Buscar

Educação e Cidadania Fiscal

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Centro de Estudos Internacionais sobre o Governo - CEGOV
Curso de Extensão Cidadania e Educação Fiscal – 4ª Edição
Desigualdade tributária no Brasil: comparação com a experiência internacional
Participante: Anna Paula Back
Orientador: João Carlos Loebens
Projeto apresentado como requisito para certificação de 40 horas no Curso de Extensão Cidadania e Educação Fiscal.
Porto Alegre, julho de 2017.
Sumário	Comment by Tania Santos Coelho de Souza: Este sumário pode ser atualizado de forma automática quando concluir o trabalho, com um clique com o botão esquerdo em cima dele, apresenta a possibilidade de atualizar no menu. Após terminar o trabalho este comentário pode ser deletado.
1.	Introdução	3
2.	Sistema tributário no Brasil	3
3.	Comparação com a experiência internacional	3
4.	Revisão Teórica	4
5.	Metodologia de desenvolvimento da pesquisa	4
6.	Conclusão	5
Referências bibliográficas	6
Introdução:
O presente projeto de pesquisa se propõe a investigar o fenômeno da desigualdade da tributação no Brasil, que, como não é novidade, tem relação direta com a desigualdade social do nosso país. Segundo lista desenvolvida pela ONU baseada no Coeficiente de Gini, o Brasil ocupa a 145º posição da lista de países por igualdade de riqueza.[1: Pode ser usado para qualquer distribuição embora seja comumente utilizado para medir a desigualdade de distribuição de renda.]
Primeiramente, importante mencionar que o Estado Brasileiro, pela Constituição Federal de 1988, pode ser considerado como um Estado Social, o que significa dizer que a promoção do bem-estar social constitui encargo de responsabilidade do próprio Estado. A quantidade de bens públicos é que estabelece o modelo e o tamanho do Estado. 
O modelo de Estado adotado por um país tem relação direta com seu sistema tributário. Pode-se dizer que o modelo de Estado adotado estabelece como serão arrecadados os tributos e como serão gastos os recursos públicos. O Sistema tributário estabelece a distribuição do ônus tributário entre as camadas sociais. Para cumprir os seus encargos, o Estado realiza as despesas públicas, fixadas pelas leis orçamentárias; e, para tanto, precisa obter, em quantidade necessária e suficiente, as receitas públicas, que são quaisquer ingressos de dinheiro nos cofres públicos. 
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a universalidade na prestação dos serviços fundamentais, quais sejam, a promoção da saúde, da educação e da seguridade social. Para o funcionamento da máquina pública, a Carta Magna enunciou, em seu artigo 145, o poder da União, tanto quanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de instituírem seus impostos, taxas e contribuições de melhorias.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. 
Além da Constituição Federal, a legislação tributária está regulamentada pelo Código Tributário Nacional, por Leis Ordinárias, que criam os tributos e estabelecem suas obrigações, e, também, por Atos Normativos e Executórios. Para o funcionamento do sistema tributário, os atos são regidos por alguns princípios, dentre eles, o princípio da capacidade contributiva, referido no parágrafo 1º do artigo 145 da Constituição Federal, que é um ditame moral de justiça social que tem como objetivo alcançar a igualdade entre os contribuintes. A verdadeira questão de justiça se verifica após a tributação. Para que, após a arrecadação dos impostos, os contribuintes estejam em um patamar econômico menos desigual, é justo que aqueles mais pobres paguem menos impostos que os mais riscos, de maneira proporcional à sua capacidade contributiva. 
O presente estudo tem por objetivo analisar de que forma a desigualdade na tributação contribui para a desigualdade social do país, fazendo um breve comparativo entre o sistema tributário brasileiro e a experiência internacional. 
Sistema tributário no Brasil
O objetivo geral do presente estudo é demonstrar de que forma a desigualdade na tributação influencia a desigualdade social de uma sociedade. No Brasil, os ricos pagam menos impostos que os mais pobres, devido ao fato de nosso sistema estar concentrado em tributos regressivos e indiretos, que oneram justamente os mais desfavorecidos e vulneráveis. 
O imposto indireto é aquele cujo ônus tributário repercute em terceira pessoa, que é o contribuinte de fato, não sendo assumido pelo responsável do fato gerador. Mais da metade da arrecadação provêm de tributos que incidem sobre bens e serviços, com baixa (quase irrisória) tributação sobre renda e patrimônio. Dos tributos sobre o consumo (bens e serviços), o principal tributo é o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), responsável por mais de 50% da arrecadação tributária total do país.
Devido a isso, pode-se dizer que o sistema tributário brasileiro é regressivo, pois onera justamente os mais pobres, trabalhadores que ganham salários baixos e gastam praticamente toda a renda em consumo. Em termos de alíquota/valor nominal em cada mercadoria, pobres e ricos pagam o mesmo valor, mas a diferença está na quantidade da renda que cada um gasta no consumo. Os tributos indiretos têm relação inversa com o nível de renda do contribuinte, prejudicando/tributando mais as pessoas de menor poder aquisitivo. Um sistema tributário injusto favorece a desigualdade social do país. No caso do Brasil, os impostos sobre o consumo oneram em 53% da renda o consumo de 79% da população mais pobre, enquanto oneram com somente 7% da renda o consumo do 1% da população mais rica do país.
Os tributos diretos, por sua vez, são aqueles que não repercutem nas etapas posteriores, uma vez que a carga econômica é suportada pelo contribuinte. É o caso do Imposto de Renda, por exemplo. Pela análise dos dados fornecidos à Receita Federal pelos declarantes do Imposto de Renda é possível observar o efeito concentrador de renda e riqueza nas mãos de poucos. Até mesmo o Imposto de Renda, que deveria ser o fiador de um sistema tributário mais justo/progressivo, conforme determina a CF, acaba contribuindo para maior concentração de renda e riqueza em nosso país. 
Há que se atentar para a gravidade do fato de que a tributação sobre a renda no Brasil não alcança todos os rendimentos tributáveis de pessoas físicas. Na medida em que os dividendos são isentos de impostos (renda típica dos mais ricos), os segmentos de renda mais elevados da sociedade contribuem proporcionalmente menos ao erário.
A legislação atual não submete à tabela progressiva do Imposto de Renda os rendimentos de capital e de outras rendas da economia. Elas são tributadas com alíquotas inferiores à do Imposto de Renda incidente sobre a renda do trabalho. Não existe Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os lucros e dividendos. O dispositivo legal dos “juros sobre capital próprio” permite uma redução da base tributária do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Esses rendimentos são tributados a 15% de forma exclusiva, não necessitando o beneficiário fazer qualquer ajuste na Declaração Anual do Impostode Renda. A consequência chega a ser bizarra: os 71.440 declarantes hiper-ricos, que tinham renda acima de 160 salários-mínimos em 2013, praticamente não possuíam rendimentos tributáveis, pois 65,80% de sua renda tinha origem em rendimentos isentos e não tributáveis.
Outro ponto que merece destaque na análise do sistema tributário brasileiro é a questão do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto na Constituição Federal de 1988 como competência da União e não instituído até os dias de hoje. Vejamos:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
A regulamentação de referido imposto é necessária para o alcance da justiça tributária, haja vista que aplicaria corretamente o princípio constitucional da capacidade contributiva, onerando o patrimônio dos mais ricos no país. Espera-se por uma lei complementar que regulamente o Imposto sobre Grande Fortuna, que não teria nenhum conflito com os impostos já existentes, pois sua base tributária é o valor total dos bens. 
Há uma parcela da população que critica a regulamentação de referido imposto, alegando, em síntese, que o mesmo não deve existir no ordenamento jurídico brasileiro, pela possibilidade de desestimular a aquisição de patrimônio. É o caso do jurista Ives Gandra, que assim escreveu:
“As vantagens do tributo são duvidosas: a de que promoveria a distribuição de riquezas é atalhada pelo fato de que poucos países que o adotaram e terminaram por abandoná-lo ou reduzi-lo a sua expressão nenhuma; a de que desencorajaria a acumulação de renda, induzindo a aplicação de riqueza na produção, que seria isenta de tributo, leva a ferir o princípio da igualdade, possibilitando que os grandes empresários estivessem a salvo da imposição; a de que aumentaria a arrecadação do Estado não leva em conta a possibilidade de acelerar o processo inflacionário por excesso de demanda.” [2: MARTINS, Ives Gandra da Silva. O imposto sobre grandes fortunas. Jus Navigandi, 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10977>.]
 
Por outro lado, há estudiosos que defendem a regulamentação do imposto previsto em nossa Carta Magna, como é o caso de Sergio Ricardo Ferreira Mota, que o faz nos seguintes termos:
“Repete-se a defesa no sentido de que o Imposto sobre Grandes Fortunas pode vir a constituir instrumento de alcance da justiça tributária no Brasil, uma vez que permitiria, em tese, não só uma justa distribuição da carga tributária entre os contribuintes, mas também, maior distribuição de renda e riqueza nacionais, o que permitiria, também, em tese, a redução das enormes desigualdades sociais verificadas no país e, por consequência, a pobreza de grande parte da população.” [3: MOTA, Sérgio Ricardo Ferreira. Imposto sobre Grandes Fortunas no Brasil: Origens, especulações e arquétipo constitucional. São Paulo: MP Editora, 2010, p. 164-165]
No meu sentir, é clara a intenção dos que se posicionam de maneira contrária à regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas. Aqueles que detêm o comando do país não vão querer criar um mecanismo que incida sobre o seu patrimônio. Estima-se que em média 10% da população controle 50% da concentração de renda no Brasil, sendo que o 1% mais rico da população detém 26% de toda a renda. Resta claro, portanto, que a instituição de referido imposto ameaça aqueles que, infelizmente, por concentrarem riqueza em suas mãos, têm controle sobre o rumo do nosso país, seja através do uso da mídia ou do pelo financiamento da corrupção. Importante frisar que o Imposto sobre Grandes Fortunas não afeta os ricos, mas sim essa minúscula parcela de bilionários (ultra ricos) detentores de muito poder. 
Muitos dos bilionários ocupantes do topo da pirâmide econômica, contrários à regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, são pessoas que já nasceram em condição social favorecida e possuem herança de família. No Brasil, o imposto sobre herança é conhecido como Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) e sua arrecadação é competência dos governos estaduais e esse imposto permanece com pouca relevância no sistema tributário brasileiro. Isso contribui com o descontrole da avaliação de fortunas no país, o que leva a ineficácia redistributiva do sistema tributário brasileiro.
Dito isso, resta claro que a tributação progressiva, se implantada no nosso país, seria capaz de desconcentrar a renda e riqueza no topo da pirâmide, sendo, portanto, o primeiro passo para redução da desigualdade social, fortificando, inclusive, a democracia, diretamente afetada pelo fato de poucas pessoas concentrarem o poder em suas mãos, tomando as rédeas das decisões políticas no país. 
Comparação com a experiência internacional
De maneira específica, para melhor análise da desigualdade no sistema tributário brasileiro, importante fazer uma comparação entre a carga tributária no Brasil e a carga tributária em outros países, relacionando com a incidência dos principais tipos de tributo, quais sejam, imposto sobre renda, consumo, patrimônio e seguridade social. No Brasil, aproximadamente metade da arrecadação para financiamento do Estado provém de tributos que incidem sobre bens e serviços, com baixa tributação sobre renda e patrimônio. A experiência vivida por países desenvolvidos é justamente o contrário. 
Nos países mais desenvolvidos, a tributação sobre o patrimônio e a renda correspondem a cerca de 2/3 da arrecadação, conforme dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização orientada por princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado, que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas económicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos. 
Nos Estados Unidos, em que a arrecadação o Imposto de Renda já é muito maior que no Brasil, os progressistas, por um lado, querem aumentar os impostos sobre a renda mais alta e usar o que for arrecadado para reforçar a rede de seguridade social; já os conservadores, por sua vez, querem fazer o contrário, e afirmam que as políticas que atingem os ricos são prejudiciais a todos pois reduzem os incentivos para a criação de riqueza. Contudo, conforme opinião do economista Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, os ricos não precisam ser tão ricos, pois a desigualdade social é inevitável, mas a desigualdade extrema que existe hoje nos Estados Unidos não é. 
Tal visão conservadora, de que o aumento dos impostos deixa de incentivar a criação de riqueza, caminha em sentido contrário aos resultados encontrados na Suécia, por exemplo, em que os impostos são elevados e há pouca desigualdade e, mesmo com a grande arrecadação, tem muitas empresas criadas recentemente e não houve nenhum tipo de regresso econômico. Isso pode ser devido, em parte, ao fato de uma rede de seguridade social sólida incentivar que se assumam riscos. Não é o que ocorre no Brasil, em que não há solidez na seguridade social.
Na verdade, a quantidade de arrecadação determina o modelo de Estado que um país almeja. Quanto mais tributos, mais bens públicos, onde se materializa o Estado para promoção do bem-estar social dos cidadãos. O tamanho do Estado é causa e consequência da atividade tributária. 
Nós brasileiros, influenciados pela mídia, temos uma visão errônea de que pagamos muitos impostos à máquina pública. Quanto ao Imposto de Renda, a Suécia é o país onde a alíquota máxima do referido impostopara pessoa física é a mais alta do mundo. Os suecos que ganham bem entregam para o governo até 58,2% dos seus rendimentos, já no Brasil a taxa máxima está em 27,5%, um patamar baixo se comparado ao de nações desenvolvidas. O que acontece é que aqui o que deixamos de pagar sobre nossa renda pagamos sobre nosso patrimônio e, sobretudo, nosso consumo.
Conforme referido no tópico anterior, sobre alguns pontos do sistema brasileiro, a isenção do imposto de renda sobre lucros e dividendos constitui uma falha grave do nosso sistema tributário, tendo em vista que apenas 0,3% das pessoas que prestam informações ao Fisco ocupam o topo da pirâmide econômica e destes uma grande parcela é isenta. Tal falha não ocorre em países considerados desenvolvidos, conforme podemos ver na tabela abaixo:
[4: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/43141/sistema+tributario+brasileiro+pune+cidadaos+e+beneficia+minoria+de+super-ricos+que+praticamente+nao+paga+impostos+diz+especialista+.shtml]
A cobrança de impostos é, na prática, uma coleta de dinheiro feita pelo governo para pagar suas contas. Uma forma de medir o impacto dessa coleta é compará-la com o Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma das riquezas produzidas pelo país em um ano. Essa relação entre impostos e PIB é chamada de carga tributária. No Brasil, a carga tributária é de aproximadamente 35% do PIB. 
Aqui, cabe a comparação entre o Brasil e a Inglaterra, que possuem a mesma carga tributária mas diferenças enormes na quantidade de pessoas e área territorial a ser atendida pelo Estado.
Na experiência internacional, quanto à desigualdade, por fim, é importante destacar que os benefícios concedidos pelos paraísos fiscais às empresas reduzem a arrecadação de impostos por outras nações. Um paraíso fiscal, também conhecido por refúgio fiscal, é uma jurisdição onde a lei facilita a aplicação de capitais estrangeiros, com alíquotas de tributação muito baixas ou nulas. 
A sonegação fiscal cometida por grandes empresas multinacionais faz com que nações pobres deixem de arrecadar valores necessários para financiamento de bens e recursos públicos, para promoção do bem-estar social. A arrecadação que seria destinada à educação e saúde públicas não acontece e constitui evasão fiscal. A principal característica dos paraísos fiscais é, portanto, o sigilo, que acoberta a corrupção de países como o Brasil, ocultando as fraudes e patrimônios obtidos de maneira ilícita. 
Revisão Teórica
Já foram realizados vários estudos acerca da desigualdade tributária. No Brasil a relação direta entre tributação injusta e desigualdade social devido à concentração de renda e patrimônio foi investigada no estudo “Perfil da Desigualdade e da Injustiça Tributária”, realizado pelo INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos), em que foram considerados os quesitos de sexo, rendimentos em salário mínimo e unidades da Federação. Os dados da Receita Federal analisados para o estudo revelam uma casta de privilegiados no país, com elevados rendimentos e riquezas que não são tributados adequadamente e, muitas vezes, sequer sofrem qualquer incidência de Imposto de Renda. Por exemplo: do total de R$ 5,8 trilhões de patrimônio informados ao Fisco em 2013 (não se considera aqui a sonegação), 41,56% pertenciam a apenas 726.725 pessoas, com rendimentos acima de 40 salários mínimos. Isto é, 0,36% da população brasileira detém um patrimônio equivalente a 45,54% do total. 
Um outro estudo realizado também pelo INESC, mas agora com relação à comparação entre o sistema tributário brasileiro e o sistema tributário de demais países, destacou-se que países da OCDE, com elevada carga tributária bruta (países que cobram muito mais impostos que o Brasil), acompanharam uma melhor distribuição de renda e uma diminuição da desigualdade social. O Brasil, entretanto, com um sistema tributário fortemente regressivo, tem como resultado um dos maiores índices de desigualdade social do mundo, devido à grande concentração de riqueza nas mãos de poucos.
No cenário internacional, a tributação sobre o patrimônio reapareceu no debate internacional depois da publicação de “O Capital no Século XXI”, de Thomas Piketty. Sua obra mostra que, nos países desenvolvidos, a taxa de acumulação de renda é maior do que as taxas de crescimento econômico. Segundo Piketty, tal tendência é uma ameaça à democracia e deve ser combatida através da taxação de fortunas. 
Thomas Piketty também escreveu, à época das eleições presidenciais nos Estados Unidos, uma matéria em que analisou a candidatura Bernie Sanders, candidato socialista que estava ali para desafiar a “Era da Desigualdade”, a fim de redistribuir riqueza e combater o aumento da desigualdade e dessas falsas mudanças políticas, e pretendeu reviver tanto uma agenda progressista quanto a tradição norte-americana de igualitarismo. Sanders deixou claro que desejava restaurar a progressividade dos impostos e aumentar o salário mínimo, com o aumento do tamanho do Estado se acrescentaria assistência de saúde e educação universitária gratuitas, tudo isso num país onde a desigualdade no acesso à educação alcançou níveis muito altos. Após o estudo de Piketty, contudo, o Partido Republicano, representado por Donald Trump, afundado num discurso hiper-nacionalista, anti-imigrante, machista e xenofóbico, camuflado pelo enaltecimento sem limites da fortuna acumulada pelos brancos ultra-ricos, saiu vencedor do pleito eleitoral. 
Metodologia de desenvolvimento da pesquisa
A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi a metodologia descritiva, partindo do registro e análise de informações fornecidas em banco de dados para descrição do fenômeno objeto do presente estudo.
Foram analisados dados quanto à carga tributária brasileira e sua incidência em cada tipo de tributo, bem como comparação dos dados do sistema tributário brasileiro com demais países.
Por fim, utilizou-se um referencial teórico pela leitura de matérias publicadas acerca do tema objeto da pesquisa.
Conclusão
A participação no curso Educação e Cidadania Fiscal foi extremamente importante para o meu desenvolvimento, não apenas como estudante, mas principalmente como cidadã. O conhecimento adquirido no curso acerca da origem, aplicação e controle dos recursos públicos possibilita aos participantes uma melhor compreensão do que de fato acontece no cenário político do nosso país. 
Com o desenvolvimento do presente trabalho de pesquisa, conclui que o sistema tributário adotado no país está concentrado em tributos indiretos e cumulativos que sobrecarregam os trabalhadores mais pobres, uma vez que mais da metade da arrecadação provém de tributos que incidem sobre bens e serviços, havendo baixa tributação sobre a renda e o patrimônio. O Imposto sobre Grandes Fortunas, se saísse do papel e fosse regulamentado por Lei Complementar, renderia ao país aproximadamente 100 bilhões de reais por ano, se aplicada, em uma simulação hipotética, sobre patrimônios superiores a um milhão de reais. 
Além disso, importante reforçar que a ideia de que pagamos muitos impostos no Brasil é equivocada. Considerando toda a grandeza no país, tanto em população quanto em espaço territorial, percebemos que a arrecadação tributária total não é suficiente para custeio de bens públicos como é em países desenvolvidos como a Inglaterra, que tem a mesma arrecadação total, porém com uma demanda inúmeras vezes menor que no Brasil. 
A diminuição da desigualdade social no Brasil é possível sim, começando diminuição da desigualdade tributária. As reformas no sistema tributário brasileiro deveriam andar em busca de uma arrecadação que atue no sentido da redistribuição de renda e riqueza no país, reduzindo, assim, as desigualdades sociais.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_igualdade_de_riqueza
http://justificando.cartacapital.com.br/2016/12/16/o-novo-mapa-da-desigualdade-brasileira/
https://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/injustica-fiscal-a-brasileira-eis-o-grafico-da-desigualdadehttps://www.cartacapital.com.br/economia/o-regressivo-sistema-tributario-brasileiro
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/15/economia/1452864526_260183.html
http://ijf.org.br/?p=1183
http://ijf.org.br/?p=2056
https://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-um-dos-paises-mais-desiguais-do-mundo
http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/qual-e-o-imposto-de-renda-mais-caro-do-mundo/
https://www.cartacapital.com.br/economia/imposto-sobre-grandes-fortunas-renderia-100-bilhoes-por-ano-1096.html
1
Carga tributária por habitante
43
43
43
43
43
43
43

Continue navegando