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PARTE ESPECIAL TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. CLASSIFICAÇÃO: • COMUM: praticado por qualquer pessoa; • SIMPLES: só atinge objetividade jurídica única – direito a vida; • MATERIAL: menciona o resultado (morte), exigindo a produção deste; • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado; • INSTANTÂNEO: atinge a consumação com a morte da vítima, não se prolongando no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • UNISSUBJETIVO: pode ser praticado por um só agente; • PLURISSUBSISTENTE: vários atos integram a conduta de matar; • PROGRESSIVO: Trata-se de tipo penal que contém, implicitamente, outro. Caso de diminuição de pena § 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social (diz respeito a interesses da coletividade, como, por exemplo, matar traidor da pátria, matar bandido perigoso, desde que não se trate de atuação de justiceiro) ou moral (refere-se a sentimento pessoal do agente, considerado nobre), ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (existência de emoção intensa - ex.: tirar o agente totalmente do sério; injusta provocação da vítima - ex.: xingar, fazer brincadeiras de mau gosto, flagrante de adultério), o juiz pode (deve) reduzir a pena de 1/6 a 1/3. Homicídio qualificado (é “crime hediondo” – L. 8072/90). § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (motivo vil, repugnante, que demonstra depravação moral do agente - ex.: matar para conseguir herança, por rivalidade profissional, por inveja, porque a vítima não quis ter relação sexual etc.); II - por motivo fútil (matar por motivo de pequena importância, insignificante; falta de proporção entre a causa e o crime - ex.: matar dono de um bar que não lhe serviu bebida, matar a esposa que teria feito jantar considerado ruim etc.); III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso (é o uso de uma armadilha ou de uma fraude para atingir a vítima sem que ela perceba que está ocorrendo um crime, como, por exemplo, sabotagem de freio de veículo ou de motor de avião) ou cruel (ex.: morte provocada por pisoteamento, espancamento, pauladas etc.), ou de que possa resultar perigo comum (ex.: provocar desabamento ou inundação); IV - à traição (quebra de confiança depositada pela vítima ao agente, que desta se aproveita para matá-la - ex.: matar a mulher durante o ato sexual), de emboscada (ou tocaia; o agente aguarda escondido a passagem da vítima por um determinado local para, em seguida, alvejá-la), ou mediante dissimulação (ex.: uso de disfarce ou método análogo para se aproximar da vítima, dar falsas provas de amizade ou de admiração para possibilitar uma aproximação) ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (surpresa; efetuar disparo pelas costas, matar a vítima que está dormindo, em coma alcoólico); V - para assegurar a execução (ex.: matar um segurança para conseguir sequestrar um empresário – homicídio qualificado em concurso material com extorsão mediante seqüestro), a ocultação (o sujeito quer evitar que se descubra que o crime foi praticado), a impunidade (o sujeito mata alguém que poderia incriminá-lo - ex.: morte de testemunha do crime anterior) ou vantagem de outro crime (ex.: matar coautor de “roubo” para ficar com todo o dinheiro ou a pessoa que estava fazendo o pagamento do resgate no crime de “extorsão mediante sequestro”). Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. § 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir (dar a ideia do suicídio ) ou instigar (significa reforçar a intenção suicida já existente) alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio (material) para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. CLASSIFICAÇÃO: • COMUM: praticado por qualquer pessoa; • MATERIAL: menciona o resultado (morte ou lesão corporal grave), exigindo a produção deste; • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado; • INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • UNISSUBJETIVO: pode ser praticado por um só agente; Obs.: Não admite a forma tentada (Crime condicionado) Art. 122, CP (cont.) Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. CLASSIFICAÇÃO: • PRÓPRIO: exige condição especial do agente ativo (ser a mãe); • MATERIAL: se consuma com o resultado previsto (morte do filho); • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado; • INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • UNISSUBJETIVO: pode ser praticado por um só agente. Obs.: Admite a forma tentada. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. CLASSIFICAÇÃO: • PRÓPRIO: exige condição especial do agente ativo (só a gestante pode cometer); • MATERIAL: se consuma com o resultado previsto; • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado (vida do feto ou embrião); • INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • UNISSUBJETIVO: 1ª parte. (2ª parte – plurissubjetivo). Obs.: Admite a forma tentada. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. CLASSIFICAÇÃO: • COMUM: Não exige condição especial do agente ativo; • MATERIAL: se consuma com o resultado previsto; • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado (vida do feto ou embrião); • INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • UNISSUBJETIVO: admitea existência de um só agente. Obs.: Admite a forma tentada. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. CLASSIFICAÇÃO: • COMUM: Não exige condição especial do agente ativo; • MATERIAL: se consuma com o resultado previsto; • DANO: exige-se a efetiva lesão do bem jurídico tutelado (vida do feto ou embrião); • INSTANTÂNEO: consumação não se arrasta no tempo; • FORMA LIVRE: admite qualquer meio execução; • PLURISSUBJETIVO: necessita da participação de mais de uma pessoa (embora, no caso, existam dois tipos autônomos). Obs.: Admite a forma tentada. Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. • Lesão grave ou morte da gestante e feto expulso vivo? Tentativa de aborto qualificado. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
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