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RT17ACORDO EXTRAJUDICIAL FELIPE BERNARDES

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Processo do Trabalho – Acordo Extrajudicial 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Processo do Trabalho – Acordo Extrajudicial 
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SUMÁRIO 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 3 
2. ACORDO EXTRAJUDICIAL ................................................................................. 3 
 
 
 
 
 
Processo do Trabalho – Acordo Extrajudicial 
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Estamos de volta com nosso curso e agora, com o bloco 4 da parte de Processo 
Trabalho. Neste bloco, será tratado a respeito do acordo extrajudicial (matéria de justiça 
voluntária). 
 
2. ACORDO EXTRAJUDICIAL 
A inovação trazida pela reforma está no art. 652, letra f, CLT: 
Art. 652. Compete às Varas do Trabalho: 
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da 
Justiça do Trabalho. 
Isto é, trata-se de acordo feito fora do juízo, fora da justiça, pelo patrão e pelo 
empregado. 
Em geral, a jurisprudência sempre foi muito refratária à ideia de acordo extrajudicial, 
posto que a situação típica do empregado, no Brasil, é de hipossuficiência (tem dificuldade 
financeira e, até mesmo, de compreensão de alguns aspectos jurídicos). 
Muitas vezes, esse empregado e esse empregador faziam um acordo fora de juízo, 
combinavam entre si alguma questão. O empregador poderia abusar dos seus poderes e 
conhecimento na confecção do acordo e dispor que o empregado dava quitação total pelo 
contrato de trabalho, ou seja, o empregado não poderia reclamar em juízo nenhuma outra 
parcela. 
Por sua vez, o empregado, por não compreender o que estava assinando, ou até 
mesmo que compreendesse, mas diante da situação de hipossuficiência financeira, acabava 
aceitando firmar o acordo para receber as verbas rescisórias. Isso porque o empregador 
poderia condicionar o pagamento das verbas rescisórias se o empregado assinasse o acordo 
dando ao empregador quitação plena, total e irrestrita. 
Claramente, trata-se de uma situação que pode gerar embaraços no acesso à justiça. 
O empregado, nesse caso, estaria impossibilitado de acessar o poder judiciário, por 
força de um acordo feito fora de juízo, sem a presença de nenhuma autoridade estatal a fim 
de verificar, eventualmente, a renúncia de direitos. 
O trabalhador poderia estar renunciando os direitos sem nenhuma necessidade. 
Diante disso, na doutrina e na jurisprudência, sempre se teve muita cautela com 
relação a acordo extrajudicial, ou seja, até se admitia, mas o juiz precisava ter vários cuidados 
com relação ao acordo. 
Processo do Trabalho – Acordo Extrajudicial 
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A previsão de competência trazida pela reforma possui por pontos positivos: 
a) Desestimula as lides simuladas: tem-se por lides simuladas aquelas lides que não 
existem, em que as partes simulam que estão litigando, que estão em confronto, mas, na 
verdade, só visam um acordo. Ex: empregado ajuíza reclamação trabalhista, em que, tanto 
empregado, quanto empregador, comparecem em audiência, e realizam acordo no processo 
para ter a homologação/ chancela judicial. 
O acordo extrajudicial que seja homologado judicialmente possui força de coisa 
julgada (aí está, portanto, o mérito do dispositivo); ou seja, o acordo feito pelo patrão e o 
empregado, de forma extrajudicial, foi levado à homologação pelo juiz do trabalho, este 
possui o mesmo valor que uma decisão judicial com trânsito em julgado, possui coisa julgada 
material, não podendo ser modificado, alterado. 
b) Redução da litigiosidade: reduz o número de ações instauradas; as ações ajuizadas 
serão aquelas em que realmente exista o conflito, posto que, quanto as demais, diante dessa 
previsão legal, haverá mais uma possibilidade de acordo, mais uma oportunidade de 
conciliação. 
c) Aumento da segurança jurídica: as partes sabem que podem firmar acordo, o qual 
pode ser levado à homologação pelo juiz, apresentando status de coisa julgada material. 
Contudo, tem-se por pontos negativos: 
a) Risco de o poder judiciário figurar como órgão homologador: essa previsão legal traz 
o risco de o poder judiciário passar a figurar como órgão homologador de rescisões de 
contrato de trabalho. 
Sabe-se que, nos termos da CLT, quem homologa a rescisão é o sindicato da categoria 
profissional ou o Ministério do Trabalho; geralmente, são os órgãos que vão fazer a 
homologação de rescisão, que irão verificar se o empregador está pagando as parcelas, se há 
desconto indevido, se há alguma causa de estabilidade do empregado, enfim, os critérios de 
proteção ao empregado. 
A lei quando prevê a homologação, certamente, prevê com objetivo de proteger o 
empregado, de evitar rescisões feitas sem cautela que possam vir a prejudicar esse 
empregado. 
Caso seja permitido que um acordo extrajudicial venha a ser homologado pelo poder 
judiciário, para que tenha o efeito de coisa julgada e para que possa ser imodificável, o que 
pode acontecer as pessoas deixarem de fazer a homologação pelo sindicato e/ou Ministério 
do Trabalho e optar por fazer junto ao poder judiciário. 
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Esse tipo de homologação é muito mais seguro, principalmente, para o empregador, 
posto que um acordo extrajudicial homologado em juízo, com os efeitos de coisa julgada 
material, não poderá ser modificado. 
➢ No entanto, o poder judiciário pode atuar como órgão homologador? Será que, 
na prática, haverá essa transferência de competência do sindicato/ministério do 
trabalho para o poder judiciário? 
Esse é o grande perigo, o grande risco dessa previsão. 
A recomendação do professor, principalmente, para os colegas juízes, é no sentido de 
se ter muita cautela nas situações dessas homologações. 
O professor afirma ser muito difícil visualizar soluções em relação a esse paradigma, 
contudo, tem-se uma ideia que pode auxiliar: CONDENAÇÃO EM CUSTAS. 
Primeiramente, jamais se deve isentar de custas uma situação de homologação de 
acordo extrajudicial; se as partesoptam por levar o acordo para homologação pelo poder 
judiciário, estas deverão arcar com as custas, com as despesas do processo, bem como, com 
os honorários advocatícios. 
No próximo bloco, será visto o procedimento de homologação de acordo. Sugere-se, 
pois, que, nos processos de homologação de acordo extrajudicial, as partes sejam condenadas 
ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios sucumbenciais. 
Caso haja a cobrança das custas e dos honorários advocatícios, pelo menos, haverá um 
desestímulo financeiro/econômico para que as partes optem por levar o acordo extrajudicial 
para homologação pelo poder judiciário. 
Se as partes levam o acordo para homologação junto ao Sindicato/Ministério do 
Trabalho, a homologação será gratuita; contudo, se levar em juízo, deverá arcar com as custas 
e honorários. Observa-se, pois, pelo menos, um desestímulo, não necessariamente, efetivo, 
mas uma tentativa de se buscar essa transferência de atribuição de homologação para o poder 
judiciário. 
➢ Em que situações o juiz do trabalho pode se recusar a homologar acordo 
extrajudicial? 
Aproveita-se o momento para criticar a redação da Súmula 418 do TST: 
Súmula nº 418 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE 
ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado 
em 20, 24 e 25.04.2017 
A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo 
tutelável pela via do mandado de segurança. 
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Através da redação da Súmula, constata-se que o juiz seria livre para homologar ou 
não homologar acordo extrajudicial. Percebe-se que esta súmula fora alterada pelo TST para 
se adequar ao CPC/15. Antes dessa alteração, a súmula previa que a concessão/indeferimento 
de liminar também seriam faculdades do juiz. 
Essa disposição é bastante criticada, posto que o juiz não tem opção, não tem 
faculdade, não tem juízo de conveniência e oportunidade para deferir/indeferir a liminar a 
seu bel-prazer, a seu querer, ou homologar ou não, o acordo a seu entender. 
Insta salientar que o juiz não tem juízo de conveniência e oportunidade. O juiz pode e 
deve deixar de homologar um acordo caso exista situação de risco, de fraude, entre o 
empregado e o empregador para prejudicar terceiros, de acordo altamente lesivo ao 
trabalhador, em que está renunciando direitos líquidos e certos sem qualquer justificativa 
plausível. 
Nessas situações, o juiz deve portar-se com cautela e não homologar o acordo. Trata-
se, portanto, de DEVER; não é faculdade. 
Da mesma forma, se dava a situação de tutela antecipada, prevista na Súmula 
anteriormente, o que já fora corrigido pelo TST, de modo que o mesmo deveria se dar quanto 
à homologação de acordo. 
Repisa-se que homologação de acordo não é faculdade do juiz, assim como a 
concessão/não da tutela antecipada. No caso da tutela antecipada, se estiverem presentes os 
requisitos legais (fumus boni iuris e periculum in mora), o juiz tem o dever de conceder; se não 
tem os requisitos presentes, o juiz tem o dever de não conceder. Não existe liberdade na 
apreciação judicial. 
Logo, ainda que a súmula fale em “faculdade”, já se expôs que não é esse o caso, sendo 
um dever do juiz. 
O juiz deve se recusar a homologar acordo extrajudicial quando houver situação de 
fraude; de acordo lesivo ao trabalhador; situação em que haja direitos que estão sendo 
renunciados. 
Exemplo: faz-se um acordo em que o empregador pagará a rescisão do empregado, 
mas o trabalhador renuncia a outras parcelas ou direitos que, eventualmente, possua. Tais 
quais: indenização por danos morais, adicional de periculosidade, etc. 
Observe que se trata de um acordo sem fundamento, altamente lesivo. As verbas 
rescisórias são direitos líquidos e certos, de modo que, havendo dispensa imotivada, sem justa 
causa, o empregado deve receber o aviso-prévio, o 13º salário, férias, FGTS com 40%. 
Diante disso, não faria sentido o juiz do trabalho homologar acordo extrajudicial 
referente ao pagamento das verbas rescisórias, sendo que existe cláusula em que o 
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empregado renuncia a qualquer outro direito, dá quitação total com relação ao contrato de 
trabalho. 
Nessas situações, o juiz possui o dever de não homologar esses acordos prejudiciais ou 
fraudulentos. Não se trata, portanto, de faculdade, mas sim, de dever, sendo que a negativa 
em homologar deve ser fundamentada, ou seja, o juiz precisa expor os fundamentos. 
A previsão do art. 652, f, CLT possui, potencialmente, efeitos positivos, contudo, deve 
ser aplicado com cautela em virtude dos inúmeros riscos decorrentes. 
Sugeriu-se também que as partes sejam instadas a pagar as custas processuais e os 
honorários advocatícios sucumbenciais para que o acordo extrajudicial seja homologado pelo 
Poder Judiciário.

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