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Existe ou não existe o instituto da separação judicial? Este instituto foi ou não revogado? É um assunto muito polêmico, desde de 2010, vem gerando entre os doutrinadores e tribunais discussão. Até 1977, vivíamos no país uma estrutura jurídica que era antidivorcista, repudiando o divórcio, por influência cultural e talvez até religiosa, afastando assim a possibilidade do divórcio. O termo “até que a morte nos separe” era levado a ferro e fogo pelo sistema jurídico. Existia nessa época a figura do desquite, pelo qual, afastava a sociedade conjugal, porém não o vínculo. Logo, quem desquitava não poderia casar novamente. O casamento gera dois tipos de vínculos, o vínculo matrimonial propriamente dito e a sociedade conjugal. A sociedade conjugal está relacionada ao regime do casamento ou regime patrimonial e as obrigações do casamento em si. Já o vínculo matrimonial é próprio vínculo estabelecido pelo casamento. A partir de 1977, veio a figura do divórcio, com a possibilidade da ruptura do vínculo matrimonial. Só que para desfazer o vínculo do casamento através do divórcio, era necessário primeiro haver a separação judicial e esperar um ano para poder se divorciar. A separação judicial, podia ser consensual ou litigiosa, e na litigiosa muitas das vezes era exposto a culpa do cônjuge (traição por exemplo), enfim era um processo muito vexatória para ambas as partes. Outra forma, era a separação de fato, na qual, o casal separava-se de fato, cada um ia morar em casas diferentes, começar uma nova vida e após dois anos podiam pedir o divórcio direto. Este sistema esteve presente no Brasil até 2010, com a emenda constitucional nº 66 de 2010, na qual, alterou o artigo 226 da Constituição Federal, dispondo que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, simples assim. Mas veio a discussão doutrinária, corrente majoritária defendia que a separação judicial surgiu como ferramenta ou caminho para se chegar no divórcio, fazendo parte do divórcio. Se não precisa mais de nenhum entrave para se chegar no divórcio, então não existe mais o instituto da separação. Parte da doutrina passou a entender que a separação judicial deixou de existir, embora ainda tratada nos dispositivos de várias normas. Outra parte da doutrina, no sentido contrário, passou a entender que a emenda 66 não revogou expressamente a separação judicial, sendo um instituto autônomo, não vinculado e nem seria o caminho para alcançar o divórcio. E na prática, serve para aqueles casais que pretendem se separar, mas não têm a certeza absoluta se é isso que querem ou quer atribuir culpa ao outro cônjuge. Valendo-se da separação judicial para dar juridicidade a sua vontade, vivendo na informalidade, separado de fato tão somente, pois não podem contrair novo matrimônio. Essa discussão se existe ou não a separação judicial preserva até hoje. Com o Novo Código de Processo Civil de 2015, ao levar em consideração os argumentos das duas correntes, o legislador posicionou-se no argumento que a separação judicial é um instituto autônomo, não vinculado ao divórcio, e que ela ainda existe nosso ordenamento jurídico. Fazendo menção dela em vários dispositivos do código de processo civil. É na separação judicial que pode atribuir e discutir culpa da outra parte a fim de aplicar as sanções inerente ao descumprimento das regras do casamento (separação sanção – aplica uma penalidade ao cônjuge condenado na culpa da separação). Assim, o consorte que deu causa a separação por ter quebrado deveres do casamento, por exemplo, dever de fidelidade reciproca, pode perder o direito à pensão alimentícia, a utilização do sobrenome conjugal e pode ser obrigado a reparar os danos morais e materiais que tenham sido causados pelo descumprimento desse dever conjugal. Por fim, o instituto da separação judicial é reconhecido no nosso sistema jurídico brasileiro, embora haja discussão que a emenda 66 suprimiu tal instituto pelo divórcio, a separação judicial mantém se vigente ainda hoje, podendo ser utilizada pelo casal no caso concreto. Nada impede daqueles que querem divorciar fazê-lo diretamente, pois não existe nem um entrave jurídico no instituto do divórcio, sendo que a qualquer hora o casal pode se divorciar. Mas a separação judicial ainda é opção à disposição dos cônjuges quando se trata de dissolução da sociedade conjugal, devendo, no entanto, justificar o motivo pelo pedido da separação judicial.
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