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MICROECONOMIA I Professora Me. Fernanda Helen Mansano GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MANSANO, Fernanda Helen. Microeconomia I. Fernanda Helen Mansano. Reimpressão - 2018 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 149 p. “Graduação - EaD”. 1. Microeconomia 2. Ciências . 3. Econômicas 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0743-5 CDD - 22 ed. 338.5 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Coordenador de Conteúdo Silvio César de Castro Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Ana Claudia Salvadego Agnaldo Ventura Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Fernando Henrique Mendes Revisão Textual Pedro Afonso Barth Cíntia Prezoto Ferreira Ilustração Marta Sayuri Kakitani Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Operações Chrystiano Minco� Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A Professora Me. Fernanda Helen Mansano Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2016). Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (2009) e em Gestão de Negócios Imobiliários pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2011). Participou de projetos de pesquisa e de extensão na Incubadora Tecnológica de Maringá entre 2012 e 2016, Projetos de Iniciação Científica como aluna PIBIC, Conjuntura Econômica, Monitoria de matemática financeira e tem experiência em empresas do setor financeiro e de varejo. Atualmente presta consultorias a empresas de base tecnológica e atua como docente nos cursos de Economia e Gestão de Cooperativas no Unicesumar. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://lattes.cnpq.br/1061725876326839>. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Microeconomia I! É um prazer recebê-lo(a) e poder compartilhar com você os conhecimentos sobre a mi- croeconomia, uma área da teoria econômica que estuda as firmas e os consumidores. Por meio deste livro, pretendo trazer a você pontos importantes para sua formação aca- dêmica e profissional. Assim, iniciaremos nossas discussões sobre a importância em se estudar a microeconomia. Então nossa análise será aprofundada no comportamento dos consumidores e das firmas. Sendo assim, este livro apresenta os principais tópicos relacionados à teoria microeco- nômica, em que está dividido em cinco unidades, as quais abrangem dois temas impor- tantes: a Teoria do Consumidor e a Teoria da Firma. Dessa forma, a Unidade I nos traz tópicos que englobam a importância em se estudar a teoria, a definição de mercado e a formação de preços, assim como a análise da oferta e da demanda na condução para o equilíbrio de mercado. No Unidade II, iniciaremos o nosso estudo sobre o consumidor, em que verificaremos as suas preferências, as restrições orçamentárias que eles enfrentam devido à limitação de suas rendas, assim como as explicações sobre a escolha dele. Já a Unidade seguinte, verificaremos a demanda sob dois pontos, a individual e a agre- gada. No primeiro ponto, estudaremos o comportamento da demanda a partir de mu- danças no preço e na renda, assim como definiremos o que são bens normais e inferio- res e as curvas de Engel. No segundo ponto, vamos analisar a demanda de mercado e verificaremos o conceito de elasticidade. Além disso, nesta Unidade III, abordaremos o que é oexcedente do consumidor e externalidade de difusão. Por fim, vamos estudar as incertezas nas escolhas do consumidor. Em continuidade aos estudos da microeconomia, na unidade IV, iniciaremos a aborda- gem pelo lado da oferta, ou seja, a Teoria da Firma. Nesse tópico, estudaremos a pro- dução das empresas, em que apresentaremos a função de produção e a diferença da produção entre curto e longo prazo, assim como será apresentado a análise da pro- dução com um insumo e com dois insumos variáveis, ou seja, a aplicação dos fatores e produção sob a perspectiva de curto e de longo prazo. Por fim, na quinta e última unidade, fecharemos a abordagem da Teoria da Firma sob o enfoque dos custos de produção e das estruturas de mercado. Veremos, nessa unidade, o que se entende pelos custos de produção e como são estruturados no curto e no lon- go prazo, assim como, faremos a análise dos mercados competitivos, dos monopólios e dos oligopólios. Assim, com o objetivo de trazer as principais abordagens para o ensino da disciplina de Microeconomia I, o conhecimento aqui repassado trará a você, aluno(a), as ferramentas necessárias para aplicar na sua vida profissional assim como pessoal. Além disso, devo APRESENTAÇÃO MICROECONOMIA I lembrá-lo(a) que, para obter esse conhecimento, é preciso dedicação e execução das atividades elencadas em todo o estudo. Lembre-se, a prática faz o mestre! Assim, espero que essa primeira etapa de estudos da Teoria Microeconômica seja de grande importância para o desenvolvimento do seu conhecimento e, claro, que contribua para a sua profissão de economista! Um abraço, Professora Fernanda H. Mansano. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 15 Introdução 16 Por que Estudar Microeconomia? 18 Mercado e formação de peças 22 Oferta e Demanda 29 Equilíbrio de Mercado 33 Considerações Finais 39 Gabarito UNIDADE II TEORIA DO CONSUMIDOR 43 Introdução 44 Preferência do Consumidor 52 Restrições Orçamentárias 57 Escolha do Consumidor e Utilidade Marginal 61 Considerações Finais 67 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III A DEMANDA DO CONSUMIDOR 71 Introdução 72 Demanda Individual 79 Demanda de Mercado e Elasticidade da Demanda 85 Excedente do Consumidor e Externalidades de Difusão 88 Escolha Sob Incerteza 90 Considerações Finais 96 Gabarito UNIDADE IV TEORIA DA FIRMA 99 Introdução 100 Teoria Da Produção 104 Produção com um Insumo Variável 109 Produção Com Dois Insumos Variáveis 115 Considerações Finais 121 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V CUSTOS DE PRODUÇÃO E ESTRUTURAS DE MERCADO 125 Introdução 126 Custos de Produção 138 Estruturas de Mercado 143 Considerações Finais 148 Gabarito 149 Conclusão U N ID A D E I Professora Me. Fernanda Helen Mansano INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Objetivos de Aprendizagem ■ Contextualizar a importância em estudar o tema. ■ Apresentar o que é o mercado e como ocorre a formação de preços. ■ Indicar a análise da oferta e da demanda e seus determinantes. ■ Mostrar como ocorrem as forças de oferta e demanda e a condução para o equilíbrio de mercado. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Por que estudar Microeconomia? ■ Mercado e formação de preços ■ Oferta e Demanda ■ Equilíbrio de mercado Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Nesta primeira unidade, faremos uma contextualização sobre o estudo da microeconomia, em que abordaremos desde a importância em estudar microe- conomia até o entendimento do equilíbrio de mercado. Conforme Pindick e Rubinfeld (2013), por meio do estudo da oferta e da demanda, é possível perceber a relevância do estudo da economia aplicada a uma diversidade de questões. Assim, um dos principais objetivos desta unidade é mos- trar a aplicabilidade dos princípios microeconômicos aos debates da realidade. Desta forma, esta unidade será dividida em quatro tópicos, sendo, o primeiro tópico, a verificação sobre o que trata o estudo da microeconomia, levando em consideração os agentes envolvidos, consumidores e empresas e as aplicações na teoria econômica. No tópico seguinte, vamos definir o conceito de mercado, o qual será dividido em dois subtópicos que abordarão: a composição do mer- cado e a formação de preços, além da discussão sobre a diferença entre os preços reais e os preços nominais. No terceiro tópico, abordaremos os conceitos de oferta e demanda, buscando compreender o que são variáveis endógenas e variáveis exógenas. Além disso, do lado da oferta, vamos verificar o que determina a lei da oferta na relação de preço e quantidade. Já sobre o lado da demanda, vamos entender que a relação preço e quantidade são inversamente relacionadas, assim como entenderemos os efeitos entre bens substitutos, complementares e o efeito-renda. Por último, vamos compreender o equilíbrio de mercado. Neste tópico, veri- ficaremos quando ocorre o ponto indicado pela junção das curvas de oferta e demanda que determinam o preço e a quantidade de equilíbrio. Assim, espera-se que você possa compreender os conceitos e ferramentas que serão discutidos nesta unidade, bem como verificar a aplicabilidade do tema. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 POR QUE ESTUDAR MICROECONOMIA? Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo ao primeiro tópico desta unidade! Antes de iniciarmos nossos estudos, precisamos entender o que trata a microeconomia. Nesse sentido, podemos defi nir que a microeconomia estuda o comportamento dos indivíduos, ou seja, todos os agentes que têm participação no funcionamento da economia, sejam consumidores, trabalhadores, investidores, e até mesmo, as empresas. A microeconomia pode explicar alguns temas, como: ■ Por que os agentes tomam decisões econômicas? ■ De que forma os consumidores tomam decisões baseadas na variação do preço? ■ Como os consumidores despendem melhor sua renda limitada na com- pra de bens e serviços? ■ Como as empresas podem alocar seus recursos fi nanceiros limitados? ■ Como as empresas decidem quantos trabalhadores contratar? ■ Quando e quanto as empresas devem investir? ■ Como os agentes são infl uenciados por ações governamentais? Assim, “microeconomia é o ramo da economia que trata do comportamento das unidades econômicas individuais, assim como dos mercados formados por essas unidades” (PINDICK; RUBINFELD, 2013, p. 4). O estudo da microeconomia é Por Que Estudar Microeconomia? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 dedicado a estudar o comportamento dos agentes econômicos, como consumi- dores, famílias e indivíduos e suas relações com as empresas. Agora que entendemos o que estuda a microeconomia, vejamos algumas apli- cações da teoria microeconômica no quadro a seguir: Quadro 1 - Aplicações da teoria microeconômica Política de preços EMPRESAS Previsões de custo, faturamento e demanda Elaboração e avaliação de projetos Política de propaganda e publicidade Diferenciação de mercados Decisões ótimas de mercado Efeitos de impostos sobre mercados específicos POLÍTICA ECONÔMICA Política de subsídios Fixação de preços mínimos Controlede preços e salário Política de tarifas públicas Políticas de preços públicos Leis antitruste Fonte: Tebchirani (2012, p. 36-37). O prefixo micro é derivado da palavra grega pequeno. Já a palavra economia tem origem do grego oikonomos, em que oiko significa casa e nomos tem como significado lei, regra, costume. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Ainda incorporado à teoria microeconômica, há o conceito de Coeteris Paribus, uma expressão latina que significa “tudo o mais constante”, ou seja, é uma condição em que é possível analisar o mercado isoladamente, desde que todos os outros mercados sejam constantes, tornando, assim, a análise mais ope- racional. Desse modo, é possível verificar as variáveis de um modelo de forma isolada, como, por exemplo, a demanda de um produto considerando preço e quantidade. Dessa forma, a importância de se estudar microeconomia é entender como consumidores, trabalhadores e empresas tomam decisões dado os recursos, que são escassos, descrevendo as relações de equilíbrio que esses agentes encontram e como podem ser realizadas da melhor maneira. MERCADO E FORMAÇÃO DE PREÇOS Nesse tópico, vamos entender e definir o que é o mercado e como ele é composto. Assim, começaremos com o conceito de mercado: é a determinação de quais compradores e quais vendedores, além dos produtos que estão em um mercado particular, ou seja, o mercado é dividido em dois grupos, compradores e ven- dedores. Os compradores são os consumidores e os vendedores são as empresas. Por Que Estudar Microeconomia? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Dessa maneira, o mercado abrange um “grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos” (PINDICK; RUBINFELD, 2013, p. 8). Assim, os economistas procuram entender o modo de funcionamento dos mercados e se questionam com perguntas: por que os preços, em determinado mercado, caem mais rapidamente do que em outros mercados? Por que em cer- tos mercados há um grande número de empresas que concorrem entre si e em outros há um pequeno número de empresas? Nesse caso, o governo deve inter- vir em mercados com um pequeno número de empresas? COMPOSIÇÃO DO MERCADO: COMPETITIVOS E NÃO COMPETITIVOS Os mercados podem ser divididos em competitivos e não competitivos. Os mercados competitivos são aqueles que possuem muitos compradores e muitos vendedores, de forma que nenhum comprador ou vendedor, individualmente, pode interferir na variação dos preços. Há, também, os mercados que possuem um número pequeno de vendedo- res/produtores que são suficientes para determinar o preço de um produto. Mas caso algum desses produtores saia do mercado, a determinação do preço pode se tornar insignificante – por esse motivo são, também, considerados merca- dos competitivos. São exemplos os mercados de recursos naturais e minerais, como o ferro. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Por outro lado, há os mercados não competitivos que, mesmo possuindo muitos produtores em conjunto, conseguem determinar o preço do produto. Exemplo desse tipo de mercado é o do petróleo. FORMAÇÃO DE PREÇOS Um segundo tema importante que a microeconomia pode explicar é como ocorre o processo de formação de preços. Segundo Vasconcellos (2002), o processo é desenvolvido em mercados individuais que possuem somente um produto e estará fundamentado nos seguintes pressupostos básicos: ■ O valor dos bens é subjetivo, baseado no valor utilidade, o qual repre- senta o grau de satisfação atribuído pelos consumidores. ■ A utilidade total tende a aumentar, ou seja, os consumidores preferem consumir sempre mais. ■ Considera-se o efeito “puro” de cada variável de forma isolada na oferta e na demanda (coeteris paribus). PREÇOS REAIS X PREÇOS NOMINAIS Muitas vezes, temos a curiosidade de comparar os preços de uma mercadoria com os preços do passado ou mesmo com o preço futuro; para isso, necessita- mos de um índice geral de preços, que nos forneça a inflação de preços de bens e serviços, para podermos fazer a correção no período analisado. Isso significa medir os preços em termos reais e não em termos nominais. Assim, os preços em termos nominais são aqueles vistos na prateleira do supermercado em determinado ano, ou seja, são os preços absolutos. Já os pre- ços reais de um produto são aqueles ajustados pela inflação, ou seja, seu preço relativo. Para sabermos qual o preço real de uma determinada mercadoria, utiliza- mos a equação a seguir: Por Que Estudar Microeconomia? Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Nessa equação foi utilizado o IPCA, Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo, que é o mais relevante dos índices empregados no Brasil. Há outros índi- ces muito utilizados, como: INPC – Índice Nacional de Preço ao Consumidor, utilizado em dissídios salariais; IGP-DI – Índice Geral de Preços, empregado contratualmente para correção de determinados preços administrados; IGP-M – Índice Geral de Preços do mercado, empregado como indexador fi nanceiro; IPC-Fipe – Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, restrito ao município de São Paulo (BCB, 2016). Hiperinfl ação e estabilidade As décadas de 1960 e 1970 simbolizam o início do desequilíbrio econômi- co no Brasil. Nesse período, os índices de infl ação chegavam a aproxima- damente 40% ao ano. Já a década de 1980 foi marcada pela conjunção de dois fatores: forte retração na taxa de expansão econômica e signifi cativo aumento da infl ação. A média anual subiu para 330% e, entre 1990 e 1994, para 764%, marcado, por pelo menos, 15 anos de hiperinfl ação. Supermercados e comércio em geral remarcavam diariamente os preços dos produtos, que sumiam rapidamente das prateleiras e das vitrines, já que a população estocava alimentos por temer as sucessivas altas. Esse quadro caótico se estendeu até a primeira metade dos anos de 1990, forçando os governos daquele período a adotarem sete planos de estabilização econô- mica em menos de dez anos. Foi apenas a partir de 1994, com a criação do Plano Real, que o País deu os primeiros passos rumo à estabilidade econômica. [...] Fonte: Adaptado de Portal Brasil (2012, on-line)1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 OFERTA E DEMANDA Agora que entendemos a importância de se estudar microeconomia, o que é mer- cado e a formação de preços, vamos abordar o funcionamento dos mercados, tendo como base o conceito de oferta e demanda para compreendermos como esses dois movimentos de mercado determinam o preço e a quantidade produ- zida das mercadorias que serão vendidas. Antes de entendermos como funciona a oferta e a demanda, devemos saber que em economia, quando queremos explicar o comportamento dos indivíduos, utilizamos uma estrutura baseada em dois princípios: 1. O princípio da otimização: as pessoas tentam escolher o melhor padrão de consumo dada sua renda. 2. O princípio do equilíbrio: os preços são ajustados de acordo com a igual- dade do total demandado e o total ofertado. OFERTA A oferta é sinalizada pelo comportamento dos vendedores, os quais determinam a quantidadeproduzida a um determinado preço de bens e serviços, que serão Oferta e Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 colocados no mercado para serem vendidos em um período de tempo. Assim, a lei da oferta determina: quanto maior o preço, maior é a quantidade ofer- tada pelas firmas. Nesse sentido, para entendermos como o preço de um bem e a quantidade ofertada se relacionam, a curva de oferta nos informa, mantendo tudo mais cons- tante, como os preços interferem na quantidade ofertada pelas firmas. Figura 1 - Curva de Oferta De acordo com o observado na Figura 1, a curva de oferta é representada pela letra S, que significa Supply. No eixo vertical, podemos verificar o preço da mer- cadoria, Price, representado pela letra P medido em reais por cada unidade que os vendedores recebem pela mercadoria ao ser vendida, e no eixo horizontal a quantidade, Quantity Q. Essas duas variáveis são chamadas de variáveis endó- genas, que são aquelas analisadas dentro do modelo. Verificamos que a curva S é ascendente, quer dizer, quanto maior o preço, maior será a quantidade ofertada pelas empresas. Assim, podemos, também, confir- mar que há uma relação positiva entre preço e quantidade, ou seja, quanto mais INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 aumentarmos o preço, maior será a quantidade ofertada. A equação que representa a quantidade ofertada e o preço é a seguinte: QS = Q(P) A qual representa que a quantidade ofertada é igual à quantidade que depende do preço. Além disso, há outras variáveis que podem afetar a oferta, além do preço, como: ■ Preço dos custos de produção (matéria-prima, salários, taxa de juros). ■ Tamanho do mercado do bem produzido. ■ Preço de outros bens semelhantes. ■ Tecnologia empregada. ■ Expectativas. Uma variação desses itens desloca a curva de oferta, ou seja, aqui chamamos de variáveis exógenas, que são aquelas que estão fora do modelo e ocorrem exter- namente, conforme podemos observar na Figura 2. P S S’ P1 P2 Q2 QQ1Q0 Figura 2 - Deslocamento da Curva de Oferta Fonte: Pindick e Rubinfeld (2013, p. 22). Oferta e Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 De acordo com a Figura 2, houve uma redução nos custos de produção. Assim, o valor total para a produção dos bens pelas firmas diminuiu, então, grafica- mente, podemos observar que houve um descolamento da curva de oferta S para a direita S´, em que, mantendo os preços de venda, a quantidade ofertada aumenta de Q1 para Q2. DEMANDA A demanda estuda o comportamento dos consumidores, a qual é apontada pela quantidade a ser consumida a partir da variação de preços. Nesse caso, a quan- tidade demandada é inversamente relacionada a preço, ou seja, quanto maior o preço, menor será a quantidade de demanda pelos consumidores. A curva de demanda pode ser demandada graficamente por uma curva des- cendente, D, Demand. Figura 3 - Curva de Demanda INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 De acordo com a Figura 3, o eixo vertical representa os preços P, e o eixo hori- zontal a quantidade Q, e a curva de demanda D, com declividade negativa. Esse gráfico representa que os consumidores estarão dispostos a adquirir mais de um determinado bem, mantendo tudo o mais constante, conforme menores forem os preços. Nesse caso, Preço e Quantidade são variáveis endógenas por faze- rem parte do modelo. A equação que representa a relação entre a quantidade demandada e os preços é: QD = Q(P) Assim como na oferta, há outras variáveis, exógenas, que podem interferir na quantidade de demanda, como: ■ A renda do consumidor. ■ Fatores sazonais. ■ Cenário econômico. ■ Preço de outros bens/serviços. ■ Preferência do consumidor. Essas variáveis, conhecidas como exógenas, fazem com que a curva de demanda seja descolada para cima ou para baixo. Por exemplo: a Figura 4 representa uma variação da renda do consumidor. Oferta e Demanda Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 P D D’ P1 P2 Q2 QQ1Q0 Figura 4 - Descolamento da curva de demanda Fonte: Pindick e Rubinfeld (2013, p. 24). Nesse exemplo, um aumento da renda desloca a curva de demanda, D para a direita, ou seja, a um mesmo preço, a quantidade demandada aumenta de Q1 para Q2. Para esse acontecimento, emprega-se a expressão mudança de demanda quando se refere ao deslocamento da curva de demanda e mudança na quanti- dade demandada quando ocorrem movimentos ao longo da curva de demanda (PINDICK; RUBINFELD, 2013). A partir de uma outra alternativa, a respeito do descolamento da curva de demanda, este pode estar condicionado aos efeitos que ocorrem com bens subs- titutos e com bens complementares como, também, com o efeito-renda, assim: ■ Bens substitutos: o efeito em bens substitutos ocorre quando o aumento de um bem ocasionar a substituição de demanda por um bem similar, ou na diminuição de um bem relacionado a outro bem e este ocasionar o aumento de sua demanda, por exemplo: manteiga e margarina são bens substitutos. ■ Bens complementares: nesse caso, o aumento de preço de um bem levará a diminuição demandada de outro bem relacionado, por exemplo: automó- veis e gasolina, pois estes são bens que tendem a ser usados conjuntamente. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 ■ Efeito-renda: esse efeito está relacionado a uma redução no preço de um bem, substituto ou complementar, o qual acarretará a um aumento do poder aquisitivo do consumidor, já que este poderá consumir maiores quantidades dada a mesma renda. Assim, verificamos que mudanças nos preços provocam alterações nas quanti- dades demandadas ao longo da curva de demanda e mudanças nos preços de bens substitutos ou complementares, como na renda dos consumidores, as quais deslocam a curva de demanda. Equilíbrio de Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 EQUILÍBRIO DE MERCADO Até os subtópicos anteriores, entendemos como funcionam as forças de oferta e demanda: a partir de agora, vamos entender o equilíbrio de mercado, que é a junção das duas curvas, da oferta e da demanda. Graficamente, podemos observar, na Figura 5, o ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam, que é chamado de ponto de equilíbrio ou equilí- brio de mercado. Figura 5 - Equilíbrio entre oferta e demanda de mercado INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 De acordo com a Figura 5, o ponto de equilíbrio ou o equilíbrio de mercado é o ponto em que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, as quais determinam o preço de equilíbrio, ou seja, a quantidade é determinada por Qo e o preço por P0. A oferta e a demanda podem não estar sempre em equilíbrio. Nesse caso, se o preço aumentar de P0 para P1 haverá um excesso de oferta e, então,o preço cairá para P0. Por outro lado, se o preço diminuir de P0 para P2 haverá uma escas- sez de oferta, ou seja, a oferta de produtos será menor que a demanda, então o preço aumentará. P D S S’ P1 P3 Q2 QQ1 Q3 Figura 6 – Alterações no equilíbrio de mercado após deslocamento da Oferta Fonte: Pindick e Rubinfeld (2013, p. 27). Equilíbrio de Mercado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 P D S S’ P1 P3 Q2 QQ1 Q3 Figura 7 – Alterações no equilíbrio de mercado após deslocamento da Demanda Fonte: Pindick e Rubinfeld (2013, p. 27). As Figuras 6 e 7 indicam as alterações no equilíbrio de mercado após o desloca- mento das curvas de oferta e demanda, respectivamente. Como já verificamos, determinantes exógenos, como os custos de produção (mão de obra, capital, matéria-prima), deslocam a curva de oferta. Na Figura 6, podemos verificar que houve uma diminuição de preço de um determinante exógeno, ou seja, ao preço P1 a quantidade produzida é Q2 e ao preço P2 produz-se Q1. Assim, a curva de oferta (S’) desloca-se para a direita. No mesmo sentido do deslocamento da curva a partir de mudanças de deter- minantes exógenos, podemos observar, na Figura 7, sob a ótica da demanda, que um aumento da renda, por exemplo, pode-se comprar mais produtos ao mesmo preço, ou seja, ao preço P1 compra-se Q2 e ao preço P2 compra-se Q1. Assim, a curva de demanda (D’) desloca-se para a direita, tendo que, a qualquer preço, a quantidade comprada em D’ é maior que em D. INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 P D D’ S S’ P1 P2 Q2 QQ1 Figura 8 – Alterações no equilíbrio de mercado após deslocamento da Oferta e da Demanda Fonte: Pindick e Rubinfeld (2013, p. 28). A Figura 8 representa tanto o deslocamento da curva de oferta quanto da curva de demanda para a direita. Pode ser observado que há um novo equilíbrio, o qual é determinado por uma quantidade maior Q2 e preço maior P2. Em geral, o montante do novo preço, como da quantidade, depende do tamanho dos des- locamentos das curvas de oferta e de demanda. Assim, a partir do exposto até aqui, podemos entender o equilíbrio de mer- cado, que é a junção das duas curvas, de oferta e da curva de demanda, como, também, os efeitos dos seus deslocamentos nos preços e nas quantidades, tanto ofertada quanto demandada. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, tivemos como um dos principais objetivos mostrar a aplicabi- lidade dos princípios microeconômicos na realidade. Assim, esta unidade foi dividida em quatro tópicos, sendo o primeiro tópico a verificação sobre o que trata o estudo da microeconomia, levando em consideração os agentes envolvi- dos, consumidores e empresas, e as aplicações na teoria econômica. Desse modo, estudamos os conceitos utilizados no estudo da microeconomia, iniciando pela importância de estudar microeconomia, contextualizando o con- ceito de mercado e a formação de preços. Além disso, estudamos as ferramentas utilizadas para a aplicação da teoria, como as curvas de oferta e de demanda, o que nos permitiu, posteriormente, abordar o estudo do equilíbrio de mercado. Verificamos a diferença entre os preços reais e os preços nominais, assim como aprendemos a calcular os preços de uma mercadoria atual com os preços do passado a partir de um índice geral de preços, o que nos permitiu verificar o preço real em um determinado ano passado. Estudamos o funcionamento do mercado, tendo como base o conceito de oferta e demanda, analisamos também de que maneira as quantidades e os pre- ços são relacionados. Verificamos as diferenças entre as variáveis endógenas e exógenas, ou seja, as mudanças que ocorrem ao longo da curva, assim como as que deslocam a curva. Além disso, pelo lado da demanda, verificamos os con- ceitos de bens substitutos, complementares e o efeito-renda. Finalmente, verificamos o que é o equilíbrio de mercado, ou seja, quando ocorre o ponto indicado pela junção das curvas de oferta e demanda que deter- minam o preço e a quantidade de equilíbrio, em que conseguimos visualizar o ponto que as curvas de oferta e de demanda se cruzam, chamado de ponto de equilíbrio. Assim, espero que você, aluno(a) esteja preparado para avançar nas unida- des seguintes deste livro, que abordarão a teoria do consumidor, a demanda do consumidor e a demanda de mercado, a teoria da produção e o estudo dos mer- cados competitivos. 34 1. Quais os principais temas que a microeconomia pode explicar? 2. O que é mercado e como é composto? 3. Sabemos que o preço de uma mercadoria visualizada há anos na prateleira do supermercado não quer dizer que é o mesmo preço visualizado hoje, isso por- que houve inflação - aumento dos preços nesse período. Para isso, precisamos entender a diferença entre preços reais e nominais. A partir desse tema, ana- lise as afirmativas a seguir: I. O índice geral de preços, no Brasil o mais utilizado IPCA, nos fornece a infla- ção de preços de bens e serviços. II. Os preços em termos reais são aqueles vistos na prateleira do supermercado em um determinado ano passado, ou seja, são os preços absolutos. III. Os preços nominais de um produto são aqueles ajustados pela inflação, ou seja, seu preço relativo. IV. Quando utilizamos um índice nacional de preços para sabermos qual foi a inflação de um produto, estamos medindo em termos reais e não em preços nominais. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas I e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 4. Explique os princípios da otimização e do equilíbrio para explicar o comporta- mento dos indivíduos. 5. Explique bens substitutos, bens complementares e o efeito-renda 6. A oferta é sinalizada pelo comportamento dos vendedores, os quais determi- nam a quantidade produzida a um determinado preço de bens e serviços que serão colocados no mercado para serem vendidos em um período de tempo. Assim, a lei da oferta determina: a. Quanto maior o preço, menor é a quantidade ofertada pelas firmas. b. Quanto maior o preço, maior é a quantidade ofertada pelas firmas. c. Quanto maior o preço, a quantidade ofertada pelas firmas não se altera. d. Quanto menor o preço, maior é a quantidade ofertada pelas firmas. e. Nenhuma das alternativas 35 7. A demanda estuda o comportamento dos consumidores, a qual é apontada pela quantidade a ser consumida a partir da variação de preços. Nesse caso, assinale alternativa correta: a. Quanto maior o preço, menor é a quantidade demandada pelos consumi- dores. b. Quanto maior o preço, maior é a quantidade demandada pelos consumido- res. c. Quanto maior o preço, a quantidade demandada pelos consumidores não se altera. d. Quanto menor o preço, menor é a quantidade demandada pelos consumi- dores. e. Nenhuma das alternativas. 36 Leia os excertos do livro abaixo que abordam como a economia é um sistema complexo: Sistemas complexos podem ser definidos como aqueles nos quais as unidades que os compõem (indivíduos, células, firmas etc.) interagem a partir de regras simples, sem um controle central (são auto-organizados), dando origem a propriedades emergen- tes, ou seja, um comportamento agregado bastante distinto daquele obtido através da extrapolação do comportamentodas unidades individuais (KRUGMAN, 1996). Uma vez havendo propriedades emergentes, o comportamento do sistema como um todo não pode ser aprendido apenas com o conhecimento de seus componentes individuais. As- sim, em uma definição minimalista, um sistema complexo é aquele que exibe compor- tamentos emergentes e auto-organizados (MITCHEL, 2009). A caracterização da economia como um sistema complexo é bastante antiga. Em A Ri- queza das Nações, de 1776, Adam Smith descreveu como as ações de agentes egoístas, guiados pela “mão invisível”, originavam estruturas econômicas cujas propriedades não correspondiam às intenções de nenhum desses agentes. Nessa concepção de Smith da economia já se pode vislumbrar conceitos como auto-organização e emergência, ainda que os mesmos fossem desconhecidos à época. Na economia vista como um sistema complexo, agentes dispersos e possivelmente he- terogêneos interagem diretamente entre si, sem a intermediação de um controlador global. A ideia de interação direta denota o fato de as decisões de um agente serem in- fluenciadas pelas decisões dos demais. Na economia tradicional, os agentes interagem apenas indiretamente, através de mecanismos de mercado. Por exemplo, ao comprar um ativo, um agente provoca um aumento no preço desse ativo; essa alteração no preço - e não a ação do agente em si - afeta as decisões dos demais agentes quanto à compra do ativo. De fato, sistemas econômicos exibem uma série de propriedades que fazem com que os mesmos possam ser classificados como complexos. Essa concepção da economia con- trasta, em vários aspectos, com o individualismo metodológico da teoria econômica ne- oclássica, segundo o qual o comportamento do sistema econômico pode ser explicado pela extrapolação do comportamento do chamado agente representativo. Fonte: Silva (2015, p. 5-7). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Microeconomia Robert Pindick e Daniel Rubinfeld Editora: Prentice Hall Sinopse: com o objetivo de atender à necessidade dos alunos de compreender plenamente como a microeconomia pode ser utilizada na prática, oferece uma abordagem à teoria microeconômica, realçando sua relevância e aplicação no processo de tomada de decisão, tanto no setor privado como no público. A calculadora de Correção de Valor por Índice calcula a correção de um valor especifi cado, utilizando os principais índices de preços (infl ação) presentes no Brasil. Acesse esse recurso no seguinte link: <http://www.calculador.com.br/calculo/correcao-valor-por-indice>. REFERÊNCIAS BCB, Banco Central do Brasil. Índice de preços no Brasil. Brasília. 2016. PINDICK, R. S; RUBINFELD, D. L. Microeconomia: oitava edição. São Paulo: Prentice Hall, 2013. SILVA, M. A. Livro de ofertas e dinâmica de preços de ações. Alemanha. Novas Edições Acadêmicas, 2015. TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. Curitiba: InterSaberes, 2012. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. São Paulo. Atlas. 2002. REFERÊNCIA ON-LINE: 1- Em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/04/inflacao>. Acesso em: 20 fev. 2017. 39 GABARITO 1. Os principais temas envolvem todos os agentes que têm participação no fun- cionamento da economia, sejam consumidores, trabalhadores, investidores, assim como as empresas. Assim, a microeconomia pode explicar: por que os agentes tomam decisões econômicas? De que forma os consumidores tomam decisões baseadas na variação do preço? Como os consumidores despendem melhor sua renda limitada na compra de bens e serviços? Como as empresas podem alocar seus recursos financeiros limitados? Como as empresas decidem quantos trabalhadores contratar? Quando e quanto as empresas devem inves- tir? Como os agentes são influenciados por ações governamentais? 2. Mercado é a determinação de quais compradores e quais vendedores, além dos produtos que estão em um mercado particular, ou seja, o mercado é dividido em dois grupos: compradores e vendedores, sendo composto por mercados competitivos e não competitivos. 3. D. 4. O princípio da otimização: as pessoas tentam escolher o melhor padrão de con- sumo dada sua renda; o princípio do equilíbrio: os preços são ajustados de acor- do com a igualdade do total demandado e o total ofertado. 5. Bens substitutos: o efeito em bens substitutos ocorre quando o aumento de um bem ocasionar a substituição de demanda por um bem similar, ou na dimi- nuição de um bem relacionado a outro bem este ocasionar o aumento de sua demanda, por exemplo: manteiga a margarina são bens substitutos. Bens complementares: nesse caso, o aumento de preço de um bem levará a diminuição demandada de outro bem relacionado, por exemplo: automóveis e gasolina, pois estes são bens que tendem a ser usados conjuntamente. Efeito-renda: esse efeito está relacionado a uma redução no preço de um bem, substituto ou complementar, o qual acarretará a um aumento do poder aquisi- tivo do consumidor, já que este poderá consumir maiores quantidades dada a mesma renda. 6. B. 7. A. U N ID A D E II Professora Me. Fernanda Helen Mansano TEORIA DO CONSUMIDOR Objetivos de Aprendizagem ■ Verificar como um consumidor pode comparar diferentes conjuntos de itens disponíveis para uma compra. ■ Apresentar as restrições que os consumidores enfrentam devido à limitação da renda. ■ Determinar como os consumidores escolhem comprar e examinar a satisfação adicional obtida do consumo de uma unidade a mais de um bem. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Preferência do consumidor ■ Restrições orçamentárias ■ Escolha do Consumidor e Utilidade Marginal INTRODUÇÃO Olá, caro(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso livro de Microeconomia I. Na Unidade I, entendemos a importância em se estudar microeconomia, em que abordamos o funcionamento do mercado, as curvas de oferta e demanda, ou melhor, o lado dos consumidores e dos produtores e o equilíbrio do mercado. Nesta Unidade, estudaremos apenas os consumidores e seus comportamentos, abrangendo a Teoria do Comportamento do Consumidor que, segundo Pindyck e Rubinfeld é “a explicação de como os consumidores alocam a renda para a aquisição de bens e serviços diversos” (PINDYCK; RUBINFELD 2013, p. 65). Desse modo, a Teoria do Consumidor busca descrever como os consumi- dores tomam decisões de compra, a qual abrange três etapas: as preferências do consumidor, as restrições orçamentárias e a combinação das preferências do con- sumidor com as restrições orçamentárias, que irão determinar as suas escolhas. Assim, abordaremos nossos estudos, na Unidade II, em três tópicos: o primeiro tópico abordará a teoria da preferência do consumidor, em que veri- ficaremos as três suposições que explicam como os consumidores diferem suas necessidades de escolha, baseadas na integralidade, transitividade e na suposi- ção de que mais é melhor do que menos. No tópico 2, verificaremos as restrições orçamentárias que são delimitações das combinações que o consumidor pode realizar dado a sua renda e os preços dos bens. Além disso, vamos verificar o que acontece com uma linha de restrição orçamentária caso haja mudança na renda do consumidor ou nos preços dos bens. Por fim, no tópico 3, verificaremos como o consumidor maximiza seu grau de satisfação, dado suas preferências e a restrição orçamentária, assim como abordaremos o conceito de utilidade marginal. Nesse sentido, a abordagem da Unidade II objetiva a você, acadêmico(a), estar apto(a) a interpretar e descrever como os consumidores tomam decisões de consumo, bem como estes alocam sua renda para a aquisição de bens e ser- viços diversos. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Códi go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo ao primeiro tópico desta unidade! Para começar nossos estudos sobre as preferências do consumidor, devemos consi- derar a existência da variedade de bens e serviços disponíveis no mercado e a diversidade de gostos pessoais. Teremos, assim, que um consumidor poderá comprar um conjunto de diferen- tes itens. Esse conjunto será definido nos nossos estudos como cesta de mercado, que é o conjunto de quantidades já determinadas de uma ou mais mercadorias (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Assim, a abrangência do estudo da preferên- cia do consumidor busca descrever como e o porquê de as pessoas preferirem uma mercadoria a outra ou uma cesta de mercadorias a outra. Os componentes de uma cesta de mercado podem ser medidos pelo número total de cada item, pelo volume ou pelo peso, ou seja, uma cesta com peças de vestuário pode ser mensurada pelo número de peças, e uma cesta com alimento contada pela quantidade de cada alimento. Um exemplo é ilustrado na tabela a seguir: Preferência do Consumidor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Tabela 1 - Diferentes cestas de Mercado CESTA DE MERCADO UNIDADES DE ALIMENTO UNIDADES DE VESTUÁRIO A 20 10 B 10 15 C 30 10 D 15 30 E 10 20 Fonte: a autora. Assim, de acordo com a Tabela 1, as cestas podem ser preferidas pelo consumi- dor a outra que contenha uma combinação diferente de mercadorias. Podemos observar que na cesta A o indivíduo consome 20 unidades de alimento e 10 uni- dades de vestuário; na B, consome 10 unidades de alimento e 15 de vestuário; na C, consome 30 unidades de alimento e 10 unidades de vestuário; na D, con- some 15 unidades de alimento e 30 de vestuário; e na E, consome 10 unidades de alimento e 20 de vestuário. Para Pindyck e Rubinfeld (2013), a teoria supõe que as preferências dos con- sumidores são consistentes e têm sentido, ou seja, os consumidores diferem suas escolhas de acordo com as suas necessidades, gostos e limitações orçamentárias. Assim, três premissas são apresentadas para explicar o que significa essa suposição: 1. Integralidade. 2. Transitividade. 3. Mais é melhor do que menos. Dessa forma, a primeira premissa, integralidade ou plenitude, assume que as ces- tas de mercado são completas. Essa premissa indica que os consumidores podem comparar e ordenar todas as cestas de mercado. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 A segunda indica que as preferências são transitivas. Quer dizer que os consu- midores que preferem a cesta de mercado A à cesta B e a cesta B à C, preferem a cesta de mercado A à cesta C. Assim, a premissa da transitividade assegura que os consumidores sejam racionais. A terceira premissa presume que todas as mercadorias são desejáveis, levando em conta que os consumidores sempre preferem mais do que menos, assim, nunca ficam completamente satisfeitos. Mais é sempre melhor que menos. Em relação às cestas completas, o consumidor pode ser indiferente em re- lação às cestas, ou seja, qualquer uma das cestas deixaria o consumidor sa- tisfeito. Já a premissa de que mais é melhor do que menos indica que mes- mo que a quantidade seja ligeiramente maior, alguns economistas usam o termo insatisfação para se referirem a essa premissa. Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 68). Preferência do Consumidor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 As três premissas apresentadas constituem a base da teoria do consumidor. Essas premissas não explicam completamente as preferências do con- sumidor, mas nos oferecem um pequeno grau de racionalidade das escolhas de consumo. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 CURVAS DE INDIFERENÇA A partir do conhecimento das premissas da preferência do consumidor, pode- mos dizer que este irá preferir uma cesta à outra ou simplesmente ser indiferente entre as cestas. Assim, serão apresentadas as curvas de indiferença, que são uma forma de observarmos graficamente as preferências do consumidor. Gráfico 1 - Uma curva de Indiferença 50 40 30 20 10 10 20 30 40 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) B H A G D U2 E Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld, (2013, p. 70). Podemos dizer que uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que oferecem um mesmo grau de satisfação para o con- sumidor (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Assim, de acordo com o Gráfico 1, a curva de indiferença é representada por U1 e as cestas de mercado, nesse caso entre alimento e vestuário, são representadas pelas letras B, A, D, E, G e H. Dessa forma, a curva de indiferença indica que em qualquer ponto ao longo da curva o consumidor é indiferente em relação a escolha da cesta de mercado, ou seja, as cestas B, A ou D atribuirão a mesma satisfação para o consumidor. Além da curva de indiferença, há o Mapa de Indiferença, que é o conjunto das curvas de indiferença. Este apresenta a preferência do consumidor em rela- ção a todas as combinações de alimentos e vestuário, conforme apresentado no Gráfico 2. Preferência do Consumidor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Gráfico 2 - Mapa de Indiferença Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) U2 U3 U1 D B A Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 71). O Gráfico 2 indica que qualquer cesta de mercado sobre a curva U3 (cesta A) é preferível a qualquer cesta sobre a curva U2 (cesta B), que, por sua vez, é prefe- rível a qualquer cesta sobre a curva U1 (a cesta D). Assim, a curva de indiferença U3 é a que oferece o mais alto grau de satisfação para o consumidor. Dessa forma, podemos observar que as curvas de indiferença representam graficamente as preferências do consumidor, as quais mostram as combinações de satisfação do consumidor. TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO A Taxa Marginal de Substituição (TMS) é a inclinação da curva de indiferença, que mede a quantidade de uma determinada mercadoria que um consumidor estaria disposto a desistir para adquirir outra. Uma curiosidade é que toda a curva de indiferença tem inclinação para baixo, ou seja, de acordo com a ter- ceira premissa da preferência do consumidor, em que mais é melhor que menos, quando o consumidor opta por consumir menos de um determinado bem, este o substitui por consumir mais de outro bem. Poderemos entender melhor obser- vando o Gráfico 3. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 Gráfico 3 - Taxa Marginal de Substituição 16 14 12 10 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) B A -6 -4 1 -2 1 1 1 -1 G D E Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld, (2013, p. 72). De acordo com oGráfico 3, podemos observar que no eixo vertical aparece a variável Vestuário e no eixo horizontal a variável Alimento. Quando analisamos a TMS, é importante definirmos quais bens o consumidor está disposto a desis- tir para substituir por outro bem. Nesse sentido, já verificamos que as letras A, B, D, E e G, ao longo da curva de indiferença, representam as cestas de mercado. Assim, partindo da cesta A para a cesta B, observamos que o consumidor está disposto a abrir mão de 6 unida- des de Vestuário para adquirir 1 unidade extra de Alimento. Contudo, conforme verificamos entre as cestas B para D, bem como até a cesta G, o consumidor está disposto a abrir mão de cada vez menos unidades de Vestuário para adquirir uma unidade adicional de Alimento. Dessa forma, podemos verificar que a TMS dos dois bens, Alimento (A) e Vestuário (V), pode ser indicada pela variação da quantidade de Vestuário ( ) e da variação da quantidade de Alimento ( ), sendo definida pela seguinte fórmula: Ou seja, verificando apenas a TMS da cesta A para a cesta B, temos que , quer dizer que o consumidor está disposto a trocar 6 unidades de Vestuário por 1 unidade extra de Alimento. Preferência do Consumidor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Além disso, as curvas de indiferença podem ser representadas pela proximi- dade de um bem em relação a outro bem, por exemplo, substituir Coca-cola por Pepsi, ou pela necessidade de consumir determinado bem, somente em pares, como o Sapato Direito e o Sapato Esquerdo. Gráfico 4 - Substitutos Perfeitos 4 3 2 1 1 2 3 40 Coca-Cola Pepsi Fonte: a autora. Gráfico 5 - Substitutos Complementares 4 3 2 1 1 2 3 40 Sapatos Direitos Sapatos Esquerdos Fonte: a autora. Os Gráficos 4 e 5 representam bens que são substitutos perfeitos e bens que são complementos perfeitos, respectivamente. Nesse caso, o Gráfico 4 indica que a TMS de Coca-cola por Pepsi é 1; assim, o consumidor sempre estará disposto TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 a trocar 1 unidade de um bem por 1 unidade do outro, então pode-se verificar que a taxa marginal de substituição é constante. Já o Gráfico 5 é representado por ângulos retos que indicam que a taxa mar- ginal de substituição entre os dois bens é infinita, ou seja, um adicional de um Sapato Esquerdo apenas aumentará a satisfação do consumidor se este puder obter o Sapato Direito correspondente. RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS Até esse ponto, estudamos a primeira parte da teoria do consumidor, em que conseguimos identificar as premis- sas que envolvem as preferências do consumidor, bem como visualizamos, graficamente, por meio das cur- vas de indiferença, como os consumidores realizam as combinações entre cestas de bens. A partir de agora, vamos estudar a segunda parte da teoria do consumidor, as restrições orçamentárias, que são delimitações de todas as combinações que o consumi- dor pode realizar, dado a sua renda e os preços dos bens. Para Pindyck e Rubinfeld, restrições orçamentárias são: “restrições que os consumidores enfrentam como resultado do fato de suas rendas serem limitadas” (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 80). Assim, as restrições orçamentárias influenciam as escolhas do consumidor, pois havendo limitação orçamentária, os consumidores irão se deparar com restrição de pro- dutos, que poderá ser comprada (HAFFNER, 2013). Vamos utilizar novamente o nosso exemplo hipotético em que o consumi- dor irá gastar sua renda em dois bens, Alimentos (A) e Vestuários (V). Dada a renda disponível do consumidor, que chamaremos de I, e os preços dos dois bens PA e PV, o valor total gasto em cada bem será seu preço multiplicado pela quantidade desse bem, assim, PA A e PVV. Nesse sentido, as combinações desses dois bens pode ser representada pela seguinte expressão: Restrições Orçamentárias Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 PA A + PVV = I Assim, podemos observar, na Tabela 2, as possíveis combinações do valor gasto entre Alimento e Vestuário, a partir de um orçamento mensal de R$ 1.000 do consumidor, dado que PA seja de R$ 5,00 a unidade e PV seja R$ 10,00. Tabela 2 - Cestas de mercado e a linha de orçamento CESTA DE MERCADO ALIMENTO (QTDADE) VESTUÁRIO (QTDADE) DESPESA TOTAL (R$) A 0 100 1.000 B 50 75 1.000 C 100 50 1.000 D 150 25 1.000 E 200 0 1.000 Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 81). De acordo com a Tabela 2, podemos observar os diferentes tipos de cesta, entre cesta A e E, que o consumidor pode adquirir mensalmente. Se todo o orça- mento fosse para Vestuário, esse consumidor poderia adquirir, no máximo, 100 unidades ao preço de R$ 10,00, conforme apresentado na cesta A. Já se esse con- sumidor gastasse todo o orçamento mensal em Alimento, ele poderia adquirir, no máximo, 200 unidades, conforme apresentado pela cesta E. Gráfico 6 - Linha de orçamento 100 75 50 25 50 50 25 100 150 200=(l/PA) (l/Pv)= 0 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) A B C D E Linha do Orçamento: 5A + 10V = R$1.000 Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 81). TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 Podemos observar, no Gráfico 6, a linha de orçamento associada à Tabela 2. Aqui, o valor máximo que o consumidor pode adquirir de Vestuário é representado pela razão do valor total da renda (I) pelo preço do bem (PV), ou seja, a inter- ceptação com o eixo vertical, I/PV. Da mesma forma, a interceptação com o eixo horizontal, I/PA, indica a quantidade máxima que o consumidor pode adquirir de Alimento, dado o valor da renda que possui. Assim, verificamos que a desistência do consumidor por 1 unidade de Vestuário proporcionará a ele uma economia de R$ 10,00. Dessa forma, a medida que esse consumidor se movimenta ao longo da linha, gasta menos com um bem e mais com outro, no caso, a quantidade de Vestuário que será trocada por Alimento será a mesma ao longo de toda a linha de orçamento, sendo esta expressa por 5A + 10V = R$ 1.000. Além disso, a inclinação da linha de orçamento indica a quantidade de mer- cadoria que o consumidor substituirá sem que se altere a quantidade máxima de dinheiro que ele possui (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). A inclinação é cal- culada pela razão do preço de Alimento (PA) pelo preço do Vestuário (PV) com sinal negativo, o qual será igual a variação das quantidade dos dois produtos entre os dois pontos, sendo: Assim, a inclinação da linha de orçamento, do Gráfico 6, entre os pontos B e C será -25/50 = 1/2, que indica o custo relativo de Alimento por Vestuário. Restrições Orçamentárias Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 MODIFICAÇÕES NA RENDA E NO PREÇO DOS BENS Até esse ponto, aprendemos que a linha de orçamento depende da renda (I) e dos preços dos bens Pa e Pv. Agora, vamos verificar, graficamente, o que acon- tece com a linha orçamentária caso haja uma variação na renda do consumidor. Gráfico 7 - Efeitos de uma modificação na Renda 160 60 80 10 80 160 120 3200 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) L3 (l=R$400) (l= R$800) (l= R$1600) L1 L2 Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 82). De acordo com o Gráfico 7, dado que os preços dos bens continuam os mesmos, R$ 5,00 para Alimento e R$ 10,00 para Vestuário, um aumento da renda causa o deslocamento paralelo da linha do orçamento para a direita (mantidos os preços constantes). Já uma redução da renda causa o deslocamento paralelo da linha do orçamento para a esquerda (mantidos os preços constantes) (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Agora, desde que a renda mensal seja a mesma, R$ 1.000, vamos verificar, graficamente, os efeitos das modificações no preço de um dos bens. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 Gráfico 8 - Efeitos de uma modificação no Preço 50 50 100 120 2000 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) L3 (PA = 10) (PA = 5) (PA = 2,50) L1 L2 Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 83). Como podemos verificar no Gráfico 8, com o aumento no preço do Alimento de R$ 5,00 para R$ 10,00, a linha do orçamento (L1) sofre uma rotação para a esquerda em torno do intercepto do vestuário (L3). Por outro lado, se o preço do Alimento diminui, a linha do orçamento sofre uma rotação para a direita (L2), (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Dessa forma, podemos concluir que o consumidor sempre busca fazer a melhor escolha de consumo de acordo com a sua renda, os preços dos bens, suas expectativas e gostos. Escolha Do Consumidor E Utilidade Marginal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 ESCOLHA DO CONSUMIDOR E UTILIDADE MARGINAL A escolha do consumidor baseia-se em maximizar seu grau de satisfação, dado suas preferências e sua restrição orçamentária. Assim, a cesta de mercado que irá maximizar esse grau de satisfação deverá satisfazer duas condições: a. Deverá estar sobre a linha de orçamento. b. Deverá atribuir, ao consumidor, a combinação preferida de bens e serviços. Ou seja, podemos afirmar que a satisfação é maximizada no ponto em que a TMS (Taxa Marginal de Substituição) é igual a razão entre os preços dos bens (PINDYCK; RUBINFELD, 2013), que no caso entre os dois bens, Vestuário e Alimentos, é representada pela seguinte equação: Graficamente, podemos verificar em que ponto ocorre a maximização da satis- fação do consumidor, dado o nosso exemplo entre Vestuário e Alimento, com seus respectivos preços, R$ 10 e R$ 5 e a renda orçamentária, mensal, represen- tada pela linha azul, de R$ 1.000, as curvas de indiferença representadas por U1, U2, U3 e as cestas de mercado, A, B e D. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 Gráfico 9 - Maximização da satisfação do consumidor 50 75 -25V +25A D A B 100 50 100 2000 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) U3 U1 U2 Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 85). De acordo com o Gráfico 9, as três curvas de indiferença, U1, U2, e U3, repre- sentam as preferências do consumidor quanto a Vestuário e Alimento, sendo a curva U3 localizada mais a direita, como já aprendemos, a que oferece o maior grau de satisfação para o consumidor. Mas precisamos verificar qual a cesta que maximiza a satisfação do consumidor, assim, no ponto B, verificamos que essa cesta está sob a curva de indiferença U1; nesse ponto, a TMS será –(–25/25)=1, a qual será maior que a razão entre os preços, (5/10=1/2), nesse caso, o ponto B, apesar de estar situado sob a linha de orçamento, não maximiza a satisfação do consumidor. Na sequência, o ponto A está sob a curva de indiferença U2 como também está sob a linha de orçamento; nesse ponto, a TMS será –(–25/50)=1/2, sendo igual a razão entre os preços, (5/10=1/2). Sendo assim, podemos afirmar que o grau de satisfação do consumidor é maximizado. Por fim, verificamos a cesta D, situada sob a curva de indiferença U3; aqui percebemos que a cesta D não pode ser adquirida pelo consumidor, pois está fora da linha de orçamento, ou seja, acima da renda do consumidor. Escolha Do Consumidor E Utilidade Marginal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 UTILIDADE MARGINAL Após verificarmos, graficamente, como o consumidor pode maximizar sua satis- fação dado suas preferências e a restrição orçamentária, vamos aprender o que significa a utilidade marginal. Nesse ponto, podemos afirmar que “a utilidade marginal mede, pois, a satisfação adicional obtida pelo consumo de uma uni- dade adicional de determinado bem” (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 93). O conceito de utilidade marginal é coerente com o princípio de utilidade marginal decrescente; esse princípio afirma que, à medida que se consome mais de uma mercadoria, quantidades adicionais consumidas irão proporcionar menos utilidade para o consumidor. Nesse sentido, dado que a curva de indiferença oferece o mesmo nível de utilidade em todos os pontos, a utilidade adicional, de um ponto para o outro na curva, será o aumento do consumo de uma mercadoria conforme a dimi- nuição de outra, assim: que pode ser reescrito como: dado que: temos que: em que quando os consumidores maximizam sua satisfação a: então a TMS que é igual a razão entre as utilidades marginais do consumo será: que nos fornece a equação que maximiza a utilidade entre Vestuário e Alimento: Assim, o princípio da utilidade marginal pode ser observada quando o orçamento é alocado de forma que a utilidade marginal da renda é despendida igualmente para as duas mercadorias, tendo como resultado a maximização da utilidade. TEORIA DO CONSUMIDOR Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E60 Até aqui, estudamos apenas o comportamento do consumidor. Abordamos a Teoria do Comportamento do Consumidor, em que verificamos como os consu- midores tomam suas decisões, baseado na sua restrição orçamentária e nas suas preferências. Espero que o assunto abordado tenha sido de grande valia no enten- dimento da microeconomia e que possamos continuar nas próximas unidades. Até breve! Até que ponto o dinheiro, ou seja, uma renda mais alta pode comprar felici- dade? As pesquisas sobre a satisfação do consumidor dizem que a utilidade, satisfação ou felicidade aumenta com a renda, mas a uma taxa decrescente. (Robert Pindyck e Daniel Rubinfeld) Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final da nossa segunda unidade. Nesta unidade, tivemos como objetivo estudarmos apenas os consumidores e seus comportamentos, abrangendo a Teoria do Comportamento do Consumidor. O estudo da teoria do consumidor foi dividido em três tópicos, em que verifi- camos como os consumidores tomam suas decisões de compras baseadas nas preferências do consumidor, nas restrições orçamentárias e na combinação das preferências em conjunto às restrições orçamentárias, que determinam suas escolhas. Assim, no primeiro tópico, verificamos as três suposições que explicam como os consumidores diferem suas necessidades de escolha, sendo a integrali- dade, a transitividade e na suposição de que mais é melhor do que menos. Nesse tópico, também aprendemosa observar graficamente as preferências do consu- midor, por meio das curvas de indiferença, nas quais são apresentadas todas as combinações de cestas de mercado que oferecem um mesmo grau de satisfação para o consumidor. No segundo tópico, observamos que as restrições delimitam todas as com- binações que o consumidor pode realizar, verificamos que a linha de restrição orçamentária desloca para cima ou para baixo, caso a renda aumente ou dimi- nua, assim rotacionam se os preços dos bens têm aumentos ou diminuições. Por fim, estudamos, no tópico 3, que o consumidor maximiza seu grau de satisfação quando a taxa marginal de substituição é igual a razão dos preços dos bens: abordamos o conceito de utilidade marginal, que é observada quando o orçamento é alocado de forma que a utilidade marginal da renda é despendido igualmente para as duas mercadorias, tendo como resultado a maximização da utilidade. Assim, espero que a abordagem sobre a Teoria do Consumidor tenha trazido coerência e melhor entendimento em seus estudos da Microeconomia. Temos a expectativa que, a partir desse ponto, você possa estar apto(a) para interpre- tar como os consumidores tomam decisões para a aquisição de bens e serviços diversos. 62 1. Quais são as três premissas que explicam a teoria das quais os consumidores di- ferem suas escolhas de acordo com as suas necessidades, gostos e limitações orça- mentárias? Explique cada uma delas. 2. Sabendo que a Taxa Marginal de Substituição (TMS) é a inclinação da curva de in- diferença, que mede a quantidade de uma determinada mercadoria que um consu- midor estaria disposto a desistir para adquirir outra, verifique o Gráfico e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas afirmações a seguir: Gráfico da atividade 2 16 14 12 10 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Vestuário (unidades por mês) Alimento (unidades por mês) B A -6 -4 1 -2 1 1 1 -1 G D E Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 72). ( ) A TMS entre os pontos A e B é igual a 6. ( ) A TMS entre os pontos D e E é igual a 1. ( ) Entre os pontos B e D o consumidor está disposto a abrir mão de 4 unidades de vestuário para adquirir 1 unidade extra de alimento. ( ) Ao longo da curva de indiferença, os pontos entre a cesta A até a cesta G indi- cam que o consumidor não está disposto a abrir mão de unidades de vestuário por unidades de alimento. ( ) Toda curva de indiferença tem inclinação para baixo. 3. As restrições orçamentárias são delimitações de todas as combinações que o con- sumidor pode realizar dado a sua renda e os preços dos bens. Assim, se o consumi- dor tem uma renda semanal de R$ 200,00, e que existam dois bens, maçãs e bana- nas, sendo o preço do quilo de cada R$ 1,00 e R$ 2,00 respectivamente, assinale a cesta correta que esse consumidor pode escolher: 63 CESTA DE MERCADO MAÇÃ (KG) BANANA (KG) A 0 50 B 50 0 C 100 50 D 150 10 E 50 50 4. Explique o que acontece com a curva orçamentária caso haja aumento da renda do consumidor e o que acontece quando há aumento de um dos bens. 5. “A escolha do consumidor baseia-se em maximizar seu grau de satisfação, dado suas preferências e sua restrição orçamentária” (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 66). De acordo com a afirmação acima, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas afir- mações a seguir: ( ) A cesta de mercado que irá maximizar o grau de satisfação deverá estar sobre a linha de orçamento. ( ) A cesta que irá maximizar o grau de satisfação deverá estar sobre a curva de indiferença mais a direita. ( ) A satisfação do consumidor é maximizada no ponto em que a TMS (Taxa Mar- ginal de Substituição) é maior que a razão entre os preços dos bens. ( ) A utilidade marginal é decrescente. ( ) Em qualquer ponto de uma curva de indiferença, o nível de utilidade será o mesmo. 64 ÍNDICES DE CUSTO DE VIDA A quantidade de informações necessárias para calcularmos o índice do custo de vida pode ser complexa. Nesse contexto, precisamos conhecer as preferências individuais, que variam de pessoa para pessoa, seus gastos, bem como os preços dos bens e servi- ços. No Brasil, utiliza-se o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o qual é considerado um dos mais importantes índices de preços, além de ser uma referência que mais se aproxima do Índice do Custo de Vida no país. Nesse contexto, Fava (2007) explica, em seu artigo, que o IPC impõe restrições sobre a cesta de bens consumida e essas restrições são associadas a diferentes índices de pre- ços. Entre os diferentes índices de preços, os mais comuns encontrados na literatura são os índices de preços de Laspeyres e de Paashe. No artigo da autora, o objetivo do estudo foi analisar a natureza aleatória dos índices de preços, o qual considerou o IPC como uma aproximação do conceito do índice do custo de vida, em que se verificou aspectos que o tornam um índice estocástico. Para melhor explicar os índices de Laspeyres e de Paasche, pode-se verificar que o pri- meiro utiliza uma cesta de consumo fixa no período base (instante 0) e é mantida nos demais instantes de tempo (s). Esse índice indica qual o valor monetário que um indiví- duo precisa para adquirir, a preços correntes, uma cesta de bens e serviços escolhida no ano-base, dividida pelo valor necessário para comprá-la a preços do ano-base. Por outro lado, quando o custo de aquisição de uma cesta baseia-se no ano-corrente, o índice utilizado para o custo de vida é o índice de Paasche, ou seja, a preços correntes, o índice indica qual o valor monetário que um indivíduo necessita para comprar uma cesta de bens no ano-corrente, dividida pelo valor necessário para comprar a mesma cesta a pre- ços do ano-base (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Assim, segundo Pindyck e Rubinfeld (2013), enquanto o índice de Laspeyres superes- tima o custo de vida, pois se baseia na premissa que os indivíduos adquirem a cesta de bens do ano-base no período-base, o índice de Paasche o subestima, pois, aqui, os indivíduos compram a cesta do ano-corrente no período-base. Fonte: a autora. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Microeconomia Jacqueline Haff ner Editora: InterSaberer Sinopse: a obra apresenta o conteúdo essencial sobre a microeconomia, incluindo desde os conceitos básicos até diversas questões demanda e oferta, movimento dos preços e diferentes estruturas-mercado competitivo, monopólio e oligopólio. Aborda, ainda, outros assuntos importantes, como o comportamento do consumidor e a produção em curto e longo prazo. Freakonomics Interessante abordagem que nos incita a ver as coisas de outro ângulo, não acreditando naquilo que o senso comum nos leva, às vezes a tomar como verdade absoluta. Comentário: o documentário é baseado no livro “Freakonomics - O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”, de Steven Levitt e Stephen J. Dubner, que mostra a aplicação prática de conceitos de microeconomia, tais como utilidade marginal e elasticidade-preço da demanda. REFERÊNCIAS FAVA, V. L. A precisão dos índices de preços. Revista Economia. Janeiro-Abril/2007. HAFFNER, J. A. H. Microeconomia. Curitiba: InterSaberes, 2013. PINDYCK, R. S. RUBINFELD, D. L. Microeconomia: oitava edição. São Paulo: Prentice Hall, 2013. VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos – uma abordagem matemática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 67 GABARITO 1. Integralidade ou plenitude: assume que as cestas de mercado são completas. Essa premissa indica que os consumidores podem comparar e ordenar todas as cestas de mercado. Transitividade: que dizer que os consumidores que prefere a cesta de mercado A à B e prefere a cesta B à C, então esse consumidor também prefere a cesta do mercado A à C. Assim, a premissa da transitividade assegura que os consumido- res sejam racionais.
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