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Caso Concreto 02 Processo Civil 4

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Caso Concreto 02 – Brisa Lima de Figueiredo
A fraude à execução é um instituto de natureza processual, que constitui ato atentatório à dignidade da justiça. Conforme seu art. 792, IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência. Segundo a 1ª parte da Súmula 375 do STJ, o reconhecimento da fraude à execução depende da prévia averbação do processo ou da constrição judicial que recai sobre o bem alienado. Por sua vez, o § 4º do art. 828 do CPC considera em fraude à execução a alienação ou a oneração dos bens após essa averbação. Já a 2ª parte da Súmula 375 do STJ, in verbis: “No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem”. Não tendo havido o registro da penhora sobre o bem alienado a terceiro, a fraude à execução somente poderá ficar caracterizada se houver prova de que o terceiro tinha conhecimento da ação ou da constrição, caracterizando a má-fé do adquirente. O terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes. Antes de se declarar a fraude à execução deva ser intimado o adquirente, para que, se quiser, apresente embargos de terceiro (CPC/2015, art. 792, § 4º). 
À míngua de disposição expressa em contrário, deve-se aplicar sempre o procedimento comum (CPC/2015, art. 318), com todos os direitos e garantias constitucionais (CF/1988, art. 5º, XXXV, LIV e LV). Uma vez alegada eventual fraude, a execução deve ser suspensa (art. 313, V, do CPC/2015), até que a questão seja solucionada na órbita penal, por constituir modalidade criminosa (art. 179 do CP). É na ação penal que se encontra solo próprio para a discussão sobre tipicidade penal, a respeito de fraude e seus requisitos, mormente conluio entre partes, concurso de pessoas e concurso de vontades. A esfera penal é mais apropriada para a discussão e apreciação dos elementos subjetivos, tão necessários à configuração da fraude. O dolo é elemento essencial para a tipificação da fraude à execução na esfera penal e assim também o é na órbita cível. Faltando o dolo na área penal, não há tipificação da fraude; o mesmo se dá no campo cível, em que a sentença penal produz seus efeitos, seja o efeito condenatório ou o absolutório, tanto pela tipificação quanto pela falta de tipicidade da conduta (art. 91, I, do CP e art. 63 do CPP). A fraude à execução de que trata o Código Penal (art. 179) é a mesma de que trata o art. 792 do CPC/2015. Seriam de extrema incoerência a absolvição por falta de dolo na via penal e a declaração de fraude mesmo sem dolo na esfera cível. Essa contradição é que não se pode admitir. Para evitar que isso ocorra, o processo penal é prejudicial externa, devendo a ação cível ser suspensa até que a ação penal seja julgada (CPC/2015, art. 313, V, a e b).
“A fraude à execução é manobra do devedor que causa dano não apenas ao credor (como na fraude pauliana), mas também à atividade jurisdicional executiva. Trata-se de instituto tipicamente processual. É considerada mais grave do que a fraude contra credores, vez que cometida no curso de processo judicial, executivo o apto a ensejar futura execução, frustrando os seus resultados. Isso deixa evidente o intuito de lesar o credor, a ponto de ser tratada com mais rigor.” (DIDIER; FREDIE)
A fraude contra credores constitui defeito social do negócio jurídico, que, nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves: “não conduzem a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo. Mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros ou de fraudar a lei”. (Direito Civil – Parte Geral, vol. I, São Paulo, Ed. Saraiva, 1997, p. 98)
a ação cabível é a Ação 
Pauliana para anular os atos que geraram a insolv6encia do devedor, reintegrando 
seu patrimônio para que seja atingido.
a ação cabível é a Ação 
Pauliana para anular os atos que geraram a insolv6encia do devedor, reintegrando 
seu patrimônio para que seja atingido.
a ação cabível é a Ação 
Pauliana para anular os atos que geraram a insolv6encia do devedor, reintegrando 
seu patrimônio para que seja atingido.
A ação cabível é a Pauliana, visando anular os atos que geraram a insolvência do devedor, reintegrando seu patrimônio para que seja atingido.
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE DEVEDOR. FRAUDE EXECUÇÃO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE.
O reconhecimento da fraude à execução devolve os envolvidos ao "status quo ante". Assim, enquanto nos autos do processo de execução que a embargada move contra a executada não for declarada a desconsideração da personalidade jurídica, os bens que são de propriedade do embargante em razão da declaração de ineficácia da venda feita à executada, não podem ser penhorados. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70042346817, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Munira Hanna, Julgado em 19/03/2015).
FRAUDE DE EXECUÇÃO X FRAUDE CONTRA CREDORES.
1. A fraude contra credores caracteriza-se quando o negócio jurídico se efetiva em data anterior à propositura da ação.
2. A fraude de execução ocorre quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência (art. 593, II, do CPC).
3. Tendo o autor ajuizado ação pauliana e sustentado que a doação do imóvel deu-se após a propositura da ação trabalhista, carece-lhe interesse de agir. (Processo Nº 000015028.2014-52.4.0056, Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região – TRT-24).

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