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Tipos de entidades do 3º setor

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INTRODUÇÃO
O chamado terceiro setor é composto por instituições privadas de interesse público, de forma que vem se desenvolvendo cada vez mais e, dessa maneira, o seu papel dentro da sociedade torna-se essencial. Essas entidades se diferenciam do primeiro e segundo setor, por não possuírem finalidade lucrativa e pela maioria dos trabalhos realizados serem voluntário e são caracterizadas juridicamente como associações, fundações ou entidades religiosas e prestam serviços em diversas áreas como saúde, educação, defesa de direitos, lazer, cidadania, etc. Contudo, essas instituições também possuem empregados formais que servem para controlar os recursos recebidos, administrá-los e prestar contas para os órgãos públicos e para a sociedade.
Diante desse cenário, verifica-se que a transparência nessas instituições é fundamental, pois afeta de alguma maneira, direta ou indiretamente a sociedade, a qual exige uma prestação de contas justa e equitativa.
As entidades sem fins lucrativos assumem, a cada dia, um papel muito relevante na sociedade atual. São as maiores responsáveis pela realização das atividades de caráter beneficente, filantrópicos, caritativo, religioso, cultural, educacional, científico, artístico, literário, recreativo, de proteção ao meio ambiente, esportivo, e muitos outros serviços de cunho social. Contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico, social e politico do país, pois realizam inúmeras atividades que deveriam ser de responsabilidade do Estado, mas que deixam de ser por ele atendidas. 
Esta pesquisa tem o objetivo de demonstrar os tipos de organizações do Terceiro Setor e suas características. Será apresentado primeiramente uma abordagem, conceituando o Terceiro Setor conforme fundamentação de diversos autores e identificando as diferenças entre o Primeiro, Segundo e Terceiro Setor. Posteriormente serão apresentados os tipos de organizações que o compõem, identificando suas características. E Por fim será exposto as considerações finais do tema abordado com o intuito de contribuir sobre os aspectos pertinente ao Terceiro Setor que envolve reflexões conceituais e suas classificações. 
CONTEXTUALIZANDO O TERCEIRO SETOR
Para abordar o tema Terceiro Setor, faz-se necessário distinguir este dos demais setores da sociedade. Segundo Fernandes (2002, p. 127) “a ideia de um “terceiro setor” supõe um “primeiro” e um “segundo”, e nesta medida faz referência ao Estado e ao mercado”, respectivamente.
 O Primeiro Setor é representado pela Administração Pública direta e indireta, ou seja, o Governo/Estado, e tem como função oferecer o bem-estar social, a saúde, a educação, e a segurança a todo cidadão brasileiro, conforme determina a Constituição Federal, o segundo é formado pela iniciativa privada, pelas empresas que possuem finalidade lucrativa (aqui entram as concessões/ permissões de serviços públicos e Parceria Público-Privadas). O Terceiro Setor, por sua vez, é composto de organizações privadas sem fins econômicos, estas desempenham atividades complementares às públicas, que visam o atendimento do interesse coletivo e suprir as necessidades da população que o governo e as empresas privadas não conseguem satisfazer, utilizando recursos públicos e privados.
Este setor se diferencia do segundo, por não ter a finalidade lucrativa, contudo, é considerado um setor “privado, porém público”, (Fernandes, 2002, p.13), por ter características dos dois setores.
Nunes (2006. p. 25) define o Terceiro Setor como: 
 [...] o conjunto de organizações de origem privada, dotadas de autonomia, administrativa própria e finalidade não lucrativa, cujo objetivo é promover o bem-estar social através de ações assistenciais, culturais e de promoção da cidadania.
O fato de não possuir finalidade lucrativa não se confunde com inexistência de atividade econômica. A primeira, diz respeito ao destino que se dá ao lucro. Assim, ter finalidade não lucrativa não significa que não se pode realizar atividade econômica, mas sim, que não distribua seus resultados entre seus sócios.
Na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T 10.19, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) define da seguinte forma as entidades sem fins lucrativos: "[...] são aquelas em que o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit".
Ainda sobre conceito do terceiro setor, de acordo com as palavras de Fernandes, (2002, p. 19), ele é “não-governamental, não-lucrativo, porém organizado, independente, e mobiliza particularmente o comportamento voluntário das pessoas, leva a mudanças gerais nos modos de agir e pensar”. Segundo o mesmo autor, (2002, p. 21), “visam à produção de bens e serviços públicos, com dupla qualificação: não geram lucros e atendem as necessidades coletivas”.
Paes (2006, p.122) defende o terceiro setor como composição de organizações de natureza privada (sem objetivo do lucro) dedicadas à consecução de objetivos sociais ou públicos, embora não seja integrante do governo (Administração Estatal).
Dias (2008) expõe uma visão ampliada sobre a composição do terceiro setor, a saber: entidades beneficentes e assistências; entidades culturais, cientificas e educacionais; entidades recreativas e esportivas; fundações privadas (inclusive as empresariais); organizações nãogovernamentais; entidades beneficentes, assistenciais, culturais, cientificas, educacionais, recreativas e esportivas vinculadas a religiões, igrejas ou assemelhadas; organizações de caráter corporativo e entidades representativas patronais e profissionais (sindicatos, federações, confederações e centrais de empregados e de empregadores, associações de classe e de categoria profissional); organizações de defesa ou promoção de interesses e direitos gerais; associações voluntarias; organizações religiosas; organizações políticas de caráter partidário. Destas diversas instituições que fazem parte do terceiro setor pode-se destacar que sob a ótica do Código Civil Brasileiro, entidades sem fins lucrativos são: associações, fundações e organizações religiosas.
Pode-se notar que entre os autores do tema grande parte defende a ideia de que o terceiro setor mescla um pouco dos dois outros setores, especialmente por usar de dinheiro privado e público para proporcionar o bem-estar da sociedade e de forma voluntária. Dessa forma, Silva (2010) vem evidenciar que o terceiro setor é visto como uma conjunção entre as finalidades do setor público e a natureza do setor privado, ou seja, é composto por organizações que visam a benefícios coletivos, porém de natureza privada. Além disso, ao obter resultado positivo, este é revertido para a própria organização, a fim de melhorar suas atividades direcionadas à sociedade.
TERCEIRO SETOR NO BRASIL
De cunho fundamentalmente assistencialista e origem religiosa, desde a época do Brasil colônia, existem organizações que cumprem um papel de substituição ou complemento das responsabilidades atribuídas, a priori, ao Poder Público. Pela sua própria natureza, essas instituições, as quais se constituíam de hospitais, educandários e asilos, de alguma forma, foram o início de um movimento social que, ao longo de décadas, se ampliou em função do crescimento populacional, a urbanização da sociedade, conjuntura política, em conjunto com a incapacidade do Estado em atender às necessidades primárias nas áreas da saúde, educação e assistência social (SILVA, 2010)
A primeira entidade sem fins lucrativos identificada na história brasileira foi a Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1543, em Santos (SP), com o apoio da Igreja Católica, organização ainda existente nos dias de hoje.
Porém, a formação do “terceiro setor” com o modelo atual, com a participação ativa da sociedade civil em parceria com a Administração Pública, é um resultado do século XX e está intimamente ligada à alteração da forma de se sistematizar as atividades estatais.
Durante anos, o Brasil enfrentou dificuldades na regulamentação das relações entre as organizaçõesdo terceiro setor (popularmente chamadas de ONG’s) e a administração pública, pois não existiam normas gerais que regulassem de forma padronizada as parcerias que eram firmadas entre a administração pública e essas organizações. Em outras palavras, não existia uma lei que tratasse especialmente sobre essas parcerias.
Para resolver a questão da regulamentação das parcerias, foi instituído um grupo de trabalho com número igual de representantes do governo e das referidas organizações, para a elaboração de um marco regulatório que servisse como regra à celebração de parceiras entre a Administração Pública e as organizações privadas sem fins lucrativos prestadoras de serviço público.
Assim, em 01/08/2014, foi aprovada a Lei nº 13.019/2014, conhecida como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), que estabelece e regula no âmbito jurídico as parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da Sociedade Civil (nome formal atribuído às organizações privadas prestadoras de serviço público), para trabalhar em cooperação mútua em busca de interesse público e recíproco.
Uma inovação significativa que a Lei 13.204/15 trouxe em seu artigo 84B foi o seguinte:
As organizações da sociedade civil farão jus aos seguintes benefícios, independentemente de certificação:
a) receber doações de empresas, até o limite de 2% (dois por cento) de sua receita bruta;
b) receber bens móveis considerados irrecuperáveis, apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil;
c) distribuir ou prometer distribuir prêmios, mediante sorteios, vale-brindes, concursos ou operações assemelhadas, com o intuito de arrecadar recursos adicionais destinados à sua manutenção ou custeio.
Os itens acima tratam-se dos mesmos benefícios permitidos a uma entidade sem fins lucrativos que detinha o título de Utiilidade Pública Federal (UPF) ou a qualificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), portanto a conclusão clara é que os benefícios, até então reservados às entidades com UPF ou OSCIP, agora são de direito de todas as entidades sem fins lucrativos, independente destas titularidades.
Desta forma, o título de UPF foi extinto, até porque a lei que o instituiu – Lei 91 de 28/08/35 foi revogada. Portanto este título não tem mais qualquer validade e, em consulta ao Ministério da Justiça, a sua prestação de contas também não sera mais necessária.
Importante salientar que o denominado Terceiro Setor compõe-se de entes coletivos, pessoas jurídicas de direito privado, configurados, de acordo com o Código Civil brasileiro, em associações civis e fundações de direito privado. Todas são entidades de interesse social e apresentam como características comuns a todas elas a ausência de lucro e o atendimento de fins públicos e sociais. 
Não existe, ainda, no âmbito do sistema normativo brasileiro, uma definição jurídica do que é esse Terceiro Setor, ou uma qualificação de entidades jurídicas já existentes para tarefas concernentes àquele.
TIPOS DE ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR
A classificação das entidades do Terceiro Setor tem gerado muita controvérsia dentro e fora do mundo acadêmico, não existindo unanimidade entre os diversos autores, inclusive no tocante a sua abrangência.
Enquadram-se no Terceiro Setor as fundações privadas e as associações sem fins lucrativos que se enquadrem nos seguintes critérios: (IBGE/IPEA 2010) 
Privadas, não integrantes, portanto, do aparelho do Estado; 
Sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários, ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podem até gerá-los desde que aplicados nas atividades fins; 
Institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas; 
Auto – administradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; 
Voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores.
Segundo a EAESP (2007), as organizações se classificam em: Cultura e recreação (esporte e cultura); Educação e pesquisa; Saúde (hospital e clínica de reabilitação); Assistência e Promoção Social (emergência e amparo); Meio Ambiente (proteção à vida animal); Desenvolvimento e Moradia (emprego, treinamento e geração de renda); Serviços Legais, Defesa de Direitos Civis e Organizações Políticas; Intermediárias Filantrópicas e de Promoção do voluntariado (fundações financiadoras); Atividades Internacionais; Religião; Organizações Profissionais, de Classes e Sindicatos; Outras áreas.
As entidades do Terceiro Setor são regidas pelo Código Civil (Lei nº 10.406/02, com as introduções trazidas pelas Leis nºs. 10.825/03 e 11.127/05) e juridicamente constituídas sob a forma de associações ou fundações ou organizações religiosas. Apesar de serem comumente utilizadas as expressões “entidade”, “ONG” (Organização Não Governamental), “instituição”, “instituto” dentre outras, essas denominações servem apenas para designar uma associação, fundação ou organização religiosa, as quais possuem importantes diferenças jurídicas entre si. 
As Fundações são entes jurídicos de direito privado que têm como fator preponderante o patrimônio. Este ganha personalidade jurídica e deve ser administrado de modo a atingir o cumprimento das finalidades estipuladas pelo seu instituidor, através de escritura pública ou testamento, para servir a um objetivo específico, voltado a causas de interesse público. A partir da vigência do Código Civil de 2002, somente podem ser constituídas fundações para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (parágrafo único do art. 62). 
Podemos relacionar as cinco principais características das fundações: 
a) a finalidade ou os fins;
 b) a origem ou a forma de criação; 
c) o patrimônio; 
d) o modo de administração; 
e) o velamento do Ministério Público.
A finalidade, sempre lícita, é permanente, uma vez que, após definida pelos instituidores, em escritura ou testamento, não pode ser modificada pelos administradores (CC, Art. 67, II). Quanto à origem da fundação, esta é realizada pela manifestação de liberdade de pessoas físicas ou jurídicas, que são os instituidores, por meio de escritura pública ou cédula testamentária (CC, Art. 62). Com relação ao patrimônio, este de primordial importância na caracterização da pessoa jurídica fundacional, é composto por bens livres que o(s) instituidor(es) lega(m) ou doa(m) à futura entidade, para que ela possa, com aquela dotação inicial, realizar as suas finalidades. O modo de administração ou a organização administrativa é característica basilar do ente fundacional, pois, ao vincular-se um patrimônio a um fim, verificou-se a necessidade de diferenciarem-se os instituidores dos administradores e de organizar esses órgãos autônomos, mas subordinados, cabendo-lhes: deliberar e traçar metas e diretrizes, função do conselho curador ou deliberativo; executar função do conselho administrativo ou executivo e controlar internamente função do conselho fiscal. Há, ainda, talvez como quinta característica das fundações de direito privado, o papel desempenhado pelo Ministério Público como ente estatal incumbido, pela lei, de velar, acompanhar, intervir e fiscalizar as fundações.
As Associações são pessoas jurídicas formadas pela união de pessoas que se organizam para a realização de atividades não econômicas, ou seja, sem finalidades lucrativas, em prol de um objetivo comum, sem interesse de dividir resultado financeiro entre elas. Para a criação de uma associação, os associados devem seguir as determinações constantes nos arts. 53 e 54, da Lei nº 10.406/2002 (do Código Civil Brasileiro), no que se refere: a denominação, os fins e a sede da associação; os requisitos para a admissão, demissão e exclusão de associados; os direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos para sua manutenção; o modo da constituição e funcionamento dosórgãos deliberativos e administrativos; e as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. Toda a renda proveniente de suas atividades deve ser revertida para os seus objetivos estatutários.
Há determinadas espécies de associação que requerem, além da vontade de seus membros, a autorização estatal (Poder Executivo Federal – CC, Art. 1.123, parágrafo único), como é o caso, por exemplo, dos sindicatos, das sociedades cooperativas, das sociedades de seguros, entre outras. Portanto, em determinadas hipóteses, a inscrição do ato constitutivo da associação deve ser precedida de concessão estatal, momento em que ambas devem ser registradas no cartório competente para que adquiram personalidade jurídica (CC, arts. 45 e 46; Lei n.º 6.015/1973, arts. 114 a 121).
As principais características das associações que podemos elencar são:
a) constitui a reunião de diversas pessoas para a obtenção de um fim ideal, podendo este ser alterado pelos associados; 
b) ausência de finalidade lucrativa; 
c) o patrimônio é constituído pelos associados ou membros; 
d). reconhecimento de sua personalidade por parte da autoridade competente.
As organizações religiosas são pessoas jurídicas formadas por pessoas que se unem para a realização de atividades sem finalidade lucrativa, voltadas à religiosidade e à profissão da fé, muitas vezes realizando atividades voltadas para a coletividade.
A estrutura da organização religiosa similar à estrutura de associação descrita anteriormente. Porém, onde na associação têm-se associados, na organização religiosa, tem-se membros. Outro aspecto de diferenciação que se deve observar, no contexto da organização religiosa, são as regras do direito próprio de sua formação religiosa, suas regras orientativas. 
A característica essencial da Organização Religiosa é ser constituída por pessoas que vivem, professam e se dedicam na vivência de uma religião, de uma crença, de uma espiritualidade e através da meditação, da oração e de outras práticas próprias e peculiares segundo a opção pessoal e individual das pessoas. Assim, o Estatuto Organizativo da Organização Religiosa deve deixar evidenciadas essas caracterizações, para que não se confunda a pessoa jurídica da Organização Religiosa com tipo jurídico de Associação. Portanto, para se caracterizar como Organização Religiosa, a entidade poderá ser uma Igreja, um Instituto Religioso, um Instituto de Vida Consagrada e outros tipos, cujos fundamentos e diretrizes sejam decorrentes de uma religião, crença, espiritualidade, carisma, enfim de uma prática vivencial religiosa ou, em face de uma vivência comunitária religiosa.
O Art. 44, inciso IV, do Código Civil dispõe da organização religiosa, como pessoa jurídica de direito privado. O parágrafo único do mesmo artigo estabelece que são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao Poder Público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. A instituição e constituição da organização religiosa assemelham-se à da associação. Nesse sentido, não existe controle estatal prévio dos seus atos constitutivos (ata de criação e estatuto), e não há necessidade de elaboração de escritura pública. Na organização religiosa, não existem sócios ou associados, mas, sim, “membros”. São pessoas integradas pela confissão de fé, por votos, por compromissos ou por vivência carismática existencial.
Após a sua constituição, a entidade sem fins lucrativos pode requerer títulos, registros, certificados e qualificações. Para solicitar esses enquadramentos legais, a entidade deverá observar os requisitos necessários à sua obtenção, bem como as obrigações decorrentes. Cada título possui uma legislação específica que deve ser cumprida pela entidade interessada em obtê-lo, ressalvando-se que nem todos os títulos são cumulativos (se pode ter um, nem sempre pode ter outro). Os objetivos para concessão de títulos, qualificações e registros são: 
1) Diferenciar as entidades que os possuem, inserindo-as num regime jurídico específico; 
2) Demonstrar à sociedade que a entidade possui credibilidade; características e peculiaridades das entidades do terceiro setor;
 3) Facilitar a captação de investimentos privados e a obtenção de financiamentos; 
4) Facilitar o acesso a benefícios fiscais; 
5) Possibilitar o acesso a recursos públicos, assim como a celebração de convênios e parcerias com o Poder Público e; 
6) Possibilitar a utilização de incentivos fiscais pelos doadores. 
Segundo Violin (2002, p. 195) “todos são títulos concedidos a pessoas jurídicas de direito privado, devidamente constituídas, em forma de associações e fundações privadas, nos termos da legislação civil, os quais permitem a concessão de benefícios às entidades qualificadas, via subvenções, auxílios, convênios, contratos de gestão, termos de parceria”. 
Assim consideram-se como principais títulos, registros e certificados: 
a) Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas); 
b) Qualificação como Organização Social (OS); 
c) Qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
A seguir detalharemos mais sobre as características e peculiaridades de cada uma dessas qualificações.
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas)
A competência para a concessão ou a renovação deste certificado ficará a cargo dos seguintes Ministérios: 
da Educação, quanto às entidades educacionais; 
da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; e 
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social.
 De acordo com a Lei n.º 12.101, de 2009, a certificação ou sua renovação será concedida à entidade beneficente que demonstre, no exercício fiscal anterior ao do requerimento, observado o período mínimo de 12 (doze) meses de constituição da entidade, de acordo com as respectivas áreas de atuação, e cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
a) Ser constituída como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto na Lei 12.101 de 2009 e ainda deverão obedecer ao princípio da universalidade do atendimento, sendo vedado dirigir suas atividades exclusivamente a seus associados ou a categoria profissional. 
b) Prever, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente a entidade sem fins lucrativos congêneres ou a entidades públicas
Segundo a legislação, este certificado aplica-se às entidades sem fins lucrativos, legalmente constituídos no país e em efetivo funcionamento nos três anos anteriores à solicitação do Certificado. Além disso, as normas legais definem que, para obter o certificado, a entidade deve possuir como finalidade o desenvolvimento de uma das seguintes atividades: 
a) proteger a família, a infância, a maternidade, a adolescência e a velhice; 
b) amparar crianças e adolescentes carentes;
c) promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência;
d) promover, gratuitamente, assistência educacional ou de saúde; 
e) promover a integração ao mercado de trabalho e;
f) promover o atendimento e o assessoramento aos beneficiários da Lei Orgânica da Assistência Social e a defesa e garantia dos seus direitos. 
Para obtenção deste certificado as entidades devem estar previamente inscritas no Conselho Municipal de Assistência Social do município de sua sede, se houver, ou no conselho correspondente no âmbito estadual e que estejam previamente cadastradas no CNAS. Também não podem distribuir resultados, nem remunerar diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores ou equivalentes. 
.A principal vantagem na obtenção do CEAS é a possibilidade de isenção do recolhimento das contribuições para a Seguridade Social.Para pleitear e manter este certificado, a entidade deverá cumprir os requisitos estabelecidos na legislação, os quais ressalta-se, repercutem no teor do estatuto social, nas práticas de gestão adotadas, e na maneira pela qual a entidade desenvolve suas atividades.
Com relação aos recursos, elas precisam aplicar suas rendas e eventuais resultados integralmente no território nacional para a manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais. É necessário aplicar as subvenções e doações recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas e, anualmente, pelo menos 20% da receita bruta em gratuidade, cujo montante nunca será inferior à isenção de contribuições sociais usufruídas. Alves (2005) destaca que os recursos obtidos não constituem patrimônio de indivíduo ou de sociedade sem caráter beneficente de assistência social e que sejam declaradas de utilidade pública federal. 
Qualificação como Organização Social (OS)
 Organização Social é uma forma de qualificação das entidades para que possam absorver atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, até então desempenhadas diretamente pelo Poder Público. A obtenção da qualificação não é um direito ou opção das entidades, uma vez que elas apenas serão qualificadas como OS (Organização Social) se forem aprovadas quanto aos critérios de conveniência e oportunidade pelo Poder Público. A ausência de critérios objetivos para a aprovação e escolha das entidades a serem qualificadas, segundo alguns juristas, torna a Lei inconstitucional. As vantagens de se obter essa qualificação são: 
a) habilitar a entidade a celebrar contrato de gestão com a Administração Pública e; 
b) facilitar a administração de recursos materiais, financeiros e humanos do Poder Público sem a burocracia das normas a ele inerentes, o que, para alguns juristas, seria inconstitucional.
3.4 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
Para Tavares Neto e Fernandes (2010) foi a partir da lei que dispõe sobre as Organizações Sociais de Interesse Público (OSCIPs), Lei nº 9.790 de 23 de março de 1999, que se constituiu o chamado “marco legal” do terceiro setor. Os autores destacam que: [...] a referida lei trouxe a possibilidade de as pessoas jurídicas, formadas por grupos de pessoas ou profissionais de direito privado sem fins econômicos serem qualificadas, pelo Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs – e poderem com ele relacionar-se por meio de termos de parceria desde que seus objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos da lei (TAVARES NETO; FERNANDES, 2010, p. 385).
A qualificação é outorgada pelo Ministério da Justiça às entidades que possuam como finalidade o desenvolvimento de uma das seguintes atividades: 
a) promoção da assistência social; 
b) promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
c) promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações que trata a Lei; 
d) promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata a Lei; 
e) promoção da segurança alimentar e nutricional; 
f) defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
g) promoção do voluntariado;
h) promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; 
i) experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
j) promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
k) promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais e;
l) estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos.
Os estatutos das pessoas jurídicas interessadas no título de OSCIP devem conter a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência. Além disso, também precisam apresentar práticas de gestão administrativa que coíbam a obtenção de privilégios em decorrência de participação nas decisões. Devem constituir o Conselho Fiscal com amplos poderes de fiscalização. Também precisam fazer a previsão de que na dissolução da entidade o seu patrimônio líquido será transferido para outra OSCIP; a previsão de que na perda da qualificação o seu acervo patrimonial adquirido com recursos públicos, durante a qualificação, será transferido à outra OSCIP; a possibilidade de instituir remuneração aos dirigentes executivos da entidade e seus prestadores de serviços, respeitados os valores de mercado; e várias normas de prestação de contas fixadas no inc. VII do art. 4º da Lei nº 9.790/99. 
A prestação de contas será instruída com os seguintes documentos: relatórios sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo entre metas propostas e os resultados alcançados; demonstrativo integral da receita e da despesa realizada na execução; parecer e relatório de auditoria, nos casos em que o montante de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais); e entrega do extrato da execução física e financeira, conforme modelo estabelecido no art. 18 do Decreto n° 3.100/99.
A legislação especifica que as atividades podem ser desenvolvidas mediante execução direta, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários. Vantagens: 
a) oferecer dedutibilidade do Imposto de Renda das pessoas jurídicas doadoras; 
b) possibilitar a remuneração de dirigentes sem a perda de benefício fiscal e;
c) celebrar Termos de Parceira com o Poder Público. Para pleitear e manter esta qualificação, a entidade deverá cumprir os requisitos estabelecidos na legislação acima mencionada, os quais, ressalta-se, repercutem no teor do estatuto social, nas práticas de gestão adotadas, e na maneira pela qual a entidade desenvolve suas atividades. 
4. CONCLUSAO
O presente trabalho procurou tocar os temas imprescindíveis acerca do vasto mundo do terceiro setor e demonstrar as características e peculiaridades aplicáveis às essas entidades. Assim, mesmo existindo diversas entidades classificadas nesta categoria, no Brasil ainda não se tem uma legislação específica de normatização, sendo necessário seguir normas técnicas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), bem como utilizar de forma adaptada as leis destinadas às empresas privadas ou órgãos públicos.
 Iniciou-se por conceituar o termo Terceiro Setor como o espaço ocupado pelo conjunto de entidades privadas sem fins lucrativos que realizam atividades complementares às públicas, visando contribuir com a solução de problemas sociais e em prol do bem comum. 
Analisaram-se os aspectos civis das entidades do Terceiro Setor, definindo-se que as suas entidades podem se constituir sob a forma de associações ou fundações e distinguindo umas de outras, nos mais variados aspectos. Tratou-se dos títulos, certificados e qualificações que as instituições podem buscar perante o Poder Público com vistas à obtenção de benefícios. Esses títulos e registros contribuem para a diferenciação e categorização das entidades, inserindo-as em regimes jurídicos específicos. Assim, em função do enquadramento jurídico e consequentemente da obtenção de determinados títulos e registros, torna possível o acesso a recursos públicos, assim como a celebração de convênios e parcerias com o Poder Público, além de possibilitar a utilização de incentivos e benefícios fiscais. Também, pode facilitar a captação de investimentos privados e a obtenção de financiamentos, além de demonstrar à sociedade certa credibilidade e transparência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL, Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 17/06/2018
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