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Reutilização de RCD na Construção Civil

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O agregado reciclado e sua aceitação no mercado da construção civil 
The recycled aggregate and its acceptance in the construction market 
 
Larissa Lino dos Santos(1) Brenda Joice Pereira da Silva(2) José Wilson Moreira (3) Júlio César 
Damasceno(4) 
 
(1) e (2) alunos de iniciação cientifica IFRN/SGA, (3) Professor IFRN/SGA. wilson.moreira@ifrn.edu.br 
(4) Professor IFRN/SGA. julio.damasceno@ifrn.edu.br 
 
Resumo 
De acordo com o Ministério das Cidades, cerca de 50% dos resíduos sólidos da área urbana são produzidos 
pela construção civil, o que resulta em um grande problema, já que este é um ramo em grande expansão, 
além disso, os resíduos por ele gerados, na maioria das vezes não tem uma destinação adequada. A 
poluição ambiental e visual causada pelos Resíduos de Construção e Demolição (RCD) são um grande 
incômodo para o desenvolvimento de um país. Além disso, podem implicar em alguns casos no 
assoreamento de rios e lagos, dificultar o tráfego de pedestres e veículos, e servir de pretexto para o 
depósito ilegal de outros tipos de resíduos. Segundo o artigo 7º da resolução 307 do CONAMA o Programa 
Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deve ser elaborado, implementado e 
coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal, e todo grande e pequeno gerador deve tê-lo como base. 
Apesar disso, ainda há negligência por parte das empresas quanto aos RCD’s. O volume de RCD gerado 
poderia ser bastante reduzido se as empresas se comprometessem em tomar medidas de reaproveitamento 
dos resíduos, em vez de depositá-los em aterros ou locais inadequados. Porém a reutilização ainda não é 
plenamente aceita no mercado da construção civil. Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo 
verificar o nível de aceitação da reutilização de RCD para a confecção de agregados miúdos e graúdos e 
seu uso em argamassas e concretos no mercado local, para que em seguida possamos identificar 
problemas e apresentar soluções, proporcionando um melhor aproveitamento destes resíduos e também 
uma diminuição nos impactos ambientais causados pelo mau gerenciamento de tais materiais. 
Palavra-chave: Construção Civil; Impactos Ambientais; Reutilização; RCD; Aceitação. 
Abstract 
According to the Ministry of Cities, about 50% of solid waste in urban areas are produced by construction, 
which results in a major problem, since this is a booming industry, moreover, the waste generated by it, most 
often does not have an appropriate destination. Environmental and visual pollution from Construction and 
Demolition Waste (CDW) are a great nuisance to the development of a country. Also, can result in some 
cases in siltation of rivers and lakes, hinder pedestrian traffic and vehicles, and used as a pretext for the 
illegal dumping of other wastes. According to Article 7 of the CONAMA Resolution 307 Municipal Waste 
Management Programme of Construction shall be prepared, implemented and coordinated by the 
municipalities and the Federal District, and all large and small generator should have it as a base. 
Nevertheless, there is negligence on the part of companies as the CDW's. The volume of CDW generated 
could be greatly reduced if companies undertook to take measures to reuse the waste instead of depositing 
them in landfills or inappropriate sites. But reuse is not yet fully accepted in the construction market. Hence, 
the present study aims to determine the level of acceptance of reuse CDW for making coarse and fine 
aggregates and their use in mortars and concretes in the local market so that we can then identify problems 
and solutions, providing a better utilization of these wastes and also a reduction in the environmental impacts 
caused by the mismanagement of such materials. 
Key-words: Construction; Environmental Impacts; reuse; CDW; acceptance. 
 
 
 
 
1 Introdução 
 A construção é uma das mais antigas atividades criadas pelo homem. O ser humano 
desde muito tempo atrás iniciou um ciclo vicioso de construir/transformar e destruir o 
espaço em que vive para satisfazer as suas próprias necessidades. Porém, também pelo 
homem foi observado que a construção, apesar de proporcionar inúmeros benefícios, 
pode gerar muitos danos para o meio ambiente. 
 Atualmente, tendo em vista o auxílio das tecnologias criadas, a construção civil vem 
sofrendo uma crescente expansão, e consequentemente expandindo também o acúmulo 
de RCD (Resíduos de Construção e Demolição) nas áreas urbanas, originando diversos 
problemas tanto ambiental como economicamente falando. Com o intuito de solucionar 
esses problemas que foi criada a reutilização dos RCD. 
 Após o fim da Segunda Guerra Mundial, diante da quantidade de entulho acumulado nas 
cidades que tinham sido destruídas, foi preciso arquitetar uma maneira de tirar todo 
entulho do lugar e reconstruir as cidades, e foi a partir disso que decidiram reaproveitar os 
resíduos da construção civil, segundo Santos(2007). As montanhas de escombros 
atingiam entre 400 e 600 m³. “Cerca de 85% do entulho da Segunda Guerra Mundial havia 
sido removido e, em 1960 todo entulho proveniente da guerra havia sido reciclado na 
Alemanha” (Levy 2002, apud SANTOS, 2007, p. 52). Porém, de acordo com Santos(2007) 
no império romano já se utilizava para construções, tijolos triturados e cacos de telha 
misturados à areia, água e cal, e este é o relato mais antigo da reciclagem desse tipo de 
resíduo. 
 Na região metropolitana de Natal/RN, não é difícil encontrar obras com selos importantes 
como o ISO 14001, que é uma norma que tem como função definir o que deve ser feito 
em uma empresa para estabelecer um sistema de gestão ambiental, porém quando o 
assunto é gerenciamento de entulho, as empresas ainda deixam a desejar. Isso pode ser 
confirmado na grande quantidade de entulho depositada em aterros ou em lugares 
inadequados na cidade. Além disso, na região, pouco se tem conhecimento sobre o 
agregado reciclado, que seria um material bastante útil para resolver problemas 
ambientais, sociais e econômicos quanto ao entulho gerado pela construção civil, e os 
gastos de uma obra, com agregado. 
 
1.1 Metodologia 
 Com o objetivo de verificar o nível de aceitação do agregado reciclado no mercado local e 
suas devidas justificativas, o presente trabalho recorreu a aplicação de questionários em 
construtoras da região, e uma entrevista realizada em uma usina de reciclagem de 
entulho localizada na cidade de São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de 
Natal/RN. Além disso, houve pesquisas para embasamento sobre o agregado natural e o 
reciclado em livros e artigos. 
 
 
 
 
 
 
2 Os problemas provenientes da Construção Civil 
 Apesar de saber o grande valor que a área da construção civil tem para o homem, em 
virtude de proporcionar a este, conforto, segurança, privacidade, e além disso valores 
estéticos, não é difícil apontar os problemas que essa área traz para o meio em que 
vivemos. A falta de planejamento, de instrução e consciência ambiental por partes das 
empresas e de seus funcionários, acabam contribuindo para um mau gerenciamento dos 
resíduos de uma obra. Em uma construção, já é de se esperar que se encontrem resíduos 
sólidos, porém com a falta de planejamento, o desperdício de materiais aumenta 
significativamente. Grande parte dos materiais que sobram em uma construção, não são 
reaproveitados, e precisam ser retirados do local da obra. Na maioria das vezes, vão 
parar em aterros. Para impedir o desperdício desses materiais, e para controlar e 
normatizar a saída dos resíduos é necessário que o local da obra adote um planejamento 
 
e um gerenciamento de tais materiais. Há no Brasil um órgão consultivo que dispõe sobre 
a Política Nacional do Meio Ambiente, chamado CONAMA, Concelho Nacional do MeioAmbiente. A resolução 307 do CONAMA estabelece diretrizes, procedimentos e critérios 
para o gerenciamento de resíduos sólidos. Segundo consta nessa resolução, o município 
deve elaborar um plano de gerenciamento, informando os lugares considerados 
adequados para receber os resíduos das obras, que normalmente são aterros. 
 
 
Figura 1 – Geração de RCD no Brasil. Fonte: http://www.monteirotijolos.com/index-noticia-5.htm, 
acesso em 20/04/2014 
 
 Porém, os problemas com os aterros são muitos, já que os resíduos que lá são 
depositados ficam lá por muito tempo, pois o período de decomposição deles é bastante 
demorado. Do momento em que foram colocados no aterro, até o momento em que eles 
se decompõe, novas obras aconteceram, e mais resíduos foram gerados e depositados 
naquele mesmo lugar sem que houvesse tempo para que a leva anterior, saísse de lá, o 
que com algum tempo criará uma superlotação de materiais naquele aterro. Logo, a 
 
 
poluição visual e ambiental não tarda a chegar nesses lugares. Vale ressaltar que isso 
ocorre quando o depósito do resíduo, é feito em um aterro, lugar que é considerado 
“apropriado” para se colocar os resíduos urbanos. Quando o depósito é feito em lugares 
não autorizados, considerados inapropriados para o depósito de RCD, os problemas só 
aumentam, pois a poluição visual causada nessa situação acaba incentivando a pessoas 
daquela região a achar que também podem colocar seu lixo ali. O acumulo de lixo nessas 
regiões inapropriadas, acaba trazendo doenças para o local e suas proximidades, e a 
manutenção desses lugares tem que ser cada vez mais frequente, gerando assim um 
problema não só ambiental, como também social e econômico. 
 
3 Reciclagem dos Resíduos de Construção e Demolição 
 É fácil perceber o quão necessário é uma revisão nos planos de gerenciamento de 
resíduos sólidos (PGRS), já que os destinos considerados adequados para tais resíduos, 
não resolvem os problemas causados por eles. A reciclagem dos RCD chega trazendo 
muitos benefícios para o ramo da construção civil, pois além de resolver muitos dos 
problemas já citados, dá origem a um produto diferenciado, e é de se esperar que gere 
lucro para obras que fazem uso desse produto. 
 Os resíduos gerados pela construção civil, podem ser classificados de acordo com a 
Tabela 1. 
Tabela 1 – Classificação dos resíduos. Fonte Resolução CONAMA nº 307. 
Classe A Resíduos que podem ser reutilizados em forma de agregado. 
(Solos, alvenaria, concreto, argamassa.) 
Classe B Resíduos que podem ser encaminhados para reciclagem, ou utilizados no próprio canteiro de 
obras. (Papel, vidro, plástico, metal, madeira, papelão.) 
Classe C Resíduos não recicláveis. 
(Papéis plastificados, esponjas de aço, latas de tintas, gesso.) 
Classe D Resíduos perigosos. 
(Tintas, solventes, óleos.) 
 
Os resíduos de classe A se subdividem em: 
 Materiais compostos de cimento, cal, areia e brita. 
Materiais cerâmicos. 
 
3.1 Etapas da reciclagem 
 O processo de reciclagem dos RCD's inicia-se com sua retirada do local da obra. A 
empresa geradora do resíduo pode, por conta própria, se responsabilizar pela destinação 
do material, ou pode também contratar uma empresa terceirizada para fazê-lo. Segundo a 
resolução 307 do CONAMA (2002), todo grande gerador deve ter um Plano de 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, com o objetivo de estabelecer os procedimentos de 
manejo e destinação dos resíduos ambientalmente adequados. É dever do município, 
elaborar um PGRS que sirva de base para os grandes geradores, estabelecendo os 
lugares daquela região que são adequados para o depósito dos resíduos. É importante 
que ainda dentro da empresa geradora tenha-se uma separação dos resíduos, para que 
 
 
ao chegar na usina de reciclagem esse material já esteja pré classificado, facilitando 
assim o trabalho dos funcionários da usina. 
Chegando na usina de reciclagem, o material passa por pelo menos cinco processos, 
a saber: 
 
• Triagem: É basicamente a separação dos resíduos por suas classes, já que na 
maioria das vezes, a empresa geradora não faz essa separação. Os resíduos são 
depositados em baias conforme sua classificação. 
• Destinação: Os resíduos que não são de interesse da usina, são destinados para 
outros locais de reciclagem. Esse é o caso dos papéis, plásticos, entre outros 
materiais. Já a madeira pode ser enviada para cerâmicas onde são usadas para 
queima, evitando o desmatamento em regiões como a caatinga. Os únicos 
materiais que tendem a permanecer na usina, são os de classe A. 
• Alimentador vibratório: Após a separação, o material é depositado em um 
alimentador vibratório, que é um equipamento com a função de direcionar o 
resíduo para o britador. Esse equipamento tem a função não somente de alimentar 
mas também de fazer uma separação das partículas, tornando melhor a eficiência 
do britador. 
• Britador de impacto: O britador tem a função de diminuir a granulometria do 
material. Existem britadores específicos para os RCD's, que são britadores para 
materiais mais bruscos, de maior granulometria. 
• Separação Granulométrica: essa é a última etapa da reciclagem, que se resume 
em separar o material que sai do britador, por suas diferentes granulometrias, 
dando origem assim a produtos como a areia pedrisco, ou a alguns agregados 
graúdos. 
 
 Após o término dessas etapas, podemos ter os seguintes produtos: Areia reciclada, britas 
recicladas, pedrisco reciclado e bica corrida. Todos esses produtos são originados 
diretamente da britagem dos RCD's, e devem estar de acordo com a NBR 15116/2004, 
que é uma norma da ABNT que define os requisitos dos agregados reciclados para 
utilização em pavimentos e preparo de concretos não estruturais. 
 
3.2 Aplicações 
 O material reciclado possui algumas características diferentes do material natural, como 
composição, índices de resistência, e alguns valores limites que são estabelecidos. Essas 
diferenças acabam implicando na aplicação do agregado reciclado, que é preestabelecida 
por normas. A aplicação, depende de cada tipo de material. Podem ser usados em: 
 
Areia reciclada: 
• Contra piso 
• Solo cimento 
• Argamassa de assentamento de alvenaria de vedação 
 
 
 
Britas recicladas: 
• Drenagens 
• Fabricação de concreto não estrutural 
• Terraplanagem 
• Aterros 
 
Pedrisco reciclado: 
• Artefatos de concreto (pisos, blocos de vedação, entre outros.) 
 
Bica corrida: 
• Cascalhamento 
• Aterros 
• Reforço do subleito, obras de base e sub-base de pavimentação de vias 
• Acerto topográfico de terrenos 
 
 Como visto acima, o agregado reciclado tem sua função resumida a concretos não 
estruturais e obras de pavimentação. Isso se dá geralmente pelo fato de tal agregado 
possuir características físicas muito variáveis de um lote para outro, apresentando-se 
como um material bastante heterogêneo, e isso implicaria no comportamento de 
determinadas estruturas. 
 
3.3 Vantagens e desvantagens do produto 
 
 Para a utilização em concretos, é importante estudar diversas características dos 
agregados, e entre essas estão a granulometria, a resistência a compressão, os tipos de 
substâncias presentes no material, o módulo de elasticidade, a absorção de água e a 
forma e textura (Mehta e Monteiro 1994, apud FONSECA, A. 2006). Segundo os autores, 
todas essas características devem ser levadas em conta, principalmente quando tratamos 
de materiais alternativos, pois as possibilidades de utilização destes dependem de seu 
comportamento na estrutura do concreto, que é influenciado diretamente por estes 
aspectos. 
 Para fazeruma análise comparativa entre o agregado natural e o agregado reciclado, é 
necessário fazer diversos ensaios para determinar as características físicas de ambos os 
materiais, além de fazer uma pesquisa no mercado a fim de comparar os custos de 
ambos. Fazendo comparações entre esses dois materiais é possível mostrar mais 
claramente as vantagens e desvantagens do agregado reciclado. 
 De acordo com um estudo feito por Barra (1996) a heterogeneidade e a porosidade são 
as maiores diferenças entre o agregado reciclado e o natural. O material reciclado possui 
uma maior heterogeneidade, visto que sua composição varia muito de um lote para outro. 
Sua porosidade também é superior, e quanto menor a dimensão e maior a porosidade do 
agregado, maior será sua absorção de água. Como a absorção que o agregado reciclado 
tem é bastante elevada, há uma certa dificuldade na produção de concreto com esse tipo 
de material. Essa característica acaba sendo uma desvantagem do material reciclado, e é 
 
 
por esse motivo que é recomendado usar o agregado saturado, para que ele não retire 
água da pasta, ao entrar em contato com esta. 
 Outro fator que tem pesado negativamente para o agregado reciclado, é a falta de uma 
política para o setor que ele se enquadra. Atualmente não existe uma política específica e 
satisfatória para o setor, algo que favoreça o surgimento e veiculação do material no 
mercado da construção civil. 
 Porém, apesar das desvantagens acima citadas, e considerando que estas podem ser 
reduzidas de acordo com as mudanças feitas na área, o material possui vantagens 
relevantes. Uma das grandes vantagens do agregado reciclado, e sem dúvidas uma das 
mais evidentes, é a redução dos impactos ambientais que o RCD vem causando, já que, o 
destino para lixos urbanos como esse tem sido um grande impasse. Além disso, a 
redução do assoreamento de rios e lagos, também se torna significante já que a aceitação 
do material reciclado, substitui a extração de areia de regiões ciliares. É importante 
também destacar que a redução do impacto ambiental, leva juntamente a redução de 
impactos sociais e econômicos, causados pelo mesmo. 
Ainda na área de impactos ambientais, podemos reduzir a extração de minérios 
substituindo o agregado natural pelo reciclado. As vantagens surgem também em 
agregados derivados de resíduos cerâmicos, que podem apresentar características 
interessantes de retenção de água e plasticidade, que são fatores importantes para 
argamassas de assentamento e de revestimento. 
 
4 O agregado reciclado no mercado local da construção civil 
 A reutilização de resíduos de construção e demolição tem se espalhado a cada dia mais 
por todo o mundo. A Europa atualmente é a líder mundial de reciclagem de entulho. Só 
nos Países Baixos, o índice de reciclagem já alcançou 70%. Enquanto isso no Brasil, a 
fabricação e divulgação do produto é bastante restrita, o que dificulta muito a sua procura 
no mercado. O número de usinas de reciclagem de entulho no Brasil é muito baixo e 
desproporcional a quantidade de resíduo gerado pela construção civil. Além disso, a maior 
parte dessas usinas não recebem nenhum incentivo fiscal e ajuda do governo, o que torna 
ainda mais difícil a sua existência. Mais da metade dessas usinas, ficam situadas no 
sudeste do Brasil, que por ser uma região mais adensada oferece mais chances de 
empresas como essas se expandirem. Já em todo estado do Rio Grande do Norte há 
apenas uma usina de reciclagem, que fica em São Gonçalo do Amarante, a Ecobrit. A 
Ecobrit é um exemplo de empresa que não recebe apoio do governo para seu 
funcionamento. Empresas como ela funcionam da seguinte maneira: Geralmente são 
cobradas pelo menos duas taxas até o recebimento do produto final. É cobrada uma taxa 
para que ela realize a coleta do resíduo no lugar de origem, e a outra taxa seria o valor da 
compra do material reciclado. Em algumas empresas, pode ainda ser cobrada uma taxa 
para que ela dê um destino a materiais que ela não recicla, como gesso, madeira, papel, 
entre outros que vem misturados ao entulho. 
 É lamentável o fato de um estado como o Rio Grande do Norte possuir apenas uma usina 
de reciclagem de RCD, considerando que ele é um grande consumidor de agregado. Em 
2010, de acordo com uma pesquisa feita pela ANEPAC (Associação Nacional das 
 
 
Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil), o RN consumiu em média 
8.377.007 toneladas de agregado. Dados como esse, mostram o grande potencial que 
empresas de reciclagem deveriam ter nessa região, já que o mercado consumidor do 
produto em questão é bem amplo. Porém não só no RN como em todo Brasil, o mercado 
de RCD sofre com a falta de incentivos fiscais e tributários, e com a falta de conhecimento 
sobre o material reciclado por parte dos consumidores. 
 
4.1 Entrevista e Questionário 
 Em busca de saber como se dá o processo de reciclagem do entulho, e também de saber 
a opinião dos proprietários de uma usina quanto a inserção do material reciclado no 
mercado local, foi realizada uma pesquisa/entrevista com o diretor de uma usina de 
reciclagem de RCD, Ecobrit. Após uma apresentação de todo percurso que o material faz 
desde o seu recolhimento no local de origem até a formação do produto final, o agregado 
reciclado, o diretor João Vitor respondeu a algumas perguntas sobre a empresa e sobre a 
relação dela com o mercado da construção civil. De acordo com João Vitor, o agregado 
reciclado é um material que tem muito potencial de reconhecimento no mercado, o que 
significa a expansão de empresas como a Ecobrit. Porém, ele alega que a pouca 
divulgação e a falta de investimentos nessas empresas por parte de autoridades públicas 
tem sido um forte obstáculo para essa expansão. Geralmente as usinas de reciclagem 
pegam o entulho de muitas obras grandes, mantém relações com grandes construtoras, 
mas isso somente para recolher o material que lá é gerado, por que o produto que eles 
fabricam, o agregado reciclado, eles só vendem na maioria das vezes para pequenos 
geradores, ou seja, pequenas obras. 
 Em virtude de conhecer as razões pelas quais as grandes obras não utilizam o agregado 
reciclado, conhecer a opinião dos consumidores quanto a esse produto, e saber como 
está a situação das obras quanto a organização e consciência ambiental, aplicamos um 
questionário com sete perguntas em cinco construtoras que possuem obras em Natal e na 
Grande Natal. As perguntas são: 
 
1- Na obra há separação de resíduos por classificação? 
2- Quem é responsável pela destinação dos resíduos? 
3- Para onde são levados esses resíduos? 
4- A obra tem um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)? 
5- Os funcionários tem acesso à palestras ou programas que envolvam educação 
ambiental? 
6- Na obra utiliza-se o agregado reciclado? 
7- A empresa possui algum programa interno de reutilização e/ ou reciclagem de 
resíduos? 
 
Em todas as obras há separação de resíduos e também PGRS, que é algo que 
todo grande gerador de RCD deve ter, de acordo com o CONAMA 307. 
 
 
Também foi unânime a resposta para a questão 2, considerando que todas as 
construtoras contratam empresas terceirizadas para coletar o resíduo. 
 
Figura 1- Gráfico da destinação final do 
RCD. 
Figura 2- Gráfico das razões pela não 
utilização do agregado reciclado. 
 
Figura 3- Gráfico das palestras sobre consciência ambiental. 
 
De acordo com os resultados mostrados pelos gráficos nas figuras 1, 2 e 3 podemos 
tirar conclusões bastante importantes para a pesquisa em questão. Uma informação que 
chamou bastante atenção, foram os canteiros de obras que nos foram apresentados, 
onde todos se encontravambem organizados. Outra informação muito interessante mas 
também preocupante que podemos observar, é o fato de todas as construtoras 
entrevistadas possuírem um PGRS, mas, ainda assim, algumas delas contratarem 
empresas terceirizadas para recolher o entulho e não saberem onde essas empresas 
depositam o resíduo. Contratar uma empresa para dar uma destinação ao resíduo que 
produzimos e não saber para onde ela o leva, é o mesmo que lavar nossas mãos para um 
problema que nós criamos. E se a empresa contratada estiver jogando o entulho em um 
lugar inadequado, o erro será não só dela, mas também nosso. Em nenhuma construtora 
entrevistada encontramos a utilização do agregado reciclado. A maioria delas não deu 
uma justificativa plausível para o fato, pelo contrário, demonstraram uma certa indiferença, 
e até desconhecimento do produto. Apenas uma construtora deposita seu resíduo em 
uma usina de reciclagem, e ainda assim não utiliza o agregado reciclado. Segundo ela, o 
 
 
agregado reciclado é mesmo mais barato, porém há gastos além da compra do agregado, 
e esses gastos acabam cobrindo a diferença de preços entre o agregado natural e o 
reciclado, e como já dito pela empresa 3, se os dois estão saindo quase ao mesmo preço, 
por que optar por um material novo e pouco conhecido, quando se tem um material que já 
conquistou seu lugar no mercado da construção civil, e é bastante valorizado? Aí está o 
gargalo da questão aqui discutida. Poucas empresas de grande porte vão dar preferência 
a um material novo e pouco conhecido. Por mais que esse produto tenha um grande 
potencial inovador, ele ainda não tem um grande reconhecimento no mercado da 
construção civil. A pouca divulgação e investimento, fazem do agregado reciclado um 
produto de caráter duvidoso aos olhos de quem já tem a certeza das características do 
agregado natural. 
 
5 Mudanças Propostas 
 Com base na pesquisa acima apresentada foi possível identificar alguns problemas que 
fazem do agregado reciclado um material com um nível baixo de aceitação no mercado da 
construção civil. Com algumas mudanças na política desse setor, grande parte dessa 
situação atual poderia ser revertida. Essas mudanças podem ocorrer: 
 
5.1 Por parte dos fabricantes 
 Com base em ensaios já realizados, foi comprovado que de acordo com o tipo do resíduo 
que o agregado reciclado se origina, ele vai apresentando características específicas. O 
agregado reciclado de resíduo cerâmico por exemplo, pode apresentar atividade 
pozolânica, o que reduziria o consumo de cimento e/ou cal. Realizar estudos mais 
aprofundados sobre as diferentes características que um agregado reciclado pode 
apresentar, se baseando no resíduo de que ele foi originado ou até mesmo em adições 
que nele podem ser feitas, pode ser um ótimo meio de tornar o material reciclado, algo 
ainda mais diferente e inovador, já que esse poderia se adequar a diferentes perfis de 
obras, conforme as características necessárias. 
 
5.2 Por parte das autoridades públicas 
 Em virtude de proporcionar a ampliação do mercado do agregado reciclado, o apoio do 
governo para com as usinas de reciclagem é de importância fundamental, pois o 
investimento atuaria como impulsionador para o crescimento destas. 
 Mas o poder público pode atuar além disso. A criação de uma usina de reciclagem por 
parte do governo, seria um negócio a trazer benefícios em dobro. Elaborando um 
esquema de coleta de resíduos para construtoras que atuem na região da usina, 
estaríamos tirando uma despesa das empresas geradoras do resíduo, que não teriam 
mais que pagar pela retirada do entulho, e estaríamos ao mesmo tempo recolhendo 
matéria-prima para produção do agregado reciclado. Esse material após fabricado, 
poderia ser utilizado de duas formas: nas futuras obras públicas, como pavimentação de 
estradas, e entre outras que se encaixem nas possíveis aplicações do material, e também 
para a venda a construtoras, para que o material seja utilizado novamente. Feito isso, pelo 
 
 
menos três problemas seriam reduzidos: as construtoras teriam menos um gasto, as 
obras públicas teriam um material mais em conta e de mesma qualidade do anteriormente 
usado, e os impactos ambientais na região, antes causados pelo acumulo do entulho, 
seriam reduzidos significativamente. 
 
6 Considerações finais 
 A sustentabilidade é um assunto que atualmente precisa ser tratado em toda e qualquer 
área, inclusive na engenharia civil. A mente humana tem trabalhado e criado muitas 
tecnologias e graças a isso o mundo vem se desenvolvendo muito rapidamente. Porém, 
não podemos nos deixar enganar por um falso desenvolvimento, um crescimento que na 
verdade pode nos trazer muitos prejuízos, por isso precisamos ter consciência e começar 
a conciliar o desenvolvimento com a preocupação e o cuidado com o meio em que 
vivemos. O agregado reciclado, material aqui apresentado, é só mais um ramo da 
sustentabilidade na engenharia civil, que tem muito potencial de crescimento mas que, 
como diversos outros assuntos da área, dependem ainda de reconhecimento e 
investimento para ascenderem e deixarem sua contribuição para o progresso da área em 
questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
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Acesso em: 20 nov. 2013.

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