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BREVES APONTAMENTOS ACERCA DA DECISÃO DE PRONÚNCIA

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BREVES APONTAMENTOS ACERCA DA DECISÃO DE PRONÚNCIA 
 
O presente estudo visa examinar de maneira sucinta a respeitos de alguns elementos da 
decisão de pronúncia. 
Inicialmente, cumpre esclarecer que a decisão de pronúncia é aplicada nos processos 
penais que seguem o rito do Tribunal de Júri. Como se sabe, compete ao Tribunal de Júri 
o julgamento de crimes dolosos contra a vida (Art. 5º, inc. XXXVIII, “d” da Constituição 
Federal). 
O procedimento do Júri é dividido em duas fases, a primeira fase – que vai dos Arts. 406 
à 421 do CPP – compreende aos atos instrução preliminar e é encerrada com a decisão de 
pronúncia, já a segunda fase, corresponde aos atos preparatórios para o julgamento em 
plenário e se finda com a prolação de sentença após votação dos jurados. 
A decisão de pronúncia, uma vez preclusa, encerra a primeira fase do procedimento do 
júri. 
Trata-se de uma decisão interlocutória mista, como assevera Guilherme Souza Nucci: 
É a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação, 
remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de 
decisão de natureza mista, pois encerra a fase de formação da 
culpa, inaugurando a fase de preparação do plenário, que levará 
ao julgamento de mérito. Embora se trate de decisão 
interlocutória, a pronúncia mantém a estrutura de uma sentença, 
ou seja, deve conter o relatório, a fundamentação e o dispositivo. 
(NUCCI, Tribunal do Júri, 2015, p.78) 
Nesse sentido segue também o entendimento do STJ: 
“A pronúncia é decisão interlocutória mista, que julga 
admissível a acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal 
do Júri. Encerra, portanto, simples juízo de admissibilidade da 
acusação, não se exigindo a certeza da autoria do crime, mas 
apenas a existência de indícios suficientes e prova da 
materialidade, imperando, nessa fase final da formação da culpa, 
o brocardo in dubio pro societate” (AgRg no AREsp 71.548/SP, 
5.ª T., rel. Regina Helena Costa, 10.12.2013, v.u., grifamos). 
Na decisão de pronúncia o juiz irá apreciar acerca da materialidade do crime, e se 
convencendo irá averiguar a existência de indícios suficientes de autoria ou de 
participação (Art. 413 do CPP). Entendendo haver tais elementos o juiz pronunciará o 
acusado, remetendo-o ao julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Aury Lopes Jr. ensina que: 
A decisão de pronúncia marca o acolhimento provisório, por parte 
do juiz, da pretensão acusatória, determinando que o réu seja 
submetido ao julgamento do Tribunal do Júri. Preclusa a via 
recursal ára impugnar a pronúncia, incia-se a segunda fase 
(plenário). Trata-se de uma decisão interlocutória mista, não 
terminativa, que deve preencher os requisitos do art.381 do CPP. 
O recurso cabível para atacar a decisão de pronúncia é o recurso 
em sentido estrito, previsto no art.581, IV, do CPP. (LOPES JR., 
Direito Processual Penal, 2015, p.789) 
A decisão de pronúncia não faz coisa julgada material, uma vez que o crime pode ser 
desclassificado em plenário, faz coisa julgada formal tendo em vista que preclusa, não 
poderá ser modificada pelas vias recursais. 
A decisão deve ser sempre fundamentada, entretanto o juiz deve ter cuidado com o 
excesso de linguagem, pois, o Art.413, §1º do CPP diz que “A fundamentação da 
pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios 
suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em 
que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas 
de aumento de pena.” 
Sobre o tema Aury Lopes Jr. leciona: 
Não pode o juiz afirmar a autoria ou a materialidade 
(especialmente quando ela é negada pelo réu), sob pena de induzir 
ao prejulgamento por parte dos jurados. Deve restringir-se a fazer 
um juízo de verossimilhança. 
Não é a pronúncia o momento para realização de juízos de certeza 
ou pleno-convencimento. Nem deve o juiz externar suas 
“certezas”, pois isso irá negativamente influenciar os jurados, 
afetando a necessária independência que devem ter para julgar o 
processo. (LOPES JR., Direito Processual Penal, 2015, p.790) 
A decisão de pronúncia que possui o excesso de linguagem é passível de nulidade, nesse 
sentido já decidiu o Supremo Tribunal Federal, no HC 85.260/RJ, sob a relatoria de 
Sepúlveda Pertence, vejamos: 
EMENTA: Pronúncia: nulidade por excesso de “eloqúência 
acusatória” 
1. É inadmissível, conforme a jurisprudência consolidada 
do STF, a pronúncia cuja fundamentação extrapola a 
demonstração da concorrência dos seus pressupostos legais 
(CPrPen, art. 408) e assume, com afirmações apodíticas e 
minudência no cotejo analítico' da prova, a versão acusatória 
ou rejeita peremptoriamente a da defesa (v.g., HC 68.606, 
18/06/91, Celso, RTJ 136/1215; HC 69.133, 24/03/92, Celso, RTJ 
140/917; HC 73.126, 27/02/96, Sanches, DJ 17/05/96; RHC 
77.044, 26/05/98, Pertence, DJ 07/08/98). 
2. O que reclama prova, no juízo da pronúncia, é a 
existência do crime; não, a autoria, para a qual basta a 
concorrência de indícios, que, portanto, o juiz deve cingir-se 
a indicar. 
3. No caso, as expressões utilizadas pelo órgão prolator do 
acórdão confirmatório da sentença de pronúncia, no que concerne 
à autoria dos delitos, não se revelam compatíveis com a dupla 
exigência de sobriedade e de comedimento a que os magistrados 
e Tribunais, sob pena de ilegítima influência sobre o ânimo dos 
jurados, devem submeter-se quando praticam o ato culminante do 
judicium accusationis (RT 522/361). (grifamos) 
Ademais, o Art.414 do CPP diz que “Não se convencendo da materialidade do fato ou 
da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, 
fundamentadamente, impronunciará o acusado”. Trata-se da impronúncia. O Parágrafo 
Único do Art.414 do CPP permite que nova denúncia seja feita quando houver prova 
nova, enquanto não ocorrer nenhuma causa extinção da punibilidade, como a morte do 
agente ou a prescrição. 
Da decisão de impronúncia caberá o recurso de apelação (Art.416 do CPP). 
O juiz ainda pode absolver sumariamente, se houver provada a inexistência do fato, se 
for provado não ser ele o autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal e 
se for demonstrado causa de isenção de pena ou de exclusão do crime (Art.415 do CPP). 
Também da decisão de absolvição sumária caberá recurso de apelação (Art.416 do CPP). 
Tanto na hipótese decisão de impronúncia ou de absolvição sumária o juiz deverá relaxar 
imediatamente a prisão em si tratando de réu preso, ainda que haja recurso por parte da 
acusação. 
Na pronúncia o juiz também pode dar ao fato definição jurídica diferente da descrita na 
denúncia ainda que o acusado fique sujeito a pena mais grave (Art.418). 
O juiz também se entender que a definição jurídica do fato constante na denúncia não é 
de sua competência, deverá remeter os autos ao juízo competente. 
 Se o juiz verificar que a indícios de autoria ou participação de outras pessoas não 
descritas na inicial remeterá os autos ao Ministério Público para tomar as providências 
cabíveis (nova denúncia, pedido de arquivamento, pedido de diligências, etc...) podendo 
também separar o processo, dando-se continuidade naquele que já se encontra na numa 
fase avançada enquanto o outro ainda irá iniciar. (Art. 419 do CPP). 
Havendo hipótese de circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o 
juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. 
Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do 
Tribunal do Júri, dando-se início a segunda fase (Art.421 do CPP). 
São nossos breves apontamentos a respeito da decisão de pronúncia, obviamente existemmais discussões do ponto de vista doutrinário e jurisprudencial como por exemplo o uso 
do in dubio pro societate ou a possibilidade de absolvição imprópria, mas deixamos para 
outra oportunidade. 
 
Referências: 
NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do júri– 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro 
: Forense, 2015. 
LOPES JR., Aury, Direito Processual Penal . – 12 ed. – São Paulo: Saraiva, 2015. 
BRASIL, DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Dispõe sobre o 
Código de Processo Penal. Disponível em < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm> 
 
Autoria: Guilherme Cruz do Nascimento, Bacharel em Direito pela UniFG.