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SISTEMA DE SAÚDE E SUAS FORMAS DE CUSTEIO E FINANCIAMENTO


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SISTEMA DE SAÚDE E SUAS FORMAS DE CUSTEIO E FINANCIAMENTO
De acordo com a legislação, o financiamento do Sistema Único de Saúde é tripartite, pois é de responsabilidade das três esferas do governo, a União, os Estados e os Municípios. Seu financiamento está fundamentado na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Saúde, que reúne as leis federais 8.080, 8.142 e nas Normas Operacionais Básicas.
A Constituição Federal cita em seu §1º do artigo 198 que “o sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes”, assim como o artigo 31º da Lei 8.080 diz que “o orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias”.	
O SUS é composto por uma rede de serviços de saúde regionalizada e hierarquizada, financiada pelas três esferas de governo desde 2000, na forma da vinculação constitucional definida pelo ADCT da Constituição Federal de 1988, com ações e serviços prestados de acordo com as responsabilidades definidas de forma tripartite pelos gestores da saúde, e cabendo: i) aos Municípios a prestação de serviços de saúde em cooperação com o estado e a União; ii) aos Estados a prestação de serviços em áreas estratégicas e em situações de carência de serviços ou omissão do município; iii) à União um papel estratégico e normativo, de regulação, coordenação e apoio à articulação interestadual, com prestação de serviços em caráter excepcional e em áreas estratégicas.
Segundo o artigo 9º da Lei 8.080, a direção do Sistema Único de Saúde é única, sendo exercida em cada esfera do governo pelos órgãos: “no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.”
Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil. Essas comissões terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, mas não são do campo de atuação do SUS e, por esse motivo devem ser articuladas com outros setores. Abrangendo as seguintes atividades: Alimentação e nutrição; Saneamento e meio ambiente; Vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; Recursos humanos; Ciência e tecnologia; Saúde do trabalhador.
O artigo 14-A e 14-B da lei 8.080, dispõe sobre o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), que são reconhecidos como entidades representativas dos entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função social, na forma do regulamento. Tendo por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do SUS, na esfera correspondente, assim como em relação a pesquisa e a cooperação técnica entre essas instituições.
O CONASS e o CONASEMS receberão recursos do orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a União.
O artigo 14 da mesma Lei cita as atribuições do âmbito administrativo da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Entre elas esta a administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados a saúde. Esses recursos orçamentários que será gastos a cada ano, estão nos planos de saúde – instrumento de planejamento do SUS, e que todas as esferas de governo devem fazer. Valido por quatro anos e é composto por quatro PAS (programações anuais de saúde). Ao final de cada ano, deve ser elaborado um relatório de gestão. E todos esses instrumentos devem ser apreciados e aprovados pelo respectivo conselho.
A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, resultante da sanção presidencial da Emenda Constitucional 29, define os percentuais de investimento financeiro de cada uma das esferas do Governo no Sistema Único de Saúde (SUS), os Municípios e o Distrito Federal devem aplicar no mínimo 15% da arrecadação de impostos em ações e serviços públicos de saúde (ASPS) por ano, e o Estado em 12%. O Governo Federal, seu total aplicado deve corresponder ao valor comprometido no exercício financeiro antecedente, adicionado do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. 
Porém, devido ao baixo crescimento do PIB, a participação da União no financiamento do SUS foi diminuindo gradativamente. Segundo dados do IBGE, o PIB de 2015 diminuiu 3,8% em relação ao ano de 2014, que teve o PIB fechado em 0,1%.
Com isso, o novo critério de cálculo estabelecido pela Emenda Constitucional nº 86 de 2015, foi com a base de cálculo da Receita Corrente Líquida, com escalonamento progressivo de percentuais até 2020, estabelecendo os seguintes percentuais de aplicação mínima da União: 13,2% no primeiro ano; 13,7% no segundo ano; 14,1% no terceiro ano; 14,5% no quarto ano e do quinto em diante 15,0%, representando assim uma redução orçamentária e financeira para o SUS.
Além da redução drástica da equação de financiamento, o arranjo constitucional inscrito no artigo 198, parágrafos 2º e 3º, incidem fundamentalmente no horizonte de progressividade ou estagnação que se estar a fixar para o avanço do SUS no país. Isso porque o artigo 3º da Emenda Constitucional 86/2015 determina que até mesmo os recursos oriundos da exploração do petróleo e gás natural (conhecidos como “Pré-Sal”) sejam contabilizados como gasto mínimo da União, perdendo assim sua condição anterior legalmente estabelecida de recursos adicionais.
Sendo assim, a Emenda Constitucional 86/2015, determinou que todas as ações e serviços públicos de saúde (ASPS) custeados pela parcela de royalties e participação especial da União serão computados para cumprimento do novo mínimo obrigatório estipulado.
Contudo, com a Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, houve nova alteração, determinando que a aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde (ASPS) pelo governo federal que seja calculada corrigindo-se o limite mínimo do ano anterior pela inflação.
O relator do tema, quando de sua tramitação como Proposta de Emenda à Constituição nº 241 (PEC 241) na Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados, Deputado Darcísio Perondi, apresentou parecer em 4/10/2016, propondo um substitutivo que alterava o limite inicial de aplicação mínima em ASPS (Substitutivo à PEC 241-B), congelando-o por vinte anos em valor equivalente a 15% da receita corrente líquida (RCL) de 2017, com correção monetária a cada ano pelo IPCA/IBGE acumulado de julho a junho do ano anterior ao da elaboração da proposta orçamentária.
A proposta inicial da Emenda (PEC 241) teve como base um ano (2016) em que a RCL apresentou queda real devido à redução da atividade econômica, e o valor previsto para a saúde foi inferior, em termos reais, ao valor empenhado em 2015. Com a alteração feita naquela Proposta ainda na Câmara, a proposição tramitou no Senado Federal como PEC 55, prevendo congelamento da aplicação mínima em saúde tendo como referência o orçamento de 2018 e utilizando como base a RCL de 2017, ano em que já se prevê crescimento da economia, após dois anos de forte recessão, adotando-se percentual de 15,0% ao invés dos 14,1% previstos na EC 86 para 2018. Esta foi a proposta aprovada, que deu origem à Emenda Constitucional nº 95, de 2016 (EC 95).
O gráfico abaixo apresenta de forma resumida a evolução da legislaçãoreferente ao financiamento do SUS.
Fonte: CONASEMS
O congelamento dos gastos com saúde, com redução em comparação com a regra de vinculação da EC 86, desconsidera uma série de aspectos relevantes que influenciam a necessidade de investimentos em saúde para manter os serviços existentes e garantir a cobertura universal e integral das ações e serviços públicos. Um desses aspectos que mais pressionarão o aumento dos gastos públicos com saúde é o envelhecimento populacional.
Enquanto a regra da EC 29 protegia o orçamento federal do SUS por meio da correção pela variação nominal do PIB, incorporando tanto a inflação (deflator implícito do PIB) quanto o crescimento real do PIB, a regra da EC 95 corrige o limite mínimo apenas pela inflação, desconsiderando a incorporação das taxas de crescimento da economia ao gasto com saúde, e reduzindo, conseqüentemente, sua participação no PIB. Reduzir a participação das despesas primárias no PIB é um dos objetivos desta Emenda.
Com a EC 95, os recursos que deixarão de ser obrigatoriamente aplicados em saúde são significativos, chegando a mais de R$ 400 bilhões em vinte anos, no cenário de crescimento da economia de 2% ao ano.
Os recursos financeiros federais administrados pelo Fundo Nacional de Saúde destinam-se a financiar as ações e serviços públicos em saúde das entidades integrantes do SUS. Parte deste recurso é transferida para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para que realizem, de forma descentralizada, ações e serviços de saúde.
São consideradas outras fontes de financiamento do SUS os recursos elencado no artigo 32 da Lei 8.080:
“Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:
I - (Vetado)
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.”
As receitas estaduais vinculadas à saúde, referente ao percentual mínimo de 12%, são em relação aos Impostos sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação (ITCD), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) assim como transferências constitucionais e legais: Cota-Parte do Fundo de Participação do Estado (FPE) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação).
Com relação às receitas municipais, de percentual mínimo de 15% em investimento na saúde, estão o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Imposto Territorial Rural (ITR) e transferências constitucionais e legais: Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Cota-Parte Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), Cota-Parte do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Cota-Parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação).
Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde devem ser utilizados exclusivamente na execução de ações e serviços de saúde previstos no Plano de Saúde. O artigo 36º, § único da referida lei, define que os planos de saúde são a base para toda a programação de saúde.
A Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, faz referência ao Fundo Nacional de Saúde e como os recursos serão alocados:
“Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.”
Os fundos municipais de saúde terão sua movimentação financeira em instituições oficiais federais, em conta única e específica, aberta pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), para cada bloco de financiamento, as quais receberão as transferências de recursos financeiros da União, como cita o artigo 12 da Lei Complementar 141:
“Art. 12.  Os recursos da União serão repassados ao Fundo Nacional de Saúde e às demais unidades orçamentárias que compõem o órgão Ministério da Saúde, para ser aplicados em ações e serviços públicos de saúde.”
Com a Portaria 204, de 29 de janeiro de 2007, foi estabelecido que os recursos federais e estaduais destinados as ações e aos serviços da saúde são repassados para os fundos municipais de saúde divididos em 6 (seis) blocos de financiamentos:
“Art. 4º  Estabelecer os seguintes blocos de financiamento:
I - Atenção Básica
II - Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar;
III - Vigilância em Saúde;
IV - Assistência Farmacêutica; e
V - Gestão do SUS.
VI - Investimentos na Rede de Serviços de Saúde. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 837 de 23.04.2009)
Parágrafo único. Os recursos financeiros a ser transferidos por meio do Bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde de que trata o inciso VI deste artigo destinar-se-ão, exclusivamente, às despesas de capital. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 837 de 23.04.2009)”
Assim, tinha-se uma conta única e específica para cada Bloco de Financiamento com transferência fundo a fundo. O Bloco de Investimento se caracterizava por ter contas correntes vinculadas a cada projeto, o que poderia ser confundido com convênios. No caso do Bloco da Assistência Farmacêutica, havia contas específicas para cada componente. 
Os recursos referentes a cada bloco de financiamento deveriam ser aplicados nas ações e serviços de saúde relacionados ao próprio bloco. Vedada a aplicação dos recursos do Bloco de Investimentos em órgãos e unidades voltados exclusivamente à realização de atividades administrativas.
Nos gráficos abaixo se tem os critérios e condições de repasse de cada bloco:
Com o advento da Portaria 3.992, publicada em 28 de dezembro de 2017, a partir de janeiro de 2018, o Ministério da Saúde mudou a transferência de recursos federais destinados a despesas com ações e serviços públicos de saúde, a serem repassados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sendo organizados e transferidos na forma dos seguintes blocos de financiamento: 
Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde; e
Bloco de Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde;
Não sendo mais o que ficou estabelecido pela portaria 204/2007. A mudança havia sido aprovada em janeiro de 2017 pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que é constituída por representantes do Ministério, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Os recursos que compõem cada Bloco serão transferidos, fundo a fundo, de forma regular e automática, em conta corrente específica e única para cada Bloco e mantidas em instituições financeiras oficiais federais.
São solicitadas algumas condições para a transferência dos recursos federais. O Ministério da Saúde somente poderá transferir recursos para o Estado, Distrito Federal e Município que tiver, conforme já dispõe a Lei Complementar 141: Alimentação e atualização regular dos sistemas de informações que compõem a base nacional de informações do SUS; Conselho de Saúde instituído e em funcionamento; Fundo deSaúde instituído por lei, categorizado como fundo público em funcionamento e Plano de Saúde, programação anual de saúde e relatório de gestão submetidos ao respectivo conselho de Saúde.
O repasse de recursos continuará o mesmo, não havendo nenhuma alteração no método de cálculo e distribuição dos recursos federais.
Esses recursos que compõem cada Bloco de Financiamento devem ser aplicados em ações relacionadas ao próprio bloco, observando também:
Que as ações devem constar no Plano Municipal de Saúde e na Programação Anual de Saúde do Município submetidos ao respectivo Conselho de Saúde; e
 O cumprimento do objeto e dos compromissos pactuados e/ou estabelecidos em atos normativos específicos, tais como as portarias e resoluções da CIT e das CIBs, expedidos pela direção do SUS.
 Vinculação com os programas de trabalho previstos no Orçamento geral da União, ao final do exercício financeiro.
Os municípios terão maior flexibilidade no uso dos recursos em cada conta dos blocos de custeio e investimento, no entanto, devem ao final do exercício, cumprir o Programa de Trabalho do Orçamento Geral da União que originou o repasse. Isto é necessário por conta da finalidade do Programa de Trabalho do Orçamento Federal que originou o repasse e gera vinculação, nos termos na portaria, ao final do exercício financeiro.
Observa-se, ainda, que na hipótese de saldos de um ano para o outro, a vinculação é válida até a aplicação integral dos recursos relacionados a cada Programa de Trabalho do Orçamento Geral da União que deu origem ao repasse, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorreu o ingresso no respectivo fundo de saúde. Enquanto os recursos não forem utilizados, deverão ser automaticamente aplicados em fundos de aplicação financeira de curto prazo, lastreados em títulos da dívida pública federal, com resgates automáticos.
O Fundo Nacional de Saúde divulgará, em seu sítio eletrônico, as informações sobre as transferências de recursos federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o custeio e investimento de ações e serviços públicos de saúde, organizando-as e identificando-as por Grupos relacionados ao nível de atenção ou à área de atuação, tais como: 
I. Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde 
a) Atenção Básica
b) Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar
c) Assistência Farmacêutica
d) Vigilância em Saúde 
e) Gestão do SUS.
 II. Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde 
a) Atenção Básica
b) Atenção Especializada 
c) Vigilância em Saúde
d) Gestão e desenvolvimento de tecnologias em Saúde no SUS
e) Gestão do SUS
Importante destacar que essa memória de cálculo, seja qual for o nível de detalhamento dela, serve para fins de transparência e registro de série histórica do próprio FNS, mas não vinculam o uso dos recursos, não configuram “caixinhas”. A norma, inclusive é explícita, quando diz que essas referências (memórias) “não ensejarão, em hipótese alguma, necessidade de identificação, nos orçamentos dos Municípios, Estados e Distrito Federal”.
Os recursos financeiros referentes ao Bloco de Custeio transferidos são destinados à manutenção da prestação das ações e serviços públicos de saúde e ao funcionamento dos órgãos e estabelecimentos responsáveis pela implementação das ações e serviços públicos de saúde, conforme artigo 5º da portaria 3.992, que ainda em seu parágrafo veda a utilização de recursos federais referentes ao Bloco de Custeio para o pagamento de: 
Servidores inativos; 
Servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempenhar funções relacionadas aos serviços previstos no respectivo Plano de Saúde;
Gratificação de função de cargos comissionados, exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos serviços previstos no respectivo Plano de Saúde;
Pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio município ou do estado; e
Obras de construções novas, bem como reformas e adequações de imóveis já existentes, ainda que utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde.
No artigo 6º, traz os recursos financeiros referentes ao Bloco de Investimentos na Rede de Serviços de Saúde também serão transferidos em conta corrente única, aplicados conforme definido no ato normativo pactuado e publicado em portaria especifica, e destinar-se-ão, exclusivamente, à:
Aquisição de equipamentos;
Obras de construções novas utilizados para a realização de ações e serviços públicos de saúde; e 
Obras de reforma e/ou adequações de imóveis já existentes utilizados para a realização de ações e serviços públicos de saúde.
E ainda veda a utilização de recursos financeiros referentes ao Bloco de Investimento em órgãos e unidades voltados, exclusivamente, à realização de atividades administrativas.
As contas correntes dos blocos de custeio e investimento serão abertas pelo Ministério da Saúde por meio da Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde nas seguintes instituições financeiras: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal
Segundo a portaria, os gestores dos fundos de saúde deverão comparecer à agência bancária para regularizar o registro das contas em até 05 dias úteis após a abertura das contas pelo Fundo Nacional de Saúde. Assim como também deverá definir se os recursos deverão ser mantidos em aplicação financeira de curto prazo, lastreados em títulos da dívida pública federal, com resgates automáticos, ou se serão transferidos para caderneta de poupança.
As contas correntes serão abertas nos CNPJs dos fundos de saúdes dos estados, municípios e Distrito Federal, nos termos da Lei Complementar nº 141/2012 e das normas editadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, natureza jurídica 120.1 – fundo público, condição existente atualmente em todos os fundos de saúde do país. 
Os recursos financeiros relativos às ações vinculadas a cada bloco de financiamento serão transferidos aos entes, conforme cronograma de desembolso do Fundo Nacional de Saúde, obedecida a programação financeira da Secretaria do Tesouro Nacional.
As solicitações de alterações de domicílio bancário deverão ser encaminhadas ao Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde pelo gestor de saúde, sendo permitida nova alteração somente após 1 (um) ano da solicitação anterior.
Os saldos financeiros das contas correntes vinculadas aos recursos federais transferidos em datas anteriores à vigência da Portaria nº 3.992/2017 e organizados sob a forma de Blocos de Financiamento de Atenção Básica; Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar; Gestão do SUS, Assistência Farmacêutica e Vigilância em Saúde, poderão ser transferidos para a conta corrente única do Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde, observando-se sempre:
A vinculação dos recursos, ao final do exercício financeiro, com a finalidade definida em cada Programa de Trabalho do Orçamento Geral da União que deu origem aos repasses realizados;
O cumprimento do objeto e dos compromissos pactuados e/ou estabelecidos em atos normativos específicos que regulamentaram o repasse à época do ingresso dos recursos no fundo de saúde do Estado, do Distrito Federal ou do Município.
Os recursos pendentes de repasse referentes a propostas e projetos de investimento com execução financeira iniciada em data anterior a entrada em vigor desta Portaria serão transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde para as mesmas contas em que foram transferidas as parcelas anteriores.
A comprovação da aplicação dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Saúde aos fundos de saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios, deverá ser encaminhada ao Ministério da Saúde, por meio do Relatório de Gestão, que deverá ser elaborado anualmente e submetido ao respectivo conselho de saúde para aprovação.
O Relatório de Gestão aprovado pelo Conselho de Saúde deve ser enviado ao Ministério da Saúde e ao Tribunal de Contas a que estiver jurisdicionado o órgão executor. Os Municípios devem também apresentaro Relatório aos seus respectivos Estados. 
O Relatório Anual de Gestão é o instrumento da gestão do SUS, do âmbito do planejamento, que deve apresentar os resultados alcançados com a execução da Programação Anual de Saúde decorrente do Plano de Saúde, bem como a execução orçamentária referente à aplicação dos recursos públicos.
A Lei Complementar 141/2012 definiu no § 1º do artigo 36 que os entes deverão encaminhar os Relatórios de Gestão para aprovação dos respectivos conselhos de saúde, até o dia 30 de março do ano seguinte ao da execução financeira.
 O Relatório de Gestão compõe-se dos seguintes elementos: 
Programação e execução física e financeira do orçamento, de projetos, de planos e de atividades;
Comprovação dos resultados alcançados quanto à execução do Plano de Saúde;
Demonstração do quantitativo de recursos financeiros próprios aplicados no setor saúde, bem como das transferências recebidas de outras instâncias do SUS; 
Documentos adicionais avaliados pelos órgãos colegiados de deliberação própria do SUS.
A regulamentação do Relatório de Gestão encontra-se na Portaria de Consolidação nº 1, de 28 de setembro de 2017, que trata da consolidação das Normas sobre Direitos e Deveres dos Usuários da Saúde, da Organização e do Funcionamento do SUS. 
As despesas referentes ao recurso federal transferido fundo a fundo devem ser efetuadas segundo as exigências legais requeridas a quaisquer outras despesas da Administração Pública (processamento, empenho, liquidação e efetivação do pagamento), mantendo a respectiva documentação administrativa e fiscal pelo período mínimo legal exigido. 
O Ministério da Saúde divulgará anualmente, o detalhamento dos Programas de Trabalho das dotações orçamentárias consignadas ao órgão que serão onerados pelas transferências de recursos federais referentes a cada Bloco de Financiamento, ou seja, os Programas de Trabalho do Orçamento Geral da União que geram repasses municípios, como Promoção da Atenção Básica em Saúde, Assistência Farmacêutica, Atenção Média e Alta Complexidade, dentre outros, serão divulgados, ano a ano.
Os municípios não terão que reorganizar os seus orçamentos para executar os recursos federais. As vinculações orçamentárias, como não poderiam deixar de ser, continuam exatamente como sempre foram e devem refletir as ações pactuadas de governo. A referida Portaria separa definitivamente, de forma inequívoca, o fluxo orçamentário do fluxo financeiro. Essa separação fortalece os instrumentos de planejamento e de orçamento, flexibilizando o fluxo financeiro, permitindo ao gestor gerenciar e aplicar adequadamente os recursos nas ações pactuadas e programadas.
O Ministério da Saúde vai monitorar a aplicação dos recursos federais, a cada dois meses, por meio do SIOPS – Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde. A partir do primeiro bimestre de 2018, está previsto o acompanhamento bimestral, conforme subfunções do orçamento (atenção básica, vigilância em saúde, assistência farmacêutica, média e alta complexidade). A pasta vai ter acesso aos recursos utilizados no âmbito federal, estadual e recursos próprios dos municípios a partir do sistema.
Além disso, o Ministério da Saúde vai acompanhar, a partir de março de 2018, o planejamento de saúde dos estados e municípios por meio do sistema (e-SUS GESTOR). A plataforma vai contribuir na qualificação do processo de planejamento no SUS. O gestor, obrigatoriamente, fica responsável por apresentar, por meio de sistema de informação, um mínimo de dados dos planos de saúde, programações e previsão orçamentária.  A ferramenta é mais uma medida de gestão, possibilitando a pasta certificar que as ações de saúde estão sendo cumpridas, de acordo com planejamento e execução dos recursos.
O quadro abaixo mostra a estrutura organizacional do Ministério da Saúde:
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
Quando as disponibilidades de oferta de serviços próprios forem insuficientes para garantir o atendimento à população, o gestor de saúde poderá complementar a oferta com serviços privados de assistência à saúde, respeitando as competências que lhes são atribuídas pela lei, a legislação aplicável às licitações e os limites de seu território no planejamento de ações garantidoras da suficiência da assistência.
Nas contratações complementares de serviços de saúde deverão ser observados os princípios e as diretrizes do SUS, a necessidade de ampliação da oferta, assim como as pactuações, a programação, os parâmetros de cobertura assistencial e os recursos financeiros disponíveis para a definição do objeto e do quantitativo a ser contratado, sendo assegurada a preferência às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, conforme previsto no art. 199, §1º, da Constituição Federal, devendo o Gestor, persistindo a necessidade quantitativa dos serviços demandados, recorrer às entidades com fins lucrativos.
A previsão da necessidade de complementação de serviços deverá constar no Plano de Saúde respectivo (Plano estadual de Saúde-PES ou Plano Municipal de Saúde-PMS), sendo detalhada na Programação Anual de Saúde (PAS), com sua formalização jurídica por meio de instrumento contratual que estabeleça, de forma clara e objetiva, os direitos e deveres de cada uma das partes.
É importante reforçar que deverá ser observado nas contratações os ditames constitucionalmente impostos à Administração Pública e para o estabelecimento dos vínculos formais, o cumprimento da legislação de licitações e contratos administrativos, Lei n°. 8.666/1993.
Merece destaque nas ações acima descritas, aquela que poderá ser verificada logo no início do processo quando do estabelecimento de relação de complementação de serviços com entidade filantrópica ou sem fins lucrativos.
 Para o atendimento da demanda deverá o gestor implementar medidas de ampliação do próprio público. Restando demanda, a complementação inicialmente deverá ser feita por entidades filantrópicas ou sem fins lucrativos, observando a preferência destas. Se ainda persistir demanda o gestor promoverá a contratação de empresas junto a iniciativa privada, com a celebração de contratos administrativos decorrentes de licitação.
O instrumento de convênio deverá estar perfeitamente delineado com um objetivo comum entre os interessados (entidade e Poder Público), não se prestando para mascarar situações onde se configure pura e simplesmente prestação de serviços. Deverá ser avaliado cada caso em particular. Os convênios não se submetem ao procedimento licitatório regular, estes são objeto de regulação conforme artigo 116 da Lei de Licitações (8666/93) e deve o gestor na avaliação das entidades futuras conveniadas se ater às indicações aplicáveis as habilitações constantes da mesma lei.
Segue gráfico para planejamento das contratações:
Os tipos de contratos utilizados pelo SUS são Convênios e Contratos.
O Convênio é o acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscais e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando a execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.
A Lei nº 8.666/93, no seu artigo 116, §1º, prevê que a entidade pública interessada em firmar convênio apresente um plano de trabalho, que deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: identificação do objeto a ser executado, metas a serem atingidas, etapas de execução, plano de aplicação dos recursos financeiros, cronograma de desembolso, previsão de início e fim da execução do objeto, assim como das etapas programadas.
O Contrato Administrativo: “É todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades de Administração públicae particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.” (Lei nº 8.666/93, artigo 2º, parágrafo único). 
Segundo nota do Tribunal de Contas da União, em seu Manual de Licitação, “as disposições contratuais devem estar em harmonia com os termos da proposta vencedora, com o ato convocatório da licitação ou com a autorização para contratação direta por dispensa ou inexigibilidade de licitação. Prevalece no contrato administrativo o interesse da coletividade sobre o particular. Essa superioridade, no entanto, não permite que a Administração ao impor vontade própria ignore direitos do particular que com ela contrata.”
Os Contratos tem interesses opostos, contra-prestações e posições jurídicas antagônicas, já os convênios tem interesse comum, compromissos convergentes e a mesma posição jurídica.
Na fiscalização dos contratos, o primeiro aspecto que sobressai é a execução do contrato, sendo que os artigos 66 e 67 da Lei n/ 8.666/93 estabelecem que o contrato deve ser executado fielmente pelas partes e a sua execução ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração, especialmente designado para isso.
A designação do fiscal para acompanhamento periódico do contrato (artigo 67 da Lei 8.666/93) que basicamente se aterá aos aspectos de execução formal do adimplemento contratual. O acompanhamento da execução dos contratos nas contratações de serviços de saúde deverão ser realizadas ações de controle e avaliação, com regularidade e com a finalidade de verificação dos resultados assistenciais. É recomendável que tal acompanhamento seja previsto no edital e que tenha previsão de ocorrência no mínimo trimestral.
Além da fiscalização, haverá o monitoramento e avaliação dos contratos (regulação). Os agentes designados para fiscalização, monitoramento e avaliação manterão sob suas responsabilidades: cópia do processo administrativo, do contrato e respectivos aditivos, do edital/regulamento de licitação ou do chamamento público, do documento descritivo e outros anexos que possam servir de base para a análise necessária, seja para resolver ou dirimir dúvidas ou para emitir decisão e proposta de penalidades. 
O monitoramento, avaliação e a fiscalização de contrato são medidas poderosas colocadas à disposição da Administração na defesa do interesse público. Toda execução do contrato deve ser fiscalizada e acompanhada de preferência pelo setor que solicitou a contratação. 
A ação de monitoramento e avaliação deverá viabilizar a emissão periódica de relatório ou nota técnica de avaliação, explicitando informações quanto a quantidade e qualidade dos serviços, eventuais falhas na prestação ou divergências no seu cumprimento. 
A Comissão de acompanhamento tem a finalidade é monitorar a execução das ações e serviços de saúde, devendo: avaliar o cumprimento das metas qualiquantitativas e físico-financeiras; avaliar a capacidade instalada; readequar as metas pactuadas, os recursos financeiros a serem repassados e outras que se fizerem necessárias; recebimento das análises e avaliações de desempenho realizadas pela fiscalização, deflagrando o processo administrativo para descredenciamento das pessoas jurídicas que descumprirem as obrigações constantes do Contrato; e recebimento de denúncias e adoção das providências administrativas para efetivar o cumprimento das obrigações contratuais.

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