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Isabelle Lustosa Vascularização e barreiras encefálicas Fluxo sanguíneo O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado, sendo apenas superado pelo rim e coração. O fluxo é diretamente proporcional à diferença entre PA e PV (pressão venosa), e inversamente proporcional à RVC (resistência cerebrovascular). Como a PVC varia muito pouco, pode ser resumido a FSC = PA/RCV. A RCV depende dos seguintes fatores: 1. Pressão intracraniana 2. Condição da parede cardiovascular 3. Viscosidade do sangue 4. Calibre dos vasos cerebrais Importante saber que, a substância cinzenta possui maior fluxo sanguíneo em relação à substância branca. Obs: o aumento do fluxo regional em resposta ao aumento da atividade neuronal é também mediado pela liberação do óxido nítrico pelos neurônios, por ser um gás que se difunde com facilidade e rapidez. Vascularização arterial O encéfalo é irrigado pelas A.carótida interna e Aa.vertebrais. São originadas no pescoço. Na base do encéfalo, essas artérias formam o polígono de Willis., de onde saem as principais artérias para a vascularização do encéfalo. o A vascularização do encéfalo é peculiar por NÃO possuir hilo para a penetração dos vasos que entram no encéfalo. As artérias cerebrais são peculiares pelo fato de possuírem paredes mais finas. Este fator torna as artérias mais propensas a sofrerem hemorragias. A túnica média as artérias cerebrais possuem menos fibras musculares e a túnica elástica interna é mais espessa e tortuosa que outras artérias. Esse espessamento protege o tecido nervoso, amortecendo o choque da onda sistólica, responsável pela pulsação das artérias. o São envolvidas inicialmente pelo líquor nos espaços perivasculares. Esses fatores permitem a atenuação da pulsação arterial. Há poucas anastomoses, sendo eles na maioria das vezes incapazes de realizar uma circulação colateral útil em caso de obstrução no território da carótida interna. Artéria carótida interna É um ramo da bifurcação da carótida comum. Trajeto Após um trajeto longo no pescoço, penetra na cavidade craniana pelo canal carotídeo do osso temporal, atravessa o seio cavernoso, no interior do qual, descreve em plano vertical, uma dupla curva, formando um S, o sifão carotídeo (nível de C3). Perfura a dura-máter, emitindo um ramo, a A.oftálmica (parte cerebral C2). Logo em seguida a aracnóide. No início do sulco lateral, divide-se em 2 ramos terminais: artérias cerebrais média e anterior. Ainda no sulco lateral, a A.carótida interna da origem a A.comunicante posterior (parte cerebral C2) e A.corióidea anterior (parte cerebral C1). Artéria oftálmica: Irriga o bulbo ocular e formações anexas. Artéria comunicante posterior: anastomosa-se com a A.cerebral posterior, ramo da basilar, contribuindo para a formação do polígono de Willis. Artéria corióidea anterior: dirige-se para trás, ao longo do trato óptico, penetra no corno inferior do ventrículo lateral, irrigando os plexos corioides e parte da cápsula interna, os núcleos da base e o diencéfalo. Isabelle Lustosa Polígono de Willis É uma anastomose arterial e está situado na base do cérebro, onde circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo, relacionando com a fossa interpeduncular. É formado pelas porções terminais das artérias cerebrais anterior, média e posterior, artéria comunicante anterior e pelas artérias comunicantes posterior direita e esquerda. o A artéria comunicante anterior anastomosa-se com as duas artérias cerebrais anteriores adiante do quiasma óptico. o As artérias comunicantes posteriores, unem-se, de cada lado, com as carótidas internas e com as cerebrais posteriores. Desse modo, haverá anastomose com o sistema carotídeo interno ao sistema vertebral. Entretanto, essa anastomose é APENAS potencial, pois, em condições normais, não há passagem significativa de sangue do sistema vertebral para o carotídeo interna e vice-versa. o Não existe troca de sangue entre as metades esquerda e direita do círculo arterial. Porém, em situações favoráveis, permite manutenção do fluxo sanguíneo adequado em todo o cérebro em caso de obstrução de uma das quatro artérias que o irrigam. As artérias comunicantes anterior, média e posterior dão ramos corticais e ramos centrais. Ramos corticais: vascularização do córtex e substância branca subjacente. Ramos centrais: vascularização do diencéfalo, núcleos da base e cápsula interna. o Artérias estriadas são ramos que se destacam da artéria cerebral média e penetra na substância perfurada anterior. Vasculariza a maior parte do corpo estriado e da cápsula interna. Obs: Devido a cápsula interna ser um meio de passagem de fibras de projeção do córtex, uma lesão nessas artérias são particularmente graves. Obs: substância perfurada são áreas onde os ramos centrais penetram. A anastomose dos ramos centrais do polígono de Willis é tão escassa, que podemos chamar de artérias terminais. Ramos corticais Na superfície do cérebro, possuem anastomoses. Entretanto, essas anastomoses são insuficientes para a manutenção da circulação colateral adequada em casos de obstrução de uma dessas artérias. Artéria cerebral anterior Trajeto: dirige-se diante e para cima, curva-se em torno do joelho do corpo caloso, e ramifica-se na face medial de cada hemisfério, desde o lobo frontal até o sulco parietoccipital. Distribui-se também à parte mais alta da face dorsolateral de cada hemisfério, onde se limita com o território da artéria cerebral média. Sintomas: paralisia e diminuição da sensibilidade do membro inferior do lado oposto, devido a lesão nas áreas corticais motora e sensitiva, que correspondem à perna e se localizam na porção alta dos giros pré e pós-central (lóbulo paracentral). Isabelle Lustosa Artéria cerebral média Trajeto: percorre o sulco lateral em toda a sua extensão, distribuindo ramos que vascularizam a maior parte da face dorsolateral de cada hemisfério. o Compreende áreas corticais, como a área motora, somestésica, centro da palavra falada e outras. Sintomas: paralisia e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto no membro inferior), podendo haver graves distúrbios de linguagem. Artéria cerebral posterior Trajeto: É um ramo de bifurcação da artéria basilar. Dirigem-se para trás, contornando o pedúnculo cerebral e, percorrendo a face inferior do lobo temporal, ganham o lobo occipital. o Irriga a área visual situada nos lábios do sulco calcarino. Sintomas: cegueira em uma parte do campo visual. Vascularização venosa As veias do encéfalo não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas do que elas. Drenam para os seios da dura-máter, de onde o sangue converge para as veias jugulares internas, as quais recebe praticamente todo o sangue venoso. Os seios da dura-máter também se ligam as veias extracranianas por meio de pequenas veias emissárias. o Possuem paredes muito finas e praticamente desprovidas de musculatura. A regulação ativa da circulação venosa, é feita através de 3 forças: 1. Aspiração da cavidade torácica, mais evidente no início da inspiração. 2. Força da gravidade. É por causa disso que não possuímos válvulas nas veias cerebrais. 3. Pulsação das artérias. Sendo mais eficiente no seio cavernosos. O leito venosos do encéfalo é muito maior do que o arterial, sendo assim, a circulação venosa é muito mais lenta. Sistema venoso superficial Isabelle Lustosa É constituído por veias que drenam o córtex e a susbtância branca subjacente, anastomosa-se amplamente na superfície do cérebro, onde formam troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios da dura-máter.Pode ser divida em superiores e inferiores. Veias cerebrais superficiais superiores: vem da face medial e da metade superior da face dorsolateral de cada hemisfério, desembocando no seio sagital superior. Veias cerebrais superficiais inferiores: provem da metade inferior da face dorsolateral de cada hemisfério e de sua face inferior, terminando nos seios da base (petroso superior e cavernoso) e no seio transverso. o Veia cerebral média superficial: percorre o sulco lateral e termina no seio cavernoso. Sistema venoso profundo Drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro: corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. o Veia cerebral magna ou veia de Galeno: formada pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, desembocando no seio reto. o Paredes finas facilmente rompidas. Barreiras encefálicas São dispositivos que impedem ou dificultam a passagem de substâncias entre o sangue e o tecido nervoso (barreira hematoencefálica) ou entre o sangue e o liquor (barreira hematoliquórica). o A barreira hematoencefálica também existe na medula. Elas regulam a passagem, para o tecido nervoso, não só de substâncias a serem utilizadas pelos neurônios, mas também de medicamentos e substâncias tóxicas. A principal função da barreira é impedir a passagem de agentes tóxicos para o SNC. Impedem também a passagem de neurotransmissores encontrados no sangue, como adrenalina. Se não for barrada, pode alterar o funcionamento do cérebro. As barreiras possuem a função de permitir a passagem de substâncias importantes para o encéfalo, como glicose e aminoácidos. o No feto e recém-nascido, a BHE é mais fraca. Por causa disso, icterícia é mais grave do que em adultos (acumulo de bilirrubina). Barreira hematoencefálica Está localizada no capilar do SNC. É formada pelo endotélio, membrana basal e astrócito. Ao contrário dos capilares do corpo, os quais deixam passar livremente a peroxidase, os capilares cerebrais a retêm, impedindo sua passagem mesmo para o espaço entre o endotélio e a membrana basal. o Células endoteliais unidas por junções oclusivas que impedem a penetração de macromoléculas. o Não existem fenestrações. o São raras as vesículas pinocitóticas. Barreira hematoliquórica Localiza-se nos plexos corioides. Porém, seus capilares não participam dos fenômenos. o Possui junções oclusivas que unem as células próximas a superfície ventricular e impedem a passagem de macromoléculas.
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