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Rinite Alérgica (RA) Conceito: Rinite: doença inflamatória das vias aéreas superiores, caracterizada clinicamente por sintomas típicos como: congestão nasal, espirros, rinorréia e prurido, resultantes de reações mediadas por imunoglobulina E (IgE) específica. Duração dos sintomas: mais de uma hora na maioria dos dias, durante dois ou mais dias consecutivos. O termo Rinite vem sendo substituído pelo termo Rinossinusite, principalmente no caso de Rinite alérgica Classificação das Rinites Classificação de acordo com a ocorrência dos sintomas e de acordo com a gravidade Epidemiologia: É a mais prevalente manifestação de hipersensibilidade dentre as doenças atópicas.Acomete 25 a 35% da população mundial.Maior incidência em crianças e adolescentes.Significante causa de morbidade e produz importante impacto na economia.Trabalhos recentes indicam que 44% a 87% dos pacientes com rinite alérgica apresentam rinite mista (alérgica e não alérgica). Brasil: prevalência (Estudo ISAAC 2007) 6 a 7 anos = 25,7% 13 a 14 anos = 29,6% Meses com maior incidência: inverno. Estudos epidemiológicos demonstram aumento da prevalência. Teorias: aumento da poluição ambiental externa e interna; genética(?). Correlação com a asma: 80% dos indivíduos com asma alérgica apresentamsintomas nasais e 40% dos indivíduos com rinite alérgica apresentam asma Etiopatogenia: Ocorre em indivíduos geneticamente pré-dispostos à sensibilização a determinados antígenos quando estes entram em contato com tais antígenos. Antígenos mais comuns: ácaros domiciliares, fungos, pêlos e penas de animais domésticos, alérgenos de baratas, alérgenos de fungos. Raramente alimentos. Principais componentes da poluição das grandes cidades: emissões da combustão dos derivados de petróleo. Poluente nos interiores: cigarro.O tabaco pode alterar a depuração mucociliar e causar eosinofilia e inflamação típica de alérgeno na mucosa nasal de crianças alérgicas. Algumas drogas que podem desencadear crises: aspirina, reserpina, bloqueadores alfa adrenérgicos, IECA, colírios beta bloqueadores. Fisiopatologia: As IgE específicas para os alérgenos ligam a receptores celulares de baixa e alta afinidade. Receptores de alta afinidade: eosinófilos ativados, mastócitos, plaquetas, células de Langerhans, monócitos e células do epitélio brônquico de asmáticos, macrófagos,ecelsdendríticas. Receptores de baixa afinidade: cels B, macrófagos, eosinófilos, cels Natural killer, cels T, cels de Langerhans, cels epiteliais brônquicas de asmáticos e cels epiteliais da medula óssea e do timo. Fase imediata: paciente entra em contato novamente com o antígeno. Cada antígeno se liga a duas moléculas de IgE ligadas a receptores de mastócitos. Ocorre degranulação liberando mediadores (histamina, proteases e fatores quimiotáticos): aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação, exsudação e edema. A fase imediata é caracterizada por rinorréia, obstrução, espirros e ocasionalmente prurido. Fase tardia: obstrução nasal, rinorréia e espirros menos intensos. Infiltrado inflamatório: eosinófilos, neutrófilos, basófilos e linfócitos. Essa fase ocorre em 30 a 40% dos pacientes. Citocinas e fatores quimiotáticos liberados na fase imediata atrairão as células até os capilares da mucosa nasal e induzirão o surgimento de moléculas de adesão. O principal leucócito dessa fase é o eosinófilo que libera proteínas como peroxidase, neurotoxina: Causam lesão celular grave e agravam o processo inflamatório. Observa-se ↑de IL-5 e de IL-2 pelos linfócitos T. Hiper-reatividade nasal não específica: espirros, congestão nasal e secreção desencadeados por estímulos não alergênicos. Ex: frio, calor, poluentes, etc. Hipóteses: lesão da barreira epitelial expondo as terminações nervosas; aumento de sensibilidade dos receptores irritantes; liberação de mediadores inflamatórios. Conhecimento da participação eosinofílica Conceito importante: presença de inflamação mínima persistente nestes pacientes, mesmo sem exposição alergênica contínua apresentam um processo inflamatório residual. Remodelamento: Em relação à mucosa brônquica, o fenômeno do remodelamento na mucosa nasal é menor na rinite do que na asma, como dano epitelial mínimo e membrana basal reticular menos espessa; não existe evidência de neovascularização na mucosa nasal alérgica. Quadro clínico Espirros em salva, prurido nasal e/ou palato e olhos, rinorréia hialina e obstrução nasal, secreção retrofaringeana e prurido no palato mole. Obstrução pode ser uni ou bilateral. Mais pronunciada à noite. Prurido é intenso. Pode acometer também olhos, ouvidos e palatos. Rinorréia típica é hialina. “Saudação do alérgico”, epistaxes eventuais, gotejamento pós nasal. Mucosa nasal hiperemiada na rinite aguda e pálida na forma crônica. Cefaléia: hipoventilação nasal. Disfunçã tubária e sinusites. Quando tosse secae dispnéia: pesquisar asma associada. Outros sintomas: secreção em faringe, dor de garganta, hiposmia, perda do paladar, irritabilidade, fadiga crônica. Hiposmia: casos mais graves. Anormalidades orofaciais e ortodonticas: palato ogival, hiperplasia gengival, má-oclusão. Diagnóstico clínico História, anamnese: (sintomas típicos, periodicidade dos sintomas; relato de fatores desencadeante e agravantes; associação com outras doenças alérgicas; investigar os ambientes a que o paciente é exposto, uso de medicações.) Exame físico: (face: respiração predominantemente bucal, protusão discreta da arcada dentária pra frente, conjuntivas hiperemiadas e linha de Dennie Morgan, olheira do alérgico (shadow face), pequena prega transversal na região frontodorsal do nariz, “saudação do alérgico”. Nariz: mucosa hiperemiada, descorada/ pálida, cornetos hipertrofiados, descarga mucóide ou rinorréia hialina, congestão nasal. Pode-se encontrar pólipos, desvio de septo). Exame laboratorial: exame da secreção nasal; hemograma completo (pouco auxilio); Imunoglobulinas: IgA pode estar diminuida e IgE costuma estar aumentada; rast-test e teste de puntura; provocação nasal, rinomanometria: avalia o fluxo aerodinâmico do nariz antes e depois do uso de descongestionante tópico. Exames de imagem Colaboram para o diagnóstico das comorbidades e complicações associadas a rinite alérgica. Radiografia simples: Visualização e mensuração do tecido adenoideano (?) Rx dos seios paranasais: em alguns casos de rinossinusite aguda e avaliação inicial de Rinossinusite crônica. Tomografia computadorizada: exame de escolha para avaliação radiológica das doenças inflamatórias agudas e crônicas das cavidades sinusais e na busca de complicações da rinossinusite aguda. Nasofibroendoscopia: para alterações anatômicas e melhor visualização de estruturas posteriores. Diagnóstico diferencial Polipose nasal. Desvio de septo. Corpo estranho. Rinite infecciosa. Tumores malignos e benignos. Hipertrofia de adenóide. Atresia de coana Rinorreiacerebroespinhal.. Sarcoidose. Granulomatose de Wegener. Rinossinusite infecciosa. Disfunção ciliar. Tratamento: Tripé: cuidados ambientais, tratamento medicamentoso e imunoterapia. Uma das medidas mais importantes: controle ambiental. A maior parte dos pacientes quando faz os cuidados ambientais de forma adequada fica assintomática em 50% dos casos e não necessita de tratamento. Os que não ficam assintomáticos necessitam de menos medicação e tem melhor resposta à imunoterapia. Tratamento farmacológico: Finalidade: redução e controle dos sintomas. Deve ser instituído de acordo com a frequência e gravidade dos sintomas Anti - histamínicos Para alívio dos sintomas agudos e tratamento prolongado em caso de rinite persistente. Controle do prurido, espirros e coriza. Pouco úteis: redução da obstrução nasal. De 2ª geração: + indicados para rinite alérgica intermitente ou persistente por: > potencia; Ação mais prolongada Mínimas reações adversas. Exemplos: Loratadina, Cetirizina, Desloratadina,Levocetirizina, Epinastina, Ebastina, Fexofenadina, Rupatadina. Os de uso tópico: rápido inicio de ação. Recomendados: rinite intermitente leve. Exemplo: Azelastina (tópico nasal). Descongestionantes Podem agir sobre a congestão nasal. Efeitos adversos: como irritabilidade, insônia e palpitações. Devem ser utilizados com cautela em idosos, criança de baixa idade, paciente com história de arritmia cardíaca, angina pectoris, hipertensão arterial, glaucoma, hipertireoidismo. Tópico : não usar por mais que 7 dias. Uso prolongado: > obstrução (efeito rebote); Rinite medicamentosa. Corticosteróide tópicos intra-nasais Mais eficazes para controle dos sintomas da rinite alérgica. Reações locais como ardência, irritação e sangramento: relatadas por pequeno número de pacientes. Exemplos: Budesonida; Ciclesonida, Mometasona, Fluticasona (Furoato e Propionato), Triancinolona, Beclometasona. Imunoterapia Especifica Deve ser considerada em três situações: Com sensibilidade comprovada para antígenos inalatórios (testes cutâneos e IgE especifica); Há relação entre exposição ao alérgeno e manifestação clínica; Há disponibilidade de um extrato alergênico padronizado que seja comprovadamente eficaz. *** Aumentar a dose do corticóide tópico; Prurido nasal e espirros: adicionar anti-histaminícos; Rinorréia: adicionar ipratrópico; Obstrução nasal: adicionar descongestionante nasal ou corticóide oral (curso curto); Falha: avaliar a possibilidade de tratamento cirúrgico. Se existir conjuntivite adicionar anti-histaminíco oral ou anti-histaminícointra-ocular ou cromonasintra ocular (ou salina). Considerar imunoterapia específica. Prognóstico: Geralmente o tratamento tem impacto positivo para o paciente, resgatando principalmente a qualidade de vida.
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