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Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças 1

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17/06/2018 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças
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CORPO, MOVIMENTO E ARTE
NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS
CAPÍTULO 1 - QUAIS AS BASES PARA
REFERENDAR O ENSINO DA ARTE NA
EDUCAÇÃO BÁSICA?
Mara Pereira da Silva
 
INICIAR
17/06/2018 Corpo, Movimento e Arte na Educação de Crianças
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Introdução
Nos dias atuais, em que as transformações na sociedade acontecem com grande
velocidade, as mudanças no ensino de Arte nos espaços educativos chegam na
mesma proporção. Os educadores são desafiados a acompanharem essas
evoluções todos os dias. Talvez muitos de vocês, que estão nesse curso, tenham se
perguntado como foram minhas aulas de Arte na Educação Básica? Qual modelo
pedagógico meus professores adotaram? Que desafios terei de enfrentar ao
planejar aulas que contemplem a Arte na Educação Básica? O que dizem os
documentos que regulam o ensino de Arte? Ao sermos conduzidos a refletir sobre
nossas próprias experiências de formação, somos questionados sobre qual o
papel da Arte na escola neste momento em que o conhecimento se torna acessível
a todos por meio dos recursos tecnológicos. Este capítulo foi dividido em quatro
tópicos, por meio dos quais são propostas análises e reflexões sobre o processo
histórico da Arte na escola brasileira, apresentando os modelos pedagógicos e o
momento político de cada época; a arte como objeto do conhecimento:
Patrimônio material e imaterial; o PCN do ensino fundamental; e, por fim, o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI. Ao concluir este
capítulo, você será capaz de construir uma base sólida para contextualizar a Arte
na Educação Básica das escolas brasileiras, enfatizando-a como objeto de
conhecimento e reconhecendo documentos que servem de subsídio para o
desenvolvimento dessa linguagem em escolas e creches.
1.1 A arte na educação básica: uma
breve contextualização
Contextualizar a Arte na Educação Básica brasileira não é tarefa fácil, visto que sua
trajetória foi marcada por lacunas e mudanças inesperadas, as quais quase
sempre estavam relacionadas às correntes pedagógicas vigentes e o pensamento
dos educadores e artistas de determinada época ou momento histórico.
Considerando a necessidade do educador que deseja trabalhar Arte na escola e
conhecer o processo histórico da Arte na educação escolarizada, é preciso apreciar
esse passado artístico para a compreensão do presente e intervenção no futuro,
perpassando por diversos momentos altos e baixos do ensino de Arte na Educação
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Básica, o qual envolve a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio, contribuindo na ressignificação de suas práticas. E, você, está disposto a
viajar para esse mundo de conhecimento? 
1.1.1 O processo histórico da arte na educação brasileira 
O início do ensino de Arte na educação brasileira, precisamente na primeira
metade do sec. XX, foi marcado pela tecnicidade, valorizando a cultura erudita
como o único modelo a ser seguido, em detrimento dos demais. A esse respeito, o
PCN – Arte cita que:
as disciplinas Desenho, Trabalhos Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte
dos programas das escolas primárias e secundárias, concentrando o conhecimento
na transmissão de padrões e modelos das culturas predominantes. Na escola
tradicional, valorizavam-se principalmente as habilidades manuais, os “dons
artísticos”, os hábitos de organização e precisão, mostrando ao mesmo tempo uma
visão utilitarista e imediatista da arte. Os professores trabalhavam com exercícios e
modelos convencionais selecionados por eles em manuais e livros didáticos.
(BRASIL, 1997, p. 22)
O tradicionalismo era vista como algo essencial no ensino de Arte, em que o
educador era o centro do conhecimento e cabia ao aluno ouvi-lo e reproduzi-lo.
Uma das práticas muito divulgada foi em música por meio da implantação do
canto orfeônico, em que se propagava as ideias de coletivismo e nacionalismo por
meio das letras das canções de peças de caráter folclórico, cívico e de exaltação. O
momento político da época era o governo de Getúlio Vargas, tendo o predomínio
da Ditadura getulística, no Estado Novo (BRASIL, 1998). Sobre o Canto Orfeônico,
os PCN Arte (1998, p. 24) registram:
Em música a tendência tradicional teve seu representante máximo no Canto
Orfeônico, projeto preparado pelo compositor Villa-Lobos, na década de 30. Esse
projeto constitui referência importante por ter pretendido levar a linguagem
musical de maneira consistente e sistemática a todo o país. O Canto Orfeônico
difundia ideias de coletividade e civismo, princípios condizentes com o momento
político de então.
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O projeto foi introduzido por Heitor Villa-Lobos, no entanto não há uma definição
quanto a isso, pois alguns estudiosos acreditam que o canto orfeônico não teve
ele como pioneiro, mas sim outros nomes, como o do maestro Carlos Alberto
Gomes Cardim, João Gomes Júnior e os irmãos Lázaro e Fabiano Lozano, entre
outros.
Mariza Trench de Oliveira Fonterrada, em seu livro De Tramas e fios: um ensaio
sobre música e educação, publicado em 2005, apresenta que “um nome pouco
citado nas revisões históricas desse período e que, no entanto, contribuiu
decisivamente para o ensino da música nas escolas é o do maestro Fabiano
Lozano, que defendia e praticava com seus alunos o canto coral nas escolas”.
(FONTERRADA, 2005, p.126) Segundo a autora, os trabalhos de Fabiano Lozano
teriam inspirado Villa-Lobos a propagar seu projeto de Canto Orfeônico que se
espalhou por todo o país.
O maestro e compositor Brasileiro Villa-lobos foi autodidata e conhecido como implantador do canto
orfeônico nas escolas. Ele também foi secretário de educação musical, tendo, como uma de suas
funções, orientar os educadores sobre como ensinar música na escola. Aos 6 anos de idade fez a sua
primeira composição.
Depois de 30 anos, segundo o PCN - Arte-Fundamental, “o Canto Orfeônico foi
substituído pela Educação Musical, criada pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira de 1961, vigorando efetivamente a partir de meados da
década de 60”. Com a introdução do novo termo, acontece o processo da
experimentação, enfatizando a criatividade de cada um e onde a intervenção não
é permitida. A visão tradicionalista fica no esquecimento, o aluno passa a
participar do processo de ensino e aprendizagem e a criança demonstra a sua
personalidade, sem seguir modelos prontos. Nesse momento, entra em moda os
métodos ativos. Zagonel (2008, p. 51), ao se referir aos métodos ativos, coloca que
“nessas metodologias, contrapondo-se aos sistemas anteriores de ensino, o aluno
passa a ser visto como agente participativo do processo de ensino e aprendizagem
VOCÊ O CONHECE?
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e a criança como um ser dotado de personalidade original”. Antes, o centro era o
professor, agora, o aluno não é mais um mero receptor de conhecimento, ele
também participa do processo.
Em 1971, com a aprovação da nova LDB, por meio da Lei 5.692, o ensino de Arte
passou a ser denominado Educação artística, no entanto não como disciplina, mas
como atividade educativa, na qual oprofessor responsável deveria trabalhar com
várias linguagens artísticas, configurando-se na figura do professor polivalente,
responsável em desenvolver atividades expressivas nas diferentes linguagens.
Para Brasil (1997, p. 24), “muitos professores não estavam habilitados e, menos
ainda, preparados para o domínio de várias linguagens, que deveriam ser
incluídas no conjunto das atividades artísticas (Artes Plásticas, Educação Musical,
Artes Cênicas)”. Nesse período, a educação musical silenciou nas escolas, pois,
devido a sua complexidade, os educadores, que não tinham formação especifica
na área, acabavam não ministrando conteúdos musicais como atividade
educativa, o que ainda raramente se encontrava era o canto coral, sendo dada
maior ênfase aos trabalhos manuais e desenhos geométricos. 
Com a inserção da Arte no currículo, começaram a surgir os cursos de licenciaturas
na área, os quais formavam um professor em dois anos, para trabalhar todas as
linguagens, denominando-o professor polivalente.
O reflexo da figura desse docente na prática artística nas escolas não foi dos
melhores, considerando a complexidade de se lidar com as diferentes linguagens,
pois, mesmo passando por diversas formações, não conseguiram obter um
domínio sólido para trabalhar com as quatros linguagens artísticas em um só
campo de conhecimento, a Arte, fazendo com que alguma linguagem tivesse mais
espaço que outra. Sobre isso, Brasil (1997, p. 24) afirma o seguinte:
De maneira geral, entre os anos 70 e 80, os antigos professores de Artes Plásticas,
Desenho, Música, Artes Industriais, Artes Cênicas e os recém-formados em Educação
Artística viram-se responsabilizados por educar os alunos (em escolas de ensino
médio) em todas as linguagens artísticas, configurando-se a formação do professor
polivalente em Arte. Com isso, inúmeros professores deixaram as suas áreas
específicas de formação e estudos, tentando assimilar superficialmente as demais,
na ilusão de que as dominariam em seu conjunto.
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Dessa forma, o ensino de Arte nas escolas ficou fragilizado, ocorrendo a
diminuição dos saberes específicos de cada linguagem artística desenvolvendo a
crença de aplicação em atividades espontâneas que envolviam as diversas
linguagens.
Com o apoio do Movimento Arte Educação, em 1996, a LDB passa por uma nova
alteração, momento em que a atividade educativa Educação Artística é substituída
pelo Ensino de Arte, por meio da Lei nº 9.394, garantindo a obrigatoriedade do
ensino de Arte nas escolas nos diversos níveis da educação básica. Segundo a lei,
em seu artigo 26, §2º, “O ensino da arte constituirá componente curricular
obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos”.  A partir de então, a Arte não é mais vista
como atividade educativa, mas sim como disciplina.
Nos anos 1990 começam as inquietações quanto ao novo perfil do professor de
Arte e do ensino artístico nas escolas, levando o quadro histórico a transformações
significativas por meio da publicação dos Parâmetros Curriculares - Arte e da
proposta Triangular de Ana Mae Barbosa.
Apesar de todas essas normativas e inquietações, o ensino de música ainda
continuava ausente. Tendo em vista essa situação, vários professores de música e
artistas músicos se juntaram em manifesto pela aprovação da Lei nº 11.769, de 18
de agosto de 2008, que tornou obrigatório o ensino da música na educação básica,
tendo as escolas três anos para se adaptarem ao novo processo. Segundo Zagonel
(2013), a aprovação dessa lei não significou a criação de uma disciplina nova, “mas
sim que o ensino da música deve sempre estar presente nos currículos”. Em
virtude de não possuir uma equipe fiscalizadora para fazer valer o cumprimento
da lei, muitos estabelecimentos de ensino não se adaptaram.
Também nesse período, vale ressaltar, Luiz Inácio Lula da Silva, então Presidente
da República, vetou o parágrafo que estabelecia o professor com formação
específica na área, argumentando que a Música é prática social, então, qualquer
ser humano informado sobre tal prática poderia lecionar, bastando para isso uma
formação complementar.
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No ano de 2016, o ensino de Arte nas escolas passa por novas reformulações, entre
as quais a publicação da medida provisória conhecida popularmente como “Lei
Alexandre Frota”, a qual tirava a Arte do currículo do Ensino Médio, mantendo-a na
Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Essa normativa foi assim denominada
porque Mendonça Filho, então Ministro da Educação, recebeu do ator Alexandre
Frota um documento com propostas para a Educação no país, o qual enfatizava
essa questão. Após incontáveis polêmicas nos meios de comunicação e
mobilizações de professores, artistas e demais pessoas envolvidas com a Arte, a
medida foi cancelada.
Outra modificação que ocorreu nessa época foi em um dos artigo da LDB, o qual
previa o ensino de Música como obrigatório. Ele foi alterado, por meio da Lei nº
13.278, de 2 de maio de 2016, ficando: “as artes visuais, a dança, a música e o
teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o
parágrafo 2º”. O que o difere da Lei nº 11.769/2008 é a formação do professor, que
Figura 1 - Música na escola. Fonte: sirtravelalot, Shutterstock, 2018.
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passa a ser obrigatória, exigindo a atuação de um profissional com notório saber e
reconhecido pela comunidade escolar. Sobre a função importante que a área de
Arte tem a cumprir, Brasil (1997, p. 33) afirma: 
Ela situa o fazer artístico como fato e necessidade de humanizar o homem histórico,
brasileiro, que conhece suas características tanto particulares, tal como se mostram
na criação de uma arte brasileira, quanto universais, tal como se revelam no ponto
de encontro entre o fazer artístico dos alunos e o fazer dos artistas de todos os
tempos, que sempre inauguram formas de tornar presente o inexplicável.
A Arte é uma necessidade humana. Apesar de todo o empenho para a devida
efetivação desse ensino nas escolas por meio de leis, na prática, a caminhada
ainda é longa. As expectativas são diversas, mas espera-se que essa disciplina
venha a ganhar o espaço que merece no ambiente escolar e seja ministrada por
profissionais competentes, desenvolvendo a cultura e a criticidade nas crianças, e
não apenas cortar papel, pintar desenhos mimeografados e misturar cores.
Sugiro como leitura as últimas mudanças que referendam o ensino de Arte na educação básica: a LDB,
versão atualizada até marco de 2017. Acesse:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf
(http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf)> 
Nas instituições escolares, seria bom o investimento em Arte em suas diferentes
linguagens, oportunizando aos estudantes vivenciarem momentos artísticos em
suas vidas, democratizando o acesso à Arte.
VOCÊ QUER LER?
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1.2 A arte como objeto do
conhecimento: patrimônio material e
imaterial
O que a arte tem em comum com as demais áreas é ter seus conhecimentos
próprios, sendoobservada enquanto conhecimento a ser exteriorizado, a ser
arquitetado, podendo ser experimentado e expressado enquanto linguagem. 
Compreenda melhor a ideia de Arte como objeto do conhecimento compartilhado lendo o artigo de
Joselaine Borgo Fernandes Freitas: Arte é conhecimento, é construção, é expressão, publicado em sua
versão original na Revista Digital Art&. Ano III, Número 03, abril de 2005. ISSN 1806-2962. Acesse:
<http://www.revista.art.br/site-numero-03/trabalhos/09.htm (http://www.revista.art.br/site-numero-
03/trabalhos/09.htm)>. 
A Arte, como área de conhecimento, possui características próprias e específicas
para a formação integral do ser humano, desenvolvendo aspectos emocionais,
afetivos e cognitivos, e externando aspectos subjetivos, que levam a construção de
patrimônios culturais de forma material ou imaterial.
1.2.1 Arte como objeto do conhecimento
A Arte sempre se fez presente em todas as culturas, sendo um fenômeno cultural
que envolve diversas linguagens artísticas. É uma forma de o homem expressar o
seu lugar no mundo, tornando-se para o ser humano uma necessidade. Na escola,
essa linguagem é focalizada na Dança, na Música, nas Artes Visuais e no Teatro. Há
inúmeras profissões em que a Arte faz parte do conhecimento necessário para o
desenvolvimento das atividades profissionais, como na produção de comerciais e
outdoors, no cinema, na elaboração de vídeo, livros e revistas, na produção de
capas de CD e banners para cantores e artistas de teatro, entre outras. Barbosa
(2012, p. 2) afirma que: 
VOCÊ QUER LER?
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A roupa que vestem é produto de desenho, o tecido de suas roupas é produto das
artes na indústria têxtil, a cadeira em que sentam alguém desenhou, em geral
algum. estrangeiro, mesmo que ela tenha sido produzida no Brasil, porque temos
pouca gente que foi educada para ser competente em desenho. E a culpa é dos
fazedores de currículo. 
A autora atribui a falta de habilidade dos brasileiros em alguns campos da Arte aos
elaboradores de currículos das escolas brasileiras, que, por muito tempo,
deixaram ausente esse conhecimento, tirando a oportunidade de muitas crianças
de desenvolver certas capacidades que irão ajudá-los a ocupar certas profissões,
geralmente bem remuneradas.
Em relação aos que defendem a Arte na escola apenas para liberar emoções, Ana
Mae Barbosa (2012) chama a atenção para que lembrem que podemos aprender
muito pouco sobre nossas emoções se não formos capazes de refletir sobre elas.
Para a autora, se a Arte não for tratada como conhecimento, apenas como um
grito da alma, não estaremos oferecendo uma educação nem no sentido cognitivo
nem no sentido emocional, pois, segundo ela, a escola é responsável por ambas.
Na proposta dos PCN - Arte Ensino Fundamental (BRASIL, 1997, p. 26), ao se referir
à Arte e ao conhecimento, apresenta que:
A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou
filosófico seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o ato criador, em
qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e organiza o mundo,
respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de
transformação do homem e da realidade circundante. O produto da ação criadora, a
inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais ou da
modificação de outros. Regido pela necessidade básica de ordenação, o espírito
humano cria, continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações
diversas.
O homem por si só tem necessidade de criar. Esse ato criador pode ser
manifestado por diversas formas artísticas que representam a existência do
próprio ser criador. Essas manifestações artísticas ganham vida por meio da
criação e da inovação gerando o produto artístico, a Arte, como objeto de
conhecimento humano. Para o Brasil, “Ciência e arte são, assim, produtos que
expressam as representações imaginárias das distintas culturas, que se renovam
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através dos tempos, construindo o percurso da história humana”. Essa
necessidade do espírito humano de organizar e classificar as coisas, segundo o
PCN - Arte Fundamental, tanto a ciência quanto a arte, “respondem a essa
necessidade mediante a construção de objetos de conhecimento que, juntamente
com as relações sociais, políticas e econômicas, sistemas filosóficos e éticos,
formam o conjunto de manifestações simbólicas de uma determinada cultura”
(BRASIL, 1997, p. 26). Assim, tanto a Ciência como a Arte expressam aspectos
imaginários de distintas civilizações.
CASO
Vamos imaginar que Raimunda Espírito Santo, professora de Arte, ao
trabalhar com seus alunos que moram em uma região no norte do Brasil
cercada por fábricas de perfume, buscou uma forma de auxiliá-los a
elaborar designers de vidros de perfume, para que eles participassem de
um concurso promovido por uma dessas empresas. Tendo a Arte como
objeto do conhecimento, ela fez a seguinte proposição aos alunos. Após
ter trabalhado com os alunos técnicas de desenho e pintura,
contextualizou a importância da empresa na região para a geração de
empregos e o desenvolvimento local. Em seguida informou sobre o
concurso.
Após a contextualização, mostrou aos alunos diversos modelos de
embalagens de perfumes existentes tanto na empresa promotora do
concurso quanto nas outras. Em seguida, ela propôs aos alunos que cada
um criasse, por meio de desenhos, um recipiente de perfume para
participar do concurso. Após a atividade, a educadora realizou
comentários sobre os desenhos, destacando os aspectos de seus
argumentos visuais e conectando com a proposta sugerida no concurso.
Por fim, escreveu os trabalhos dos alunos no evento. 
Experiências como a da professora Raimunda são exemplos prático do trabalho da
Arte na escola como objeto de conhecimento. É uma oportunidade de
proporcionar aos alunos novas formas de perceber e recriar seu cotidiano.
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Aproprio-me das palavras de Brasil (1997, p. 27), ao afirmar que:
apenas um ensino criador, que favoreça a integração entre a aprendizagem racional
e estética dos alunos, poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da
razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilhar-se, divertir-se, brincar
com o desconhecido, arriscar hipóteses ousadas, trabalhar duro, esforçar-se e
alegrar-se com descobertas.
É preciso que o ensino de Arte tenha como foco o ato criador e inovador para que
Arte e Ciência estejam atreladas e gerem novos conhecimentos no campo das
Artes, de acordo com as necessidades humanas.
1.2.2 Patrimônio material e patrimônio imaterial
No Brasil, o órgão responsável em promover e coordenar o processo de
preservação e valorização dos bens culturais brasileiros, que envolve tanto o
patrimônio material como imaterial, é o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional - IPHAN. 
Figura 2 - Criança criando designer de vidros de perfume. Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2018.
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VOCÊ SABIA?
Que o site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN
disponibiliza diversos vídeos que retratam os bens culturais do povo brasileiro?
Além dos vídeos você tambémencontra outras informações que podem ser
utilizadas com seus alunos. Como sugestão, indico o vídeo Grupo Uirapuru -
Orquestra de Barro, uma orquestra feita com instrumentos de barro que transforma
a vida de jovens de uma comunidade do interior cearense. Acesse:
<http://portal.iphan.gov.br/videos (http://portal.iphan.gov.br/videos)>. 
A definição de patrimônio é garantida na Constituição Brasileira, art. 215 e 216,
segundo a qual: 
as formas de expressão, os modos de criar, as criações cientificas, artísticas e
tecnológicas, as obras, objetos documentos, edificações e demais espaços
destinados as manifestações artístico culturais, além de conjuntos urbanos e sítios
de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
cientifico.
O patrimônio cultural está presente na história de grupos sociais e perpassa as
gerações. Podemos considerar bens culturais de determinada sociedade, que
podem ser classificados de duas formas: material e imaterial.
O vídeo documentário Ilé Omiojúàrò: Patrimônio Cultural promove ações de preservação da
comunidade tradicional de terreiro Ilé Omiojúàrò. Ele pode ser encontrado no canal do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Ele concorreu ao 28ª edição do Prêmio Rodrigo Melo
Franco de Andrade, promovido pelo IPHAN, que busca apregoar ações de valorização e promoção do
Patrimônio Cultural Brasileiro.
VOCÊ QUER VER?
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O Patrimônio material está relacionado aos bens culturais que podem ser
palpáveis. Como exemplo, podemos destacar o Teatro Amazonas, situado na
cidade de Manaus, construído no final do século XIX durante o ciclo da borracha. É
considerado um museu por guardar a memória da cidade. O teatro também já
recebeu diversos artistas de âmbito local, nacional e internacional.
O Patrimônio imaterial está relacionado aos saberes, às habilidades, às crenças e
às danças. Temos como exemplo a capoeira, que foi declarada, pela Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como patrimônio
cultural imaterial da humanidade.
Figura 3 - Patrimônio material. Fonte: gary yim, Shutterstock, 2018.
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No site do IPHAN, em relação ao patrimônio imaterial, explica que:
é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e
grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua
história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. 
Augusto Gomes Rodrigues (1916-2009), ou “O rei do Carimbó”, foi um dos precursores do Patrimônio
cultural imaterial do Brasil. Ficou conhecido como mestre Verequete e compôs uma música que leva o
próprio nome, que fez muito sucesso, denominada “Chama Verequete”. O artista nasceu na cidade de
Bragança, no interior do Pará, mas mudou-se para a capital Belém com o sonho de ficar famoso.
Figura 4 - Dançando capoeira: patrimônio imaterial. Fonte: Rafael Martin-Gaitero, Shutterstock, 2018.
VOCÊ O CONHECE?
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 Além do IPHAN, órgão nacional existente para tratar de questões de patrimônio,
nos municípios é possível encontrar coordenadorias de setores do patrimônio
cultural que ficam responsáveis por fiscalizar e supervisionar os serviços
necessários à preservação e restauração de bens culturais. Como exemplo,
citamos a cidade de Campinas, no estado de São Paulo, que possui em sua
organização um setor responsável pelo patrimônio cultural.
1.3 PCN – Arte: Ensino Fundamental
Os parâmetros curriculares nacionais (PCN do ensino fundamental) é uma
proposta de ensino no processo de aprendizagem. São organizados em dez
volumes, sendo o de Arte o sexto, formado por duas partes.
Por ser uma proposta, não se torna um documento obrigatório, no entanto não
desconsideramos a sua importância para o professor no espaço escolar, podendo
recorrer ao mesmo para subsidiar suas práticas educativas na escola.
1.3.1 Características do PCN – Arte: Ensino Fundamental
O PCN - Arte: Ensino Fundamental apresenta a Arte de forma a envolver as quatro
linguagens artísticas: Música, Dança, Teatro e Artes Visuais. Ele expõe uma
compreensão do significado da arte na educação, explicitando conteúdos,
objetivos e especificidades, tanto no que se refere ao ensino e à aprendizagem,
quanto no que se refere à arte como manifestação humana.
Na Lei de Diretrizes Básicas (LDB) de nº 9394 de 1996, artigo 26, parágrafo 2, o
ensino de Artes visa à formação básica do cidadão, que é o papel da Educação nos
dias atuais. Então, o PCN foi elaborado com a função de respeitar as diversidades
regionais, culturais e políticas existente no Brasil, para que os estudantes tenham
acesso ao conjunto de conhecimentos organizados e reconhecidos como
indispensáveis ao exercício da cidadania. Zagonel (2008, p. 58), ao se referir aos
PCN, explica: 
Com o intuito de orientar o professor na sua prática escolar de acordo com a nova
LDB, foram elaborados os PCN, voltados ao ensino fundamental e médio, e o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que aborda cada
uma das áreas de conhecimento do currículo escolar.
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A autora chama a atenção do leitor sobre o documento, alertando que é apenas
uma proposta – não é nada obrigatório, não tem peso de lei –, por isso é
considerado um documento aberto e flexível. (ZAGONEL, 2008)
Na primeira parte do PCN - Arte: Ensino Fundamental, é realizada uma
caracterização da área, apresentando “o histórico da área no ensino fundamental
e suas correlações com a produção em arte no campo educacional; foi elaborada
para que o professor possa conhecer a área na sua contextualização histórica e ter
contato com os conceitos relativos à natureza do conhecimento artístico”
(BRASIL,1997, p.15). Sua divisão está elencada da seguinte forma: Caracterização
da área de Arte, Aprender e ensinar Arte no ensino fundamental, Objetivos gerais
de Arte para o ensino fundamental e Conteúdos de Arte no ensino fundamental.
Na segunda parte, “busca circunscrever as artes no ensino fundamental,
destacando quatro linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro”
(BRASIL,1997, p.15). Apesar de poder ser lido de acordo com a linguagem que for
desenvolver, é recomendado a sua leitura de forma global visando ao respeito do
campo de conhecimento em cada área. 
Figura 5 - Arte na formação de crianças no ensino fundamental. Fonte: Poznyakov, Shutterstock,
Deslize sobre a imagem para Zoom
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É mister apresentar também que, na segunda parte, “o professor encontrará as
questões relativas ao ensino e à aprendizagem em arte para as primeiras quatro
séries, objetivos, conteúdos, critérios de avaliação, orientações didáticas e
bibliografia” (BRASIL,1997, p.15). A divisão da segunda parte está organizada do
seguinte modo: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, Conteúdos relativosa
valores, normas e atitudes, Critérios de avaliação, Orientações didáticas. Os
critérios de avaliação são abordados de acordo com cada linguagem artística.
Sempre presente na história da humanidade e sendo um veículo para a
transmissão de ideias e pensamentos, a educação em Arte propicia um maior
desenvolvimento do ser humano no campo das artes. Segundo Brasil (1997, p.15),
ao se referir ao processo de aprendizagem em arte, “aprender arte envolve,
basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve,
também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as
produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas”. Nesse
sentido, para o aprendizado artístico, é preciso três ações: fazer, apreciar e refletir
sobre a Arte de diversas culturas e tempos históricos.
Em relação a essas ações, que Brasil (1997, p. 41) adota como eixos norteadores
dos conteúdos na produção do PCN- Arte: Ensino Fundamental, explica que:
A produção refere-se ao fazer artístico e ao conjunto de questões a ele relacionadas,
no âmbito do fazer do aluno e dos produtores sociais de arte. A fruição refere-se à
apreciação significativa de arte e do universo a ela relacionado. Tal ação contempla
a fruição da produção dos alunos e da produção histórico-social em sua
diversidade. A reflexão refere-se à construção de conhecimento sobre o trabalho
artístico pessoal, dos colegas e sobre a arte como produto da história e da
multiplicidade das culturas humanas, com ênfase na formação cultivada do
cidadão.
Por meio das informações abarcadas apreende-se que esses eixos norteadores
remetem a Abordagem Triangular da brasileira e educadora artística Ana Mae
Barbosa para o ensino de Arte, que foi divulgada em 1991 como Metodologia
Triangular (BARBOSA, 2005). Tempos depois, essa metodologia ficou conhecida
como Abordagem Triangular.
2018.
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Ao se reportar à Metodologia Triangular, voltada para o ensino das Artes Visuais,
Zagonel (2008, p. 81) revela que a atividade da prática “corresponde ao ato de
fazer arte (fazer artístico), o que desenvolve o potencial criativo e a capacidade de
elaboração de imagens, além de instigar o hábito de experimentação de recursos,
técnicas e novas formas de trabalho expressivo”. Para a autora, a apreciação:
Significa apreciar arte por meio da análise, desenvolver a habilidade de ver com
atenção e de descobrir as qualidades da obra de arte e do mundo visual. A
apreciação igualmente educa o senso estético do indivíduo, preparando-o para
poder julgar a qualidade das imagens com objetividade e critérios. (ZAGONEL, 2008,
p. 81).
Ao apreciar, o aluno é levado a exercer seu juízo de valor e, por fim, à perceber a
contextualização histórica que, segundo Zagonel (2008, p.81), “implica conhecer
arte, por meio do estudo da sua história, o que leva o indivíduo ao entendimento
da arte dentro de um contexto, de um tempo e de um espaço”, relfetindo refletir
sobre a produção artística da sociedade.
O site Arte na Escola, gerencia pelo Instituto Arte na Escola, oferece informações temáticas, matérias,
pesquisas e projetos relacionadas ao ensino de Arte na educação. Aqui você poderá encontrar tudo o
que possa servir de apoio para a preparação da sua aula de arte. Acesse: <http://artenaescola.org.br/
(http://artenaescola.org.br/)>. 
A Arte é um dos pilares da educação, podendo acontecer por meio da produção,
fruição e reflexão. É preciso fazer Arte, compartilhá-la e refletir sobre, pois só
assim conheceremos as artes e saberemos como fazê-las fluir.
VOCÊ QUER VER?
1.4 RCNEI: Educação Infantil
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O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) é um
documento produzido com a finalidade de auxiliar creches, entidades
equivalentes e pré-escolas. Sendo um referencial, não é obrigatório; não sendo
mandatário, não é para ser “obedecido”, servindo de guia educacional para
profissionais que trabalham com crianças de 0 a 6 anos de idade.
O documento é organizado em três volumes: Introdução – volume 1, Formação
pessoal e social – volume 2, Conhecimento de mundo – Volume 3. No
conhecimento de mundo são apresentados os conhecimentos de área, contendo
seis eixos dos objetos de conhecimento, como o Movimento, a Música, as Artes
Visuais, a Linguagem Oral e Escrita, a Natureza e Sociedade e a Matemática. Para
Brasil (1998, p. 46), “o âmbito de Conhecimento de Mundo refere-se à construção
das diferentes linguagens pelas crianças e às relações que estabelecem com os
objetos de conhecimento. Este âmbito traz uma ênfase na relação das crianças
com alguns aspectos da cultura”. Essas linguagens, no campo da Arte, inclui a
Música, as Artes Visuais e a Dança por meio do movimento.
Cultura, palavra derivada do latim cultura, culturae, não possui uma definição
única, é uma palavra de várias acepções. Dessa forma, para Brasil (1998, p. 46), a
cultura é compreendida como “uma forma ampla e plural, como o conjunto de
códigos e produções simbólicas, científicas e sociais da humanidade construído ao
longo das histórias dos diversos grupos, englobando múltiplos aspectos e em
constante processo de reelaboração e ressignificação”. Para o autor, “estes eixos
foram escolhidos por se constituírem em uma parcela significativa da produção
cultural humana que amplia e enriquece as condições de inserção das crianças na
sociedade”. 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), elaborada pelo Ministério da Educação (MEC), é um
documento com foco no estabelecer um parâmetro para a construção de currículos em todo o Brasil,
desde a creche até o Ensino Médio. Homologada em dezembro de 2017 pelo MEC, é um documento
construído de forma democrática com a participação da sociedade. Quer conhecer esse documento?
Acesse: <http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio (http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio)>. 
VOCÊ QUER LER?
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O Referencial, elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto com o apoio
de professores e profissionais que trabalham com crianças, tem o objetivo de
atender às determinações da LDB de 1996, a qual garante, pela primeira vez, a
educação infantil, afirmando que ela é a primeira etapa da educação básica.
Segundo Brasil (1998, p. 5): 
o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as
crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de
crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também,
contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa
etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas
crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.
O documento afirma ainda que o Referencial é um guia de orientação que deverá
servir de base para discussões entre profissionais de um mesmo sistema de ensino
ou no interior da instituição, na elaboração de projetos educativos singulares e
diversos (BRASIL, 1998, p. 7). No entanto, o referencial busca trabalhar no
desenvolvimento integral da criança, em aspectos sociais, ambientais e culturais. 
1.4.1 Conhecimento de mundo
O objeto de conhecimento apresentado no volume 3, denominado Conhecimento
de mundo, é defendido no documento como um conjunto de atividades
importantes para o desenvolvimento das crianças, quando são apresentadasideias e práticas correntes para serem desenvolvidas na educação infantil.
Essa apresentação enfatiza os objetivos, os conteúdos e as orientações gerais para
o professor referente a cada atividade, apontando formas de observação, registro
e avaliação formativa. Além disso, no caso da música, são apresentadas sugestões
de obras musicais e discografia. Segundo Brasil (1998, p. 5):
o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as
crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de
crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também,
contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa
etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas
crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.
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A proposta pedagógica do referencial pode trazer um grande desenvolvimento
para as crianças, ao propor a elaboração de novas maneiras e ferramentas para se
construir educandos com desenvoltura crítica e reflexiva.
Uma outra característica observada no documento é a proposição de ideias e
práticas por faixa etária, tendo como exemplo, o primeiro ano da vida, Crianças de
um a três anos, Crianças de quatro a seis anos.
VOCÊ SABIA?
Que o professor precisa cuidar de suas expressões e posturas corporais ao se
relacionar com as crianças? Que o professor não deve esquecer que seu corpo é um
veículo expressivo? Que o professor também é modelo para as crianças,
fornecendo-lhes repertório de gestos e posturas? O professor acaba sendo um
espelho para as crianças. Quer saber mais sobre isso? Visite a página 31 do RCNEI,
Volume 3.
No primeiro ano da vida da criança, predomina a dimensão subjetiva do
movimento, pois são as emoções o canal privilegiado de interação do bebê com o
adulto e mesmo com outras crianças (BRASIL, 1997). E a fase em que ela constrói a
sua subjetividade ao entrar em contato com as pessoas.
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Na faixa etária de um a três anos, logo, que aprende a andar, a criança parece tão
encantada com sua nova capacidade que se diverte em locomover-se de um lado
para outro, sem uma finalidade específica (BRASIL, 1997).
Em crianças de quatro a seis anos, constata-se uma ampliação do repertório de
gestos instrumentais, os quais contam com progressiva precisão. Atos que exigem
coordenação de vários segmentos motores e o ajuste a objetos específicos, como
recortar, colar, encaixar pequenas peças etc., sofisticam-se (BRASIL, 1997).
Figura 6 - O choro é uma forma de expressão da criança. Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Figura 7 - Fase entre quatro e seis anos é quando a criança amplia seu repertório de gestos
instrumentais. Fonte: SergiyN, Shutterstock, 2018.
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No Referencial, é proposto um diálogo “com programas e projetos curriculares de
instituições de educação infantil, nos estados e municípios. Este diálogo supõe
atentar para duas dimensões complementares que possam garantir a efetividade
das propostas: uma de natureza externa; outra, interna às instituições”. (BRASIL,
1998, p. 65)
O documento defende a presença obrigatória de recursos materiais na educação
infantil, os quais são “entendidos como mobiliário, espelhos, brinquedos, livros,
lápis, papéis, tintas, pincéis, tesouras, cola, massa de modelar, argila, jogos os
mais diversos, blocos para construções, material de sucata, roupas e panos para
brincar etc.”. (BRASIL, 1998, p. 69)
Ele também aborda outros aspectos, como a acessibilidade aos materiais; as
condições de segurança do espaço e dos materiais; os critérios de formação dos
grupos de crianças; a organização do tempo; o ambiente de cuidado e a parceria
entre as famílias, que envolve o respeito aos vários tipos de estruturas familiares; o
acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças sobre educação de
crianças; o estabelecimento de canais de comunicação; a inclusão do
conhecimento familiar no trabalho educativo; e o acolhimento das famílias e das
crianças no ingresso na instituição.
Esse documento norteador pode ser utilizado com crianças de 0 a 6 anos de idade,
servindo como uma fonte de pesquisa para os educadores aplicarem atividades
com esse público sem perder as especificidades culturais de sua classe. 
Síntese
Estudamos a contextualização histórica do ensino de Arte na Educação Básica das
escolas no Brasil e a Arte como objeto de conhecimento, enfatizando o Patrimônio
material e imaterial da humanidade, bem como os documentos oficiais que
referendam o ensino de Arte: o PCN – Arte Ensino Fundamental e o Referencial
Curricular Nacional de Educação Infantil – RCNEI, que pode ser utilizado em
creches, escolas e outras instituições educativas que lidam com crianças.
 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
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compreender as diversas transformações que ocorreram no ensino de Arte
nas escolas e conhecer cada momento histórico que surgiu no decorrer do
tempo;
aprender que a Arte é um objeto de conhecimento que tem relação com o
conhecimento científico no caráter da criatividade e da inovação;
diferenciar um patrimônio cultural material de outro imaterial, valorizando
as manifestações artísticas em seus aspectos históricos e culturais;
conhecer os apontamentos que referendam o ensino de Arte por meio da
investigação e apropriação intelectual dos documentos (RCNEI e PCN – Arte-
Fundamental);
apropriar-se de conhecimentos necessários para o desenvolvimento de
práticas artísticas que sejam significantes no ensino de Arte nas escolas de
educação básica.
Referências bibliográficas
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São Paulo: Cortez, 2005.
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dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
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9.394, de 20 de dezembro de 1996, que fixa as diretrizes e bases da educação
nacional, referente ao ensino da arte. Diário Oficial da União. Disponível em: <
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13278.htm)http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13278.htm (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
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