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Parasitologia Taenia solium e Taenia saginata Profa. Cristina Amarante CLASSE CESTODA A classe Cestoda compreende um interessante grupo de parasitos, hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Apresentam o corpo achatado dorsoventralmente, são providos de órgãos de adesão na extremidade mais estreita, a anterior, sem cavidade geral, e sem sistema digestório. Taenia solium (suíno) e T. saginata (bovino)- Conhecidas como solitárias Teníase e cisticercose Teníase: provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T. saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo, os humanos. Cisticercose: provocada pela presença da larva (vulgarmente denominada canjiquinha) nos tecidos de hospedeiros intermediários normais, respectivamente suínos e bovinos. MORFOLOGIA GRANDES, EM FORMA DE FITA T. SOLIUM DE 1,5 A 4 METROS E T. SAGINATA DE 4 A 12 METROS COR BRANCA, ASPECTO LEITOSO. PODE SER TB AMARELADA A ROSADA (SUBSTÂNCIAS ABSORVIDAS NO INTESTINO) SUPERFÍCIE LISA E BRILHANTE Taenia solium Taenia saginata ESCÓLEX CORPO OU ESTRÓBILO (proglotes jovens e proglotes grávidas) T. saginata de 1.000 a 2.000 proglotes e ma T. solium de 1.000 a 2.000 proglotes Desenvolvimento completo em 3 meses Longevidade: Pode chegar a 30 anos OVOS SEMELHANTES A PROGLETES SE ROMPEM PERMITINDO A EXPOSIÇÃO DOS OVOS Taenia solium Humanos liberam as proglótides grávidas (acidentalmente pode ocorrer a liberação de ovos diretamente nas fezes devido a ruptura das proglótides). No ambiente as proglótides resistem meses se ficarem em ambientes úmidos e protegidas da luz solar. No ambiente, o hospedeiro intermediário próprio (suíno) ingere os ovos. Com a ação do suco gástrico e intestinal, as oncosferas saem dos ovos e são ativadas. As mesmas penetram na vilosidade do intestino, alcançam a corrente sanguínea e viajam por todo o organismo até se instalarem algum tecido do corpo do hospedeiro intermediário. As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro etc.), mas preferem os músculos de maior movimentação e com maior oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro). A oncosfera se transforma em cisticerco até 12 mm. Permanecem viáveis nos músculos por meses. A infecção humana (hospedeiro definitivo) ocorre pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco. O cisticerco se fixa através do escólex e cresce até o tamanho adulto. Após 3 meses já pode ocorrer a autofecundação e a taenia passa a liberar as proglótides com os ovos. Pode viver até 3 anos. Tamanho médio de 8 metros, podendo chegar a 15 metros. Cisticercose humana Adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase Auto-infecção externa: ocorre em portadores de T. solium quando eliminam proglotes e ovos de sua própria tênia levando-os a boca pelas mãos contaminadas ou pela coprofagia (observado principalmente em condições precárias de higiene e em pacientes com distúrbios psiquiátricos Auto-infecção interna: poderá ocorrer durante vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino, possibilitando presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium no estômago. Estes depois da ação do suco gástrico e posterior ativação das oncosferas voltariam ao intestino delgado, desenvolvendo o ciclo auto-infectante Heteroinfecção: ocorre quando os humanos ingerem alimentos ou água contaminados com os ovos da T. solium disseminados no ambiente através das dejeções de outro paciente. Taenia saginata A taenia adulta, presente no intestino do hospedeiro definitivo (homem), libera as proglotes contendo os ovos na fezes. As pastagens podem ser contaminadas com fezes humanas contendo os ovos. Os bovinos ao se alimentarem, ingerem os ovos, que eclodem e se transformam em cisticercos e se escondem na musculatura do bovino. O homem ao se alimentar de carne crua ou mal passada se infecta com o cisticerco, que acabará de se desenvolver no intestino do homem, fechando o ciclo. INFECÇÃO E IMUNIDADE GERALMENTE APENAS UMA TAENIA É ENCONTRADA PARASITANDO O HOSPEDEIRO. PRINCIPALMENTE NOS CASOS DA TAENIA SAGINATA PARASITISMOS MÚLTIPLOS: INFECÇÃO POR VÁRIOS CISTICERCOS OU IMUNIODEFICIÊNCIA DOS HOSPEDEIRO PODE HAVER O PARASITISMO POR MAIS DE UMA ESPÉCIE DE TAENIA PATOGENIA T. SAGINATA: CAUSA MAIS ALTERAÇÕES DIGESTIVAS. DOR EPIGÁSTRICA (DOR DE FOME), PERDA DE PESO, EM CRIANÇAS PODE OCORRER INAPETÊNCIA, MAS TB PODE OCORRER AUMENTO DO APETITE. EOSINOFILIA DE 5 % A 34% DOS CASOS. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: DOR ABDOMINAL, NÁUSEAS, ASTENIA , PERDA DE PESO. TB PODE OCORRER VERTIGENS, CONSTIPAÇÃO INTESTINAL, DIARREIA E PRURIDO ANAL. RARAMENTE APENDICITE ( PENETRAÇÃO DE PROGLOTE NO APÊNDICE) E OBSTRUÇÃO INTESTINAL T. SOLIUM: PARASITOSE MENOS EVIDENTE DO QUE A T. SAGINATA QUADRO CLÍNICO SEMELHANTE A T. SOLIUM, EMBORA A ASSISTOMATOLOGIA SEJA MAIS FREQUENTE MAIOR PROBLEMA LIGADO A CISTICERCOSE HUMANA Teníase: FREQUENTEMENTE ASSINTOMÁTICA Cisticercose Graves alterações nos tecidos, pode se instalar nos mais diversos tecidos, principalmente no Sistema nervoso, mas tb no coração, glândula mamária, olhos, 79-96% de tropismo pelo sistema nervoso central causando compressão e ataques convulsivos, hidrocefalia, meningite e etc Os sintomas dependerão da quantidade dos cisticercos, localização e resposta imunológica de cada pessoa. Diagnóstico para teníase PARASITOLÓGICO: Muitas vezes feito pelo próprio paciente ao encontrar as proglotes livres ou nas fezes As proglotes da T. Saginata forçam a passagem pelo orifício anal e podem encontradas na roupa de cama ou roupa íntima Pesquisa de proglotes: Para as duas tênias, o diagnóstico é genérico, pois microscopicamente os ovos são iguais. Para o diagnóstico específico, há necessidade de se fazer a "tamização" (lavagem em peneira fina) de todo o bolo fecal, recolher as proglotes existentes e identifica-las pela morfologia da ramificação uterina. Lembrar que o PPP são de 3 meses PESQUISA DE OVOS NAS FEZES: podem ser encontrados com qualquer técnica. Exames negativos não excluem o parasitismo PESQUISA DE OVOS COM A FITA ADESIVA: Busca na região perianal com a fita adesiva. Aplicar a fita adesiva na região, prede-la em uma lâmina e depois visualizar no microscópio. Eficiente em 90% dos casos de parasitismo por T. saginata , menos eficiente para T. solium. CLÍNICO PARA CISTICERCOSE HUMANA Procedência do paciente Criação inadequada de suínos Hábitos higiênicos Serviço de saneamento básico Qualidade da água utilizada para beber e irrigar hortaliças Ingestão de carne de porco malcozida, relato de teníase do paciente ou familiar. Cisticerco pode ser identificado por meio direto, através do exame oftalmoscópico de fundo de olho ou ainda pela presença de nódulos subcutâneos no exame físico. NEUROCISTICERCOSE RX: apenas quando calcificado Ressonância magnética e tomografia EPIDEMIOLOGIA Dependerá da região e do hábito alimentar T. saginata é rara entre os hindus e T. solium rara entre os judeus Dados epidemiológicos dos matadouros auxiliam no entendimento da doença na região No Brasil, de forma geral é endêmica, devido as más condições de sanitárias, criação extensiva de suínos e bovinos e ao hábito de consumir carne crua ou mal passada A cisticercose humana ocorre frequentemente por heteroinfecção Dejetos humanos contaminando fontes de água para beber ou utilizadas para regar hortaliças Disseminação de ovos de T. solium por moscas e baratas Acidentes de laboratório, quando o técnico ao manipularmaterial fecal ou vidraria se infecta acidentalmente Transmissão através de práticas sexuais orais PROFILAXIA Impedir o contato de suínos com fezes do hospedeiro definitivo Tratamentos de portadores de teníase Melhorar condições sanitárias da população Educação em saúde ( modernizar a suinocultura, combate ao abate clandestino, melhor inspeção em abatedouros, informação sobre o consumo de carne mal passada ou crua) TRATAMENTO Niclosamida Praziquantel Não usar praziquantel nas duas formas ( teníase e cisticercose) Rompe a membrana do cisticerco, ocorrendo vazamento do líquido da vesícula, altamente antigênico, causando uma intensa reação inflamatória local, sendo necessário a associação com altas doses de corticóide em geral em ambiente hospitalar. Mebendazol Sementes de abóbora (200 a 400 sementes de abóbora triturada e administrá-las com mel ou xarope de frutas) Teníase A cura só ocorre com a expulsão do escólex. Se todo o corpo for expulso, em apenas 3 meses reaparece as proglotes nas fezes Observar durante 3 ou 4 meses se há proglote nas fezes Outro tratamento só pode ser feito após a certeza da falha do primeiro Se empregar medicamento que apenas cause o desprendimento da taenia, deve-se utilizar um purgativo para a eliminação. Buscar o escólex nas fezes para se ter certeza. MUITO CUIDADO SEMPRE AO MANEJAR AS FEZES PARA SE EVITAR A CONTAMINAÇÃO PELOS OVOS DA T. SOLIUM E CAUSAR CISTICERCOSE. NENHUM MEDICAMENTO É OVICIDA. TAMBÉM DEVE-SE EVITAR A CONTAMINAÇÃO DO AMBIENTE COM ESSE MATERIAL Neurocisticercose Albendazol vem sendo utilizado e considerado o medicamento de escolha na neurocisticercose Neurocisticercose intraventricular- Não raramente se utiliza a cirurgia. EPIDEMIOLOGIA T. SAGINATA: DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL. ENDÊMICA NA AMÉRICA DO SUL, EUROPA, ÁSIA E JAPÃO T. SOLIUM: COSMOPOLITA. ENDÊMICA AMÉRICA LATINA E ÁFRICA CONTROLE DAS TENÍASES NOVOS MEDICAMENTOS E TÉCNICAS DE CRIAÇÃO DE ANIMAIS, SOBRETUDO SUÍNOS, CAUSARAM GRANDE IMPACTO NA PREVENÇÃO E TRANSMISSÃO LEGISLAÇÃO: A)NOTIFICAÇÃO DE CASOS HUMANOS E EXAMES PERÍODICOS EM PESSOAS QUE TRABALHAM NA INDÚSTRIA DE CARNE B)PROIBIÇÃO DE ABATE CLANDESTINO E SUA COMERCIALIZAÇÃO C)HIGIENE NAS CRIAÇÕES, ABATEDOUROS, MERCADOS E RESTAURANTES DIMINUINDO A POLUIÇÃO AMBIENTAL DO HOMEM VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: ÁREA MÉDICA-EXAME EM MASSA E TRATAMENTO DOS DOENTES; ÁREA VETERINÁRIA- MELHORA DOS SERVIÇOS NOS ABATEDOUROS MEDIDAS DE CONTROLE DA CARNE: INSPEÇÃO MEDICO VETERINARIA DA CARNE. OS CISTICERCOS MORREM EM 6 DIAS POR CONGELAMENTO A -15 GRAUS . POR SALGA TB OCORRE A ELIMINAÇÃO. CONSUMO DE CARNE COZIDA É A MELHOR PROTEÇÃO INDIVIDUAL. A T. SAGINATA MORRE A 50 GRAUS E T. SOLIUM A 55 GRAUS. PROTEÇÃO AMBIENTAL: MODERNIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE CRIAÇÃO DE SUÍNOS E BOVINOS E SANEAMENTO GERAL DAS AREAS ENDÊMICAS EDUCAÇÃO SANITÁRIA: ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO E MUDANÇAS DE HÁBITOS ALIMENTARES E DEFECATÓRIOS
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