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PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI Previsão Constitucional - Art. 5º, inciso XXXVIII CR/88 Previsão legal Art. 406 – 497 do CPP “Art. 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) A plenitude de defesa b) O sigilo das votações c) A soberania dos vereditos d) A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida” Competência para os crimes dolosos contra a vida Art. 74, §1º do CPP: “Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, parágrafos 1° e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados” Súmula 603 do STF “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri” Trata-se de um procedimento bifásico. A primeira fase denomina-se de iudicium accusationis (juízo de admissibilidade da acusação). A segunda fase denomina-se de iudicium causae (juízo de mérito) Primeira fase Art. 406 – 421 do CPP Etapas: 1. Denúncia ou queixa subsidiária. 2. Recebimento pelo magistrado. 3. Citação do réu para apresentar resposta à acusação em 10 (dez) dias. 4. Vista do Ministério Público. 5. Após, será marcada a audiência com oitiva do ofendido, testemunha de acusação e defesa, peritos, acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, interrogatório e debate oral. 6. Encerrados os debates, o juiz irá proferir sua decisão ou o fará em 10 dias (Art. 411, § 9º) Decisões que podem ser proferidas ao término da 1ª fase: Pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação. PRONÚNCIA Art. 413 do CPP “O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.” Natureza jurídica da decisão de pronúncia: - Decisão interlocutória mista não terminativa. Não julga o mérito e não põe fim ao procedimento. Art. 413, §1º do CPP “A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.” Essa decisão deverá ser fundamentada, sem, contudo, entrar no mérito, sem juízo aprofundado. Deverá ser comedido, caso contrário haverá excesso de linguagem, levando-se até a uma possível anulação da decisão Não precisa de prova evidente, cabal, robusta. É provável que tenha praticado, não se exige a certeza da autoria/participação. Exige-se a prova material de que o fato ocorreu. Prevalece na doutrina que, na dúvida, o juiz deverá pronunciar – in dubio pro societate Com a pronúncia o réu será levado a julgamento em plenário, iniciando-se a segunda fase Pronunciar significa admitir a acusação; juízo de admissão da ação penal. A decisão de pronúncia não faz coisa julgada material, mas delimita a tese da acusação em plenário Na pronúncia deverá constar a narração do fato delituoso, incluindo as qualificadoras e as causas de aumento de pena. As causas de privilégio, bem como atenuantes e agravantes, poderão ser reconhecidas ainda que não constem da pronúncia Exemplo: A foi pronunciado por homicídio simples. Em plenário do Júri a acusação não poderá fazer qualquer referência a qualificadoras. Não haverá quesitação sobre qualificadoras. Princípio da congruência; correlação; adstrição: Art. 418 do CPP “O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.” Trata-se da emendatio libelli prevista no Art. 383 do CPP Também poderá ocorrer a mutatio libelli (Art. 384 do CPP), com a modificação da imputação. Pronúncia X Prisão Processual Art. 413, § 3º do CPP “O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código” Não existe mais a prisão decorrente de decisão de pronúncia. Era uma modalidade de prisão cautelar. Serão observados os motivos autorizadores do Art. 312 do CPP Recurso cabível: Da decisão de pronúncia caberá Recurso em Sentido Estrito previsto no Art. 581, inciso IV do CPP Art. 421 do CPP “Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.” Pronúncia X Crimes Conexos Pronunciado pelo crime doloso contra a vida, o crime conexo o seguirá. Não pode o crime conexo ser objeto de sentença condenatória ou absolutória pelo Juiz Presidente É causa interruptiva da prescrição (Art. 117, II do CP) IMPRONÚNCIA Art. 414 do CPP “Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova” A impronúncia significa julgar inadmissível a acusação. É uma decisão que não julga o mérito da causa, mas tão somente, a falta de elementos mínimos para a pronúncia. Por isso não faz coisa julgada material, mas sim formal. O processo será arquivado, porém poderá ser oferecida nova denúncia desde que não extinta a punibilidade Natureza jurídica da impronúncia: - Decisão interlocutória mista terminativa. Não decide o mérito, mas encerra o procedimento. Assim, o processo poderá ser reaberto a qualquer tempo, desde que surjam novas provas A decisão de impronúncia não significa que o réu esteja absolvido, pois apesar de não ser submetido ao Tribunal do Júri, não está completamente livre da imputação Assim, o réu não está absolvido e nem condenado. E pode voltar a ser processado pelo mesmo fato a qualquer momento Para alguns autores, tal decisão viola a garantia constitucional da presunção de inocência Como também afirmam que a situação de incerteza viola o princípio da duração razoável do processo Impronúncia X crime conexo O crime conexo não poderá ser objeto de qualquer decisão. Transitada em julgado a decisão de impronúncia, o crime conexo será redistribuído para o juiz singular competente Recurso cabível: apelação conforme o disposto no Art. 416 do CPP Despronúncia: é uma expressão doutrinária e poderá ocorrer em duas situações: I. Quando o próprio juiz prolator da decisão de pronúncia se retratar da decisão proferida II. Quando apesar de o juiz manter a decisão de pronúncia, o Tribunal, julgando recurso interposto contra a decisão, o acolhe e dá provimento para impronunciar o réu Existe um desfazimento da pronúncia, por parte do Tribunal, que anulando a decisão de pronúncia, profere outra. ABSOLVIÇÃO DE MÉRITO Natureza jurídica: sentença de mérito Recurso cabível: recurso de apelação, nos termos do Art. 416 do CPP Art. 416 do CPP “Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.” A lei 11.689/08 ampliou as hipóteses de absolvição sumária, antes limitadas às causas excludentes da ilicitude ou culpabilidade. Também inovou extinguindo o recurso ex officio da sentença de absolvição sumária. As hipóteses previstas nos incisos I e II do Art. 415 do CPP exigem prova robusta, juízo de certeza e não de probabilidade (provada a inexistência do fato ou de que o réu não é autor ou partícipe do fato) A hipótese do inciso III significa dizer que o fato é atípico; O inciso III refere-se a presença de qualquer causa de exclusão da ilicitude ou culpabilidade, salvo a inimputabilidade, a não ser que estaseja a única tese defensiva. Assim, assegura-se ao inimputável o direito ao processo e ao julgamento, cabendo-lhe ao final uma sentença absolutória propriamente dita, sem nenhuma imposição de medida de segurança Mas quando o réu alega, exclusivamente, que praticou o ato em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (Art. 26, caput do CP), o juiz deverá absolver sumariamente e aplicar medida de segurança. Absolvição sumária X crime conexo Quando o juiz absolve sumariamente o réu pelo crime doloso contra a vida, havendo o trânsito em julgado desta sentença, o crime conexo será encaminhado para o juízo competente DESCLASSIFICAÇÃO Art. 419 do CPP “Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no parágrafo 1º do art.74 deste Código e não for o competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.” Trata-se da desclassificação ao término da primeira fase Desclassificar a infração significa afirmar que não se trata de crime doloso contra a vida. Natureza jurídica da desclassificação: - Decisão interlocutória modificadora de competência. Os autos serão enviados ao juízo competente, após o trânsito em julgado da decisão Desclassificação própria: quando o juiz dá ao fato uma nova classificação jurídica, excluindo da competência do júri. Afirma que o delito não é da competência do júri Exemplo: desclassifica de tentativa de homicídio para lesões corporais, ou de homicídio doloso para culposo Desclassificação imprópria: ocorre a desclassificação para outro crime que continua sendo da competência do júri, assim, o juiz desclassifica, mas o pronuncia. Exemplo: desclassifica de infanticídio para homicídio simples Recurso cabível: da decisão de desclassificação caberá Recurso em Sentido Estrito, nos termos do Art. 581, inciso II, pois ele concluiu pela incompetência do juízo. Desclassificação X crime conexo Se a desclassificação for própria, o crime conexo segue o principal e será também encaminhado ao juízo singular. Não cabe ao Juiz Presidente do Júri julgar o conexo Se a desclassificação for imprópria, o crime conexo segue o principal e será encaminhado ao Tribunal do Júri Atenção: o juiz que recebe o processo deve reabrir a instrução, possibilitando às partes arrolarem testemunhas, atendendo ao princípio da identidade física do juiz. Sendo prudente e necessário que o novo julgador colha a prova
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