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Guia de Estudos Teoria Geral do Processo

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Teoria Geral do Processo 
Introdução: 
Segundo Humberto Theodoro Jr., a ampla aceitação e a obediência à ordem jurídica 
pelos membros da coletividade dão-se porque esta se estabeleceu fundamentada na 
garantia da paz social e do bem comum, o que autoriza ao Estado, diante de uma 
transgressão a essas garantias, a adoção de medidas de coação, tendo em vista a 
proteção do ordenamento e sua credibilidade. O entendimento das funções do Estado 
Moderno está rigorosamente associado à célebre obra de Montesquieu – O Espírito 
das Leis – pela qual o Estado seria representado pela separação dos poderes, 
hodiernamente vem prevalecendo a ideia de que o poder, como expressão da 
soberania estatal, é, na verdade, uno e indivisível. 
 
Nesse sentido, na concepção da doutrina mais moderna, a clássica expressão 
“separação de poderes” deve ser interpretada como uma divisão funcional de 
poderes. Convencionalmente chamada de funções do Estado, a divisão compreende, 
por conseguinte, as funções legislativa, administrativa e jurisdicional. 
Respectivamente, estas são as chamadas funções típicas dos Poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário. 
 
O ser humano possui uma vocação, que lhe é imanente, de viver em grupo, associado 
a outros seres da mesma espécie, tendo Aristóteles registrado que o homem é um 
animal político, que nasce com a tendência de viver em sociedade. A sociedade não é 
uma formação artificial, mas uma necessidade natural do homem. Quem contempla 
um agrupamento social verifica que ele revela aos olhos do observador os homens 
com as suas necessidades, os seus interesses, as suas pretensões e os seus 
conflitos. 
 
O primeiro desses conceitos a merecer atenção é o conceito de necessidade, que 
não é de índole essencialmente jurídica. Etimologicamente significa não ser, não 
existir, traduzindo a falta de alguma coisa ou algo que não é. O homem experimenta 
necessidades as mais diversas, sob variados aspectos, e tende a proceder de forma 
que sejam satisfeitas. A necessidade decorre do fato de que o homem depende de 
certos elementos, não só para sobreviver, como para se aperfeiçoar social, política e 
culturalmente, pelo que não seria errôneo dizer que o homem é um ser dependente. 
Se o homem é um ser dependente, podemos concluir que a necessidade é uma 
relação de dependência do homem para com algum elemento, relação essa que 
Carnelutti precisou como sendo uma “necessidade”. 
 
Entre os entes existem relações de complementaridade e isto se deve a uma 
manifestação vital de que alguns são dotados, que os impulsiona a combinar-se com 
os entes complementares. Essa tendência para a combinação de um ente vivo 
(homem) com um ente complementar (bem) constitui uma necessidade. A 
necessidade se satisfaz com a combinação. Sendo a necessidade satisfeita mediante 
determinados elementos, emerge, em seguida, conceito de bem ou bem da vida. 
 
Para Carnelutti, bem é o elemento capaz de satisfazer a uma necessidade do 
homem; sendo esse vocábulo derivado de bonum quod beat, ou seja, porque faz 
bem. Ugo Rocco, para quem bem é tudo o que é apto para satisfazer, ou que 
satisfaz, a uma necessidade, permitindo a amplitude do conceito que ele compreenda 
tanto bens materiais quanto imateriais. 
 
Visto o conceito de bem, chega-se ao conceito de utilidade que nada mais é do que a 
aptidão de um bem para atender a uma necessidade. Ugo Rocco define a 
utilidade como a idoneidade de um bem para satisfazer a uma necessidade. De um 
lado, temos o homem com as suas necessidades e, de outro, os bens com a sua 
utilidade. A necessidade e a utilidade despertam o interesse do homem pelo gozo 
dos bens da vida, o que não significa que, sempre que haja utilidade num bem, ocorra 
um interesse relativamente a ele. É preciso que à utilidade se alie uma 
necessidade presente ou de previsão futura. 
 
Emerge então o conceito de interesse. Para Ugo Rocco, o interesse é um juízo, 
formulado por um sujeito acerca de uma necessidade, sobre a utilidade ou sobre 
o valor de um bem, enquanto meio para a satisfação dessa necessidade. O interesse 
é um ato da inteligência, que é dado pela tríplice representação de um bem, de uma 
necessidade e da aptidão do bem para satisfazer a essa necessidade. Para 
Carnelutti, porém, o interesse não é um juízo, mas uma posição do homem; “posição 
favorável à satisfação de uma necessidade”, portanto, uma relação entre o homem 
que experimenta a necessidade e o bem apto a satisfazê-la. Se o interesse é uma 
posição do homem favorável à satisfação de uma necessidade, esta posição se 
verifica em relação a um bem; pelo que o homem e bem são os dois termos dessa 
relação que se chama interesse. O sujeito do interesse é o homem e objeto dele, o 
bem da vida. A relação entre o homem e o bem não é um juízo; sendo o juízo 
necessário para revelar a existência dessa relação. O interesse pode ser de duas 
espécies: interesse imediato e interesse mediato. Quando uma posição ou situação 
se presta diretamente à satisfação de uma necessidade, o interesse se diz imediato; 
Se, no entanto, a posição ou situação do homem apenas indiretamente se presta à 
satisfação de uma necessidade, enquanto dela possa derivar outra situação 
(intermediária), que propicie essa satisfação, diz-se interesse mediato. 
 
Distingue-se, ainda, o interesse em interesse individual e interesse coletivo. O 
interesse se diz individual quando a posição ou situação favorável à satisfação de 
uma necessidade pode determinar-se em relação a um indivíduo, isoladamente; 
como, por exemplo, o uso de uma casa, porque cada um pode ter uma casa para si. O 
interesse se diz coletivo quando a situação favorável à satisfação de uma 
necessidade não se pode determinar senão em relação a vários indivíduos, 
considerados em conjunto; como, por exemplo, o uso de uma grande via de 
comunicação, porque esta não pode ser construída para a satisfação da necessidade 
de um só homem, mas apenas da necessidade de muitos homens. 
 
Classifica-se, ainda, o interesse em interesse primário e interesse secundário, 
enquanto o juízo de utilidade considere o bem em si mesmo, como apto diretamente 
para satisfazer a necessidade, ou o estime, apenas indiretamente, como meio para a 
consecução de outro bem, que satisfaça à necessidade. 
 
Como os bens são limitados surge entre os homens, relativamente a determinados 
bens, choques de forças que caracterizam um conflito de interesses, sendo esses 
conflitos inevitáveis no meio social. Ocorre um conflito entre dois interesses, quando 
a posição ou situação favorável à satisfação de uma necessidade exclui ou limita a 
posição ou situação favorável à satisfação de outra necessidade. A limitação dos 
bens, em relação às necessidades, explica que, com frequência, o homem se encontre 
frente ao dilema, ante duas necessidades, sobre qual deva satisfazer e qual deva 
sacrificar. Delineia-se, então, um conflito entre dois interesses de um mesmo 
homem, a que se denomina conflito subjetivo de interesses. O conflito se resolve 
com sacrifício do interesse menor em favor do interesse maior. 
 
Pode ocorrer, também, ante a limitação dos bens e as ilimitadas necessidades dos 
homens, a hipótese de um conflito entre interesses de duas pessoas, ao qual 
Carnelutti chamou de conflito intersubjetivo de interesses; Conflito este que tem 
particular importância para o Estado. Quando o conflito se manifesta entre interesses 
de diversos homens, diz Carnelutti, adquire uma gravidade bem distinta do que 
quando se refere a interesses de um mesmo homem. O conflito intersubjetivo de 
interesses ou, simplesmente, conflito de interesses, tende a diluir-se no meio social, 
mas, se isso não acontece, levando os contendores a disputar, efetivamente, 
determinado bem da vida, para a satisfação de suas necessidades, delineia-se aí uma 
pretensão. 
 
A pretensão é, assim, um modo de ser do direito, que tende a fazer-se valerfrente a 
quem não o respeita, ou, em geral, o discute. Carnelutti passou a definir a pretensão 
como “exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio”. A 
pretensão é, assim, um ato e não um poder; algo que alguém faz e não que alguém 
tenha, uma manifestação e não uma superioridade da vontade. Esse ato não só não 
é o direito como sequer o supõe, podendo a pretensão ser deduzida tanto por 
quem tem como por quem não tem o direito, e, portanto, ser fundada ou infundada. 
Tampouco, o direito reclama necessariamente a pretensão, pois tanto pode haver 
pretensão sem direito como haver direito sem pretensão; pelo que, ao lado da 
pretensão infundada, tem-se, como fenômeno inverso, o direito inerte. Quando a 
pessoa cujo interesse deveria ser subordinado não concorda com essa 
subordinação, ela opõe uma resistência à pretensão; resistência esta entendida 
como a “não adaptação à subordinação do interesse próprio ao interesse alheio”, 
ou, sinteticamente, a “oposição a uma pretensão”. 
 
A resistência pode consistir em que, sem lesar o interesse de outrem, o adversário 
conteste a pretensão ou, sem contestar a pretensão, lese o interesse; podendo 
ocorrer, também, que a resistência se estenda a uma e outra, em que contesta a 
pretensão e lesa o interesse. Sendo a contestação uma declaração de vontade e lesão 
da pretensão, uma operação jurídica ou um ato jurídico de evento físico. 
 
Por fim, a lide nada mais é do que um modo de ser do conflito de interesses, pelo que 
Carnelutti definiu-a como “conflito de interesses, qualificado pela pretensão de 
um dos interessados e pela resistência do outro”, ou, sinteticamente, “conflito de 
interesses, qualificado por uma pretensão resistida ou insatisfeita”. A lide tem um 
elemento material, que é o conflito de interesses, e um elemento formal, que são 
a um só tempo a pretensão e a resistência (ou oposição). O conflito de interesses é 
uma lide, enquanto uma das pessoas formula contra a outra uma pretensão, e esta 
outra oferece resistência. A lide tem que ser solucionada, para que não seja 
comprometida a paz social e a própria estrutura do Estado, pois o conflito de 
interesses é o germe de desagregação da sociedade. 
 
 
Função Jurisdicional: 
 
O conceito de jurisdição vem passando por grandes transformações, a exemplo do 
que também ocorreu com o próprio papel do Poder Judiciário. Num primeiro momento, 
a intervenção do Judiciário nos conflitos era tímida. O juiz era considerado como a 
"boca da lei", ou seja, um mero repetidor do texto legal, encarregado, apenas, de 
fazer a subsunção da norma ao fato. Em seguida, pudemos observar a mudança de 
padrão para um intervencionismo maior, dando azo ao fenômeno chamado 
judicialização ou ativismo judicial. A função jurisdicional corresponde, 
especificamente, “atuar as normas reguladoras da atividade dos cidadãos e dos 
órgãos públicos.” 
A separação dos poderes consiste basicamente em distinguir três funções básicas do 
Estado: a legislativa, a administrativa (ou executiva) e a jurisdicional. O poder, como 
expressão da soberania do Estado, é fundamentalmente uno pelo que a tradicional 
“separação dos poderes” deve ser entendida no sentido de divisão funcional do poder. 
Ao Poder Judiciário, por fim, cabe a função jurisdicional, no exercício da qual atua 
a lei ou direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, declarando o 
direito aplicável no caso concreto. 
 
A palavra jurisdição significa a “dicção do direito”, correspondendo à função 
jurisdicional, que, como as demais, emana do Estado. A jurisdição é uma função do 
Estado, pela qual este atua o direito objetivo na composição dos conflitos de 
interesses, com o fim de resguardar a paz social e o império do direito. No exercício 
desta função, o juiz não atua espontaneamente, devendo, para tanto, ser provocado 
por quem tenha interesse em lide. 
 
Enquanto no Estado Liberal o juiz era contido, e no Estado Social ele deveria assumir 
uma postura mais ativa, hoje, no Estado Democrático de Direito, espera-se que o 
magistrado utilize seus inúmeros poderes de forma ponderada e razoável, 
devendo priorizar a busca de soluções conciliatórias e prestigiar o debate entre as 
partes. Podemos identificar a jurisdição como sendo, simultaneamente, um poder – 
capacidade de impor suas decisões imperativamente –, uma função – como 
encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos sociais – e uma atividade. A 
jurisdição não consiste em um poder, mas o próprio poder estatal que é uno. 
 
Não é pacífico, na doutrina, sobre ser a jurisdição um poder, um dever, ou as duas 
coisas ao mesmo tempo. Os que concebem a jurisdição como um poder só 
assinalam um dos seus aspectos, pois não se trata somente de um conjunto de 
poderes, senão também um conjunto de deveres dos órgãos jurisdicionais. Carnelutti 
vislumbrava na jurisdição um duplo aspecto, de poder e de obrigação do Estado-
juiz; tendo Lopes da Costa visto nela um poder dever do Estado-juiz de declarar e 
realizar o direito, enquanto Frederico Marques a entendia como função estatal de 
aplicar as normas da ordem jurídica em relação a uma pretensão. 
 
Além do método estatal de resolução das lides, existem outras “possíveis 
desembocaduras do litígio”, dentre as quais a autocomposição, a mediação e a 
arbitragem. Algumas dessas formas de composição de lide são intraprocessuais, 
podendo ter lugar por ocasião do processo. Outras formas são extraprocessuais, 
afastando, em princípio, a jurisdição estatal, como é o caso da arbitragem brasileira, 
que inclusive dispensa a homologação. Os “equivalentes jurisdicionais” são meios 
pelos quais se pode atingir a composição da lide por obra dos próprios litigantes, como 
a transação, ou com o auxílio de um particular, desprovido de poder jurisdicional, 
como na mediação. 
 
Atualmente, além do Estado-juiz, apenas pessoas ou instituições autorizadas pelo 
Estado podem fazer justiça, como acontece com os árbitros, cuja atividade é toda ela 
regulada por lei (Lei n. 9.307/96, alterada pela Lei n. 13.129/15). A arbitragem 
brasileira não se inclui entre os equivalentes jurisdicionais porque ela configura o 
exercício de atividade jurisdicional exercida por um particular, com autorização do 
Estado. 
 
 
 
 
 
Segundo Marinoni: “não há mais como sustentar as antigas teorias da jurisdição, que 
reservavam ao juiz a função de declarar o direito ou de criar a norma individual, 
submetidas que eram ao princípio da supremacia da lei e ao positivismo acrítico. 
Expressão concreta disso são os deveres de o juiz interpretar a lei de acordo com a 
Constituição, de controlar a constitucionalidade da lei, especialmente atribuindo-lhe 
novo sentido para evitar a declaração de inconstitucionalidade, e de suprir a omissão 
legal que impede a proteção de um direito fundamental.” 
 
Não é possível conceber nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos 
princípios constitucionais, em especial os princípios do acesso à justiça e da 
dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
Fontes do Direito Processual: 
 
As fontes de direito, em geral, podem ser conceituadas como os meios de produção, 
expressão ou interpretação da norma jurídica. São os meios pelos quais as normas 
jurídicas são estabelecidas de modo a prover o direito objetivo. 
 
Fontes formais são aquelas que detêm força vinculante e constituem o próprio 
direito positivo. A fonte formal do direito processual, por excelência, é a lei lato sensu, 
que é dotada de coercitividade e considerada a principal forma de expressão do 
direito. As fontes materiais, que são as que não têm força vinculante nem caráter 
obrigatório, mas se destinam a revelar e informar o sentido das normas 
processuais. Essas fontes materiais são dotadas de caráter ético, sociológico, 
político, histórico, econômico, cultural etc. que, em determinado momento, servem 
para provocar, justificare legitimar o ato de criação das normas legais, pois 
influenciam o legislador que elabora propostas legislativas frutos da observância de 
valores e interesses sociais. 
 
Há uma terceira fonte que são os meios suplementares de integração da norma 
que são aqueles institutos jurídicos destinados a preencher lacunas no 
ordenamento, que, constatadas pelo magistrado, têm de ser preenchidas para que 
sejam executáveis sob pena de resultar em negativa de prestação jurisdicional (non 
liquet). Essa terceira fonte seria formada pela jurisprudência e pela doutrina. Para 
parte da doutrina, essa terceira fonte não tem nenhuma eficácia vinculativa ao 
aplicador do direito. Para outra parte doutrinária, essas seriam, sim, consideradas 
como princípios gerais do direito, ao lado do costume. 
 
Surge também a figura dos precedentes previstos pelo o art. 976, na qual o tribunal 
local decidirá a partir de um “processo piloto”, qual a tese jurídica que deve ser 
adotada pelos demais processos nos quais se discuta a mesma questão de direito, 
sendo certo que essa decisão terá força vinculante horizontal e vertical, ou seja, 
será obrigatória para os demais órgãos do tribunal, bem como para todos os juízes de 
1º grau. 
 
Normas e princípios processuais: 
 
Tais normas podem ser definidoras de direitos e obrigações ou do modo de exercício 
desses direitos. As primeiras constituem aquilo que convencionamos chamar de 
normas jurídicas primárias ou materiais. Trata-se do chamado Direito 
Substantivo. Elas fornecem o critério a ser observado no julgamento de um conflito 
de interesses. O juiz determina a prevalência da pretensão do demandante ou da 
resistência do demandado, compondo, desse modo, a lide que envolve as partes. 
Definem os direitos e as obrigações, mas não lidam com as consequências jurídicas 
do descumprimento dos deveres. 
 
As segundas, de caráter instrumental, compõem as normas jurídicas secundárias 
ou processuais. Elas determinam a técnica a ser utilizada no exame do conflito de 
interesses, disciplinando a participação dos sujeitos do processo (principalmente as 
partes e o juiz) na construção do procedimento necessário à composição jurisdicional 
da lide. Embora a maior parte das normas processuais emane de diplomas destinados 
à disciplina do processo, também é possível, examinando diplomas tipicamente 
materiais, encontrarem se normas dessa categoria. 
 
Os princípios são toda a estrutura sobre a qual se constrói alguma coisa, 
compreendendo os ensinamentos básicos e gerais que determinam de onde se deva 
partir em busca de objetivos a serem alcançados, e de onde se extraem regras e 
normas de procedimento; sendo vetores para as soluções interpretativas ou 
exegéticas. Alguns informam qualquer sistema processual, sendo mesmo 
indispensáveis para que o sistema funcione bem; outros variam conforme a orientação 
que o legislador imprima ao sistema 
 
A Constituição Federal, que consagra os chamados Princípios Constitucionais 
Processuais, tais como o Devido Processo Legal, a Ampla Defesa e o 
Contraditório, a Duração Razoável do Processo, bem como a Isonomia e a 
Inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos. 
 
A necessidade da adoção de Princípios na atividade hermenêutica se faz necessária 
justamente em razão dessa “discricionariedade” do intérprete. Isso torna toda a 
atividade mais complexa, e os fenômenos mais comuns são: 
 
 O emprego de cláusulas gerais pelo Constituinte, sob a forma de princípios 
jurídicos indeterminados, aliado à força normativa dos próprios princípios, que 
passam a ser aplicados diretamente ao caso, independentemente de norma 
infraconstitucional; 
 
 A colisão de normas constitucionais; 
 
 A ponderação: entendida como técnica utilizada nos casos em que a 
subsunção não é suficiente. Será necessária para resolver os chamados 
“casos difíceis” nas hipóteses que envolvam ou a colisão de normas 
constitucionais ou quando se verificar um “desacordo moral razoável”; 
 
 Argumentação jurídica: à medida que a decisão judicial para envolver uma 
atividade criadora do Direito, o juiz precisa demonstrar que a solução dada por 
ele ao caso concreto é a que realiza de maneira mais adequada a vontade 
constitucional. 
 
 
No novo CPC, o art. 6º determina que o juiz, ao aplicar a lei, deverá atender aos: “fins 
sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a 
dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a 
razoabilidade, a legalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência”. O art. 15, 
por sua vez, dispõe que, na ausência de normas que regulem processos eleitorais, 
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas 
supletiva e subsidiariamente. 
 
 
Princípios informativos: 
 
Os princípios informativos influenciam todo e qualquer sistema processual, sendo 
diretrizes residentes no mundo das ideias (ideológicas). Estes princípios são: 
 
a) O princípio lógico significa que o legislador deve usar formas processuais que 
propiciem uma melhor apuração da verdade. 
 
b) O princípio jurídico significa que se deve dar às partes, no processo, iguais 
oportunidades; não devendo ser construído um processo com o desequilíbrio das 
partes. 
 
c) O princípio político significa que, na elaboração do sistema processual, deve 
haver o menor sacrifício possível da liberdade individual; não devendo ser usadas 
medidas de constrição à liberdade das pessoas, senão as indispensáveis à 
consecução das finalidades do processo. 
 
d) O princípio econômico significa que o processo deve ser constituído com o menor 
dispêndio possível de tempo e dinheiro; tanto quanto possível deve ser barato. 
 
No conflito entre princípios, não se fala em revogação, mas, sim, em ponderação, de 
forma que dois ou mais podem coexistir, devendo ser aplicados proporcionalmente. 
Canotilho defende que regras e princípios devem ser entendidos como espécies do 
gênero norma, de modo que teríamos normas-regras e normas-princípios e, portanto, 
tal distinção residiria, em última análise, em uma diferenciação entre dois tipos de 
normas. 
 
Princípios fundamentais no Processo: 
 
a) O princípio da iniciativa da parte (heterodinâmica), também chamado princípio 
da demanda, significa que o juiz não pode prestar jurisdição sem que o autor a peça, 
pois a jurisdição só se movimenta quando provocada. Existem casos de jurisdição 
de ofício, como na execução de sentença trabalhista, na concessão de habeas 
corpus e na convolação em falência de pedido de recuperação de empresa etc. 
 
Para que o processo realmente comece por iniciativa da parte: 
 
- Devem estar presentes os pressupostos de constituição e de desenvolvimento 
válido e regular do processo (art.485, IV, CPC); 
 
- Bem assim as condições da ação, consistentes na legitimidade e no interesse 
processual (art.485, VI, CPC) sem os quais o juiz não resolverá o mérito da causa, 
extinguindo-se o processo por sentença (art. 316, CPC); 
 
Portanto, o ponto de partida para o começo do processo é a propositura da ação, o 
que se dá com a protocolização da petição inicial, e que venha a ser deferida pelo juiz. 
 
 
b) O princípio do impulso oficial (autodinâmica) significa que o processo depende 
do impulso dos órgãos judiciais, encarregados do exercício da jurisdição, cumprindo 
assim ao juiz, ao escrivão, ao oficial de justiça e entre outros auxiliares da justiça, 
Impulsioná-lo independentemente de pedido das partes, exigindo-se apenas o 
exercício da ação. 
 
Denomina-se impulso processual a atividade que visa obter o movimento 
progressivo da relação processual para um fim, ou o fenômeno em virtude do qual se 
assegura a continuidade dos atos processuais e o seu encaminhamento à decisão 
definitiva. 
 
Ao lado do princípio do impulso oficial (autodinâmica) atua o princípio da iniciativa 
das partes (heterodinâmica),possibilitando a estas interferir na prática de atos 
processuais, abreviando ou prorrogando prazos não peremptórios, convencionando a 
suspensão do processo por certo tempo, tudo consoante as permissões legais. 
 
 
c) O princípio do contraditório, também chamado de contraditório substancial ou 
da audiência bilateral, significa que o juiz não pode decidir sobre uma pretensão, 
sem ouvir a outra parte, contra a qual é deduzida. 
 
No processo relativo à tutela provisória de urgência (cautelar ou antecipada: CPC, art. 
294, parágrafo único) requerida em caráter antecedente, a liminar é, muitas vezes, 
concedida inaudita altera parte (sem ouvir a outra parte), mesmo porque nem sempre 
há tempo para essa providência, sob pena de perecimento do próprio direito material. 
Suponha-se um pedido de internação numa UTI, que, se não for deferido 
liminarmente, a pretensão perderá o seu objeto com a morte do paciente. 
 
Uma vez concedida a medida de urgência, a parte contrária tem a oportunidade de 
contraditá-la, podendo, inclusive, insurgir-se contra ela mediante agravo de 
instrumento direto no tribunal (art.1.015, I , CPC). Nessa hipótese, o contraditório é 
apenas postergado para depois da decisão liminar provisória de urgência. 
 
É indispensável a citação do réu ou do executado (art. 239, caput, CPC), como 
condição de validade do processo, bem assim pelo art. 721 do mesmo Código, ao 
determinar que sejam citados todos os interessados nos procedimentos de jurisdição 
voluntária. Nos termos do art. 10 do novo CPC, o juiz não pode decidir em grau algum 
de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às 
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva 
decidir de ofício. 
 
Desse modo, permite que as partes, assim como eventuais interessados, participem 
ativamente da formação do convencimento do juiz, influindo, por conseguinte, no 
resultado do processo. Trata se do binômio: 
 
a) informação – a regra é ser informado dos atos do juiz e da contraparte; 
 
b) possibilidade de manifestação – abertura de prazo para se pronunciar quanto 
ao alegado pela contraparte. 
 
Logo, o contraditório pode ser conceituado como a garantia de ciência bilateral dos 
atos e termos do processo (jurisdicional ou não), com a consequente possibilidade de 
manifestação sobre eles. 
 
 
d) O princípio inquisitório ou inquisitivo significa que, em certas causas, prevalece 
o interesse geral ou social, em que seja realmente apurada a verdade dos fatos, como 
realmente aconteceram, e não como querem as partes que tenham acontecido. 
 
 
Este princípio não exclui por completo a atividade das partes, mas apenas confere 
poderes mais amplos ao juiz na investigação da verdade, em virtude do elevado 
interesse público envolvido na lide, como nas ações de estado (v.g. nulidade ou 
anulação de casamento) e nas causas relativas à capacidade das pessoas (v.g. 
interdição). 
 
O princípio foi concebido para os processos onde haja um interesse social maior, 
quando se reconhece ao juiz poderes mais amplos na investigação da verdade, 
temperando assim o poder dispositivo das partes. Sempre que o juiz possuir poderes 
para, de ofício, iniciar o processo, instruí-lo e produzir a prova, estar-se-á em face do 
princípio inquisitório ou inquisitivo. 
 
 
e) O princípio dispositivo é de uma época em que ainda se tinha uma ideia privatista 
do processo, concebido como campo para se tratar de interesses privados, pelo que 
as partes podiam dispor dos seus direitos, não só fora do processo como também 
dentro do processo. Sendo mais tarde desdobrado em outros, persistindo até hoje; 
porque as partes delimitam a matéria do julgamento do juiz; sabem o que querem 
alegar e o que podem alegar; e o juiz não pode extrapolar das alegações das partes. 
 
“O juiz julga segundo o alegado pelas partes”; com o que, suprimindo-se o 
vocábulo “provado”, dilatou-se o campo de atuação do juiz no campo probatório. A 
restrição à atividade de cognição do juiz é absoluta no tocante às alegações das 
partes, e relativa no tocante à prova, podendo ele determinar de ofício as diligências 
necessárias ao esclarecimento da verdade em qualquer momento do processo. No 
âmbito trabalhista, o juiz pode julgar extra petita, sendo-lhe permitido converter o 
pedido de reintegração do empregado estável em indenização dobrada (CLT, art. 
496). 
 
O princípio da lealdade processual significa que as partes devem proceder com 
lealdade e boa-fé nas suas relações recíprocas e com o órgão jurisdicional, 
cumprindo-lhes dizer a verdade e agir com moralidade e probidade no decorrer do 
processo. Este princípio é extensivo aos advogados, e sua infração constitui ilícito 
processual, sujeitando o infrator a sanções processuais. 
 
 
g) O princípio da publicidade domina todo processo, qualquer que seja o conteúdo 
da lide (penal, civil ou trabalhista), assegurando que os atos processuais sejam 
públicos, franqueados a quem os queira assistir. O princípio da publicidade tem fundo 
constitucional, dispondo o inc. IX do art. 93 da Constituição que “todos os 
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, 
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação”. 
 
 
h) O princípio da preclusão garante o andamento do processo sem recuo a fases já 
superadas do procedimento, o que significa que o descumprimento de prazos na 
prática de atos processuais tem, como consequência, a impossibilidade de praticá-los; 
salvo se tiver ocorrido justo impedimento. 
 
 
 
i) O princípio da eventualidade exige que o réu formule na defesa todas as 
alegações que tiver, mesmo que contraditórias, pois, do contrário, não poderá alegá-
las noutro momento. Assim, na ação de cobrança, deve o réu alegar que nunca deveu; 
se admitir que devia, já pagou; e se admitir que não pagou, ocorreu a prescrição. Este 
princípio é de grande importância na teoria dos prazos. 
 
 
Princípios processuais Constitucionais: 
 
a) O princípio da inafastabilidade da jurisdição, expresso no art. 3º, caput, do novo 
CPC, é a expressão de um princípio que compreende também a inafastabilidade do 
direito de ação ou do acesso à justiça, consagrado pela Constituição (art. 5º, 
XXXV), dispondo que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou 
lesão a direito”. Nos termos da Constituição, e, agora, do novo Código de Processo 
Civil, qualquer pessoa, física ou jurídica, ou mesmo entes formais despidos de 
personalidade jurídica (espólio, massa falida, condomínio etc.), podem invocar a 
atividade jurisdicional do Estado-juiz, sempre que se tenha como lesado ou 
simplesmente ameaçado de lesão um direito individual ou coletivo. 
 
b) O princípio da duração razoável do processo está consagrado no art. 4º do novo 
CPC: “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa”. 
 
Na intenção de solucionar a questão da morosidade, foram criados mecanismos de 
simplificação e adoção de institutos, que, segundo Greco, relegaram a segundo plano 
"a preocupação com a qualidade das decisões" e permitiram a supressão das 
garantias fundamentais do processo. 
 
A razoável duração do processo tem como características: 
 
a) universalidade; 
b) limitabilidade; 
c) cumulatividade; 
d) irrenunciabilidade. 
 
O devido processo legal, no plano substancial, é a exigência de razoabilidade das 
decisões judiciais; sendo razoável aquilo que não é disparate, fora do bom senso 
comum, que é racional; enquanto, no plano processual, é o conjunto das garantias 
processuais a assegurar um processo justo, em conformidade como direito. 
 
Apesar de o art. 4º do novo CPC não aludir, expressamente, à celeridade processual, 
não há dúvida de que ela se contém no princípio da razoável duração do processo, 
porque este não consegue a sua concretização sem os meios que garantam também a 
celeridade; além do que o princípio da celeridade vem igualmente expresso no art. 
5º, LXXVIII, da Constituição, imperando sobre o processo e também sobre o 
procedimento. 
 
 
c) O princípio da boa-fé objetiva vem expresso no art. 5º do novo CPC, dispondo 
que: “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé”. Constitui um princípio cuja observância é necessária para que 
o processo não funcione na contramão da justiça, permitindo chegar-se a resultados 
que não estejam de conformidade com a verdadeira situação de fato que empresta 
embasamento às pretensões das partes. 
 
Nada mais é a boa-fé objetiva do que um standard de comportamento, alicerçado na 
confiança e na lealdade, em que os agentes defendam os seus interesses sem 
olvidar que estão em jogo interesses recíprocos, ambos amparados pelo ordenamento 
jurídico. Diferentemente da boa-fé objetiva, a boa-fé subjetiva corresponde a uma 
atitude psicológica do agente, enquanto produto da sua vontade e convencimento 
individual de agir conscientemente de determinada forma, sendo o que acontece em 
matéria de direitos reais e casamento putativo. 
 
Logo, o princípio da boa-fé objetiva proíbe que a parte assuma comportamentos 
contraditórios no desenvolvimento da relação processual, o que resulta na vedação do 
venire contra factum proprium, aplicável também ao direito processual. 
 
 
d) O princípio da cooperação está no art. 6º do novo CPC, dispondo que: “Todos os 
sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo 
razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Este princípio é também chamado de 
princípio da colaboração, que nada mais é do que a conjugação do princípio da boa-fé 
objetiva (CPC: art. 5º) e do princípio do contraditório, este de fundo constitucional (CF: 
art. 5º, LV). 
 
O processo, enquanto relação jurídica processual, não atribui apenas direito às partes, 
como sugere o art. 6º do novo CPC, mas também faculdades, deveres, poderes, 
sujeições e ônus processuais, dos quais devem se desincumbir, se pretender obter 
uma solução favorável aos seus interesses. 
 
O princípio da cooperação manifesta-se, igualmente, na posição recíproca de 
qualquer dos sujeitos processuais perante os demais, devendo todos os intervenientes 
no processo agir de conformidade com um dever de correção e urbanidade, e a 
marcação do dia e hora de qualquer diligência deve resultar de um acordo entre o juiz 
e os advogados das partes. 
 
A real e efetiva colaboração do juiz com a parte existe, por exemplo, em favor dos 
entes e entidades da Administração Pública, direta (União, Estados, Distrito Federal, 
Municípios) ou indireta (autarquias, fundações públicas), impondo a remessa 
necessária (CPC, art. 496, I e II), que sujeita a sentença ao duplo grau obrigatório de 
jurisdição, exceto nas hipóteses previstas em lei (CPC, art. 496, §§ 3º e 4º). 
 
 
e) O princípio da paridade de tratamento – irmão gêmeo do princípio do 
contraditório – vem consagrado pelo art. 7º do novo CPC, dispondo que: “É 
assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos 
e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à 
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo 
contraditório.” 
 
Ao assegurar o novo CPC às partes paridade de tratamento no curso do processo, 
busca suas origens no conceito de “igualdade”, com precedente em Aristóteles, que, 
ao tratar da isonomia, afirmou que o tratamento isonômico consiste em “tratar 
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que se desigualam”. 
 
A paridade de tratamento, na prática, não deve ser apenas formal, de modo que, 
concedido determinado prazo a uma das partes, para a prática de certo ato 
processual, deva-se conceder idêntico prazo à outra para a prática do ato processual 
contraposto. Tudo depende da complexidade do ato a ser praticado, cabendo à lei 
estipulá-lo ou deixar que seja fixado pelo juiz em cada processo. 
O novo CPC prestigiou o princípio da paridade de tratamento ao conceder ao réu o 
prazo de 15 dias para contestar a demanda (art. 335), conferindo ao autor idêntico 
prazo para a réplica, se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do seu 
direito (art. 350). 
 
Na doutrina, procura-se identificar a “isonomia” ou “igualdade de tratamento”, com a 
“paridade de armas”, aproximando-se assim da chamada igualdade substancial, mas 
não se assegura tal igualdade, proporcionando aos litigantes as mesmas armas, 
senão “dando uma espada mais longa para o litigante de braço mais curto”. 
 
 
f) Ao dispor o art. 8º do novo CPC que: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz 
atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e 
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, 
a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”, transporta para a esfera 
processual o preceito do art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
(LINDB), segundo o qual “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a 
que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
 
A expressão fins sociais da lei significa que, ao aplicar o ordenamento jurídico, deve 
o juiz fazê-lo não com o fim exclusivo de servi-lo, por si mesmo, mas buscar, sob a 
inspiração dele, um resultado que, além de resolver o litígio, proporcione a 
tranquilidade ou a paz social. O ordenamento jurídico se destina à disciplina da 
sociedade como um todo e não de cada um de seus membros ou parcela de seus 
componentes. 
 
Atender às exigências do bem comum significa que, na aplicação do ordenamento 
jurídico, não deve o juiz limitar o seu horizonte aos interesses em conflito, mas ter em 
consideração que eles são a expressão de um fenômeno social, e devem ser 
resolvidos de forma que atenda ao interesse geral, que é a mais típica expressão 
do bem comum. 
 
A dignidade da pessoa humana é um valor moral e espiritual inerente ao ser 
humano, enquanto expressão de um Estado democrático de direito, constituindo um 
dos princípios fundamentais da Constituição de 1988. 
 
 
g) O princípio da fundamentação das decisões judiciais vem consagrado pelo art. 
11 do novo CPC, dispondo que: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade”, sendo este preceito um transplante quase literal do inc. IX do art. 93 da 
Constituição. No entanto, abre o art. 11, no seu parágrafo único, exceção para os 
casos de segredo de justiça, em que pode ser autorizada a presença somente das 
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
A “publicidade”, por seu turno, significa que os atos processuais serão normalmente 
públicos, pelo que a Constituição, num primeiro momento, condiciona as exceções à 
publicidade à determinação legal, impondo o segredo de justiça, para não afrontar o 
interesse público, o direito à intimidade e o direito à privacidade (art. 5º, X), “a lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem”. 
 
 
 
 
Tramitam em segredo de justiça os processos, segundo o disposto do artigo 189 do 
CPC: 
 
I – em que o exija o interesse público ou social; 
 
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união 
estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
 
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; 
 
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento decarta arbitral, 
desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o 
juízo. 
 
 
TIPOLOGIAS DO PROCESSO: 
 
A doutrina costuma classificar o processo sob prismas distintos: 
 
I – quanto aos fins da prestação jurisdicional invocada; 
 
II – quanto à índole do interesse a que serve; 
 
III – quanto à função da jurisdição exercida; 
 
IV – quanto aos princípios informativos do processo (penal). 
 
 
Quantos aos fins de prestação jurisdicional: 
 
No que concerne aos fins da prestação jurisdicional invocada, é a natureza da 
prestação jurisdicional que determina o tipo do processo, podendo ser: 
 
 De conhecimento: este processo tem por objeto uma lide a ser resolvida 
pela sentença, exigindo do juiz uma atividade de cognição sobre os fatos que 
servem de fundamento à pretensão e sobre o direito a eles aplicáveis. O juiz é 
provocado a decidir uma lide entre dois litigantes, e dizer qual deles tem razão, 
culminando com uma sentença de mérito, que põe fim ao litígio. O processo de 
conhecimento pode ser classificado em: a) declaratório; b) constitutivo; c) 
condenatório. 
 
a) Declaratório - O processo de conhecimento declaratório resulta do ajuizamento 
de uma ação declaratória, cujo objetivo é obter a declaração de existência ou 
inexistência de uma relação (ou situação) jurídica, ou a autenticidade ou a falsidade 
de um documento. 
 
b) Constitutivo - O processo de conhecimento constitutivo resulta do ajuizamento 
de uma ação constitutiva, cujo objetivo é obter a criação, modificação ou extinção 
de uma relação (ou situação) jurídica. O processo será do tipo necessário quando 
não for possível às partes obter a criação, conservação, modificação ou extinção de 
uma relação jurídica a não ser através do processo, caso em que se tem uma lide de 
pretensão insatisfeita, porque só pode ser satisfeita judicialmente. 
 
 
O processo será do tipo não necessário quando houver possibilidade de as partes 
operarem a criação, conservação, modificação ou extinção de uma relação ou 
situação jurídica, extrajudicialmente, mas não chegam a um acordo, desaguando 
então a pretensão no processo 
 
c) Condenatório - O processo de conhecimento condenatório resulta do 
ajuizamento de uma ação condenatória, em que uma das partes pretende obter a 
condenação da outra ao cumprimento de uma obrigação, que pode ser pagar uma 
quantia, entregar uma coisa ou fazer ou não fazer algo. 
 
 
 
 De execução: Este processo tem por objeto atividades jurisdicionais tendentes 
a tornar efetiva obrigação constante de um título executivo extrajudicial 
(art.784, CPC). O processo de execução é processo originário de uma ação de 
execução, fazendo nascer entre os diversos sujeitos processuais uma relação 
jurídica processual tendente a materializar atos materiais executivos. Alguns 
ordenamentos jurídicos admitem alguns sistemas para que essa execução se 
faça de forma sincretizada, isto é, nos próprios autos do processo de 
conhecimento, como fase desse processo, enquanto outros exigem o 
exercício de nova ação de execução para esse fim. O novo CPC optou pelo 
primeiro sistema, permitindo o cumprimento da sentença ao largo de nova 
ação e processo, só mantidos para as hipóteses de sentenças penal 
condenatória, arbitral e estrangeira (art.515, VI; VII e VIII , CPC). 
 
 
Quantos à índole do interesse a que serve: 
 
No que tange à índole do interesse a que serve, é a natureza do interesse em juízo 
que determina o tipo do processo, podendo ser: 
 
 Individual: O processo individual resulta de uma ação envolvendo interesse 
concreto de pessoa determinada. Se esse interesse for pertinente a uma 
pessoa singularmente considerada, diz-se individual singular; e, quando o 
interesse pertence a diversas pessoas consideradas isoladamente, diz-se 
individual plúrimo. Quando o interesse for plúrimo, podem as diversas 
pessoas se unir para demandar em conjunto, formando um litisconsórcio ativo. 
 
 Coletivo: Este processo resulta de uma ação envolvendo interesses 
concretos ou abstratos de um grupo, categoria ou classe de pessoas. 
Quando o processo coletivo versa sobre interesses cujos beneficiários não são 
identificáveis, nem há possibilidade de sê-lo, diz-se processo 
essencialmente coletivo; e quando esse processo versa sobre interesses 
cujos beneficiários são identificáveis, diz-se processo acidentalmente 
coletivo. Os fundamentos do processo individual, singular ou plúrimo, e do 
processo coletivo, são também distintos, pois, enquanto o daquele é o direito 
subjetivo, o deste é o interesse legítimo. 
 
A diferença entre o direito subjetivo e o interesse legítimo pode ser encontrada 
tomando-se como referencial a norma de direito objetivo, de modo que o direito 
subjetivo é “um interesse reconhecido pela ordem jurídica como próprio e exclusivo 
do seu titular, e, como tal, por ela protegido de forma direta e imediata. Já o interesse 
legítimo configura-se como “um interesse individual intimamente ligado a um interesse 
público e protegido pelo ordenamento somente através da tutela jurídica deste último”, 
 
Portanto, o direito subjetivo é protegido diretamente pela norma jurídica, 
reconhecendo-o a um titular determinado, enquanto, no interesse legítimo, o objeto 
da tutela é uma situação jurídica traduzida num interesse público, de forma que, 
tutelando esse interesse, a norma jurídica protege, reflexamente, eventuais direitos 
subjetivos. 
 
 
 Social: Este processo versa sobre interesses sociais, da própria sociedade, 
para a defesa de valores que lhe pertencem, como é o processo popular, 
resultante da ação popular, e o processo penal, resultante da persecução 
penal. 
 
 
Quanto à função da jurisdição nele exercida: 
 
No tocante à função da jurisdição nele exercida (matéria), o processo pode ser: 
 
a) processo penal; 
 
b) processo civil; 
 
c) trabalhista. 
 
O processo penal versa sobre lide penal, resultante do poder de punir do Estado; o 
processo trabalhista resulta de conflitos sobre relações de trabalho; e o processo civil 
versa sobre litígios não penais (cíveis stricto sensu; tributário; administrativo; 
constitucional etc.). 
 
Quanto aos princípios que informam o processo: 
 
No que se refere aos princípios que informam o processo, classifica-se o processo 
penal em: 
 
 Acusatório; 
 
 Inquisitório (ou inquisitivo); 
 
 Misto. 
 
Correspondente aos três sistemas penais. O processo acusatório é aquele em que 
as partes atuam em condições de igualdade, com as garantias asseguradas pelos 
princípios processuais, dentre os quais o da imparcialidade do juiz, do contraditório e 
da publicidade; 
 
O processo inquisitório (ou inquisitivo) não se compadece com as garantias 
processuais, não incidindo os princípios do contraditório e da publicidade, sendo o 
acusado considerado verdadeiro “objeto” do processo; 
 
O processo misto é em parte inquisitório e em parte acusatório, segundo as regras e 
princípios que informam um ou outro;

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