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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS FACULDADE DE ECONOMIA IVAN COSTA RODRIGUES RESENHA: INTRODUÇÃO À TEORIA DA POLÍTICA PÚBLICA BELÉM-PA 2018 IVAN COSTA RODRIGUES RESENHA: INTRODUÇÃO À TEORIA DA POLÍTICA PÚBLICA TRABALHO APRESENTADO Á DISCIPLINA DE PLANEJAMENTO PÚBLICO, MINISTRADO PELA PROF.ª. Drª. ANA ELIZABETH NEIRAO REYMAO, DA FACECON -ICSA- UFPA. BELÉM-PA 2018 SARAVIA, Enrique e FERRAREZI, Elisabete. Políticas Públicas: Coletânea. Brasília, ENAP, 2016. p.21-42 Saravia analisa que, no decorrer do tempo a analises das realidades estatais, teve base em diversas concepções: a filosófica, a da ciência política, a da sociologia, a jurídica, e a das ciências administrativas, antropológica e psicológica. Cada uma teve seu momento na história, no entanto, a visão jurídica foi a que prevaleceu por mais tempo, seguida da organizacional, que surge no início do século XX e vem se difundindo ao mundo a partir dos anos 60. O autor cita Beatriz Wahrlich para afirmar a evolução das ciências administrativas, na américa latina, que segundo as predominâncias dos enfoques jurídicos ou legalistas, seguidos das teorias da organização e administração. Ressaltando que as evoluções não substituem ou eliminam a pratica do modelo clássico, mas sim a constatação da coexistência entre si, porém, nem sempre coadunável. Essa visão, privilegia o estudo das estruturas e das normas que que organizam a atividade estatal. O princípio dos estudos da administração pública como disciplina nos Estados Unidos, se deram através do estudo pioneiro do professor Woodrow Wilson, professor de ciência política da universidade de Princeton, que em seguida, foi presidente dos estados unidos. Wilson acreditava na criação de uma classe administrativa apartidária, com fins de aniquilar o nepotismo e o favoritismo, que dominava a administração pública do EUA no século XIX. Woodrow pregava que “o negócio do governo é organizar o interesse comum contra os interesses especiais”. O autor cita Tânia Fisher, que descreve a partir dos anos 30, o administrador público não é mais um mero executor de políticas, a partir de agora cabe a ele avaliar a eficiência e a eficácia da administração pública. Já para Peter Drucker, os escritores e pensadores, até a década de 30, a administração de empresas não passava de uma subdivisão da administração geral, não havendo distinção entre qualquer tipo de organização. Drucker lembra que a primeira aplicação consistente e sistemática dos princípios da administração não se deu numa empresa, sim na reorganização do exército em 1901, feita por Elihu Root, então secretário de guerra de Theodore Roosevelt. E também que o primeiro congresso de administração de administração em Praga, em 1922, não foi organizado por empresários, e sim por Herbert Hoover, secretario de comercio americano, e depois presidente dos Estados Unidos. Com a globalização, as relações entre indivíduos, empresas, organizações nacionais e internacionais, tem se intensificado, facilitado principalmente pela evolução da comunicação e informática, a partir do final da segunda guerra mundial. Essas mudanças exigiu a adequação das estruturas organizacionais, uma vez que as mudanças profundas e rápidas do contexto econômico e institucional, os problemas de complexidade crescentes vinculados à globalização, faz-se necessária os ministros da função pública dos países apresentaram aspectos para reexaminar o papel do governo. A necessidade de se manter nesse novo contexto de rápida mutação, levou as empresas privadas a criação de novas técnicas. A partir dos 50 e 60, as empresas passam a dinamizar os meios de organização para atingir suas metas e objetivos, quanto que no âmbito estatal, foi a época de grandes sistemas de planejamentos, com elaboração de planos bastantes ambiciosos, o que levou na américa latina, a uma época de grande crescimento econômico, alicerçado pelo estado. Com a reviravolta do cenário internacional, passa a ser exigir agora ações de planejamento e administração, de forma mais flexível e dinâmica, as empresas então adotam as técnicas de planejamento estratégico, que leva em consideração as variáveis exógenas. Com tudo após os anos 70, o mundo passa por uma series de crises, que implicam em novas variáveis, e traz à tona a ineficácia dos sistemas de planejamentos, assim exigindo respostas mais rápidas, estabelecendo a gestão estratégia, como reação mais rápidas as necessidades do mercado. Com tudo, as estatais não acompanharam essas modificações, o que ocasionou o declínio de sua capacidade de respostas às necessidades e anseios da população, que por sua vez aumentou o anseio pela participação democrática nas decisões das ações do estado. A partir dos anos 80, esse episódio levou a ação de planejamento, para a ideia de política pública. Saravia descreve política pública como um conjunto de decisões e estratégia, com o intuito de orientar e manter o equilíbrio social, ou mesmo desequilibrar para modificar essa realidade, ou seja, são ações desenvolvidas e implementadas pelo estado, que visam assegura os direitos dos cidadãos. No entanto, o processo de política pública é instável, não podendo assegurar que cada indivíduo na sociedade conheça e cumpra o seu papel, logo podemos presumir que a política pública é de extrema complexidade. O autor caracteriza a política pública nas seguintes definições: Institucional: política é elaborada ou decidida por autoridade formal legalmente constituída no âmbito da sua competência e é coletivamente vinculante; decisória: é um conjunto-sequência de decisões, relativo à escolha de fins e/ou meios, de longo ou curto alcance, numa situação específica e como resposta a problemas e necessidades; comportamental: Implica ação ou inação, fazer ou não fazer nada, mas uma política é, acima de tudo, um curso de ação e não apenas uma decisão singular; e casual: São os produtos de ações que têm e feitos no sistema político e social. Saravaia cita Theoenig, que cita os cincos elementos que caracteriza uma política. [...] um conjunto de medidas concretas; decisões ou formas de alocação de recursos; ela esteja inserida em um ‘quadro geral de ação’; tenha um público-alvo (ou vários públicos); apresente definição obrigatória de metas ou objetivos a serem atingidos, definidos em função de normas e de valores. (p.32) E afirma a semelhanças entre os dois pontos de vistas: Os diferentes autores coincidem no conceito geral e nas características essenciais das políticas públicas. O formato concreto delas dependerá de cada sociedade específica. O estágio de maturidade de cada uma delas contribuirá, ou não, para a estabilidade e eficácia das políticas, para o grau de participação dos grupos interessados, para a limpidez dos procedimentos de decisão. (p.32) Neste contexto há limitações no modelo racional, logo o processo de política pública é bem mais complexo e sequenciado, assim é possível constatar várias etapas, que vão desde a inclusão da agenda, elaboração, formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação. Porém Saravia frisa que a divisão sequenciada, remete mais a um ciclo do que de uma segmentação em etapas, assim sendo na prática o processo nem sempre segue uma ordem, mas as etapas descritas sempre ocorrem. No entanto toda política pública está integrada dentro do conjunto de políticas governamentais e constitui uma contribuição setorial para a busca do bem-estar coletivo. Cada política, pela sua vez, inclui diferentes aspetos aos que dá prior idade, em função de urgências e relevâncias.(p35) Para Lindblom “o essencial da política é econômico e o grosso da economia é político.”, porem lembra que “a economia tem procurado abstrair os estudos de mercado dos comportamentos do poder público, esquecendo que, por ser indireta e impessoal, a coerção não é, por isso, menos constrangedora” (p.36) Define-se como política econômica: [...] um processo pelo qual diversos atores identificáveis, pertencentes à comunidade política econômica, contribuem para uma decisão governamental, de forma que seus objetivos econômicos, no quadro de seus objetivos políticos gerais, sejam realizados pelas instituições existentes, ou reorganizadas, e com a ajuda dos meios de ação disponíveis. (p.36) Para Hayward, os objetivos puros de uma política econômica são: o aumento da produção, a melhora quantitativa e estrutural da população ativa, a redistribuição da renda, a redução das disparidades regionais, o desenvolvimento ou a proteção de setores da indústria ou de empresas particulares e o incremento do lazer pela redução da vida ativa ou do tempo de trabalho. (p36) As instituições desenvolvem um papel importante na metodologia de políticas públicas, a relevância quanto a legitimidade da colaboração e parcerias entre Estado e instituições não governamentais e privadas para a formulação e implementação de políticas públicas é inquestionável. Porém, a não consideração das condições e do papel de cada agente envolvido, pode causar grande impacto sobre as parcerias, tornando-as ineficientes. “[...] como praticamente todas as políticas públicas são executadas por grandes organizações públicas, somente entendendo como as organizações funcionam é que podemos entender como as políticas são modeladas no processo de implementação” (p.37) O teórico Benson a firma que é necessário a vinculação de diferentes níveis de análise de organização, desse modo indica explorar três níveis estruturais dos setores políticos, são eles: estrutura administrativa, estrutura de interesses e as normas de formação de estruturas. Para Benson, "o papel das organizações estatais, nesse tipo de sociedade, é ajudar no processo de acumulação de capital e desempenhar a função de legitimação.” (p.39)