito natural, e não aquele direito natural abstrato. Ele trabalha numa perspectiva mais dinâmica.
Existe aqui o problema de que Savigny não queria nada muito jusnaturalista e nada muito racionalista, desenvolvendo um pensamento particular.
Então, em Savigny, o Direito como ciência precisa se desenvolver historicamente e filosoficamente (leia-se sistematicamente). Ou seja, deve-se trabalhar com um ciência onde os conceitos são organizados, possuem uma unidade. 
Quando se fala historicamente, fala-se que se quer levar em conta o momento em que a lei foi elaborada. Essa perspectiva é conservadora, não admite uma atualização. É parecido com a Exegese porque os dois falam em vontade do legislador, masa Escola da Exegese fala em vontade do legislador concreta.-=
Savigny vai dizer que o legislador, e a sua perspectiva, criaria o direito com base nos costumes. O legislador cria a lei, inspirado nessas convicções comuns do povo.
CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI
A partir desses três elementos chegaria ao sentido normativo adequado
Interpretação Literal
Sistemático: Interpreta o dispositivo no contexto do sistema como um todo (analogia)
Genético - Gênesis/Origem. Diz respeito a origem da lei. Analisar o contexto histórico em que a lei foi criada, a fim de entender melhor o sentido daquele texto. Contexto de criação do texto.
VONTADE DO LEGISLADOR
Diferente de Exegese. Na Exegese a vontade do legislador era descobrir empiricamente o que os cara fizeram. Aqui, a vontade do legislador não é a vontade do legislador concreta, histórica.
O legislador aqui é um legislador ideal, porque é que a partir da literalidade desse texto legal e do contexto histórico em que foi criado, pode-se imaginar o legislador. Ou seja, ele está preocupado em que se faça uma projeção do momento histórico tentando se colocar no lugar daquele legislador, tentando encontrar interpretação mais consistente sobre o que o legislador quis.
Para esse fim, a interpretação deverá ter três elementos um lógico, um elemento gramatical e um elemento histórico
Schleiermacher foi um autor que inspirou Savigny, aquele dizia, basicamente, que você deve tentar entender o que o autor fez, até mesmo melhor que o autor. Identificar um sentido que nem o próprio autor percebeu. 
Pensou a hermenêutica como um campo de estudo próprio, sua pretensão era o estudo da hermenêutica teológico. 
“você vai interpretar o texto buscando entender melhor do que o próprio autor concebeu o texto, através do conhecimento do contexto histórico”.
Savigny remete a autoridade do legislador, mas a visão dele nesse particular é um pouco mais solta, menos rígida que a de exegese. Não é vontade da lei porque quando falamos isso admitimos atualização, e Savigny não fala em momento algum sobre atualização. 
Interpretar a lei conforme a cabeça do legislador da época. Porém, a hermenêutica filosófica diz que é impossível pensar em aglo como alguém de outra época. 
Savigny diz que o critério genético é algo muito ‘‘amarradinho’’ porque você fica muito preso ao legislador, ou seja, refém de um legislador. A palavra do legislador fica muito forte e o costume fica como uma lente interpretativa.
	Espírito do povo, para Savigny, não faz referência ao povo em si, mas é uma espécie de unidade, mas você tem que identificar quem fala em nome do povo (doutrina).
Espírito do povo é o senso comum teórico do direito.
A lei vai existir, mas no momento de decidir, o que pesa mais é o espírito do povo do que a lei.
A doutrina, portanto, é uma fonte formal do direito para Savigny. 
O Espírito do povo deixa de ser uma fonte material e passa a ser super importante. Prevalecendo até sobre a vontade do legislador. Essa doutrina vai enxergar o direito de maneira histórica
SEGUNDA FASE 
Visão mais inovadora
Tira bastante a moral do legislador e vai acabar dando moral para a doutrina, porque ele vai dizer que a doutrina é o corpo de pessoas autorizadas a falar o que é o espírito do povo.
ESPÍRITO DO POVO
ESPÍRITO DO POVO (Volksgeist): Espécie de convicção popular; idéias compartilhadas pelo povo. - inspiração do legislador na criação da lei (como se fosse uma fonte formal). Na segunda fase, ele deixa de ser uma fonte material - Essa ideia de espírito do povo vai ser mais importante nesta segunda fase.
Savigny, na sua segunda fase, assume como critério hermenêutico fundamental do espírito do povo. Mas o povo aqui não é o povo do senso comum, povão. Ele entendia que quem propriamente constituía e fazia evoluir o espírito do povo eram aqueles dentro do povo que entendiam de Direito. No fim das contas, o espírito do povo é manifestado através do pensamento doutrinário. 
Na primeira fase o “cara” é o legislador. Na segunda é o cientista, porque ele é quem vai discorrer sobre os institutos jurídicos.
Esse Savigny entende que o Direito evolui no ritmo de evolução da doutrina- que é mais lento, em regra, do que o do legislador. Então ele queria um mecanismo que permitisse a evolução aos poucos, à medida que a sociedade real vai mudando, a doutrina também vai mudando. A lei deveria espelhar o espírito do povo, através da doutrina, que continua sendo uma perspectiva historicista.
O problema aqui é que Savigny dá muita importância ao cientista, com uma perspectiva conservadora e embora ele quisesse que ele representasse a vontade do povo, esse cientista não era um sujeito que tinha qualquer prática com o Direito, então havia aqui o descolamento entre a dimensão teórica e prática do Direito.
Savigny entendia que deveria se trabalhar as coisas numa perspectiva sistemática e que o conceito dos institutos teria que se modificar com o passar do tempo. Não se trabalhava então com conceitos universais, já que o conceito dos institutos evoluía.
Essa preocupação com a sistematicidade com a conceituação dos institutos não dá certo. Isso porque, Savigny começa a defender que o cientista do Direito, nessa arrumação sistemática dos institutos, deve entender o sistema de forma fechada, que não irá apresentar lacunas. Se tiver uma aparência de lacunas, deverá ser realizada a autointegração. Ele acha que se olhando para o sistema, consegue-se, a partir dos elementos desse sistema, achar uma resposta através dos elementos compreendidos historicamente, esse sistema se basta.
Nessa fase, Savigny diz que embora se tenha uma preocupação com o espírito do povo, não significa que as leis devam ser ignoradas, devendo ser confrontada quando tiver um conflito com o espírito do povo
INSTITUTO E INSTITUIÇÕES
Essa diferença entre instituto e instituições é comum no estudo de sociologia do direito. Quando falamos em instituito é algo visto pelo âmbito jurídico, já instituição é visto pelo âmbito sociológico.
Instituto: Espécie de eixo temático (não iguala o instituto ao ordenamento jurídico) em torno do qual gira um conjunto de normas jurídicas.
Ex: A propriedade é um eixo temático. Ou seja, é um tema, que tem várias normas que regulam essa matéria
Savigny tenta mostrar para a gente que, em primeiro lugar, esses institutos são vistos de maneira conectada; não tem como interpretar o direito pensando cada norma/instituto separadamente. Há sempre uma espécie de interação entre os institutos. 
Ângulo jurídico - Ex: O contrato é visto como um acordo de vontades.
Preocupa-se com a história para entender a relevância da norma hoje.
Instituições: Visão social dos institutos. Ângulo social.
Contraparte social
Ângulo social: Esses institutos cumprem funções da estrutura social. Ex: O contrato é um mecanismo de organização social da economia.
TRANSIÇÃO PARA A JURISPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS
Puchta vai originar a jurisprudência dos conceitos, esse nome vai ser dado na frente e é um nome que surge depois, por outras pessoas, pelas pessoas da jurisprudência dos interesses, como uma forma de deboche. Essa jurisprudência tem o sentido de ciência do Direito dos conceitos, como dogmática jurídica e não como precedentes judiciais. ´
A escola jurisprudencial dos conceitos tinha uma dimensão sistemática da interpretação normativa- interpretar a lei de forma mais integrada ao todo, deduzindo os conceitos mais gerais para os mais particulares.
GENEALOGIA DOS CONCEITOS DE PUCHTA
Jurisprudência dos conceitos: É uma corrente que acabou se delineando por meio de um autor que era discípulo de Savigny, Puchta. Valoriza mais a dimensão conceitual do que histórica.
Vai surgir uma corrente que ganha autonomia (‘‘putcha’’). E esta corrente, para muitos, seria uma corrente positivista. Putcha desnaturou um pouco a teoria de savigny e gera uma nova corrente
Savigny não tinha muita experiência prática, extremamente isolacionistas. Como eu vou ver a história estando trancado? A explicação é que savignyera tão bom que mesmo ficando majoritariamente trancado, ele conseguia fazer a conexão com a época de uma maneira muito boa (senso intuitivo). 
Puchta é considerado quem inaugura essa tradição nova (jurisprudência dos conceitos) porque na obra dele fica bem claro esse excesso de abstração, de conceitualização, sistematização e o déficit de contextualização histórica e social. 
Na jurisprudência dos conceitos começa a ter, num dado momento, uma confusão entre as ideias de vontade da lei e vontade do legislador, porque essas pessoas pensam o Direito de modo sistemático, que estão relacionados a uma interpretação sistemática.
Na verdade, o pessoal da jurisprudência dos conceitos é tipo uma “escola da exegese 2.0”, porque eles vão trabalhar com a neutralidade axiológica, vão trabalhar com código, são positivistas mas são um pouco mais evoluídos, pelo fato de que o pensamento deles se originou de uma tradição científica muito forte, consolidada, que vem desde de Savigny.
Genealogia dos conceitos: Derivação/origem/gênese dos conceitos. 
Pirâmide de conceitos que, a medida que você ia subindo tinha conceitos mais gerais e descendo mais específicos.
Ex: Fato jurídico lato sensu – Ato jurídico – Negócio jurídico bilateral - Contrato bilateral - Compra e venda.
Pode ter a compra e venda civil, empresarial, etc.
Essa pirâmide é utilizada até hoje, é algo típico do fato de que a maioria dos epistemólogos do século XIX trabalharam com conceitos do Direito Civil.
Há quem diga que Puchta não era exatamente positivista porque apesar disso tudo, ele dizia que a ideia de ordenamento como um todo estava fundada na concepção kantiana de liberdade (‘‘a liberdade de um se encerra quando começa a do outro’’). Sendo assim, diziam que não era possível chamar de positivista uma pessoa que diz que o direito todo parte de uma ideia de liberdade. Já que no fundo, isso é uma espécie de base ética para o direito.
WINDSCHEID: VONTADE DO LEGISLADOR
2º Fase da Jurisprudência dos Conceitos
Ele é um ator que funciona como um ‘‘cara de transição’’.
O que acontece muito na Jurisprudência dos Conceitos é que a ideia de vontade do legislador acaba sendo resgatada. 
Problema: A concepção de Vontade do Legislador de Windscheid nem é igual a de Exegese e nem igual a do Primeiro Savigny.
Windscheid fala muito sobre vontade do legislador, mas no fundo, aparenta ser algo que tem muito mais cara de ‘‘vontade da lei’’. Ele fala em vontade do legislador para remeter a autoridade do legislador, que volta a ganhar moral.
O raciocínio dele está mais próximo de vontade da lei porque ele começa a admitir que a suposta vontade do legislador é algo que você vai coletar da lógica do próprio sistema, reconhecendo que esse sistema em alguma medida está ganhando alguma espécie de autonomia. Remete a vontade do legislador porque a lei é o produto dessa vontade, mas já reconhece a lei como elemento autônomo que tem uma lógica própria dentro do sistema.
OBJETIVISTAS E INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICO-TELEOLÓGICA
3º Fase
Os objetivistas não procurando a vontade do legislador. O objeto ganhou autonomia, é necessário entender a lógica do sistema.
Objetivistas: Binduc, Kohler, Wach, etc.
Os objetivistas queriam encontrar um sentido adequado autônomo do ordenamento. E com isso eles vão inaugurar a tendência de você fazer uma espécie de interpretação teleológica (finalista). Só que a finalidade que é buscada é a finalidade que se encontra no sistema (interpretação sistemático-teleológica).
Interpretação sistemática: É não interpretar o dispositivo isoladamente. Mas sim no contexto dos demais dispositivos. Evitar antinomias.
Os objetivistas acham que além de fazer uma interpretação sistemática, é necessário fazer uma leitura finalista do sistema. Então, precisa-se encontrar um espécie de lógica dentro desse sistema. 
Noção de ratio legis (razão da lei): Princípio que rege a lei. Máxima. O que é que orienta a leitura daquele texto. 
Como pode-se dar um sentido funcional a essa lei? 
Analogia (analogia legis) é algo muito típico dos objetivistas. Só que além de analogia, defende-se a redução teleológica.
Recurso aos Princípios Gerais do Direito: Indução amplificadora. Além da analogia legis, citada anteriormente, há também a analogia iuris. 
Amplificadora
A partir de uma leitura de várias normas, eu posso construir o regramento para aquele caso.
Ex: Eu não tenho uma norma 1 que eu possa fazer uma analogia diretamente. Mas eu posso tentar, a partir de várias normas, induzir um princípio, e, a partir deste princípio eu derivar uma regra que vai lidar com o caso para qual eu não tinha resposta.

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