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CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DISCIPLINA DE QUÍMICA INORGÂNICA III PROFESSOR ADEMIR DOS ANJOS Aula Experimental: Evidenciando o Efeito do Número de Ligantes sobre a Cor dos Complexos de Coordenação 1. INTRODUÇÃO Em alguns complexos, um ligante ocupa mais de uma posição de coordenação. Assim, mais de um átomo do ligante está coordenado ao metal central. Por exemplo, o etilenodiamino (1,2-diaminoetano) forma um complexo com íons cobre(II): cada molécula de etilenodiamino está ligada ao cobre por dois sítios de coordenação (os nitrogênios da molécula); por esse motivo o etilenodiamino é designado ligante ou grupo bidentado (bidentado significa literalmente com dois dentes). Forma-se dessa maneira uma estrutura cíclica (no presente caso, um par de anéis de cinco membros). Complexos possuindo tais estruturas cíclicas são denominados quelatos (chelos é a palavra grega para caranguejo). Os quelatos são mais estáveis que complexos com ligantes monodentados, pois a dissociação deste tipo de complexo implica na ruptura de duas ligações em vez de uma. Quanto maior o número de anéis formados, mais estável será o complexo. Os agentes quelantes com três, quatro e seis átomos doadores são denominados, respectivamente, ligantes tridentados, tetradentados e hexadentados. Um exemplo importante desse último tipo é o ácido etilenodiaminotetraacético. Ele se liga ao metal por meio de dois átomos de N e quatro átomos de O, formando cinco anéis. Por causa dessas ligações, o EDTA (sigla para o ácido etilenodiaminotetraacético) pode formar complexos com a maioria dos íons metálicos. Diversos quelatos têm importância biológica. A hemoglobina das células vermelhas do sangue contém um complexo ferro(II)- porfirina. A clorofila das plantas verdes contém um complexo magnésio-porfirina. A vitamina B12 é um complexo de cobalto(II) e a enzima citocromo-oxidase contém ferro(II) e cobre(II) [1,2]. A diferença no número de ligantes ou de átomos doadores ao centro metálico é responsável pelas diferentes cores apresentadas pelos complexos, assim como a força do campo ligante. Os quelatos na sua grande maioria são ligantes de campo forte, ou seja, provocam um grande desdobramento do campo cristalino, diferentemente dos ligantes de campo fraco. A magnitude do desdobramento do campo cristalino (diferença de energia) entre os níveis pode ser facilmente medida registrando-se o espectro UV-Visível do complexo. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL Química Inorgânica Experimental – Professor Ademir dos Anjos 2. OBJETIVOS A presente prática tem como objetivo principal evidenciar o efeito do número de ligantes sobre a cor de complexos de níquel(II) (sistema d8) e cobre(II) (sistema d9). 3. EXPERIMENTAL 3.1. Materiais & Reagentes Solução aquosa 0,15 mol L-1 de cloreto de níquel(II) hexahidratado (MM = 237,69 g mol-1; considerar 95% pureza) ou nitrato de níquel(II) hexahidratado (MM = 290,79 g mol-1; considerar 97% pureza). Solução aquosa 0,15 mol L-1 de cloreto de cobre(II) dihidratado (MM = 170,48 g mol-1; considerar 95% pureza) ou nitrato de cobre(II) trihidratado (MM = 241,60 g mol-1; considerar 97% pureza). Solução aquosa 0,15 mol L-1 de etilenodiamino (MMetilenodiamano = 60,10 g mol -1; detilenodiamino = 0,898 g cm -3; considerar 100% pureza), solução aquosa de ácido clorídrico 25% ou solução aquosa de ácido nítrico 25%, água destilada. Balança analítica, espátulas, balões volumétricos de 25 mL, balões volumétricos de 100 mL, tubos de ensaio de 20 ou 25 mL (preferivelmente com tampa), béqueres de 5,0 ou 10 mL (para pesagem dos sais), pipetas volumétricas de 2,0 mL, pipetas volumétricas de 5,0 mL, pipetas volumétricas de 10 mL, pipetas volumétricas de 15 mL, pipetas Pasteur com marcação, buretas de 50 mL, suporte universal, garras. 3.2. Metodologia [3,4] a) Prepare 25 mL de uma solução aquosa 0,15 mol L-1 de cloreto de níquel(II) ou nitrato de níquel(II). b) Prepare 25 mL de uma solução aquosa 0,15 mol L-1 de cloreto de cobre(II) ou nitrato de cobre(II). c) Prepare 50 mL de uma solução aquosa 0,15 mol L-1 de etilenodiamino (tome cuidado a etilenodiamina é corrosiva e tóxica por inalação: realize os procedimentos em capela com auxílio de luvas e óculos de segurança!). Transfira esta solução para uma bureta instalada na capela. d) Coloque, com auxílio de uma pipeta volumétrica, 5,0 mL da solução de cloreto de níquel(II) ou nitrato de níquel(II) em quatro tubos de ensaio com capacidade de 20 ou 25 mL (preferivelmente com tampa). UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL Química Inorgânica Experimental – Professor Ademir dos Anjos e) Levar os tubos para a capela onde se encontra a bureta contendo a solução de etilenodiamino. f) Acrescente, ao primeiro tubo, 5,0 mL da solução de etilenodiamina, ao segundo 10 mL e ao terceiro 15 mL da mesma solução. O quarto tubo servirá como um branco para comparação das cores. g) Anote as cores observadas. h) Lembre-se que o etilenodiamino é um ligante bidentado e de campo forte, e que os íons Ni2+ (sistema d8) podem formar compostos com número de coordenação 4 ou 6. Como o ligante é relativamente volumoso e rígido, devem se coordenar apenas duas moléculas de etilenodiamino (após a adição do volume total do ligante), com as posições apicais (caso octaédrico) sendo ocupadas por moléculas de água; entretanto, é perfeitamente plausível que ocorra a formação de uma geometria quadrado planar contendo apenas interações entre o íon metálico e os nitrogênios amínicos do ligante en. i) Tome aproximadamente metade de cada uma das soluções formadas no passo (f) e acrescente, a cada uma, gota a gota, uma solução de ácido clorídrico 25% (se tiver utilizado o cloreto de níquel) ou solução de ácido nítrico 25% (se tiver utilizado o nitrato de níquel), até que a cor original da solução original de níquel tenha sido restabelecida. Anote o volume de ácido utilizado. j) Repita os procedimentos anteriores substituindo a solução de níquel pela solução de cloreto de cobre(II) ou nitrato de cobre(II) (Cu2+ = sistema d9). Neste caso, diferente do níquel(II), pode se formar (ao final da adição total do ligante) o complexo octaédrico contendo três moléculas de etilenodiamino. 4. QUESTÕES Equacione todas as reações. Mostre todos os cálculos realizados no preparo das soluções. Quais conclusões podem ser obtidas a partir dos dados experimentais? Quais os produtos formados em cada caso? Desenhe a estrutura dos complexos formados e os nomeie. Indique qual o número de coordenação e a geometria ao redor dos íons metálicos nos complexos formados. Calcule a EECC e o “spin only” para cada complexo. Em qual caso, tanto para o experimento com níquel quanto para o cobre, foi necessário utilizar-se mais ácido? Por quê? UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL Química Inorgânica Experimental – Professor Ademir dos Anjos Faça as configurações eletrônicas para os metais no estado livre e para os respectivos íons metálicos. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. HUHEEY, J. E. Inorganic Chemistry-Principes of structure and reactivity. 3ª ed. São Paulo: Ed. Harper & Row do Brasil, 1983. 2. LEE, J. D. Química Inorgânica não tão Concisa. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1999. 3. PATNAIK, P. Handbook of Inorganic Chemicals. 3ª ed. New York: Ed. McGraw- Hill, 2003. 4. dos Anjos, A. Roteiros para Química Inorgânica Experimental. Personal Manuscript. Naviraí, 2009.
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