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Brasília-DF. SiStemaS de Geração de enerGia elétrica Elaboração Felipe Andery Reis Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i Introdução ....................................................................................................................................... 9 CAPÍtuLo 1 HIstórIa da geração de energIa elétrIca ......................................................................... 9 CAPÍtuLo 2 sIstemas de geração de energIa elétrIca no BrasIl ...................................................... 21 unidAdE ii Fontes de geração de energIa ..................................................................................................... 32 CAPÍtuLo 1 Fontes de geração de energIa ........................................................................................ 32 unidAdE iii sIstemas HíBrIdos de energIa .......................................................................................................... 94 CAPÍtuLo 1 sIstemas HíBrIdos de energIa ............................................................................................. 94 unidAdE iV Impactos amBIentaIs e sustentaBIlIdade ....................................................................................... 108 CAPÍtuLo 1 Impactos amBIentaIs e sustentaBIlIdade .......................................................................... 108 rEfErênCiAS ................................................................................................................................ 120 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução O Brasil possui um potencial energético com aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 7 mil quilômetros de litoral. Os potenciais hidráulicos, a irradiação solar, a biomassa e a força dos ventos são em grande quantidade, mantendo a autossuficiência energética do país em relação às reservas de combustíveis fosseis limitadas. Hoje, as duas principais fontes energéticas, hidráulica e petróleo, têm sido muito aproveitadas. Cerca de 90% do fornecimento de energia elétrica do país tem origem da geração hidráulica, sendo que o petróleo representa mais de 30% da matriz energética do Brasil. Considerando a importância das fontes hidráulicas e de petróleo, a atual situação do setor elétrico brasileiro, o crescimento da demanda energética, a diminuição de oferta de energia e as restrições em investimentos financeiros e ambientais à expansão do sistema de geração de energia, os profissionais do setor elétrico identificaram que no futuro será necessário maior aproveitamento das fontes alternativas de geração de energia. É bem claro para o Brasil a diferença entre a oferta existente na matriz de energia e o aumento da demanda pela sociedade brasileira, oriundos dos centros urbanos e das regiões do interior, em fase de desenvolvimento, em que as atuais formas de suprimento energético não atendem às condições socioeconômicas da maior parte da população. Na atual situação energética do país, ações de planejamento e regulação de oferta devem estimular outras formas de suprimento energético, tornando-se compatíveis com as matrizes energéticas e as necessidades socioeconômicas das cidades e do interior. É importante que cada fonte ou recurso de geração de energia seja bem aproveitado, visando obter o máximo de benefícios fornecidos e minimizando os impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade. A atual estrutura do setor elétrico no Brasil, além das ações governamentais e diretrizes nacionais, garante o funcionamento básico do mercado energético, em que as regras de fornecimento e os mecanismos de regulação, baseados em dados pesquisados e informações consistentes proporcionam a atuação dos agentes reguladores do setor. Novas tecnologias são desenvolvidas e implementadas para melhoria e interação desta gestão. 8 Como base de informação e norteador para aplicação das políticas e diretrizes, a Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, disponibiliza aos profissionais, agentes do setor e a toda a sociedade dados e informações sobre fontes e tecnologias de geração de energia elétrica, investimentos e empreendimentos de geração e transmissão, assim como aspectos socioeconômicos de interesse do setor elétrico brasileiro. [SAIBA MAIS] Para maiores informações sobre o sistema de geração de energia elétrica no Brasil visite a página da Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, disponível em: <http://www.aneel.gov.br/>.objetivos » História e sistemas de geração de energia elétrica no Brasil. » Conhecer quais são as fontes de geração de energia renováveis e não renováveis no Brasil. » Tipos e utilização de sistemas híbridos de energia no Brasil. » Impactos ambientais e sustentabilidade decorrente do sistema de geração de energia elétrica no Brasil. 9 unidAdE iintrodução CAPÍtuLo 1 História da geração de energia elétrica História da geração de energia elétrica no Brasil Para entender um pouco sobre a geração da energia elétrica no Brasil, um resumo da história será ilustrado, no qual serão entendidas as diversas fases de desenvolvimento do parque energético do Brasil, considerando o período, as necessidades e a fonte energética envolvida em cada época. Primeira fase – 1879 a 1889 A primeira ação do governo em relação à implementação do serviço público de energia elétrica no Brasil foi no período imperial. D. Pedro II, em 1879, concedeu a Thomas Alva Edison a oportunidade de instalar sua invenção no país utilizando equipamentos e estrutura necessária, destinados à utilização da eletricidade na iluminação pública. A seguinte sequência histórica representa a evolução da geração de energia elétrica no Brasil: » 1879: D. Pedro II concedeu a Thomas Alva Edison a implantação de serviço de iluminação pública. » 1879: Inauguração da primeira “iluminação pública” permanente da Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. A energia elétrica era gerada por um dínamo acionado por locomóveis. 10 UNIDADE I │ INtroDUção Figura 1. geração de eletricidade por locomóvel. Fonte: adIB (2007). disponível em: <http://www.carlosadib.com.br/elet_locom%20-%20demei%20-%20z.jpg>. acesso em: 13/11/2017. » 1881: a primeira iluminação pública “externa” foi instalada, em um trecho do Jardim do Campo da Aclamação, atual Praça da República, Rio de Janeiro. » 1883: operação da primeira Usina Hidrelétrica do Brasil, localizada em Ribeirão do Inferno, afluente do Rio Jequitinhonha, onde foi destinada ao fornecimento de energia elétrica e força motriz a serviços de mineração em Diamantina/MG. » 1883: D. Pedro II inaugurou o primeiro serviço público municipal de iluminação pública do Brasil e da América do Sul, na cidade de Campos, norte do Estado do Rio de Janeiro, com 39 lâmpadas, por meio da primeira usina termelétrica, movida a vapor proveniente de caldeira a lenha, com capacidade de 52 kW. » 1885: operação da Usina Hidrelétrica da Companhia Fiação e Tecidos São Silvestre, Viçosa/MG, em regime de autoprodução. » 1887: vários empreendimentos de usinas de energia elétrica foram implementados neste período. » 1888: criação da Companhia Mineira de Eletricidade com o objetivo de fornecer iluminação pública e particular a Juiz de Fora/MG e força motriz a sua fábrica e a outras da região. » 1889: operação da Usina Hidrelétrica Marmelos-Zero, a primeira de maior porte do Brasil com 250 kW de potência, iniciou operação em 1889, expandida para 375 kW em 1892, usina esta da Companhia Mineira de Eletricidade, de propriedade do industrial Bernardo Mascarenhas. 11 Introdução │ unIdAdE I Segunda fase – 1892 a 1934 A partir desta fase, continuaram os investimentos em geração de eletricidade e foram observadas as primeiras ações estruturais, a formação de concessionárias nacionais e estrangeiras. Os principais eventos desta fase foram: » 1892: inauguração da primeira linha de bondes elétricos de caráter permanente no Rio de Janeiro, pela Companhia Ferro-Caril do Jardim Botânico. Figura 2. largo de são Francisco – rio de Janeiro – 1895 usina termoelétrica para iluminação pública. Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_ggumppxndka/sw1ofvoJr_I/aaaaaaaaaBm/Ir-HYwcnelu/s1600/mferrez+largo+de+s%c3%a 3o+Francisco+de+paul.jpg>. acesso em: 13/11/2017. » 1899: constituição em Toronto/Canadá da The São Paulo Tramway Railway, Light and Power Company Limited, para atender a primeira linha paulistana de bondes elétricos. Marca o início de investimento estrangeiro no Brasil, com os capitais canadenses. » 1903 e 1904: publicação, respectivamente, da primeira lei sobre energia elétrica, Lei no 1.145, de 31 de dezembro de 1903, e do primeiro Decreto no 5.704, de 10 de dezembro de 1904, para regulamentar, em termos gerais, a concessão, o aproveitamento da energia hidráulica dos rios brasileiros para fins de serviços públicos. » 1904: criação da The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company Limited, com a finalidade da exploração de todos os serviços urbanos de utilidades públicas (bondes e ônibus, iluminação pública, produção e distribuição de eletricidade, gás canalizado e telefonia). 12 UNIDADE I │ INtroDUção » 1908: operação da Usina de Fontes Velha, da Light, cuja potência atingiu 24.000 kW (24 MW) em 1909, o que significou 20% da potência instalada naquela época no Brasil. » 1909: criação da Companhia Brasileira de Energia Elétrica (CBEE). » 1912: criação da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e da Brazilian Traction Light and Power, que unificou as empresas do Grupo LIGHT. » 1913: operação da Usina Hidrelétrica Delmiro Gouveia, primeira do Nordeste, construída para aproveitar o potencial da Cachoeira de Paulo Afonso no Rio São Francisco. » 1927: início das atividades da American and Foreign Power Company (AMFORP), subsidiária da Bond and Share Co., a qual adquiriu várias pequenas empresas no interior do Estado de São Paulo, São Gonçalo/RJ, Petrópolis/RJ e Pelotas/RS. » 1933: criação da Divisão de Águas vinculada ao Ministério da Agricultura, denominada Serviço de Águas. » 1934: promulgação do Decreto no 24.643, de 10 de julho de 1934, o chamado de Código de Águas, o qual se constitui em marco regulatório muito importante. terceira fase – 1939 a 1957 » 1939: criação do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), até a criação do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRÁS), no início da década de 1960. » 1945: criação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), com o objetivo de realizar o aproveitamento do potencial hidráulico da cachoeira de Paulo Afonso. » 1950: elaboração do Plano de Eletrificação de Minas Gerais, desenvolvido pela Companhia Brasileira de Engenharia (CBE), o qual teve como resultado a organização da Centrais Elétricas de Minas Gerais S.A. (CEMIG), depois denominada Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), criada em 1952. 13 Introdução │ unIdAdE I » 1953: criação, em função do Plano de Eletrificação do Estado de São Paulo, das Usinas Elétricas do Paranapanema S.A. (USELPA), da Usina Hidrelétrica Lucas Nogueira Garcez (70 MW) e da Usina Hidrelétrica Jurumirim (97,7 MW); da Companhia Hidrelétrica do Rio Pardo (CHERP), em 1955, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Armando de Salles Oliveira Limoeiro (32 MW) e da Usina Hidrelétrica Euclides da Cunha (108,8 MW) e da Centrais Elétricas do Urubupungá S.A. (CELUSA), que iniciou os projetos da Usina Hidrelétrica Eng. Souza Dias (1.551,2 MW) e da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira (3.444 MW). » 1953 a 1956: criação da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL) e da Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. (ESCELSA). No Rio Grande do Sul, a Comissão Estadual de Energia Elétrica (CEEE) procedeu à expansão do parque gerador, dando continuidade à execução do Plano de Eletrificação e construindo a Usina Hidrelétrica Passo do Inferno, a Usina Hidrelétrica Canastra e a Usina Termelétrica Candiota. » 1954: criação da Empresa Fluminense de Energia Elétrica (EFE). » 1955: criação da Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (CELESC) e da Centrais Elétricas de Goiás S.A. (CELG). » 1956: criação da Companhiade Eletricidade do Amapá (CEA) e da Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. (CEMAT). » 1957: criação da Central Elétrica de Furnas S.A. denominada posteriormente Furnas Centrais Elétricas S.A. (FURNAS), com o objetivo expresso de aproveitar o potencial hidrelétrico do Rio Grande para solucionar a crise de energia na Região Sudeste. quarta fase – 1957 a 1986 A quarta fase foi iniciada por um importante marco regulatório, seguido de incremento do processo de estatização. Os principais eventos dessa fase são vistos a seguir. » 1957: publicação do Decreto no 41.019, de 26 de fevereiro de 1957, o qual estabeleceu o Regulamento dos Serviços de Energia Elétrica. » 1958: criação da Companhia Energética do Maranhão (CEMAR). » 1960: criação do Ministério de Minas e Energia (MME) pela Lei no 3.782, de 22 de julho de 1960. 14 UNIDADE I │ INtroDUção » 1960: criação da Companhia Hidrelétrica do Vale do Rio Paraíba (CHEVAP), com o objetivo de promover a construção da Usina Hidrelétrica Funil. » 1960: criação da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA), da Empresa Energética de Sergipe S.A. (ENERGIPE) e da Companhia Energética de Alagoas (CEAL). » 1961: criação da Centrais Elétricas Brasileiras S. A. (ELETROBRÁS). » 1962 a 1986: criação de empresas estatais com áreas de concessão delimitadas, na maior parte das empresas, pelos limites dos estados, com controle acionário dos governos estaduais, entre elas: › Companhia Energética do Piauí (CEPISA) (1962). › Centrais Elétricas do Pará (CELPA) (1962). › Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN) (1962). › Companhia Energética do Amazonas (CEAM) (1963). › Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (SAELPA) (1964). › Centrais Elétricas de São Paulo (CESP) (1966). › Companhia de Eletricidade de Brasília (CEB) (1968). › Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) (1969). › Centrais Elétricas de Rondônia (CERON) (1969). › Companhia Energética de Roraima (CER) (1969). › Companhia de Eletricidade do Acre (ELETROACRE) (1965). › Companhia Energética do Ceará (COELCE) (1971). › Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S.A. (ENERSUL) (1979). › Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins (CELTINS) (1986) (FUSP, 2006). 15 Introdução │ unIdAdE I fatos relevantes » 1964: organização da ELETROBRÁS, que passou a atuar como empresa holding das concessionárias públicas de energia elétrica do governo federal e, ainda, no planejamento setorial, voltando suas atividades para a expansão do sistema elétrico brasileiro, com estudos e projetos e construção de usinas e linhas de transmissão. » 1965: criação do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) com a missão de realizar estudos hidrológicos, fiscalização, dar concessões e controlar os aproveitamentos das águas e dos serviços de eletricidade. Em 1964 foi feita uma reavaliação dos ativos e estabelecida sua permanente atualização pela correção monetária, ao mesmo tempo em que era assegurada a rentabilidade de 10% a 12% ao ano; O setor elétrico expandia-se com o aumento da participação do poder público, constituindo novas empresas e tornando-se acionista de concessionárias, verificando-se também a criação, pelos governos estaduais, das suas empresas e autarquias. A ELETROBRÁS foi criada 1962 para assumir o papel de empresa holding, gerenciando vultosos recursos, e assumiu a responsabilidade pelo planejamento, coordenação da construção, ampliação e operação dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Apesar do crescimento da participação estatal na indústria de energia elétrica, até o fim dessa fase foi observada a predominância do capital estrangeiro nas empresas. quinta fase – 1968 a 2001 No início da quinta fase, foram observadas a aceleração do processo de estatização, seguido de um modelo centralizado com tarifas equalizadas, e remuneração limitada. Ao final dessa fase, o Brasil experimentou um novo processo de desestatização (ou privatização) restando apenas seis concessionárias distribuidoras sob domínio de capital dos estados a seguir: » CEB (DF). » CELG (GO). 16 UNIDADE I │ INtroDUção » CEMIG (MG). » COPEL (PR). » CELESC (SC). » CEEE (RS). A criação da Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, se destacou ao final, em substituição ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, DNAEE, além dos seguintes demais eventos: » 1968 a 1972: formação do sistema de empresas controladas atuantes em âmbito regional responsáveis pela geração em grosso e pela operação do sistema hidrelétrico interligado. » 1978: publicação da Portaria DNAEE no 46, de 17 de abril de 1978, que estabeleceu as disposições relativas à continuidade de serviço no fornecimento de energia elétrica e da Portaria DNAEE no 47, de 17 de abril de 1978, que determinou critérios quanto às tensões de fornecimento. » 1979: aquisição, pelo governo federal, das empresas do Grupo LIGHT, fato que originou a Light Serviços de Eletricidade, subsidiária no Rio de Janeiro e Eletricidade de São Paulo (ELETROPAULO), está controlada pelo Governo do Estado de São Paulo. » 1984 a 1985: operação de grandes hidrelétricas em função do crescimento vertiginoso do consumo anual de energia elétrica, na qual se destacaram as seguintes usinas: › Usina Hidrelétrica de Tucuruí (6.495 MW), pela ELETRONORTE (1973). › Usina Hidrelétrica Itaipu (14.000 MW), por intermédio da Itaipu Binacional (1973). › Usina Termo Nuclear Angra I (1985), em parceria com a Alemanha. » 1996: criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por meio da Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996 (FUSP, 2006). » 2001: publicação da Resolução ANEEL no 505, de 26 de novembro de 2001, que estabeleceu as disposições relativas à conformidade dos níveis de tensão de energia elétrica em regime permanente. 17 Introdução │ unIdAdE I nacionalização e centralização das usinas hidrelétricas do Brasil O desenvolvimento econômico foi acelerado, especialmente entre 1968 e 1974, com índices de crescimento de 11%, com importantes investimentos no setor de infraestrutura. O processo de nacionalização foi implementado com a aquisição pelo Governo Federal, das empresas do Grupo AMFORP, passando a Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas (CAEEB), que já atuava como empresa de serviços na centralização e na supervisão das operações administrativas, de engenharia, jurídicas e contábeis das concessionárias da AMFORP, a gerir as concessionárias filiadas. Em 1968 as antigas empresas da AMFORP foram incorporadas, em sua maioria, às concessionárias públicas estaduais. Em 1970, com a criação de ITAIPU, estabeleceu-se uma hierarquia funcional com concessionárias federais sendo supridoras regionais, concessionárias estaduais sendo supridoras de área e outras concessionárias estaduais e empresas privadas sendo responsáveis pela distribuição de energia elétrica, caracterizando o início do processo de centralização. Com a criação da Centrais Elétricas de São Paulo S.A. (CESP), após denominada Companhia Energética de São Paulo (CESP), foram executados importantes projetos hidrelétricos, como: » Usina Hidrelétrica Barra Bonita (140,76 MW). » Usina Hidrelétrica Ministro Álvaro de Souza Lima (143,1 MW). » Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão (264 MW). » Usina Hidrelétrica Xavantes (414 MW). » Usina Hidrelétrica Rosana (376,2 MW). » Usina Hidrelétrica Senador José Ermírio de Moraes (1.396,2 MW), entre outros. A CEMIG desenvolveu similares iniciativas em Minas Gerais, sendo necessário destacar a execução dos projetos da: » Usina Hidrelétrica Jaguará (424 MW). » Usina Hidrelétrica Volta Grande (380 MW).UsinaHidrelétrica São Simão (1.710 MW). 18 UNIDADE I │ INtroDUção » Usina Hidrelétrica Emborcação (1.192 MW). » Usina Hidrelétrica Nova Ponte (510 MW). No Paraná, verificou-se a construção da: » Usina Hidrelétrica Gov. Bento Munhoz da Rocha Neto (1.676 MW.) » Usina Hidrelétrica Gov. Parigot de Souza (252 MW), da COPEL. E a execução dos projetos da: » Usina Hidrelétrica Itaúba (512,4 MW). » Usina Hidrelétrica Passo Real (158 MW), da CEEE, no Rio Grande do Sul. A partir de 1971, a centralização foi intensificada pela ELETROBRÁS de todos os recursos do Fundo Global de Reversão. fatos relevantes – equalização tarifária e regulação do setor energético no Brasil Em 1974, foi introduzida a equalização tarifária em todo o território nacional, acompanhada da câmara de compensação intrassetorial (RENCOR), que repassava o excedente de receita de algumas empresas para outras deficitárias. O modelo setorial pautado pela organização do sistema ELETROBRÁS garantiu a expansão expressiva dos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica ao longo dos anos 1960 e 1970, tendência que viria a ser revertida, na década de 1980, tanto como reflexo das mudanças nas regras dos merca dos financeiros internacionais, como dos obstáculos à continuidade da captação interna de recursos. A partir dos anos 1980, o modelo começou a mostrar suas deficiências repercutindo negativamente na situação econômico-financeira das concessionárias, sendo ameaçada a sobrevivência da maioria delas. O Brasil passou a experimentar nova onda de privatização a partir de 1992, quando foi proposto o Plano Nacional de Desestatização (PND) do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), tendo sido definida como prioridade a venda das distribuidoras, facilitada no período de 1992 a 1994, por meio da Lei no 8.631/1993 e implementada no período do governo seguinte. 19 Introdução │ unIdAdE I Com a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, organizada como autarquia especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia e que sucedeu o antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, ela passou a atuar, de forma mais forte nos setores de concessão, regulação, mediação e ainda na fiscalização dos serviços concedidos. As atribuições da Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, são: » Regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica. » Mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e entre estes e os consumidores. » Conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia. » Garantir tarifas justas. » Zelar pela qualidade do serviço. » Exigir investimentos; estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços. Para conhecer maiores informações sobre a história da geração de eletricidade no Brasil, visite o site Memória da Eletricidade em: <http://memoriadaeletricidade. com.br>. Com base nos dados do capítulo 1, verifique as questões a seguir. » Quando e como surgiu a geração de eletricidade no Brasil? Qual tipo de equipamento foi utilizado inicialmente para esta geração de eletricidade? O primeiro ato e a preocupação do governo com a implementação do serviço público de energia elétrica no Brasil foi no período imperial. D. Pedro II, em 1879, concedeu a Thomas Alva Edison a oportunidade de instalar no país seus equipamentos e processos de sua invenção, destinados à utilização da eletricidade na iluminação pública. A energia elétrica era gerada por um dínamo acionado por locomóveis. » Qual foi a primeira usina hidrelétrica construída no Brasil? 20 UNIDADE I │ INtroDUção Em 1883, iniciou-se a operação da primeira Usina Hidrelétrica do Brasil, localizada em Ribeirão do Inferno, afluente do Rio Jequitinhonha, destinada ao fornecimento de força motriz a serviços de mineração em Diamantina/MG. » Qual objetivo principal do Brasil em investir, na segunda fase, na geração de energia? A partir da segunda fase, continuam os investimentos em geração de eletricidade e observam-se as primeiras ações estruturais, a formação de concessionárias nacionais e estrangeiras. » Em que período foi criado a ELETROBRAS? Criação do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), até a criação do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRÁS), no início da década de 1960. » O sistema elétrico do Brasil entrou em crise e os racionamentos elétricos eram constantes, quando e por que ocorreu este fato? No período imediato ao pós-guerra (Segunda Guerra Mundial), a produção no Brasil já não acompanhava a demanda por eletricidade. O sistema elétrico entrou em crise, os racionamentos eram constantes, cresceu a participação da autoprodução. Tornou-se necessária ações do governo visando à capitalização do setor, sendo então instituído o Fundo Federal de Eletrificação e criado o Imposto Único sobre Energia Elétrica – IUEE, ambos por meio da Lei no 2.308, de 31 de agosto de 1954. 21 CAPÍtuLo 2 Sistemas de geração de energia elétrica no Brasil Sistemas de geração de energia elétrica no Brasil No Brasil, a geração e a distribuição de energia elétrica são formadas por uma rede complexa de geradores e transmissores, que possuem a finalidade de conduzir a energia elétrica desde o local de sua geração até o local onde será consumida. Esse sistema possui vários elementos conectados, como unidades geradoras, vias de transmissão e distribuição e os consumidores finais da energia elétrica, de forma integrada ou não. Há alguns anos, no período de desenvolvimento das indústrias, as linhas de transmissão e distribuições de energia eram isoladas e atendiam especialmente às necessidades locais. A região mais interligada neste período de desenvolvimento era a região Sudeste. Como o aumento de demanda de energia elétrica, proveniente dos centros urbanos e industriais das regiões sul e sudeste, houve um incentivo para a integração do sistema de energia no país. Nesta oportunidade, o maior potencial de geração foi considerado a fonte de geração de energia hidroelétrica, mesmo ela não sendo próxima aos locais de maior consumo. A figura 3 apresenta um diagrama que exemplifica como é gerada, transmitida e distribuída a energia elétrica entre os meios geradores e consumidores. 22 UNIDADE I │ INtroDUção Figura 3. produção, transmissão e geração de energia elétrica. Fonte: <http://s3.static.brasilescola.uol.com.br/img/2016/09/rede_distribuicao_energia.jpg>. acesso em: 13/11/2017. A distribuição de energia no Brasil envolve alguns processos, entre eles os processos de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica até o consumidor final. As empresas responsáveis por distribuir energia elétrica, sejam elas públicas ou privadas, são responsáveis pelos processos de geração, transmissão e entrega da energia. Para isto, são utilizados equipamentos como fio condutores, transformadores e equipamentos de medição, controle e proteção das redes elétricas. Com o objetivo principal de chegar às residências e empresas de todos os consumidores finais, o sistema de distribuição é considerado muito mais amplo e ramificado que o sistema de transmissão. As redes de distribuição são compostas por linhas de alta, média e baixa tensão. A potência da energia distribuída e entregue pode ser dividida em redes elétricas primárias e secundárias. Nas redes elétricas primárias, as redes de distribuição são de média tensão e atendem a médias e grandes empresas, inclusive indústrias. Nas redes elétricas secundárias, as redes de distribuição são de baixa tensão e atendemresidências, pequenos estabelecimentos e iluminação pública. Atualmente no Brasil, há cerca de 80 milhões de unidades consumidoras (correspondente a um único consumidor e se refere ao ponto de entrega de energia com medição 23 Introdução │ unIdAdE I individualizada). A maior parte das UCs, totalizando 85%, são unidades residenciais, porém, a indústria é responsável por 35% do consumo de energia elétrica no país. Mercado consumidor de energia elétrica Para melhor visualização e percepção da atual situação do mercado consumidor de energia elétrica do Brasil, as tabelas 1, 2 e 3 ilustram o resumo dos dados fornecidos pelo Ministério das Minas e Energia. tabela 1. consumo de energia elétrica no Brasil estratificado por classe. Acumulado 12 meses Dez/16 GWh Evolução mensal (Dez/16/Nov/16) Evolução anual (Dez/16/Dez/15) Jan/15-Dez/15 (GWh) Jan/16-Dez/16 (GWh) Evolução Residencial 11.358 2,0% 2,6% 131.024 132.893 1,4% Industrial 13.453 -2,8% 0,9% 168.859 164.034 -2,9% Comercial 7.562 2,5% -3,3% 90.416 88.185 -2,5% Rural 2.249 -0,3% 5,8% 25.844 26.795 3,7% Demais classes* 4.095 1,3% -2,4% 48.259 48.094 -0,3% Perdas 10.165 20,3% -6,1% 107.455 111.629 3,9% Total 48.882 3,8% -1,0% 571.856 571.630 0,0% * em demais classes estão consideradas poder público, iluminação pública, serviço público e consumo próprio das distribuidoras. dados contabilizados até dezembro de 2016. Fonte: Boletim mensal de monitoramento do sistema elétrico brasileiro – janeiro 2017. disponível em: <http://www.mme.gov. br/documents/10584/4475726/Boletim+de+monitoramento+do+sistema+el%c3%a9trico+-+Janeiro-2017.pdf/18c00330- e3d9-4534-a9f1-73af3e989604>. acesso em: 13/11/2017. tabela 2. consumo médio de energia elétrica por classe de consumo. Valor mensal Acumulado 12 meses Dez/16 kWh/ NU Evolução mensal (Dez/16/ Nov/16) Evolução anual (Dez/16/ Dez/15) Jan/15-Dez/15 (kWh/NU) Jan/16-Dez/16 (kWh/NU) Evolução Consumo médio residencial 164 1,7% 0,3% 161 160 -0,9% Consumo médio industrial 25.053 -2,6% 3,1% 25.657 25.456 -0,8% Consumo médio comercial 1.323 2,3% -3,8% 1.324 1.285 -3,0% Consumo médio rural 507 -0,4% 4,3% 493 504 2,2% 24 UNIDADE I │ INtroDUção Valor mensal Acumulado 12 meses Dez/16 kWh/ NU Evolução mensal (Dez/16/ Nov/16) Evolução anual (Dez/16/ Dez/15) Jan/15-Dez/15 (kWh/NU) Jan/16-Dez/16 (kWh/NU) Evolução Consumo médio demais classes * 5.309 1,1% -4,2% 5.311 5.196 -2,2% Consumo médio total 480 -0,1% -1,6% 490 475 -3,0% * em demais classes estão consideradas poder público, Iluminação pública, serviço público e consumo próprio das distribuidoras. dados contabilizados até dezembro de 2016. Fonte: Boletim mensal de monitoramento do sistema elétrico brasileiro – janeiro 2017. disponível em: <http://www.mme.gov. br/documents/10584/4475726/Boletim+de+monitoramento+do+sistema+el%c3%a9trico+-+Janeiro-2017.pdf/18c00330- e3d9-4534-a9f1-73af3e989604>. acesso em: 13/11/2017. tabela 3. unidades consumidoras de eletricidade no Brasil – estratificação por classes. Número de Unidades Consumidoras Período Evolução Dez/15 Dez/16 Residencial (NUCR) 67.679.371 69.278.134 2,4% Industrial (NUCI) 548.456 536.979 -2,1% Comercial (NUCC) 5.688.987 5.717.721 0,5% Rural (NUCR) 4.369.678 4.433.111 1,5% Demais classes* 757.274 771.394 1,9% Total (NUCT) 79.043.766 80.737.339 2,1% * em demais classes estão consideradas poder público, Iluminação pública, serviço público e consumo próprio das distribuidoras. Fonte: Boletim mensal de monitoramento do sistema elétrico brasileiro – janeiro 2017. disponível em: <http://www.mme.gov. br/documents/10584/4475726/Boletim+de+monitoramento+do+sistema+el%c3%a9trico+-+Janeiro-2017.pdf/18c00330- e3d9-4534-a9f1-73af3e989604>. acesso em: 13/11/2017. Para maiores informações sobre o boletim mensal de monitoramento do sistema elétrico brasileiro de janeiro 2017, visite o seguinte documento da página do Ministério de Minas e Energia: <http://www.mme.gov.br/ documents/10584/4475726/Boletim+de+Monitoramento+do+Sistema+El%C3 %A9trico+-+Janeiro-2017.pdf/18c00330-e3d9-4534-a9f1-73af3e989604>. As redes de transmissão e distribuição de energia no Brasil seguiram a trajetória histórica dos processos de urbanização e industrialização. Na Figura 4 é ilustrado o mapa atual do sistema de transmissão, com os principais sistemas interligados no Brasil. 25 Introdução │ unIdAdE I Figura 4. sistema elétrico nacional Interligado. Fonte: aBradee (20170. disponível em: <http://www.abradee.com.br/images/artigos/mapa%20sin%20-%20horizonte%202015. png>. acesso em: 13/11/2017. Os grandes centros urbanos e as regiões industriais do Brasil são considerados os maiores consumidores de energia elétrica. Desta forma, a infraestrutura das redes de transmissão e distribuição foram direcionadas para esses espaços. Sistema interligado nacional – Sin Segundo a (ONS, 2017), o sistema de geração e transmissão de energia elétrica do Brasil é considerado um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, predominando 26 UNIDADE I │ INtroDUção as usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional (SIN) é composto pelos seguintes subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. A interligação dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, favorece a transferência de energia entre os subsistemas, além de permitir a obtenção de ganhos sinérgicos e explorar a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias. A integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento ao mercado com segurança e economicidade. A figura 5 ilustra a sala de controle do Centro Nacional de Operação do Sistema (CNOS). Figura 5. sala de controle do centro nacional de operação do sistema (cnos). Fonte: ons (2017). disponível em: <http://www.ons.org.br/images/educativo/galeria_fotos/sala%20de%20controle%20do%20 cnos_Brasilia.jpg>. acesso em: 13/11/2017. Usinas hidrelétricas compõem a capacidade instalada de geração do SIN que são distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas de diferentes regiões do Brasil. A instalação de usinas eólicas nos últimos anos, principalmente nas regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância deste tipo de geração para o atendimento do mercado. As usinas térmicas, geralmente localizadas próximas dos principais centros de carga, desempenham um importante papel estratégico, pois contribuem para a segurança do SIN. Elas são despachadas em função das condições hidrológicas vigentes, em que são permitidas a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas assegurando assim o atendimento futuro. Os sistemas de transmissão 27 Introdução │ unIdAdE I possibilitam o suprimento do mercado consumidor e integram as diferentes fontes de geração de energia. Sendo a maior parte da capacidade de geração no Brasil oriundas da hidrelétrica, os montantes gerados nacionalmente dependem do regime de chuvas nas bacias hidrográficas, que variam entre as regiões do Brasil. O fornecimento de energia ficou mais eficiente e menos sujeito às possíveis restrições de oferta regionais devido a interligação elétrica das usinas, por meio do Sistema Interligado Nacional. A energia gerada em uma região com grande quantidade de água pode ser redirecionada de forma a equilibrar o sistema como um todo. A operação do SIN é centralizada, garantindo que as decisões de despacho das usinas geradoras sejam tomadas de tal forma a contemplar as necessidades nacionais de abastecimento de energia. A minimização dos custos futuros associados à eventual falta de energia é um dos critérios da operaçãocentralizada, o que pode provocar significativos prejuízos para o país. Como instrumentos de manobra para o gerenciamento da falta de energia, são também utilizadas usinas termoelétricas (ou termelétricas), pois estas não dependem de regimes sazonais para a produção de energia elétrica. Desta forma, o despacho de uma usina termelétrica hoje em dia pode ajudar na economia de água no futuro, considerando que dentro de um cenário de escassez, pode resultar em menores riscos de déficit para o setor. Sistema interligado nacional e o mercado brasileiro Em março de 2013, a capacidade instalada da matriz de energia elétrica do Brasil alcançou 122,9 mil megawatts (MW), uma potência 64,3% maior do que os 74,8 mil MW instalados em dezembro de 2001. Considerado este um aumento significativo, o Sistema Interligado Nacional (SIN) exige uma coordenação sistêmica para garantir que a energia gerada pelos 2.800 empreendimentos em operação chegue ao consumidor com segurança, garantindo o suprimento de forma contínua e com qualidade, além dos preços acessíveis para todos. Essa coordenação é feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), cuja função é controlar a operação eletro-energética das instalações de geração e de transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional, no qual predomina a fonte hidrelétrica. 28 UNIDADE I │ INtroDUção Para operar o SIN, o ONS conta com cinco Centros de Operação espalhados pelo país (como visto na seção anterior, a figura 5 ilustra um Centro Nacional de Operação do Sistema) que realizam a coordenação, supervisão e o controle da operação de toda a matriz de energia elétrica do Brasil. No ano, esses centros controlam mais de 49 mil intervenções e recebem, a cada 4 segundos, mais de 40 mil registros de medidas, além de gravar mais de 10 milhões de registros por dia. Eles também têm à disposição 761 instruções de operação e 1.040 diagramas atualizados. Apenas 2,2% da geração de eletricidade do país ainda se encontra fora do SIN, em pequenos sistemas elétricos dimensionados para o atendimento de necessidades localizadas, conhecidos como Sistemas Isolados, que se encontram, principalmente, na região amazônica. Atualmente, o SIN atende 98% do mercado brasileiro. Para maiores informações sobre o diagrama esquemático, operação, gestão e distribuição das usinas hidrelétricas do Brasil pelo SIN, visite o seguinte mapa de distribuição na página da ONS: <http://www.ons.org.br/images/conheca_ sistema/mapas_g/Hidrel%C3%A9tricas2013-2017_Mai2013.png>. Matriz mais limpa Baseando-se nas pesquisas realizadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o governo do Brasil precisará contratar 52 giga watts (GW) de potência instalada para o SIN até o ano de 2021, dado o crescimento da atividade econômica do País. As projeções levam em consideração uma expansão média anual do PIB (Produto Interno Bruto) de 4,7% nos próximos dez anos. A ideia é que a maior parte das contratações seja feita apenas de fontes renováveis, como as hidrelétricas, eólicas e termelétricas que são baseadas em biomassa, soluções ambientalmente vantajosas para o país. Com essa nova expansão, o total do Sistema Interligado Nacional passará dos atuais 122,9 mil MW para 174,2 mil MW nos próximos dez anos. Hidrelétricas de grande porte como as de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte estão em andamento. Quando a usina de Belo Monte estiver concluída, será a terceira maior do mundo. Esses projetos continuarão a manter o Brasil como o maior mercado mundial de energias renováveis. As usinas hidrelétricas em operação respondiam por 68,9% da matriz de energia elétrica brasileira, em março de 2013. A segunda maior fonte é a termoelétrica, responsável por 29,4% da capacidade instalada, incluindo a fonte nuclear (1,6%). Outra fonte participante da matriz de energia elétrica é a eólica (1,7%). 29 Introdução │ unIdAdE I importância das fontes alternativas na matriz elétrica nacional A matriz energética no Brasil possui grande participação de fontes renováveis, o que contribui para que as emissões do setor energético sejam relativamente baixas quando comparadas as dos países desenvolvidos. Contudo, o crescimento previsto deste setor pode aumentar significativamente as emissões do país. O uso racional da energia elétrica, o crescente aumento da demanda energética e a preocupação com as questões ambientais tem norteado a procura por uma maior eficiência da atual matriz energética brasileira. Neste cenário, a busca por fontes alternativas de energia integradas à rede possibilita o desenvolvimento de todas as regiões do país, provoca um menor impacto ambiental possível. Nas últimas décadas, o aumento do consumo energético no Brasil tem originado um impacto negativo sobre o ambiente, o que contribui para a implementação de novas estratégias energéticas e ambientais. A utilização racional dos recursos naturais para satisfazer as necessidades humanas atuais, sem comprometer os recursos para as gerações futuras, são preocupações da sustentabilidade ambiental. Os aproveitamentos do sol, a utilização do vento para conversão em energia, são formas que tendem a minimizar a emissão de poluentes na atmosfera, uma vez que não requerem processos de combustão. Para conhecer mais sobre o sistema de geração de energia elétrica no Brasil, consulte: » RIBEIRO, Amarolina. Distribuição de energia elétrica no Brasil. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/ distribuicao-energia-eletrica-no-brasil.htm>. Acesso em: 23 de julho de 2017. » ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico. Sistema Interligado Nacional. Disponível em: <http://www.ons.org.br/conheca_ sistema/o_que_e_sin.aspx>. Acesso em: 23 de julho de 2017. Atualmente, considerando todas as fontes e a importação de outros países, a matriz de energia elétrica brasileira é apresentada na tabela 4. 30 UNIDADE I │ INtroDUção tabela 4. relação de matriz de energia elétrica do Brasil. Fonte Capacidade Instalada Total Origem Fonte Nível 1 Fonte Nível 2 N° de Usinas (KW ) % N° de Usinas (KW ) % Biomassa Agroindustriais Bagaço de Cana-de- Açúcar 397 11.047.910 6,8328 415 415 415 Biogás-AGR 3 1.822 0,0011 3 3 3 Capim Elefante 3 65.700 0,0406 86 86 86 Casca de Arroz 12 45.333 0,0280 13 13 13 Biocombustíveis líquidos Etanol 1 320 0,0001 17 17 17 Floresta Óleos vegetais 2 4.350 0,0026 451 451 451 Carvão Vegetal 7 41.197 0,0254 22 22 22 Gás de Alto Forno - Biomassa 10 114.265 0,0706 163 163 163 Lenha 3 15.650 0,0096 1 1 1 Licor Negro 17 2.273.036 1,4058 2206 2206 2206 Resíduos Florestais 49 385.100 0,2381 1266 1266 1266 Resíduos animais Biogás - RA 13 4.439 0,0027 2 2 2 Resíduos sólidos urbanos Biogás - RU 16 120.384 0,0744 51 51 51 Carvão - RU 1 2.700 0,0016 11.160.765 11.160.765 11.160.765 Eólica Cinética do vento Cinética do vento 451 10.943.243 6,7681 4.670 4.670 4.670 Fóssil Carvão mineral Calor de Processo - CM 1 24.400 0,0150 2.829.248 2.829.248 2.829.248 Carvão Mineral 12 3.317.465 2,0517 4.439 4.439 4.439 Gás de Alto Forno - CM 9 390.130 0,2412 123.084 123.084 123.084 Gás Natural Calor de Processo - GN 1 40.000 0,0247 10.943.243 10.943.243 10.943.243 Gás Natural 162 12.977.729 8,0263 3.731.995 3.731.995 3.731.995 Outros Fósseis Calor de Processo - OF 1 147.300 0,0911 13.017.729 13.017.729 13.017.729 Petróleo Gás de Refinaria 6 315.560 0,1951 147.300 147.300 147.300 Óleo Combustível 73 4.058.051 2,5098 10.024.775 10.024.775 10.024.775 Óleo Diesel 2109 4.670.836 2,8887 99.368.727 99.368.727 99.368.727 Outros Energéticos de Petróleo 18 980.328 0,6063 1.990.000 1.990.000 1.990.000 Hídrica Potencial hidráulico Potencial hidráulico1266 99.368.727 61,457 172.234 172.234 172.234 Nuclear Urânio Urânio 2 1.990.000 1,2307 6,9026 6,9026 6,9026 Solar Radiação solar Radiação solar 51 172.234 0,1065 0,0028 0,0028 0,0028 Importação Paraguai 5.650.000 3,4943 5,0529 Argentina 2.250.000 1,3915 Venezuela 200.000 0,1236 Uruguai 70.000 0,0432 Total 4696 161.688.209 100 4696 161.688.209 100 Fonte: aneel. disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/operacaocapacidadeBrasil.cfm>. acesso em: 14/11/2017. 31 Introdução │ unIdAdE I Com base nos dados do capítulo 2, verifique as questões a seguir. » Como é formada a rede de geração e distribuição de energia elétrica no Brasil? É constituída por uma rede complexa de geradores e transmissores, com a finalidade conduzir a energia elétrica desde o local de sua geração até o lugar onde será consumida. Esse sistema conecta unidades geradoras, vias de transmissão e distribuição e seus consumidores finais da energia elétrica, de forma integrada ou não. » Qual estimativa atual da formação de unidades consumidores de energia elétrica no Brasil? Atualmente no Brasil, cerca de 80 milhões de Unidades Consumidoras (correspondente a um único consumidor e se refere ao ponto de entrega de energia com medição individualizada). A maior parte das UCs, totalizando 85%, são unidades residenciais, porém, a indústria é responsável por 35% do consumo de energia elétrica no país. » Como são classificadas as unidades consumidoras de energia no Brasil? Residencial, industrial, comercial, rural e demais classes. » O que é e qual atuação do SIN no Brasil? O Sistema Interligado Nacional (SIN) é composto pelos seguintes subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. A interligação dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, favorece a transferência de energia entre os subsistemas, além de permitir a obtenção de ganhos sinérgicos e explorar a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias. A integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento ao mercado com segurança e economicidade. 32 unidAdE ii fontES dE gErAção dE EnErgiA CAPÍtuLo 1 fontes de geração de energia fontes de geração de energia As fontes de energia são recursos que podem ser oriundos da natureza ou não, e são utilizados pela sociedade e pelo homem, para a geração de algum tipo de energia. A energia gerada é utilizada para diversos fins, com o objetivo de fornecer resultados de trabalho, como exemplo, o deslocamento de veículos, a geração de calor ou produção de eletricidade. É uma área de grande relevância e estratégica no cenário geográfico e político do mundo. O desenvolvimento dos países depende de uma infraestrutura energética capaz de suprir as demandas de sua população e de suas atividades econômicas. As fontes de energia também são consideradas uma questão de conservação ambiental, pois graves impactos sobre a natureza podem ser ocasionados dependendo das formas de utilização dos diferentes recursos. Os meios de transporte, de comunicação, iluminação, além das residências, indústrias, comércios em geral, e vários campos da sociedade, dependem totalmente da disponibilidade de energia. Com o crescimento socioeconômico de diversos países, a procura por recursos para a geração de energia cresce a cada ano, aumentando também o caráter estratégico e até disputas internacionais em busca desses recursos. As fontes de energia podem ser classificadas de diferentes formas, de acordo com a capacidade natural de reposição de seus recursos. As fontes renováveis e as fontes não renováveis fazem parte desta classificação. 33 Fontes de geração de energia │ Unidade ii Para maiores informações sobre fontes de energia renováveis e não renováveis, visite o seguinte mapa de interação e utilização de fontes de energia na página Portal Energia: <https://www.portal-energia.com/wp-content/uploadsthumbs/ ciclo-da-energia.jpg>. Microgeração O fornecimento de energia elétrica pode causar consideráveis danos ambientais, desde seu processo de geração até a sua distribuição. Quanto maior for o sistema elétrico, ou seja, quanto maior for o trajeto entre geração e o consumo da energia, maiores poderão ser os impactos em razão da presença de construções e equipamentos de transmissão e distribuição, além de acrescentar uma perda extra de potência ao sistema. Quando um fluxo de potência percorre um meio, parte dessa energia é convertida em perdas de diferentes naturezas. Dessa maneira, a geração distribuída tem se tornado uma ferramenta na melhoria da eficiência e confiabilidade global do sistema elétrico nacional, além de ser uma ferramenta de sustentabilidade. A modalidade de microgeração foi criada como medida de ampliação da geração distribuída e incentivo à utilização de fontes renováveis de energia elétrica. Desta forma, surge então a necessidade de viabilizar essa modalidade da produção de energia elétrica em pequena escala, de analisar os impactos ambientais e os impactos sobre os níveis de qualidade e confiabilidade do sistema elétrico e dos usuários a ele conectados. Conceito de micro geração A micro geração surge junto com o conceito de geração distribuída. A geração distribuída pode ser entendida como a instalação de pequena unidade de geração junto à rede de distribuição ou consumidor. No Brasil, a potência máxima de 30 MW é a mais utilizada para definir geração distribuída. Uma das vantagens desse tipo de geração é o aumento da confiabilidade do sistema elétrico, considerando a diminuição das perdas nas redes, de transmissão, aumento da disponibilidade de energia, além da diminuição da emissão de gases na atmosfera e o aproveitamento de recursos naturais e sistemas de cogeração. A micro geração distribuída é considerada toda central geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual a 100 kW. Esse nível de potência varia de país para país, de acordo com a regulação local. As fontes das micro centrais devem ser baseadas em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme 34 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras e não despachadas pela ONS. É importante diferenciar uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para fontes (mini geração distribuída) com fontes baseadas em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada (micro centrais distribuídas) conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Desta forma, a classificação da geração distribuída então diferencia o micro gerador, com potência de até 100 kW, o mini gerador, com potência de até 1MW, e a geração distribuída com potência de até 30MW. O micro gerador de energia é considerado um consumidor e produtor de energia elétrica no Brasil. A energia é gerada para consumo próprio e seu excedente é vendido para a rede elétrica. Esse consumidor pode ser residencial ou comercial. Os sistemas de micro geração podem possuir uma única fonte, ou combinar duas ou mais fontes renováveis, desde que não seja excedido o limite de produção. São consideradas fontes apropriadas para micro geração, a energia solar fotovoltaica, micro geradores eólicos, microturbinas hidráulicas, biomassa e células a combustível. No Reino Unido, a classificação de micro geração é diferente do sistema brasileiro, que considera a micro geração as unidades de geração que utilizam unicamente a biomassa, biocombustíveis, células a combustível,células fotovoltaicas, recursos hídricos e energia eólica para geração de eletricidade e produção de calor com capacidade máxima de 50 kW para eletricidade e 45kW para calor. fontes renováveis As fontes renováveis de energia são aquelas que possuem a capacidade de reposição naturalmente, porém, algum dia elas podem se esgotar. Algumas destas fontes, como o vento, chuva, marés, ondas, geotérmicas e a luz solar, são permanentes, mas outras, como a água, biomassa e hidrogênio podem acabar, dependendo da maneira como elas são utilizadas. Nem toda fonte renovável de energia está livre da emissão de poluentes ou de impactos ambientais em larga escala. É importante destacar que nem todo recurso natural é renovável, ou seja, são retirados da natureza, porém existem em quantidade limitada. Alguns destes recursos são o urânio, o carvão e o petróleo. No ano de 2008, cerca de 19% do consumo mundial de 35 Fontes de geração de energia │ Unidade ii energia veio de fontes renováveis, sendo 13% provenientes da tradicional biomassa (usada principalmente para aquecimento), e 3,2% a partir da hidroeletricidade. Outras fontes de energias renováveis que constituem pequenas hidrelétricas, biomassa, eólica, solar, geotérmica e biocombustíveis, representaram outros 2,7% e este percentual está crescendo muito rapidamente. A proporção das energias renováveis na geração de eletricidade é de cerca de 18%, com 15% da eletricidade global vindo de hidrelétricas e 3% de novas energias renováveis. Algumas fontes de energia renováveis e seus funcionamentos serão descritos a seguir. Energia eólica A conversão de energia cinética em energia mecânica vem sendo utilizada pela humanidade há mais de 3.000 anos. Os moinhos de vento tinham diferentes funções, como o bombeamento de água para irrigação das plantações, sendo muito importantes na agricultura. O vento é um recurso energético inesgotável pela natureza e, portanto, considerado renovável. Em algumas regiões do mundo, a sua frequência e intensidade são suficientes para a geração de eletricidade por meio de equipamentos aero geradores. Estes equipamentos se movimentam pelas pás das hélices, movendo assim turbinas e geradores que convertem a energia mecânica produzida pelo vento em energia elétrica. A utilização desse tipo de energia para a produção de eletricidade iniciou-se na década de 1980, na Dinamarca. Desde 1990, o setor de energia eólica vem apresentando um crescimento acelerado em todo o mundo. A figura 6 ilustra um exemplo de geração de energia eólica. Figura 6. energia eólica. Fonte: mundo educação. disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/3f37ca20c96ec 8aac1780e7350b9558c.jpg>. 36 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA fundamentos da energia eólica Alguns elementos que fazem parte do sistema de energia eólica serão descritos a seguir. tipos de aero geradores rotores de eixo vertical Os rotores de eixo vertical possuem a vantagem de não necessitarem de meios de acompanhamento para variações da direção do vento, reduzindo assim a complexidade do projeto e os esforços devido às forças de Coriolis. Eles também podem ser movidos por forças de sustentação (lift) e por forças de arrasto (drag). Os principais tipos de rotores de eixo vertical são: Darrieus, Savonius e turbinas com torre de vórtices. Os rotores do tipo Darrieus são movidos por forças de sustentação e são constituídos por lâminas curvas de perfil aerodinâmico, atadas pelas duas pontas ao eixo vertical. A figura 7 ilustra um aero gerador de eixo vertical. Figura 7. aero gerador experimental de eixo vertical. Fonte: cresesB. disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/images/tutorial_eolica/image029.jpg>. rotores de eixo horizontal Os rotores de eixo horizontal são os mais comuns. Eles são movidos pelas forças de sustentação e forças de arrasto. Um corpo que impede o movimento do vento sofre a ação de forças que atuam perpendicularmente ao escoamento (forças de sustentação) e de forças que atuam na direção do escoamento (forças de arrasto). Ambas são proporcionais ao quadrado da velocidade relativa do vento e as forças de sustentação dependem da 37 Fontes de geração de energia │ Unidade ii geometria do corpo e do ângulo de ataque (que é formado entre a velocidade relativa do vento e o eixo do corpo). Os rotores que giram predominantemente sob o efeito de forças de sustentação permitem liberar muito mais potência do que aqueles que giram sob efeito de forças de arrasto, para uma mesma velocidade de vento. Os rotores de eixo horizontal ao longo do vento (convencionais) são movidos por forças de sustentação e devem possuir mecanismos capazes de permitir que o disco varrido pelas pás esteja sempre em posição perpendicular ao vento. Estes rotores podem ser constituídos de uma pá e contrapeso, duas pás, três pás ou múltiplas pás (multivane fans). As pás podem ter as mais variadas formas e empregar os mais variados materiais. Em geral, utilizam-se pás rígidas de madeira, alumínio ou fibra de vidro reforçada. Sobre a posição do rotor em relação à torre, o disco varrido pelas pás pode estar a jusante do vento (down wind) ou a montante do vento (up wind). Quando o disco varrido pelas pás está jusante ao do vento, a sombra da torre provoca vibrações nas pás. Quando o disco está montante do vento, a sombra das pás provoca esforços vibratórios na torre. Os sistemas a montante do vento necessitam de mecanismos de orientação do rotor com o fluxo de vento, enquanto nos sistemas a jusante do vento, a orientação é realizada automaticamente. Os rotores mais utilizados para geração de energia elétrica são os de eixo horizontal do tipo hélice, que são normalmente compostos de 3 pás ou, em alguns casos, quando as velocidades médias são muito altas e há possibilidade de geração de maior ruído acústico, 1 ou 2 pás. A figura 8 ilustra os componentes de um aero gerador de eixo horizontal. a. Componentes de um aero gerador de eixo horizontal: › Pás + Rotor. › Transmissão Mecânica. › Gerador Elétrico (Conversor). › Sistema de Controle e freio. › Sistema Estrutural – torre. › Sistema de refrigeração. › Sistema de monitoramento. › Controle. 38 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA › Proteção. › Nacele. › Torre. Figura 8. componentes de um aero gerador de eixo horizontal. Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/aBaaaauYgaI-7.jpg>. acesso em: 14/11/2017. Algumas opções de configuração relacionadas ao projeto de uma turbina e que são escolhidas conforme estudos técnicos e econômicos são listadas a seguir. » Número de pás do rotor. » Orientação do rotor com relação à torre. » Material em que são feitas as pás, método de construção, perfil do aerofólio. » Projeto do cubo: rígido, flexível, em balanço. 39 Fontes de geração de energia │ Unidade ii » Controle do torque aerodinâmico: estol e controle de passo. » Velocidade do rotor: fixa ou variável. » Orientação do rotor com relação à direção do vento: livre ou mecanismo ativo. » Gerador elétrico: síncrono ou assíncrono (gaiola de esquilo ou rotor bobinado). » Multiplicação de velocidade do rotor: com caixa de engrenagem (eixo paralelo ou planetário), sem caixa de engrenagem (acoplamento direto do gerador elétrico ao eixo de baixa rotação). Para maiores informações sobre princípio de funcionamento do aero gerador, visite o seguinte site: <https://evolucaoenergiaeolica.files.wordpress. com/2012/06/aerogeradores.gif>. b. Considerações sobre especificação do aero gerador: › Rotor eólico: pás, cubo do aero gerador, mecanismos de controle de passo. › Pás: · Aspectos considerados no projeto: aerodinâmico, estrutural. · Fatores que influenciam no projeto aerodinâmico: potência e velocidadenominal. 31 2 =Pm pAv Cp Onde: Pm = Torque (T) (Newton-metro) x Velocidade angular (w) Razão de velocidade de ponta de pá: 1 RRV V ω λ = = Solidez = área sólida das pás (S) / pela área formada pela rotação das pás. c. Aerofólio. d. Número de pás. 40 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA É vantagem ter um número menor de pás em função da técnica empregada atualmente na fabricação das pás, tendo em vista que o custo da turbina eólica fica reduzido. Em comparação de desempenho entre as turbinas de uma, duas e três pás, a turbina de três pás possui uma maior eficiência. Razões para obter maior estabilidade: » O momento polar de inércia é constante em relação ao movimento de guinada do rotor. » Possui uma menor velocidade rotacional para uma mesma produção de energia. » Menor ruído. » Atualmente, as turbinas de três pás são as mais usadas pois possuem o sistema menos complexo para absorver os impactos das cargas do rotor com a turbina. e. Controle de potência do rotor: Em relação ao controle de potência do rotor, o método emprega o controle (estol ou controle de passo) e tem um efeito significante no projeto das pás no que diz respeito à escolha do aerofólio. f. Orientação do rotor: A orientação do rotor em relação à torre tem efeito na geometria das pás de forma secundária, relacionada à inclinação das pás em relação ao plano de rotação. Outros aspectos relativos ao projeto das pás: » Conexão ao cubo. » Proteção contra descargas atmosféricas. » Sistema de aquecimento. g. Fatores restritivos ao projeto da torre: › Estético. › Econômico. › Aerodinâmico. 41 Fontes de geração de energia │ Unidade ii › Estrutural – posicionamento das pás – fadiga. › Regime esperado de vento – fatores climáticos. › Facilidade de acesso. › Disponibilidade de equipamento para transporte e içamento. h. Sistema integrado à rede elétrica. Figura 9. sistema integrado a rede elétrica. grupo eólico com gerador com: (a) rotor bobinado; (b) rotor de ímãs permanentes. (carvalho, 2006) Fonte: neves (2014). Ampliação da produção de energia eólica no Brasil No ano de 2016, foi apurado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) uma expansão de 2.491 MW, e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) 42 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA também registrou um aumento de 53,4% em relação ao ano de 2015. Desta forma, confirma-se a liderança do Brasil na produção dessa energia renovável. A geração dessa fonte renovável tem uma tendência em aumentar nos próximos anos, inclusive, baratear o custo da geração de energia no país. Atualmente, mais de 7% de toda a energia produzida no Brasil é de energia eólica. Considerando que a energia eólica é mais barata em comparação com a energia gerada em usinas hidrelétricas, ela possui uma tendência de crescimento muito grande. Para saber mais sobre a ampliação da energia eólica no Brasil, acesse o vídeo: Brasil amplia produção de energia eólica. Disponível em: <https://youtu.be/ efoodYAdbvA>. Acesso em: 27 de jul. 2017. nordeste na liderança de geração de energia eólica Na região Nordeste atualmente 50% da energia gerada é eólica, e a tendência é que isso cresça. A região é beneficiada por temporadas de ventos fortes, desta forma, ela continua sendo o maior polo brasileiro de geração de energia eólica. O Rio Grande do Norte foi o principal estado gerador no Brasil no ano de 2016. As usinas potiguares produziram 1.206 MW médios no período, representando um aumento de 50% em relação ao ano de 2015. Em razão do alto custo de seus equipamentos, atualmente a energia eólica não é tão utilizada no mundo. Alguns países como Estados Unidos, China e Alemanha já adotaram substancialmente esse recurso. A principal vantagem deste tipo de geração de energia é a não emissão de poluentes na atmosfera e os baixos impactos ambientais. A fgura 25 ilustra os dados da energia eólica no Brasil. Para maiores informações sobre a capacidade de energia eólica no Brasil, visite o seguinte site: <http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2017/03/brasil-e-o- maior-gerador-de-energia-eolica-da-america-latina>. Energia solar Uma outra fonte de energia renovável é a energia solar. Ela aproveita a luz do sol para a geração de eletricidade e também para o aquecimento da água. Este tipo de energia é uma boa opção na busca por alternativas que impactam menos o meio ambiente, pois consiste numa fonte energética renovável e limpa, pois não emite poluentes. Normalmente, ela é utilizada em locais mais isolados, secos e ensolarados. 43 Fontes de geração de energia │ Unidade ii Duas formas de aproveitamento da energia solar são existentes, sendo a fotovoltaica e a térmica. Para energia solar fotovoltaica, são utilizadas células específicas que lançam mão do chamado “efeito fotoelétrico” para a produção de eletricidade. Para energia solar térmica, o aquecimento da água é utilizado tanto para uso direto quanto para a geração de vapor. Este atuará em processos de ativação de geradores de energia, mas também podem ser utilizados também outros tipos de líquidos. A energia solar ainda não é muito utilizada mundialmente devido ao seu alto custo. Aos poucos seu aproveitamento vem crescendo com a instalação de placas em residências, indústrias e grandes empreendimentos e também na construção de usinas solares voltadas para a geração de energia elétrica. A obtenção da energia solar pode ocorrer pela forma direta e indireta. Pela forma direta, a energia é obtida por meio de células fotovoltaicas, utilizando geralmente material base silício. Quando a luz solar atinge as células, ela é diretamente convertida em eletricidade. O efeito fotovoltaico ocorre quando fótons incidem sobre os átomos, proporcionando a emissão de elétrons, que gera corrente elétrica. Os preços destas células são bem elevados. Pela forma indireta, a energia é obtida pela construção de usinas em áreas de grande insolação, pois como a energia solar atinge a Terra de forma tão difusa, ela requer captação em grandes áreas. Nestas áreas, são distribuídos centenas de coletores solares conforme ilustrado na figura 10. Figura 10. painel fotovoltaico. Fonte: <http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2016/01/brasil-estara-entre-os-20-paises-com-maior-geracao-solar-em-2018/ solarpowerplantserpac.jpg/@@images/618e1b80-3c8b-4d86-a6a7-fc669baed123.jpeg>. acesso em: 14/11/2017. Alguns países utilizam bastante este tipo de energia. Por exemplo, em Israel, aproximadamente 70% das residências possuem coletores solares. Outros países adeptos à utilização da energia solar são Estados Unidos, Alemanha, Japão e Indonésia. Já no 44 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA Brasil, a utilização de energia solar está aumentando significativamente, principalmente pela utilização do coletor solar destinado ao aquecimento de água. Como foi observado, a energia solar possui aspectos bastante positivos em relação à sua abundância, e pelo fato de ser renovável e limpa. Porém, ela ainda é pouco utilizada, pois os custos para a obtenção são muito elevados, não sendo viável economicamente. Para baratear os custos de instalação e aumentar a eficiência, necessita-se de pesquisas e maior desenvolvimento tecnológico. Componentes de um sistema fotovoltaico Existem dois tipos básicos de sistemas fotovoltaicos: os sistemas isolados (Off-grid) e os conectados à rede (Grid-tie). A instalação dos sistemas isolados é realizada em locais remotos ou onde há um custo elevado para se conectar à rede elétrica. Já os sistemas conectados à rede, substituem ou complementam a energia elétrica convencional disponível na rede elétrica. A fgura 11 ilustra um sistema de energia fotovoltaico utilizado em uma residência. Figura11. sistema de energia solar fotovoltaica. Fonte: <https://www.neosolar.com.br/images/saiba-mais/energia_solar_fotovoltaica-off-grid.jpg>. acesso em: 14/11/2017. De acordo com a figura 11, um sistema fotovoltaico é composto por quatro componentes básicos: » Painéis solares – painéis responsáveis por transformar energia solar em eletricidade. 45 Fontes de geração de energia │ Unidade ii » Controladores de carga – responsáveis por evitar sobrecargas ou descargas exageradas na bateria, aumentando sua vida útil e desempenho. » Inversores – responsáveis por transformar a corrente contínua (CC) das baterias em corrente alternada (AC), ou outra tensão desejada. » Baterias – as baterias armazenam a energia elétrica para que o sistema possa ser utilizado quando não há sol. Convém destacar que um sistema isolado necessita de baterias e controladores de carga, já um sistema conectado à rede funciona somente com painéis e inversores, pois não precisam armazenar energia. irradiação solar A constante solar, que corresponde ao valor de 1367 W/m2, é conhecida como a densidade média anual do fluxo energético proveniente da radiação solar. Ela é medida no plano perpendicular em relação a direção de propagação dos raios solares no topo da atmosfera. Cerca de 54% da irradiação solar que incide no topo da atmosfera é refletida em torno de 7% e absorvida em torno de 47% pela superfície terrestre. Os demais 46% são absorvidos ou refletidos diretamente pela atmosfera. A potência total disponibilizada pelo sol a Terra é cerca de 94 mil TW que chegam efetivamente a superfície terrestre. A figura 12 exemplifica a distribuição de irradiação solar sobre a superfície da Terra. Figura 12. distribuição de irradiação solar sobre a superfície da terra. Fonte: manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos – João tavares pinho / marcos antônio galdino – cepel dte – cresesB. 46 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA Brasil estará entre os 20 países com maior geração solar em 2018 No ano de 2014, houve a primeira contratação de energia solar de geração pública centralizada, e, no ano de 2015, mais dois leilões ocorreram, totalizando 2.653 MW. A potência instalada de geração de energia solar fotovoltaica contabilizada no final do ano de 2014 foi de 180 Gigawatts, sendo 40,2 Gigawatts a mais que o ano de 2013. No ano de 2018, o Brasil deverá estar entre os 20 países com maior geração de energia solar, considerando-se a potência já contratada e a escala da expansão dos demais países. O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024) estima que a capacidade instalada de geração solar chegue a 8.300 MW em 2024, sendo 7.000 MW geração descentralizada e 1.300 MW distribuída. A proporção de geração solar deve chegar a 1% do total. Estudos para o planejamento do setor elétrico em 2050 estimam que 18% dos domicílios no Brasil contarão com geração fotovoltaica (8,6 TWh) ou 13% da demanda total de eletricidade residencial. Para saber mais sobre a energia solar no Brasil, veja os vídeos abaixo: Maior parque de energia solar do Brasil entra em funcionamento no oeste baiano. Disponível em: <http://g1.globo.com/bahia/jornal-da-manha/videos/v/ maior-parque-de-energia-solar-do-brasil-entra-em-funcionamento-no-oeste- baiano/5919557/>. Acesso em: 27 de jul. 2017. Cidades e Soluções: As novas tecnologias sobre energia solar no Brasil. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos/v/cidades- e-solucoes-as-novas-tecnologias-sobre-energia-solar-no-brasil/5189597/>. Acesso em: 27 de jul. 2017. Reportagem do Fantástico sobre a Energia Solar Fotovoltaica no Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2jkyJoi-DZU>. Acesso em: 27 de jul. 2017. Energia hidrelétrica O aproveitamento hidráulico da água dos rios para a movimentar as turbinas de eletricidade corresponde a energia hidrelétrica (ou hidroelétrica). Chamamos de energia potencial o nome dado a força da água em movimento. Essa água passa por tubulações da usina com grande força e velocidade, e realiza a movimentação das turbinas. 47 Fontes de geração de energia │ Unidade ii Nesse processo, ocorre a transformação de energia potencial (provida da água) em energia mecânica (produzida pelo movimento das turbinas). Em um gerador estão conectadas as turbinas em movimento, sendo responsável pela transformação da energia mecânica em energia elétrica. A figura 13 ilustra a usina hidroelétrica de Itaipu. Figura 13. usina hidroelétrica de Itaipu. Fonte: Brasil escola. disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/energia%20hidreletrica2.jpg>. acesso em: 14/11/2017. Pelo fato de o Brasil ter um grande potencial que corresponde a quantidade de rios propícios para a geração de hidroeletricidade, essa é a principal fonte de energia elétrica do país, ao lado das termoelétricas. Nas usinas hidroelétricas, são construídas barragens no leito do rio para o manter a água (represa) que será utilizada no processo de geração de eletricidade. A construção destas barragens em rios que apresentem desníveis em seus terrenos, são mais aconselháveis, pois tem por objetivo diminuir a superfície inundada. Desta forma, a instalação dessas usinas em rios de planalto é recomendada, sendo também possível em rios de planícies, porém com impactos ambientais maiores. No ano de 2014, a eficiência energética das hidrelétricas foi muito alta, em torno de 65,2%. O investimento inicial e os custos de manutenção são elevados, porém, o custo do combustível (que é a própria água) é nulo. geração de energia elétrica a partir de usina hidrelétrica A formação do sistema de geração de energia elétrica a partir da estrutura de uma usina hidrelétrica será detalhada a seguir. 48 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA a. Princípio de funcionamento: Considere o seguinte cálculo de potência: P = m.g.HQ Onde: HQ = queda bruta m = massa que cai/seg g = aceleração da gravidade Se a água que cai se origina de um rio com velocidade v’, considere: P = m.g.H + 1/2 m.v’2 Onde: 1/2 m.v’2 em geral pode ser desprezada pois v’ é muita pequena. Figura 14. conceito de queda d’água. Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000003523/md.0000039126.png>. acesso em: 14/11/2017. 49 Fontes de geração de energia │ Unidade ii b. Produção de energia em relação a vazão da água: Troca-se m/seg por Q (vazão) => m3/s Onde: ρ = m/Q Q é o volume de água que escoa por segundo através do tubo (vazão) P = g.H.Q Onde: g é aceleração da gravidade (9,81m/s2) ρ = 1.000 kg/m3 Potência = 9,81 H. Q (kW), sendo H = metros e Q = m3/s 3 t g HPg g. .10 . . . .Q.h [kW] −= ρ η η η Figura 15. conceito de função de produção de energia em relação a vazão da água. Fonte: próprio autor. 50 UNIDADE II │ FoNtEs DE gErAção DE ENErgIA c. Quanto à potência Classificação das hidroelétricas quanto à potência. » Micro: P < 100 kw » Mini: 100 < P < 1.000 kw » Pequenas: 1.000 < P < 30.000 kw » Médias: 30.000 < P < 150.000 kw » Grandes: P > 150.000 kw d. Quanto à altura de queda d’água Classificação das hidroelétricas quanto à altura de queda d’água. » Baixíssima: H < 10 metros. » Baixa: 10 < H < 50 metros. » Média: 50 < H < 250 metros. » Alta: H < 250 metros. e. Quanto à forma de captação da água: Classificação das hidroelétricas quanto à forma de captação de água. » Leito de rio ou de barramento. » Desvio ou em derivação. f. Pontos a serem analisados para a instalação de uma central hidrelétrica › Potência mecânico – hidráulica disponível. › Potência utilizável. › Possibilidade de transporte dos componentes ao parque gerador. › Custo das obras civis. › Custos dos
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