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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ FICHAMENTO DO TEXTO: AS ORIGENS DO DIREITO OCIDENTAL NA PoLíS GREGA Kauê Mauricio de Brito Ricardo Metz Weitz Chapecó, (SC), 10 Agosto 2018 O Direito Ocidental presenciado no século XX, é resultado das experiências republicanas vividas nas cidades-Estado da Polis grega, onde se viveu uma experiência intelectual, política e jurídica, que foi capaz de alterar o modo de relação entre o poder exercido pelo Estado na população por este governada.. Os primeiros resquícios de leis de uma sociedade, são as leis de Eshnunna e o código de Hammurábi. Apesar de seu conteúdo demonstrar os esforços de legitimação da autoridade real, no intuito de regulamentação das relações sociais, buscando promover o “justo”, entre os seus cidadãos, onde nos apresenta um conjunto de leis jurídicas distintas das que foram desenvolvidas na Polis grega. Na Grécia antiga, ao fim de um longo período denominado como Idade de Ulisses, a realeza portadora do poder até então entra em crise, abrindo espaço para a Aristocracia, que se apropria das prerrogativas do poder, no intuito de relegar a realeza apenas funções religiosas, dividindo assim o poder em três funções: Militar, Administrativa e Religiosa, ou seja, destituindo a figura do rei dos seus poderes políticos. Nesse primeiro passo, o poder começa a sair da esfera do privado, onde estava sob o controle do rei e começa a seguir sentido ao estabelecimento da ordem pública, tendo o poder agora como função, não mais como uma pessoa. Para o exercício da mesma, escolhe-se por eleição pessoas que exercerão esses cargos por um período determinado, transferindo assim o poder para a comunidade que possuía plenos direitos de cidadania. Nessa transição de monarquia para a polis aristocrática é onde surge o conceito de que o Estado deveria estar sujeito ao interesse público da comunidade e que esta comunidade deveria exercê-lo por si só. A história política de Atenas, caracteriza-se pelo processo de crescimento das prerrogativas políticas entre os homens livres, denominadas pelos mesmo como isonomia – a garantia da igualdade perante a lei, ontem é instaurado um complexo sistema de circulação, rotatividade e controle do poder, elevando assim os níveis de participação, evitando a concentração do poder, sendo assim o mesmo não era exercido em nome dos interesses de particulares, mas em prol da maioria dos cidadãos, porém ainda privando escravos, estrangeiros e mulheres. A sociedade grega foi a pioneira na mudança de patamar do direito. Inicialmente vigorava o chamado “direito arcaico”, o qual era aristocrático e autoritário. Era um direito totalmente influenciado pelas crenças míticas da época (uma espécie de “religião”). As leis, baseadas na tradição e perpetuadas oralmente, beneficiavam geralmente as famílias mais influentes. Somente no século VII, com a utilização da escrita o direito “arcaico” começa a declinar. Mesmo com poucas pessoas capazes de ler, as regras eram escritas e apresentadas em locais públicos. No ano 621 Drácon cria leis que transferem para o Estado poderes antes restritos aos aristocratas, garantindo assim o desenvolvimento de preceitos democráticos e humanizados do direito. Solon, influenciado pelas leis de Drácon, garante que a lei valerá para todo cidadão, aristocrata ou não. Começa então a existir o direito de defesa do acusado e os métodos regulares de processo. Cria-se os tribunais populares e democráticos de Atenas. Um desses era a Heliéia, o qual era constituído por 6000 cidadãos, divididos e sorteados de maneira igualitária entre as tribos. Para incentivar todos os cidadãos, inclusive os pobres, em querer participar foi sancionada uma pequena remuneração para os participantes. Existia também a figura dos tesmótotas, os quais eram encarregados da administração da justiça, sorteados anualmente na razão de um por tribo. Com o sistema mais democrático e universalizado aparece a função do “advogado”, chamado de logógrafo na época. Tanto o denunciante como o acusado contratavam o logógrafo para fazer seu discurso, com técnicas persuasivas e sofisticadas. Essa prática acabou por tornar os julgamentos acurados no que concerne à retórica. Mesmo entre os logógrafos havia o princípio da isonomia: o discurso de ambos os lados tinha um tempo cronometrado. E são esses discursos públicos que herdamos como uma das principais técnicas do pensamento racional da democracia ateniense. Foi com o avanço das instituições jurídicas gregas que surge a noção do individualismo. Por exemplo, a voluntariedade individual dos delitos e as penas individuais, sem prejuízo de familiares. Tudo isso evidencia o início do rompimento institucional e intelectual entre justiça e religião. Conclusão Foi na Grécia que surgiram vários princípios básicos perpetuados pelo direito ocidental. E mesmo o antigo direito romano, o qual é considerado o principal precedente do direito moderno, herda muitas noções políticas e jurídicas das cidades-Estado gregas, principalmente de Atenas. Com o paralelismo do desenvolvimento político e jurídico grego se chegou à primeira experiência de viés mais democrático, à qual certamente podemos considerar como embrião da democracia moderna. Há de se estimar o uso da escrita e a codificação de leis, solenes na mudança de paradigma, porém o real avanço deve-se a completa revolução do modo de pensar, jurídico, político e socialmente. Muda-se profundamente a noção de cidadão, de poder soberano e a consciência política. Perde-se, mesmo que não completamente, a relação, hoje impensável para nós, entre direito e religiosidade. Com toda essas “reformas” surgem vários ofícios antes desconhecidos e que, com óbvias diferenças, existem até hoje. Podemos citar entre estes os os grandes discursos feitos pelos hológrafos e a administração político-judicial pelos tesmótotas, profissões antigas mas que guardam semelhanças entre as atuais. Se hoje o direito é, ao menos em teoria, público e universal, é primeiramente aos gregos que devemos gratular. Referências bibliográficas CERQUEIRA. Fábio Vergara. As origens do direito ocidental na pólis grega.
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