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Vascularização do Sistema Nervoso Central e Barreiras Encefálicas

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Fernanda Marques S Santos 
 
Vascularização do SNC e Barreiras 
Encefálicas 
Importância da Vascularização do SNC 
O SNC necessita de um suprimento permanente e 
elevado de glicose e oxigênio. A atividade funcional do 
encéfalo depende de um processo de oxidação de 
carboidratos e não pode ser sustentada por 
metabolismo anaeróbico. Isto requer fluxo sanguíneo 
contínuo e intenso. No caso de quedas ou suspensão 
do afluxo sanguíneo, a área lesada em último lugar é o 
centro respiratório situado no bulbo. Há poucas 
anastomoses entre artérias e arteríolas, o que torna 
cada região bastante dependente da circulação de 
determinada artéria. No SNC não há circulação 
linfática. Entretanto, há circulação liquórica. 
Vascularização do Encéfalo 
Fluxo Sanguíneo Cerebral 
O fluxo sanguíneo cerebral só é superado pelo fluxo 
sanguíneo do rim e do coração. O encéfalo consome 
20% do O2 disponível. O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) 
é diretamente proporcional à diferença entre a pressão 
arterial (PA) e a pressão venosa (PV), e inversamente 
proporcional à resistência cerebrovascular (RCV). 
Assim: FSC = (PA – PV)/RCV 
Como a PV varia muito pouco, a fórmula pode ser 
simplificada: FSC = PA/RCV, ou seja, o FSC é 
diretamente proporcional à PA e inversamente 
proporcional à RCV. A RCV depende de: 
● Pressão intracraniana: cujo aumento eleva a 
resistência cerebrovascular. 
● Condição da parede vascular: pode estar 
alterada em certos processos patológicos que 
aumentam consideravelmente a resistência 
cerebrovascular. 
● Viscosidade do sangue 
● Calibre dos vasos cerebrais: regulado por 
fatores humorais e nervosos. 
O consumo de O2 varia entre as diversas regiões 
cerebrais. O fluxo sanguíneo é maior nas áreas mais 
ricas em sinapses, de tal modo que, na substância 
cinzenta, ele é maior do que na branca. O fluxo 
sanguíneo varia com seu estado funcional no 
momento. O aumento da demanda nas regiões 
ativadas é proporcionado por ajustes locais realizados 
pelas próprias arteríolas. A atividade celular causa 
liberação de CO2 e este aumenta o calibre vascular e o 
fluxo sanguíneo local. 
Vascularização Arterial do Encéfalo 
Peculiaridades da Vascularização Arterial do 
Encéfalo 
O encéfalo é irrigado pelas artérias carótidas internas e 
vertebrais, originadas no pescoço. Na base do crânio 
estas artérias formam um polígono anastomótico, o 
polígono de Willis, de onde saem as principais artérias 
para a vascularização cerebral. A vascularização dessa 
região é peculiar porque não possui um hilo para a 
penetração dos vasos que entram no encéfalo em 
diversos pontos de sua superfície. Estruturalmente as 
artérias cerebrais também são peculiares, pois 
possuem paredes finas. Este é um fator que torna as 
artérias cerebrais propensas a hemorragias. A túnica 
média das artérias cerebrais tem menos fibras 
musculares e a túnica elástica interna é mais espessa e 
tortuosa. Esse espessamento da túnica elástica interna 
protege o tecido nervoso, amortecendo o choque da 
onda sistólica responsável pela pulsação das artérias. 
Ademais, as artérias que penetram no cérebro são 
envolvidas pelo líquor nos espaços perivasculares, o 
que permite atenuar o impacto da pulsação arterial e 
amortecer o choque da onda sistólica. No homem, há 
uma quase independência entre a circulação 
intracraniana e extracraniana. 
Artéria Carótida Interna 
Ramo de bifurcação da carótida comum, a carótida 
interna penetra na cavidade craniana pelo canal 
carotídeo do osso temporal, atravessa o seio cavernoso 
formando o sifão carotídeo, em seguida perfura a dura-
máter e a aracnoide e, no início do sulco lateral, divide-
se em seus dois ramos terminais: as artérias cerebrais 
média e anterior. Outros ramos importantes da mesma 
são: 
Fernanda Marques S Santos 
 
● Artéria oftálmica: emerge da carótida quando 
esta atravessa a dura-máter, logo abaixo do 
processo clinoide anterior. Irriga o bulbo ocular 
e formações anexas. 
● Artéria comunicante posterior: anastomosa-se 
com a artéria cerebral posterior, ramo da 
basilar, contribuindo para formação do 
polígono de Willis. 
● Artéria corióidea anterior: dirige-se para trás, 
ao longo do trato óptico, penetra no corno 
inferior do ventrículo lateral, irrigando os plexo 
corioides e parte da cápsula interna, os núcleos 
da base e o diencéfalo. 
Artéria Vertebral e Basilar 
As artérias vertebrais direita e esquerda destacam-se 
das artérias subclávias correspondentes, sobem no 
pescoço dentro dos forames transversos das vértebras 
cervicais, perfuram a membrana atlantoccipital, a 
dura-máter e a aracnoide, penetrando no crânio pelo 
forame magno. Percorrem a face ventral do bulbo e, 
aproximadamente no nível do sulco bulbo-pontino, 
fundem-se para constituir um tronco único, a artéria 
basilar. As artérias vertebrais dão origem às duas 
a.espinhais posteriores e à a.espinhal anterior que 
vascularizam a medula. Originam ainda as 
a.cerebelares inferiores e posteriores, que irrigam a 
porção inferior e posterior do cerebelo. A artéria 
basilar percorre o sulco basilar da ponte e termina 
anteriormente bifurcando-se para formar as artérias 
cerebrais posteriores direita e esquerda. Outros ramos 
importantes da a.basilar são: 
● Artéria cerebelar superior: distribui-se ao 
mesencéfalo e à parte superior do cerebelo. 
● Artéria cerebelar inferior anterior: distribui-se 
à parte anterior da face inferior do cerebelo. 
● Artéria do labirinto: penetra no meato acústico 
interno junto com os nervos facial e 
vestibulococlear, vascularizando estruturas do 
ouvido interno. 
● Ramos pontinos. 
O Círculo Arterial do Cérebro (Polígono de Willis) 
É uma anastomose arterial de forma poligonal e está 
situado na base do cérebro, onde circunda o quiasma 
óptico e o túber cinéreo, relacionando-se ainda com a 
fossa interpeduncular. É formado pelas porções 
proximais das artérias cerebrais anterior, média e 
posterior, pela artéria comunicante anterior e pelas 
artérias comunicantes posteriores direita e esquerda. 
A a.comunicante anterior anastomosa as duas 
a.cerebrais anteriores. As a.comunicantes posteriores 
unem, de cada lado, as carótidas internas com as 
cerebrais posteriores correspondentes. Deste modo, 
elas anastomosam o sistema carotídeo interno ao 
sistema vertebral. Entretanto, vale lembrar que não há 
passagem significativa de sangue entre estes sistemas, 
nem mesmo entre as metades direita e esquerda do 
círculo arterial. 
As artérias cerebrais anterior, média e posterior dão 
ramos corticais e ramos centrais. Os ramos corticais 
vascularizam o córtex e a substância branca 
subjacente. Os ramos centrais emergem da porção 
proximal de cada uma das artérias cerebrais e das 
artérias comunicantes. Eles vascularizam o diencéfalo, 
os núcleos da base e a cápsula interna. As áreas onde 
eles penetram são chamadas de substância perfurada 
anterior e posterior. Os ramos centrais que se 
destacam da artéria cerebral média são chamados de 
artérias estriadas e penetram na substância perfurada 
anterior, vascularizando a maior parte do corpo 
estriado e da cápsula interna. Os ramos centrais do 
polígono de Willis raramente se anastomosam. 
Território Cortical das Três Artérias Cerebrais 
Os ramos corticais das artérias cerebrais possuem 
anastomoses. Entretanto, estas anastomoses são 
insuficientes para manutenção de circulação colateral 
adequada em casos de obstrução. Resultam pois, 
nestes casos, lesões do córtex cerebral, com um 
quadro sintomatológico característico das síndromes 
das artérias cerebrais anterior, média e posterior. 
● Artéria cerebral anterior: é um dos ramos de 
bifurcação da carótida interna, dirige-de para 
diante e para cima, curva-se em torno do 
joelho do corpo caloso e ramifica-se na face 
medial de cada hemisfério, desde o lobo 
frontal até o sulco parietocciptal. A obstrução 
causa paralisia e diminuição da sensibilidadedo membro inferior do lado oposto, 
Fernanda Marques S Santos 
 
decorrente da lesão de partes das áreas 
corticais motora e sensitiva. 
● Artéria cerebral média: ramo principal da 
carótida interna. Ela percorre o sulco lateral 
em toda a sua extensão, distribuindo ramos 
que vascularizam a maior parte da face 
dorsolateral de cada hemisfério. Obstrução 
desta artéria, quando não é fatal, determina 
sintomatologia com paralisia e diminuição da 
sensibilidade do lado oposto do corpo, 
podendo ainda haver graves distúrbios da 
linguagem. 
● Artéria cerebral posterior: ramos de bifurcação 
da artéria basilar. Dirigem-se para trás, 
contornam o pedúnculo cerebral e percorrem 
a face inferior do lobo temporal e o lobo 
occipital. Irriga a área visual situada nos lábios 
do sulco calcarino e sua obstrução causa 
cegueira em uma parte do campo visual. 
Vascularização Venosa do Encéfalo 
Generalidades 
As veias encefálicas não acompanham as artérias, 
sendo maiores e mais calibrosas do que elas. Drenam 
para os seios da dura-máter, de onde o sangue 
converge para as veias jugulares internas (recebem 
quase todo sangue venoso encefálico). As paredes das 
veias encefálicas são muito finas e praticamente 
desprovidas de musculatura. A regulação ativa da 
circulação venosa se faz sob a ação de três forças: 
● Aspiração da cavidade torácica: determinada 
pelas pressões subatmosféricas da cavidade 
torácica. 
● Força da gravidade: o retorno sanguíneo do 
encéfalo se faz a favor da gravidade, o eu 
dispensa a existência de válvulas na veias 
cerebrais. 
● Pulsação das artérias. 
A circulação venosa do encéfalo é mais lenta que a 
arterial. A pressão venosa no encéfalo é muito baixa e 
varia pouco em razão da grande capacidade de 
distensão das veias e seios. As veias encefálicas se 
dispõem em dois sistemas: o sist. venoso superficial e 
o sist. venoso profundo. 
Sistema Venoso Superficial 
Constituído por veias que drenam o córtex e a 
substância branca subjacente, anastomosam-se 
amplamente na superfície do cérebro, onde formam as 
veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios 
da dura-máter. As veias cerebrais superficiais 
superiores provêm da metade medial e da metade 
superior da face dorsolateral de cada hemisfério, 
desembocando no seio sagital superior. As veias 
cerebrais superficiais inferiores provêm da metade 
inferior da face dorsolateral de cada hemisfério e de 
sua face inferior, desembocando nos seios da base e no 
seio transverso. A principal veia superficial inferior é a 
veia cerebral média superficial. 
Sistema Venoso Profundo 
Compreende veias que drenam o sangue de regiões 
situadas profundamente no cérebro, tais como: corpo 
estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do 
centro branco medular do cérebro. A veia mais 
importante desse sistema é a veia cerebral magna ou 
veia de Galeno, para qual converge quase todo sangue 
do sistema venoso profundo. A veia cerebral magna é 
formada pela confluência das veias cerebrais internas 
e desemboca no seio reto. 
Angiografia Cerebral 
Injetando-se contraste nas artérias vertebral ou 
carótida interna e tirando-se uma sequência de 
radiografias, é possível visualizar as artérias, veias e 
seios do encéfalo. 
Vascularização da Medula 
A medula é irrigada pelas artérias espinhais anterior e 
posteriores, ramos da artéria vertebral, e pelas artérias 
radiculares, que penetram na medula com as raízes dos 
nervos espinhais. A artéria espinhal anterior é formada 
pela confluência de dois ramos que emergem das 
artérias vertebrais direita e esquerda. Ela emite as 
artérias sulcais. As artérias espinhais anteriores 
vascularizam as colunas e os funículos anterior e lateral 
da medula. As artérias espinhais posteriores direita e 
esquerda emergem das artérias vertebrais 
correspondentes, contornam o bulbo e percorrem a 
Fernanda Marques S Santos 
 
medula e os filamentos radiculares das raízes dorsais 
dos nervos espinhais. As artérias espinhais posteriores 
vascularizam a coluna e o funículo posterior da medula. 
As artérias radiculares anterior e posterior derivam dos 
ramos espinhais das artérias segmentares do pescoço 
e do tronco. As artérias radiculares anteriores 
anastomosam-se com a espinhal anterior, e as artérias 
radiculares posteriores com as espinhais posteriores. 
Barreiras Encefálicas 
Generalidades 
São dispositivos que impedem ou dificultam a 
passagem de substância entre o sangue e o tecido 
nervoso (barreira hematoencefálica) ou entre o sangue 
e o líquor (barreira hematoliquórica). 
Localização Anatômica da Barreira Hematoencefálica 
Ela está localizada no capilar do SNC. Este é formado 
pelo endotélio e por uma membrana basal muito fina. 
Por fora, os pés vasculares dos astrócitos formam uma 
camada quase completa em torno do capilar. A 
barreira hematoencefálica fica mais precisamente no 
endotélio. O endotélio dos capilares encefálicos 
apresentam três características que os diferenciam 
dos endotélios dos demais capilares: 
● As células endoteliais são unidas por junções 
oclusivas que impendem a penetração de 
macromoléculas. 
● Não existem fenestrações, que são pequenas 
áreas em que o endotélio se reduz a uma fina 
membrana permeável. 
● São raras as vesículas pinocitóticas 
(importantes no transporte de 
macromoléculas). 
Localização Anatômica da Barreira Hematoliquórica 
Localiza-se nos plexos corioides. Seus capilares, no 
entanto, não participam do fenômeno. O epitélio 
ependimário que reveste os plexos corioides, ao 
contrário dos demais epitélios ependimários, possui 
junções oclusivas que unem as células próximo a 
superfície ventricular e impedem a passagem de 
macromoléculas. 
Funções das Barreiras 
A principal função é impedir a passagem de agentes 
tóxicos para o SNC, como venenos, toxinas bilirrubina. 
Impedem também a passagem de neurotransmissores 
encontrados no sangue, como adrenalina. Portanto, 
essas barreiras constituem um mecanismo de proteção 
do encéfalo contra agentes que poderiam lesá-lo. 
Ademais, elas também têm a função de permitir a 
entrada de substâncias importantes para o 
funcionamento das células do tecido nervoso, como 
glicose. Esta passagem depende de moléculas 
transportadoras que são específicas para glicose, por 
exemplo. 
Fatores de Variação da Permeabilidade da Barreira 
Hematoencefálica 
A permeabilidade da barreira hematoencefálica não é 
a mesma em todas as áreas. Inicialmente no 
desenvolvimento, os capilares que penetram no 
encéfalo têm fenestrações. Com o aumento da idade, 
há a perda dessas fenestrações. Em razão disso, no feto 
e no RN, a barreira hematoencefálica é mais fraca, ou 
seja, deixa passar maior número de substâncias. 
Processos patológicos, como certas infecções, podem 
levar à “ruptura”, mais ou menos completa, dessa 
barreira. 
Órgãos Circunventriculares 
Em algumas áreas do cérebro a barreira 
hematoencefálica não existe. Essas áreas se distribuem 
em volta do III e IV ventrículo e são denominadas 
órgãos circunventriculares. Estes órgãos podem ser 
receptores de sinais químicos do sangue ou podem 
Fernanda Marques S Santos 
 
estar relacionados direta ou indiretamente com a 
secreção de hormônios. 
A glândula pineal localiza-se no epitálamo e secreta 
hormônio melatonina. A eminência média pertence ao 
hipotálamo e está envolvida no transporte de 
hormônios do hipotálamo para adeno-hipófise. A 
neuro-hipófise é um local de liberação de hormônios 
hipotalâmicos. O órgão subfornicial é uma pequena 
estrutura neuronal situada no forame de Monro, cujo 
seus neurônios são sensíveis a baixas contrações de 
angiotensina 2. As informações obtidas pelos 
neurônios do órgão subfornicial são levadas a áreas do 
hipotálamo que regulam a volemia. O órgão vascular 
da lâmina terminal está situado nesta lâmina no 
hipotálamo, seus neurônios são sensíveis ao aumento 
de pressão osmóticado sangue, desencadeando a sede 
e estimulando a secreção de hormônios antidiuréticos 
pelo hipotálamo. A área postrema fixa na parte mais 
caudal do assoalho o IV ventrículo e é sensível a sinais 
químicos como o hormônio colecistocinina. A 
informação é repassada ao hipotálamo para regulação 
da atividade gastrointestinal ou ao centro do vômito. 
Referência 
MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. 
São Paulo: Atheneu, 2013.

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