Buscar

CP-TGE-2013 - Resumo 20 (Formas de Governo)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 20 – Formas de Governo: Monarquia e República 
Introdução. Como já foi visto, embora haja divergências entre os autores, as denominações mais usuais e compatíveis com a Constituição brasileira em relação à tipologia de governos são: 
regimes políticos: democracia e autocracia; 
formas de governo: monarquia e república; 
sistemas de governo: parlamentarismo e presidencialismo. 
Nas aulas passadas estudamos os regimes democrático e autocrático. Neste capítulo, veremos as formas de governo. 
Formas de governo. Quando se fala em formas de governo, trata-se da estrutura política do governo e do modo de acesso ao poder, especialmente no que se refere ao Poder Executivo. Segundo essa classificação, as formas de governo são monarquia e república. Maquiavel foi um dos pioneiros nessa distinção, escrevendo em O Príncipe (1513) que todos os Estados foram ou são repúblicas ou principados (isto é, monarquias), conforme o poder esteja nas mãos de uma só pessoa ou do conjunto de cidadãos. 
 
Nicolau Maquiavel
Monarquia 
“Enforcai o último rei com as tripas do último padre” (Denis Diderot, filósofo iluminista francês, 1713-1784)
 
Histórico. A Monarquia (do grego mono + arkê: autoridade única) é a forma mais tradicional de governo, tendo sido utilizada desde a antiguidade. Segundo a classificação de Aristóteles, a monarquia, também chamada de realeza ou principado, é o governo de um só, que pode degenerar em tirania. 
Montesquieu também trata da Monarquia como o governo de um só, acrescentando que o seu princípio, ou seja, aquilo que a faz funcionar é a honra. Na análise desse filósofo, o rei deve honrar pessoas consideradas especiais com títulos e privilégios, reforçando a desigualdade e estimulando a vaidade e a competição pelos favores reais. É próprio da Monarquia, portanto, haver uma casta de privilegiados, normalmente chamada de nobreza. O luxo e a ostentação são características normais tanto dos governantes como das classes privilegiadas numa monarquia. 
Os primeiros Estados modernos se constituíram como monarquias absolutistas, caracterizadas pela concentração do poder nas mãos do rei. Com as revoluções burguesas e o constitucionalismo, surgiram as monarquias constitucionais, nas quais o poder do rei é limitado e em sua maior parte é exercido de forma democrática e até com características republicanas. 
Características da monarquia. Tradicionalmente, são consideradas como características da monarquia: 
Vitaliciedade: o poder do monarca não é exercido por tempo determinado, normalmente durando por toda a vida. 
Hereditariedade: o poder monárquico é transmitido por sucessão hereditária, por ser considerado patrimônio da família real. 
Irresponsabilidade: o rei não responde por seus atos e nem deve prestar contas aos súditos. 
Vantagens e desvantagens. Os defensores da Monarquia argumentam com sua estabilidade, distanciamento das lutas políticas e preparação especial do rei para o exercício do poder. Seus detratores argumentam que ela é essencialmente antidemocrática e que um Estado não pode ter sua sorte ligada a uma pessoa e sua família. 
Monarquias Constitucionais. São monarquias nas quais o poder do rei foi sendo diminuído até que lhe restou apenas o cargo quase simbólico de chefe de Estado. Normalmente, essas monarquias são combinadas com o sistema parlamentarista, que tem características republicanas, já que a chefia de governo é exercida por um primeiro-ministro eleito. É a única espécie de monarquia considerada compatível com a democracia. Exemplos de monarquias constitucionais na atualidade são Inglaterra, Espanha, Dinamarca, Suécia etc.
República
“Nem um homem nesta terra é repúblico nem zela ou trata do bem comum, senão cada um do bem particular (...) verdadeiramente que nesta terra andam as coisas trocadas, porque toda ela não é república, sendo-o cada casa” (Frei Vicente do Salvador, 1564-1635). 
Histórico. República vem do latim res publica, ou seja, coisa pública. Essa forma de governo nasceu em Roma para combater os excessos e as arbitrariedades da monarquia. Por volta de 500 a.C, após uma guerra civil, o último rei de Roma, Tarquínio, o Soberbo, foi expulso e foi implantada a República. 
“Os litores levam ao cônsul Brutus os corpos de seus filhos”, Jacques Louis David
A República romana era o que os estudiosos denominam de governo misto, no qual o poder era dividindo entre os cônsules, o Senado e a plebe. Dois cônsules, eleitos anualmente, dividiam o poder máximo, presidindo o Senado e comandando o exército (imperium). Havia também eleições para vários outros cargos, chamados de magistraturas, como edis, censores, questores, pretores e tribunos da plebe. Cada desses cargos tinha funções específicas e exigência de idade mínima e experiência anterior num cargo de menor importância (cursus honorum). 
Valorizava-se a moderação, a austeridade, o decoro e o respeito à coisa pública, que deveria estar acima dos interesses pessoais. O luxo e a ostentação não eram bem-vistos, pois na República deveria prevalecer a igualdade. Exemplo dessas virtudes foi cônsul Brutus, que mandou executar seus próprios filhos por conspirarem contra a República. Séculos depois, Júlio César foi assassinado por senadores pelo mesmo motivo. Entre os assassinos, estava um descendente do mesmo Brutus, que era filho adotivo de César. 
Marco Túlio Cícero
Cícero (106-46 a.C.). Marco Túlio Cícero foi um grande defensor da República romana como um governo em que o povo se associa por um consenso jurídico e uma comunidade de interesses, exigindo, porém, a efetiva participação dos cidadãos nos assuntos públicos. 
“O homem veemente prefere, embora seja chamado de louco, e a necessidade não o obrigue, arrostar as tempestades públicas entre suas ondas, até sucumbir decrépito, a viver no ócio prazenteiro e na tranqüilidade (...) mas a virtude afirma-se por completo na prática, e seu melhor uso consiste em governar a República e converter em obras as palavras que se ouvem nas escolas” (Cícero, Da República).
Com a queda da República em Roma (27 a.C.), essa forma de governo praticamente desapareceu, até que passou a ser adotada por cidades italianas independentes no fim da Idade Média (Veneza, Florença etc.). 
Após tratar da monarquia em O Príncipe, Maquiavel, que vivia em Florença, exalta a república em seus Discursos sobre a segunda década de Tito Lívio (1517), defendendo a superioridade dessa forma de governo. Segundo Maquiavel, as repúblicas são mais prósperas do que os principados, porque os cidadãos, sentindo-se partícipes e beneficiários da coisa pública, se empenham em favorecer a prosperidade do Estado. 
Montesquieu também trata da república em sua obra, classificando-a o como a forma de governo popular, em oposição à monarquia, e cujo princípio é a virtude política ou patriotismo. Segundo Montesquieu, o amor à pátria, traduzido na dedicação à coisa pública e no desapego das vantagens pessoais, é essencial à sobrevivência da república. 
“Os políticos gregos, que viviam em governo popular, não conheciam outra força de sustentação senão a do patriotismo. Os de hoje não nos falam senão de manufaturas, de comércio, de finanças, de riquezas e de luxo mesmo. Quando o patriotismo acaba, a ambição penetra nos corações que a podem receber, e a avareza entra em todos. Os desejos mudam de objeto: o que se amava não se ama mais; era-se livre com as leis, e se quer ser livre contra elas; cada cidadão é como um escravo fugido da casa do senhor; o que era máxima chama-se rigor; o que era regra chama-se estorvo; o que ali era atenção chama-se temor. A frugalidade é que é, aí, avareza, e não o desejo de ter. Antes, o bem dos particulares constituía o tesouro público; agora, porém, o tesouro público torna-se patrimônio dos particulares. A República é um despojo; e a sua força nãoé mais que o poder de alguns cidadãos e a licença de todos” (Montesquieu, O Espírito das Leis).
 
República moderna. O combate ao absolutismo monárquico identificou a república como uma forma mais democrática de governo, por limitar o poder, garantir a igualdade entre os cidadãos e propiciar a participação popular mediante a eleição de representantes. Os EUA já nasceram como república e a Revolução Francesa implantou essa forma de governo em sua segunda fase (1792). 
Características da república. A república tem as seguintes características básicas:
temporariedade: o poder deve ser exercido por tempo limitado, evitando-se mandatos longos e reeleições sucessivas; 
eletividade: o acesso ao poder deve ser por eleição, e não por sucessão hereditária; 
responsabilidade: os governantes devem responder por seus atos e prestar contas (transparência, accountability). 
Princípio Republicano. Conforme a doutrina mais atual, as normas jurídicas se dividem em regras e princípios. Os princípios são mais abstratos do que as regras e estão acima delas, sendo baseados num conjunto de valores (por exemplo, o princípio da igualdade). Atualmente, entende-se que, mais do que uma forma de governo, a república é um princípio, que abrange, além das características republicanas básicas, valores como a separação entre Igreja e Estado (Estado laico), ética na política, honestidade, respeito à coisa pública, impessoalidade, moderação, austeridade, combate aos privilégios, ao nepotismo e ao patrimonialismo (confusão entre o público e o privado), etc. 
“O princípio que explica a dinâmica de uma República, ou seja, o sentimento que a faz durar e prosperar, é a virtude. É nesse contexto que se pode dizer que a motivação ética é de natureza republicana. Isso passa pela virtude civil do desejo de viver com dignidade e pressupõe que ninguém poderá viver com dignidade numa comunidade política corrompida” (Celso Lafer).
República x Democracia. O cientista político brasileiro Renato Janine Ribeiro traça uma interessante relação entre a democracia e a república. Considerando que a democracia é o regime em que se busca a conquista de direitos e a república é a forma de governo que exige sacrifícios em nome da coletividade, há uma tensão entre esses dois princípios, mas um não pode existir sem o outro. Ensina esse autor: 
“A República é o que nos faz respeitar o bem comum. A Democracia é o que nos faz construir uma sociedade da qual esperamos nosso bem. Na Democracia, desejamos ter e ser mais. Com a República, aprendemos a conter nossos desejos. Há uma tensão forte entre esses dois princípios, mas um não vive sem o outro” (...) 
“Não há política digna de seu nome, hoje, que não seja democrática e republicana. Mas há uma tensão entre esses dois ideais. A república é o regime no qual prevalece o bem comum, o que exige o sacrifício ou a contenção dos desejos e interesses privados. Já a força da democracia, hoje, e seu caráter popular estão justamente no fato de que ela mobiliza o desejo de ter mais – e sobretudo o desejo de ser mais”. 
Para refletir. No Brasil, existem mais de 20 mil cargos públicos de livre nomeação pelos políticos. Nos EUA, são cerca de 2 mil e, na Inglaterra, menos de 200. A Inglaterra seria, nesse ponto, mais republicana do que o Brasil? 
Bibliografia
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo IV, itens 121 a 125.
Leituras complementares: 
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição, ed. Malheiros.
BARROS, Alberto Ribeiro Gonçalves. “Republicanismo”, in Manual de Filosofia Política, Saraiva, 2012.
RIBEIRO, Renato Janine. A República (coleção “Folha Explica”, ed. Publifolha). 
Filme: O discurso do rei ("The King's Speech" Grã Gretanha, 2010, dir. Tom Hooper).

Outros materiais

Outros materiais