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AD1 Estudos Antropológicos UFRRJ

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AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD1 
Período – 2018/2º 
Disciplina: Estudos Antropológicos 
Coordenador: Javier Alejandro Lifschitz 
 
Aluno: Felipe Sousa dos Santos Matrícula: 
18115100170 
 
O texto de Roberto DaMatta - Você tem cultura? - renomado professor de 
Antropologia Social do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista e autor de diversos livros na 
área nos convida à reflexão. Não só a respeito de cultura como também o conceito da 
personalidade. Isso consolida o poder de determinadas palavras dentro do tecido social. 
A cultura segundo o autor: 
No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos 
diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não 
pode prever completamente como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou 
temos necessariamente que desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de 
como pessoas que viveram antes de nós os desempenharam. Mas isso não impede, 
conforme sabemos, emoções. Do mesmo modo que um jogo de futebol com suas 
regras fixas não impede renovadas emoções em cada jogo. ( DA MATTA, 
ROBERTO, 1986, p. 121 - 128). 
É sabido que no Brasil, na maioria das vezes, o crivo cultural se reflete no nível de 
escolaridade do indivíduo. Em contraponto, apenas 15,3% dos brasileiros com 25 anos ou 
mais detêm nível superior, conforme último mapa do IBGE, 2016 ( Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística). Cabe repensar valores a fim de entender a dinâmica dos 
acontecimentos. 
Personalidade conforme DaMatta: 
No campo da Psicologia, personalidade define o conjunto dos traços que 
caracterizam todos os seres humanos. É aquilo que singulariza todos e cada um de 
nós como uma pessoa diferente, com interesses, capacidades e emoções particulares. 
Mas na vida diária, personalidade é usada como um marco para algo desejável e 
invejável de uma pessoa. Assim, certas pessoas teriam “personalidade" outras não! É 
comum se dizer que "João tem personalidade” quando de fato se quer indicar que 
"João tem magnetismo", sendo uma pessoa "com presença". Do mesmo modo, dizer 
que "João não tem personalidade", quer apenas dizer que ele não é uma pessoa 
atraente ou inteligente.​ ​( DA MATTA, ROBERTO, 1986, p. 121 - 128). 
Noutro espectro, a palavra personalidade em Antropologia diz respeito à unicidade e 
individualidade ante os demais. Porém, na realidade, ela se personifica na figura de 007, 
agente secreto James Bond sob a tônica do magnetismo pessoal atrelado à ostentação a base 
de lindas mulheres e carros superesportivos. A sociedade de mercado e campanhas 
publicitárias nos incentivam a comprar, comprar, comprar. Nesse jaez, a mídia e a opinião 
pública caminham lado a lado ao disseminar o ideário consumista com foco em difundir 
regras e condutas a nível global para manipulação e deleite das massas. A cultura pode, 
também, escravizar . Daqui a pouco teremos o movimento dos “​sem Iphone​”. Os ressentidos. 
Os índios tão massacrados pela questão latifundiária em nosso país e longe dos 
debates políticos contemporâneos nos incentivam a vislumbrar o todo. Homem e natureza em 
níveis harmônicos. A questão entre o divino e o profano ( festas religiosas e carnaval) lança 
luz a debates repletos de ânimos exaltados e sob o mote do desrespeito à diversidade e por 
vezes tendencioso e dogmático. Advogam sempre em causa própria. A minha cultura é a 
superior, assunto encerrado. Olhar além do bem e do mal, certo e errado demonstra o porquê 
da Antropologia Social e Sociologia para desmitificar essa polarização de informações na 
qual somos expostos diariamente. 
Além disso, esse automatismo cultural desnuda sobremaneira as mazelas estruturais da 
sociedade brasileira tais como racismo, machismo e feminicídio. Torna-se imperioso reverter 
a narrativa em prol do pensamento ganha-ganha, empático e sinérgico para com os atores 
envolvidos. 
No mundo movido pelos algoritmos e inteligência artificial salta aos olhos o estudo do 
Hospital Universitário de Hamburgo, Alemanha, no qual chegamos ao número alarmante de 
3,2 bilhões de inscritos em redes sociais no mundo, crescimento de 13% em 2018. Soma-se a 
isso, problemas derivados do uso excessivo das mídias sociais ​à depressão. 33% dos viciados 
sofre deste mal, haja vista a necessidade de se manter conectado 24 horas. Trata-se de mais 
uma charada para os antropólogos se debruçarem. Afinal, para o bem e para o mal, o que os 
estudos apontam? Como prevenir o suicídio, em especial, dos jovens que se pressupõe serem 
suscetíveis? 
Dessa forma, estudos antropológicos exercem papel crucial no trato às questões 
oriundas das formas culturais e subculturais no sentido de elucidar tais desdobramentos. Duas 
palavras que divergem opiniões. O documento em análise nos conduz a buscar o não 
julgamento, aceitar as diferenças e aprender de maneira recíproca. Livre de paixões. Abertura 
ao diálogo, inserção da complementaridade e das potencialidades de cada qual se traduzem 
em palavras-chave de modo a descortinar preconceitos e visões de mundo estereotipadas, sem 
hierarquizar. Na atualidade marcada pelo capitalismo cruel e desumano que segrega as 
pessoas, o material transmite a ideia de expansão de consciência com vistas a maximizar a 
percepção e sensibilidade sobretudo quanto às classes sociais e etnias em detrimento de fazer 
valer novos horizontes e despertar altruísta. Num flerte com a psicanálise, o ensinamento 
ancorado em Sigmund Freud diz - a voz da razão é baixa, mas persistente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
DaMatta, Roberto. ​Você tem cultura? In: Explorações: Ensaios da Sociologia 
Interpretativa.​ Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 121-128. 
 
AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS. ​PNAD contínua 2016: 51% da população de 25 anos ou 
mais do Brasil possuíam apenas o ensino fundamental completo. Rio de Janeiro, 2018. 
Disponível em: 
<​https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-noticias/releases/189
92-pnad-continua-2016-51-da-populacao-com-25-anos-ou-mais-do-brasil-possuiam-apenas-o-
ensino-fundamental-completo.html ​>. Acesso em: 18 ago. 2018. 
 
Folha de S. Paulo. ​A voz da razão. São Paulo, 2000. Disponível em: 
<​https://www1.folha.uol.com.br/fsp/resenha/rs1006200006.htm​>. Acesso em: 18 ago. 2018. 
 
Jornal da Cultura. ​Redes Sociais, alerta sobre a saúde dos usuários. São Paulo, 2018. 
Disponível em: <​https://www.youtube.com/watch?v=PV2wrGuI-jM​>. Acesso em: 18 ago. 
2018.

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