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WEB AULA 2 (DIREITO EMPRESARIAL II) CASO CONCRETO Fernando Lopes emite uma letra de câmbio em face de Luan e a favor de Eduarda, que a endossa em branco para Rebeca, a qual endossa em preto para Maria que, por sua vez, também endossa em preto para João. Este endossa em branco e repassa o título para Dora, que repassa o título por tradição para Eunice, e assim vai por Emerson e Vitor. Por fim, Vitor transmite o título para Miro, através de endosso em preto. Diante disso: a)Determine quais os obrigados pelo pagamento do referido título. R: Os obrigados pelo pagamento são: Fernando Lopes, Luan , Eduarda, Rebeca, Maria e Vitor. b) Especifique o principal efeito do endosso realizado por Vitor. R: O principal efeito do endosso em preto é fazer com que o título fique nominal e caso o portador queira transferi lo obrigatoriamente deverá faze lo por endosso QUESTÃO OBJETIVA 1: No que se refere ao instituto do aval, assinale a alternativa correta: a) o aval tem exatamente os mesmos efeitos do endosso. b) em qualquer título de crédito, é vedado o aval parcial, conforme determina o artigo 897, parágrafo único do Código Civil. c) no caso das letras de câmbio, é permitido o aval parcial, por força de previsão em legislação especial. d) o aval corresponde a um tipo de fiança, tendo em vista que possui as mesmas características. e) assim como a fiança, o aval admite benefício de ordem, ou seja, primeiramente a cobrança deve recair sobre o avalizado, e depois sobre o avalista. DOUTRINA Waldemar Martins Ferreira leciona: “O endosso transmite a propriedade do título de crédito e, para que valha, basta a simples assinatura do endossador, de próprio punho, no verso. Embora os possuidores intermediários dos títulos endossados em branco e neles não deixem traços de si mesmos” [...] (FERREIRA, 1958: pag 67). (FERREIRA, Waldemar Martins. Instituições de o estatuto das direito comercial : obrigações e os títulos de crédito. 4. ed. São Paulo: Max Limonad,1958). Wile Duarte da Costa entende: “O endosso, portanto, é a declaração cambial sucessiva e eventual, pela qual o portador do título e titular do direito cambial transfere o título de crédito e o direito dele constante para terceiros definitivamente, se for pleno, passando em razão de sua assinatura no endosso, a obrigado indireto, também responsável pelo pagamento do título”. (COSTA, 2008: pg 179). (COSTA, Wille Duarte. Títulos de crédito. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008). JURISPRUDÊNCIA Tribunal de Justiça de Santa Catarina TJ-SC - Apelação Cível : AC 483920 SC 2010.048392-0 Apelação Cível n. 2010.048392-0, de Braço do Norte Relator: Des. Subst. Altamiro de Oliveira APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. ENDOSSANTE. GARANTE DA SATISFAÇÃO DA OBRIGAÇÃO REPRESENTADA NO TÍTULO, SALVO SE EXISTENTE CLÁUSULA EXPRESSA EM SENTIDO CONTRÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM MANIFESTA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. O endossante, salvo cláusula em contrário, é responsável pelo pagamento da nota promissória, pois tal efeito decorrente de lei e do princípio geral do direito cambiário, obriga quem subscreve o título de crédito a fim de transmitir os direitos dele decorrente, ao pagamento como devedor solidário. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 2010.048392-0, da comarca de Braço do Norte (2ª Vara Cível), em que é apelante Edilson Luiz Niehues, e apelado Wilton Orben: ACORDAM, em Quarta Câmara de Direito Comercial, por votação unânime, conhecer do recurso e negar-lhe provimento. Custas legais. RELATÓRIO Edilson Luiz Niehues interpôs recurso de apelação contra a sentença que julgou improcedentes os pedidos deduzidos nos embargos opostos à execução. Nas razões de insurgência, ponderou que apenas endossou os títulos que amparam o feito executivo, ou seja, não se apresenta como avalista da dívida a fim de garantir a sua satisfação. Diante disso, por entender não ser parte passiva legítima, requereu a reforma da sentença com a sua consequente exclusão da demanda. As contrarrazões foram alocadas às fls. 39-41. VOTO Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença que julgou improcedentes os pedidos predispostos na iniciação dos embargos à execução. O endossante, salvo cláusula em contrário não evidenciada nos títulos do caso, "é responsável pelo pagamento da nota promissória, do cheque e da duplicata. Trata-se de efeito que decorre de lei e do princípio geral do direito cambiário, pelo qual quem apõe a sua assinatura no título de crédito torna-se obrigado pelo pagamento como devedor solidário" (ROSA JUNIOR. Luiz Emygdio Franco da. Títulos de crédito. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 219). Tal garantia de satisfação justifica-se porque, ao subscrever o título, o endossante torna-se devedor indireto, solidário e de regresso, sendo esse, portanto, o efeito vinculante do endosso. À propósito, tem-se da norma também aplicável à nota promissória: "Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra" (Decreto n. 57.663/1966). Para conferir maior credibilidade a este estudo, mais uma vez retira-se das palavras de Luiz Emygdio Franco da Rosa Junior valioso ensinamento: A integração do endossante, como devedor, na relação cambiária visa a proteger o terceiro adquirente do título, e, assim, facilitar a sua circulação. [...]. A solidariedade cambiária dos devedores decorre de lei, e, em consequência, o portador tem o direito de demandar todos os obrigados, individual ou coletivamente, sem estar obrigado a observar a ordem em que se obrigaram. O art. 914 do CCB de 2002 estabelece que o endossante, salvo cláusula em contrário, não responde pelo cumprimento da prestação constante do título. [...]. Todavia, tal dispositivo não se aplica aos títulos de crédito regrados por lei especial e que disponha em sentido contrário (art. 903) (ob. cit., p. 2109- 220). Dito isso, não evidenciada qualquer cláusula que exclua o endossante de garantir o título, patente é a sua legitimidade para figurar no polo passivo da ação de execução. O não provimento do recurso, pois, é medida imperativa. DECISÃO Ante o exposto, conhece-se do recurso e nega-se-lhe provimento. O julgamento, realizado no dia 22 de março de 2011, foi presidido pelo Exmo. Sr. Des. Lédio Rosa de Andrade, com voto, e dele participou o Exmo. Sr. Des. José Carlos Carstens Köhler. Florianópolis, 22 de março de 2011. Altamiro de Oliveira RELATOR