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Relatório de Observação Participante - Filme

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1. Análise do filme
A observação participante tem suas bases na antropologia e consiste na inserção do observador no contexto ao qual se deseja estudar, buscando compreender os costumes e a cultura do grupo em que se está inserido (Fernandes & Moreira, 2013), contudo esse método de estudo se implica em um período longo de tempo, já que precisa está envolvido dentro da rotina do grupo e muitas vezes há demora até mesmo na negociação para sua entrada (Valladares, 2007). 
Ao entrar no grupo, por mais que o pesquisador tenha o desejo de não modificar o ambiente, acaba por interferir na rotina já que é uma peça nova dentro do contexto (Martins, 1996), porém faz-se necessário que durante o percurso da observação se tenha anotações sobre o trabalho que está sendo executado, para que se possa compreender a dinâmica do grupo e não se afastar dos objetivos pré-estabelecidos na pesquisa (Fernandes & Moreira, 2013).
A observação participante, assim como outros métodos de pesquisa, implica em estabelecer o objetivo, o local, o grupo e como será realizado seu trabalho para que se possa ter o rigor de um estudo científico, minimizando os vieses encontrados no percurso (Fernandes & Moreira, 2013). Ainda sim estará sujeito a deparar-se com situações imprevistas e a cometer erros durante o caminho, porém poderá aprender com essas dificuldades para que se obtenham os resultados esperados (Valladares, 2007).
No filme “Nunca fui beijada”, a protagonista Josie Geller inicia a sua observação para o jornal voltando à época que ainda era adolescente e frequentava o colégio, tentando ao máximo inserir-se entre os jovens de uma forma que fosse aceita rapidamente e pudesse ser como eles. Em dado momento no filme, antes das aulas iniciarem, a protagonista procura modelos de roupas que poderiam facilitar o seu entrosamento com os jovens, contudo acabou esquecendo que a moda evolui e que o seu estilo estava ultrapassado, virando assim uma piada entre os alunos. De acordo com Licia Valladares (2007), o observador não tem total conhecimento da área em que estará pesquisando e engana-se ao pensar que tem o controle total da situação. Josie destaca-se mais do que devia com as roupas e acaba se frustrando com a primeira impressão que passou ao grupo.
Assumindo o papel de participante total ao iniciar sua pesquisa no colégio, Josie Geller procura se inserir no grupo para ter uma visão da situação pela perspectiva dos integrantes do mesmo (Junker, 1971 apud Ludke & André, 1986). Outra característica do participante total é pontuada na teoria como sendo uma interação em que não há troca de informações pela parte do pesquisador, ou seja, quando Josie Geller se apresenta para a sala em uma aula de espanhol como uma aluna nova, oculta o seu verdadeiro nome, a sua verdadeira idade, inventa toda uma história sobre a sua família e oculta o motivo para estar naquele colégio. Esta estratégia de não divulgação das informações pessoais verdadeiras e dos propósitos do estudo é feita para que não haja muita interferência no meio, para que o pesquisador possa inserir-se como um membro por completo (Junker, 1971 apud Ludke & André, 1986).
No início de sua observação a jornalista estava tendo problemas porque não apresentava matérias interessantes para o público, forçando o seu chefe Augustus Strauss a participar da observação de modo mais ativo e colocar uma câmera nas roupas de Josie Geller. Ele torna-se então um observador total, mas não é o único. Logo os colegas de Josie também resolvem assistir à tudo o que acontece, tornando-se também observadores totais, onde não interagem com o grupo e desenvolvem sua observação sem ter contato com os alunos do colégio. Essa postura é controversa por ser antiética ao observarem o grupo sem o conhecimento de seus integrantes (Ludke & André, 1986).
A observação total entre os colegas de profissão se torna uma observação em equipe, onde o grupo pode analisar todos os acontecimentos juntos, mas sob vários ângulos distintos, descartando o caráter objetivo característico, pois cada um deles pode observar um aspecto distinto e chegar a conclusões também divergentes (Duarte, 2017).
Como supracitado rapidamente, a personagem Josie Geller, em sua época do colégio, passou por momentos frustrantes ao não ser uma garota popular, não viver um romance, não ir ao baile de formatura, entre outras desilusões. Ao aceitar voltar ao colégio em que estudou, e se passar por uma aluna novamente, viu a oportunidade de mudar toda a história traumatizante e enxergou a oportunidade de ser aquilo que tanto desejou.
Desolada com as frustrações que estava enfrentando, Josie Geller vai ao encontro de seu irmão Rob Geller, julgando não ser capaz de desenvolver uma matéria boa para o jornal. Ele oferece todo um respaldo a ela, encorajando-a, destacando suas qualidades, as mudanças que ocorreram desde que havia saído do colégio e a fazendo enfrentar os temores que sentia, já que os sentimentos conflituosos eram os causadores de toda a insegurança. Rob Geller assume um papel de Doc, termo citado por Licia Valadares (2007), ao tentar fazer com que a irmã se insira naquela comunidade de jovens populares com mais facilidade, oferecendo os mais variados conselhos.
De acordo com os “Dez Mandamentos da Observação Participante” escrito por Licia Valladares (2007), o Doc é basicamente o mediador da observadora que desenvolve um papel de conselheiro e ajuda a garantir um melhor acesso aos observados. É normal e esperado que ocorram bloqueios no convívio com o grupo de estudo e é nesse momento que o Doc entra em ação, abrindo as portas para o observador.
Apenas quando Rob Geller se matricula no colégio com documentos de identidade falsos, tendo como objetivo voltar a ser um jogador de baseball e conseguir uma oportunidade em um time estadual. A partir desse momento, quando ele passa a frequentar o colégio e participar mais ativamente da observação da irmã, ele deixa de ser Doc e passa a ser um participante total, também omitindo sua real identidade, sua idade e sua história. 
Com este papel de participante total ele passa a auxiliar a irmã de um modo mais ativo, fingindo ser um ex-namorado de Josie Geller, espalhando vários boatos e rumores da falsa riqueza e popularidade que ela tinha e enfim fazendo com que a irmã conseguisse se enturmar com os mais populares e começasse a deixar o passado para trás.
No filme “Nunca fui beijada”, os observadores e participantes assumem papéis antiéticos que apenas terminam quando Josie Geller sente-se incomodada por estar mentindo para os alunos do colégio, principalmente para o professor Sam Coulson, e expõe toda a verdade sobre a sua pesquisa no baile de formatura, assim como acaba entregando a verdade sobre a identidade do irmão.
A observação participante supõe a interação pesquisador/pesquisado. As informações que obtém, as respostas que são dadas às suas indagações, dependerão, ao final das contas, do seu comportamento e das relações que desenvolve com o grupo estudado. Uma autoanálise faz-se, portanto, necessária e convém ser inserida na própria história da pesquisa. Por isso mesmo o pesquisador deve mostrar-se diferente do grupo pesquisado. Seu papel de pessoa de fora terá que ser afirmado e reafirmado. Não deve enganar os outros, nem a si próprio (Valladares, 2007, p. 154).
Ao ingressar em um trabalho de pesquisa, o observador deve compreender todas as situações às quais estará envolvido, procurando respaldo no comitê de ética para não cometer imprudências e assim não perder o foco do trabalho que se deseja realizar. Dentro da pesquisa pelo método de observação participante, pode se notar uma linha tênue entre a ética e a falta desta, por isso se faz necessário um planejamento breve, procurando evitar maiores envolvimentos com a comunidade que estará observando para que não se perca o objetivo à cerca do trabalho (Junker, 1971 apud Ludke & André, 1986) como aconteceu com Josie Geller durante todo o filme e supramencionado neste relatório.
2. Referências
Duarte,V. M. N. (2017). Tipos de observação, segundo critérios específicos. Recuperado de https://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/tipos-observacao-segundo-criterios-especificos.html.
Fernandes, F. M. B., & Moreira, M. R. (2013). Considerações metodológicas sobre as possibilidades de aplicação da técnica de observação participante na Saúde Coletiva. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 23(2), 511-529. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312013000200010.
Ludke, M., & André, M. E. D. A. (1986). Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 1ª ed. São Paulo, SP: E.P.U.
Martins, J. B. (1996). Observação Participante: uma abordagem metodológica para psicologia escolar. Semina: Ciências Sociais e Humanas 17(3), 266-273. Semina: Ciências Sociais e Humanas. Recuperado de http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/9472/8263.
Valladares, L. (2007). Os dez mandamentos da observação participante. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 22(3). Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092007000100012.

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