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Slide Tribunal do Juri

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Direito processual penal iii
TRIBUNAL DO JURI
Rito dos Crimes da Competência do Tribunal do Júri
COMPETÊNCIA DO PROCEDIMENTO
 
Princípios Constitucionais do Júri
 
Nos termos da Constituição Federal de 1988, o Tribunal do Júri possui competência para julgar os crimes dolosos contra a vida e está inserido no rol dos Direitos e Garantias Individuais e Coletivos (art. 5°, XXXVIII), dos quais são assegurados os princípios:
1) a plenitude de defesa – busca-se garantir ao réu não somente uma defesa ampla, mas plena, completa, a mais próxima possível do perfeito. O advogado não precisa se restringir a uma atuação exclusivamente técnica, ou seja, poderá utilizar argumentação extrajurídica, valendo-se de razões de ordem social, emocional, de política criminal, etc. 
2) o sigilo das votações – a ninguém é dado saber o sentido do voto do jurado. Os jurados não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo; devem proferir o veredicto em votação situada em sala especial, e estarão também presentes o juiz, o órgão do Ministério Público e o defensor.
3) a soberania dos veredictos – na medida em que representa a vontade popular, a decisão coletiva dos jurados, chamada de veredicto, é soberana. Da soberania dos veredictos decorre a conclusão de que um tribunal formado por juízes togados não pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelo Conselho de Sentença. Contudo, não afasta a recorribilidade da decisão, sendo plenamente possível que o Tribunal determine a cassação da decisão, para que o acusado seja submetido a novo julgamento perante o Tribunal do Júri.
4) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida – o Tribunal do Júri possui a competência de processar e julgar os crimes dolosos contra a vida. Tais crimes estão incluídos no art. 74, §1° do CPP, sejam eles: o homicídio (CP, art. 121), o induzimento, instigação ou auxilio a suicídio (CP, art. 122), o infanticídio (CP, art. 123) e os abortos (CP, arts. 124, 125 e 126). 
A competência do júri que está definida no artigo 74, §1° do CPP e é taxativa. Logo não serão julgados no Tribunal do Júri, por exemplo, os crimes de latrocínio, extorsão mediante sequestro e estupro com resultado morte. Contudo, essa competência originária não impede que o Tribunal do Júri julgue esses delitos ou qualquer outro (tráfico de drogas, porte ilegal de arma, roubo, etc.) desde que seja conexo com um crime doloso contra a vida. 
O PROCEDIMENTO BIFÁSICO OU ESCALONADO
 
O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de bifásico, pois se divide em duas fases.
A primeira fase do rito denomina-se como instrução preliminar, do qual se inicia com o recebimento da denúncia ou queixa e vai até a sentença de pronúncia – art. 413, impronúncia – art. 414, CPP, absolvição sumária – art. 415 ou desclassificação – art. 419.
A segunda fase do rito denomina-se julgamento em plenário se inicia com a confirmação da pronúncia e vai até a decisão proferida no julgamento realizado no plenário do Tribunal do Júri.
Primeira Fase: Atos da Instrução Preliminar
 
Após o inquérito policial, o Ministério Público poderá oferecer a denúncia no prazo legal de 5 dias, se o imputado estiver preso, ou de 15 dias se estiver em liberdade (art. 46 do CPP).
Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
 
Superado esse prazo sem manifestação do Ministério Público, configura-se a “inércia” autorizadora de que a vítima, ou quem tenha qualidade para representá-la, ajuíze a queixa-crime subsidiária, prevista no art. 29 do CPP.
Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Formulada a denúncia (ou queixa subsidiária), caberá ao juiz recebê-la ou rejeitá-la (nos casos do art. 395 do CPP). Recebendo, citará o acusado para oferecer defesa escrita no prazo de 10 dias, onde já deverá arrolar suas testemunhas (8 testemunhas por réu), arguir todas as preliminares que entender cabível, juntar documentos e postular suas provas.
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando
I - for manifestamente inepta
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou            
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.        
 
 
Essa defesa escrita é obrigatória, e não sendo oferecida deverá o juiz nomear um defensor dativo para fazê-la, sob pena de nulidade dos atos posteriores.
Feita a defesa escrita, será dada vista ao Ministério Público para manifestar-se sobre eventuais exceções e preliminares alegadas pela defesa, bem como tomar conhecimento de documentos e demais provas juntadas. Essa previsão de “vista”, com a determinação de que “o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, 5 (cinco) dias”, gera uma possibilidade de réplica, desequilibradora, nesse caso, da estrutura dialética do processo.
Em última análise, o que se tutela em nome do contraditório e da ampla defesa é o direito de a defesa sempre falar após a acusação, ou seja, com verdadeira resistência ao ataque. Na estrutura vigente, o acusador formula sua imputação (ataque), a defesa se manifesta (resistência) e abre-se, erroneamente, a possibilidade de um novo ataque, agora, dirigido à defesa apresentada. Evidencia-se, assim, a violação ao disposto no art. 5º, LV, da Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Havendo ampliação do debate, por parte do acusador, sobre as alegações da defesa, tal peça deverá ser desentranhada dos autos.
 
Superado esse momento, deverá o juiz aprazar audiência de instrução, para oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e defesa, bem como produzir as demais provas postuladas pelas partes.
 
A reforma pontual (Lei n. 11.689/2008) pretendeu dar mais “celeridade” ao procedimento do Tribunal do Júri, mas pecou pelo atropelo, além de criar perigosas condições para o utilitarismo processual, com o evidente sacrifício de direitos e garantias fundamentais. Na linha de nossa crítica inserem-se os parágrafos do art. 411, que estabelecem que as provas deverão ser produzidas em uma só audiência, abrindo-se a perigosa opção de o juiz indeferir aquelas provas que entender irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
Art. 411.  Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. 
Encerrando a equivocada linha procedimental adotada, o art. 412 estabelece que o “procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias”.
Art. 412.  O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
 
Mas, feita essa rápida crítica, voltemos à audiência de instrução. Nesse momento deverão ser ouvidas a vítima (se possível, é claro), as testemunhas arroladaspela acusação e, após, pela defesa. Não poderá haver inversão nessa ordem, mas a jurisprudência já tem relativizado essa regra quando a defesa concorda com a inversão.
 
Ato contínuo, serão ouvidos os peritos, que prestarão os esclarecimentos acerca das eventuais provas periciais. Recordemos que a Lei n. 11.690/2008, alterando a disciplina legal da prova, estabeleceu que as perícias podem ser feitas por um único perito oficial ou por dois peritos nomeados, bem como passou a admitir a figura do assistente técnico.
As testemunhas devem ser arroladas, respectivamente, na denúncia ou queixa e na defesa escrita. Nesse momento, pode ocorrer que eventuais perícias não tenham sido realizadas ainda, se tornando inviável o pedido de esclarecimentos dos peritos.
 
Após a oitiva do(s) perito(s), serão feitas as eventuais acareações, nos termos dos arts. 229 e 230 do CPP. Encerrando a instrução, é feito o interrogatório do(s) réu(s), constituindo, verdadeiramente, o direito à última palavra.
Art. 229.  A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único.  Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 230.  Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
Mas, não sendo caso de mutatio libelli, a instrução será encerrada, passando-se para os debates orais (20 minutos para cada parte, prorrogáveis por mais 10). Nada impede que o debate oral seja substituído por memorial, atendendo a complexidade do caso. A decisão será proferida pelo juiz nessa audiência ou em até 10 dias (art. 411, § 9º, do CPP).
Art. 411.  Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. 
§ 9o  Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
 
Recordemos que a Lei n. 11.719/2008 recepcionou no art. 399, § 2º, o princípio da identidade física do juiz, de modo que aquele julgador que colher a prova e assistir aos debates deverá proferir a decisão de pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação.
Código de Processo Penal
 
Livro II - Dos Processos em espécie
 
Título I – do processo comum
 
Capitulo II – do procedimento relativo aos processos da competência do tribunal do júri
 
Seção II - Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
 
Artigo 413, §§ 1°, 2° e 3°
Art. 413 do CPP – O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1° A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2° Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3° O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
A pronúncia é a única das decisões, dentre as quatro possibilidades de decisão (pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação) que julga admissível a acusação de crime doloso contra a vida, remetendo o caso à apreciação do Júri, Conselho de Sentença.
	Requisitos para que o acusado seja pronunciado	
	O juiz deve estar convencido da materialidade do fato.
 
Técnicas possíveis de serem utilizadas para comprovar a materialidade do crime: exame de corpo de delito, interceptação telefônica, exame de DNA, bafômetro, exame de sangue, entre outros
 	Ter existência de indícios suficientes de autoria ou de participação do acusado.
 
Indícios de autoria são indicações ou apontamentos de que o réu é o autor do fato.
 
A participação é sempre uma atividade acessória, dependente da principal. “Não existe participação se não houver um fato principal. Como atividade acessória, a participação pode ser moral ou material. Diz-se moral a participação nos casos de induzimento e instigação. Material seria a participação por cumplicidade. ”
 
 
Natureza jurídica
 
A Pronúncia é tratada pela doutrina como uma decisão interlocutória mista não terminativa.
 
Decisão interlocutória – não julga o mérito, ou seja, não condena nem absolve o acusado;
 
Mista – põe fim a uma fase procedimental;
 
Não terminativa – porque não encerra o processo.
 
Tem natureza processual – não produz coisa julgada, e sim preclusão pro judicato. Depois de operada a preclusão da decisão de pronúncia, em regra, não poderá ser modificada, submetendo o acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri. Ou seja, a preclusão da decisão de pronúncia deve ser interpretada como significando o esgotamento dos recursos ordinários.
Regra probatória: in dubio pro societate (ou in dubio pro reo)
 
In dubio pro societate – na dúvida quanto à existência do crime ou em relação à autoria ou participação, deverá o juiz sumariamente pronunciar o acusado. Ou seja, submeter o réu à apreciação do Tribunal do Júri. Um promotor bem-falante, convincente em suas palavras, pode condenar um réu, na dúvida. Júri é linguagem. Paulo Rangel afirma a ocorrência de julgamento no Tribunal do Júri em que o réu foi condenado somente pela sua folha penal; ou pela sua aparência de “bandido”.
 Exemplo de inadmissibilidade in dubio pro societate: “Recurso Extraordinário com Agravo, n. 1.067.392/CE – Ceará”. Exemplo de admissibilidade in dubio pro societate: “agravo Regimental no Recurso Extraordinário com Agravo, n. 986.566/Sergipe”.
 
In dubio pro reo – na dúvida quanto à existência do crime ou em relação à autoria ou participação, deverá o juiz sumariamente impronunciar o acusado, por não ter sido atendido os requisitos legais.
Fundamentação da decisão judicial de pronúncia e o excesso de linguagem
 
A falta de fundamentação da decisão judicial de pronúncia poderá acarretar nulidade absoluta (CF, art. 93, IX).
 
Entretanto, o magistrado deverá ter cautela para que não o faça nos mesmos moldes que uma sentença condenatória. O magistrado deve se limitar a apontar a prova da existência do crime e os indícios suficientes de autoria ou participação, pois os jurados poderão facilmente ser influenciados por uma pronúncia dotada de excessos.
 
Exemplos excesso de linguagem (eloquência acusatória): “que o magistrado está plenamente convencido da autoria do delito”; “terrível crime cometido”; famigerado réu”; “absurdaé a alegação da defesa”; “a covarde atitude do acusado espelha bem o seu caráter nefasto, comprovando a futilidade do delito”. Deste modo, o magistrado deve manter a sua imparcialidade em todas as manifestações, sem necessidade de se deixar levar pela emotividade ou pelos argumentos apaixonados porventura adotados pelas partes. 
Exemplo de Eloquência Acusatória: “Agravo Regimental no Recurso Especial, n. 1497907/SC”.
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO (ACUSAÇÃO-SENTENÇA)
É fundamental observar-se o princípio da correlação entre acusação-sentença, de modo que somente poderá haver uma decisão sobre qualificadora(s) e causas de aumento de pena se existir a respectiva acusação.
 
Ou seja, somente qualificadoras e causas de aumento que estejam descritas na denúncia ou tenham sido incluídas através de aditamento (art. 384) podem ser incluídas na pronúncia. Sem isso, é nula a decisão, por ser ela ultra.
A pronúncia não examinará, agravantes ou atenuantes, pois essas circunstâncias legais pressupõem a aplicação da pena, o que não é realizado nessa fase. o art. 492, I, “b”, do CPP estabelece que as agravantes e atenuantes (alegadas) serão consideradas quando da prolação da sentença. 
Quanto às minorantes, devem elas ser alegadas em plenário pela defesa e serão quesitadas, como disciplina o art. 483, IV, do CPP.
 Assim, no momento da pronúncia, poderá o juiz: 
a) concordar com o fato narrado na denúncia e a classificação jurídica a ele atribuída, situação em que irá pronunciar o réu nesses termos; 
b) sem modificar a descrição do fato contida na denúncia, poderá atribuir-lhe uma definição jurídica diversa, nos termos do art. 418 c/ o art. 383 do CPP, mesmo que isso signifique sujeitar o acusado a pena mais grave, mas a nova figura típica ainda é de competência do júri; ou dar lugar a uma nova figura típica que não é mais da competência do Tribunal do Júri, devendo os autos ser remetidos para o juiz competente (ex.: a desclassificação de homicídio para lesão corporal seguida de morte).
O que fazer quando há mudança fática superveniente à pronúncia?
Deve-se utilizar o disposto no art. 421, § 1º, do CPP, com a remessa dos autos ao Ministério Público para que promova o aditamento. É o que ocorre, por exemplo, quando o réu é denunciado e pronunciado por tentativa de homicídio e a vítima, após a pronúncia, mas antes do plenário, vem a falecer em razão das lesões sofridas. Deve-se seguir a lógica do art. 384 do CPP, com o Ministério Público promovendo o aditamento, a defesa se manifestando e, após, deverá o juiz proferir uma nova decisão de pronúncia.
E quanto ao crime conexo? 
Quando existe algum delito conexo ao crime doloso contra a vida, a regra é: pronunciado o crime de competência do júri, o conexo o seguirá. Jamais poderá o juiz pronunciar o réu pelo crime prevalente e condenar pelo crime conexo. 
Isso é pacífico que não pode ocorrer, pois seria uma usurpação ilegítima da competência do tribunal do júri. 
Também não é possível a desclassificação do conexo, pois os casos de desclassificação estão restritos ao crime prevalente em razão da fixação ou não da competência do júri.
Mas poderia o juiz, pronunciando o prevalente, impronunciar ou absolver sumariamente pelo crime conexo?
Para seguir o prevalente em caso de pronúncia, deve o juiz fazer um juízo igual de admissibilidade da acusação, em relação ao crime conexo, nos termos do art. 413 do CPP. 
Pode haver impronúncia do crime conexo se o juiz não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação (art. 414), e também absolvição sumária (do conexo) se o juiz estiver convencido de que em relação ao conexo:
estiver provada a inexistência do fato; 
provado que ele não é autor; 
o crime conexo não constituir infração penal; 
ou estiver demonstrada uma causa de isenção de pena ou exclusão do crime, nos termos do art. 414 do CPP.
Se impronunciado ou absolvido sumariamente em relação ao crime doloso contra a vida, o conexo é redistribuído para aquele juiz ou juizado competente para julgá-lo.
Quando houver desclassificação do crime prevalente para outro que não é de competência do Tribunal do Júri, o conexo também é redistribuído. 
PRISÃO CAUTELAR
Quanto à decretação ou revogação de prisão preventiva, o juiz deverá demonstrar:
 a existência ou manutenção do periculum libertatis;
 bem como a insuficiência e inadequação das medidas cautelares diversas (art. 319). 
Somente em casos de real necessidade e como último instrumento, poderá ser decretada ou mantida a prisão preventiva. 
Quanto à fiança, pode ser aplicada neste momento, conforme dispõe o § 2o , art. 413, CPP:
§ 2o  Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.       
INTIMAÇÃO DA PRONÚNCIA
A intimação da pronúncia deverá ser feita: 
 pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público;
 ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente da acusação, a intimação será feita por nota de expediente, como determina o art. 370, § 1º, do CPP;
 não sendo encontrado o acusado que está em liberdade, a intimação será feita por edital. 
 Essa última providência, intimação por edital, visa – em conjunto com a possibilidade de o réu ser julgado sem estar presente na sessão do Tribunal do Júri (art. 457) – agilizar os julgamentos. 
Por fim, chamamos a atenção para o disposto no art. 421: Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.
Pode ser realizado o júri na pendência de recurso especial ou extraordinário da pronúncia?
Não pode ser aprazado o julgamento pelo tribunal do júri enquanto não houver preclusão, ou seja, enquanto não forem julgados os recursos interpostos.
Portanto, a preclusão da decisão de pronúncia pressupõe o esgotamento das vias recursais, sendo inviável designar-se data para julgamento enquanto não for julgado eventual recurso especial ou extraordinário.
Impronúncia é uma sentença terminativa, pela qual o Juiz encerra a primeira fase do procedimento do júri sem atacar o mérito da decisão, por não haver elementos suficientes de autoria e materialidade. 
Está prevista no Art. 414 do CPP:
- Impronúncia . - Artigo 414 do CPP .
 Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado 
- Parágrafo único . Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova 
Há autores, entretanto, que defendem ser a impronúncia uma decisão interlocutória mista terminativa, como é o caso de Reis e Rios Gonçalves : “Essa decisão, de natureza interlocutória mista terminativa (não há julgamento do mérito, porém se põe fim ao processo), não faz coisa julgada material, apenas formal.” 
Para Aury Lopes Junior , por exemplo, a decisão de impronúncia é uma decisão terminativa que encerra o processo sem julgamento mérito.
 Não há, neste caso, a produção de coisa julgada material, pois o processo pode ser reaberto a qualquer tempo, até a extinção da punibilidade, desde que surjam novas provas. 
ESTADO DE INCERTEZA 
Após a decisão de impronúncia, enquanto não extinta a punibilidade do acusado, o processo poderá ser reaberto (novas provas) a qualquer tempo, formulando-se nova denúncia.
 É o que dispõe o parágrafo único do Art. 414 do CPP: “Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova”.
 
Dessa forma, em que pese o acusado não ser submetido ao Tribunal do Júri, a impronúncia não o livra da acusação. 
Tal fato é capaz de gerar para o réu um inconveniente tamanho, um verdadeiro estado de incerteza, que somente desaparecerá com a sobrevinda da prescrição.
Com a sentença de impronúncia o acusado não é absolvido nem condenado e, ainda, pode voltar a ser processado a qualquer tempo.
É consabido queo processo penal moderno é um instrumento de garantia, e não de punição. 
A problemática é que, por vezes, essa premissa é mitigada, na medida em que o processo penal é usado como um verdadeiro instrumento de punição, como no caso da impronúncia, que permite que a acusação tente a condenação do réu quantas vezes quiser, desde que o processo não esteja prescrito.
a impronúncia gera um estado de incerteza para o acusado, na medida em que, enquanto não sobrevenha a prescrição e a consequente extinção da punibilidade, o réu amarga o medo de se ver acusado, pelo mesmo fato, a qualquer momento.
- Para alguns autores, tal decisão viola a garantia constitucional da presunção de inocência
Como também afirmam que a situação de incerteza viola o princípio da duração razoável do processo
 Impronúncia X crime conexo 
O crime conexo não poderá ser objeto de qualquer decisão. 
Transitada em julgado a decisão de impronúncia, o crime conexo será redistribuído para o juiz singular competente - Recurso cabível: apelação conforme o disposto no artigo 416 do CPP
TITORELLI, O PINTOR:
“Existem três possibilidades (de absolvição): a verdadeira absolvição, a absolvição aparente e o adiamento judicial dilatório”...
A verdadeira absolvição é claro a melhor. Esta depende sem dúvida unicamente da inocência do acusado. 
Na lei [...] é estipulado que o inocente é absolvido.
Nunca ouvi falar de uma verdadeira absolvição. [...] escutei uma multidão de processos nas suas fases importantes e acompanhei-os tanto quanto era possível assistir, mas sem ter conhecido uma única verdadeira absolvição, devo dizer.”
(Livro “O Processo”, de Franz Kafka)
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (PRÓPRIA E IMPRÓPRIA)
É a sentença que extingue o processo com julgamento de mérito, reconhecendo a inocência do réu e julgando improcedente a pretensão punitiva do Estado.
Será própria quando o réu não é submetido nem a pena e nem medidas de segurança. Será imprópria nos casos de inimputabilidade, quando, apesar de ser absolvido, o réu é submetido a medidas de segurança.
Exemplo de absolvição imprópria: caso Adélio Bispo de Oliveira.
PREVISÃO LEGAL DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA:
Art. 415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:           
 I – provada a inexistência do fato
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato
III – o fato não constituir infração penal;           
 IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
Parágrafo único.  Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva
A absolvição sumária exige “PROVA ROBUSTA”, que conduza ao pleno convencimento do juiz.
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
“A absolvição sumária, nos processos de competência do tribunal do júri, admite-se somente quando o denunciado faça prova precisa, completa e indiscutível da excludente alegada, pois no caso de dúvida, a questão deve ser dirimida pelo juiz natural, em respeito ao princípio in dúbio pro societate” (SER 1.0115.11.000193-6/001 – MG, 4.ª C.C., rel. Doorgal Andrada, 23.01.2013).
Fonte: BBC News Brasil. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160307_uganda_taxista_prisao_inocente_lgb>
ANÁLISE DO INCISO IV:
demonstrada causa de isenção de pena (excludente de culpabilidade) ou de exclusão do crime (excludente de ilicitude).
ISENÇÃO DE PENA – EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE: inimputabilidade, inexigibilidade de outra conduta, estado de necessidade exculpante, excesso de legítima defesa exculpante, descriminantes putativas, coação irresistível, obediência hierárquica e o erro de proibição.
EXCLUSÃO DO CRIME – EXCLUDENTE DE ILICITUDE PREVISTAS NO ART. 23 DO CPB. Não há crime quando o agente pratica o fato:  I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.  
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PARÁGRAFO ÚNICO (ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA): 
Os inimputáveis são isentos de penas, mas podem ser submetidos a aplicação da medida de segurança detentiva, qual seja, internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (art. 97, caput, 1ª parte, do CP).
OS INIMPUTÁVEIS SE SUBMETEM A DUAS SITUAÇÕES:
A inimputabilidade como única tese defensiva: o juiz absolve sumariamente e aplica medidas de segurança;
O réu, mesmo inimputável, alega causas que embasam a absolvição própria. O juiz analisa o caso como se o réu fosse imputável e pode absolvê-lo sumariamente sem a aplicação de medida de segurança.
Fonte: Folha de São Paulo. Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/06/juiz-que-declarou-adelio-inimputavel-decide-absolve-lo-e-envia-lo-para-manicomio.shtml>
Contra a sentença que reconhece à absolvição sumária, cabe o recurso de apelação.
DESCLASSIFICAÇÃO NA PRIMEIRA FASE 
(PRÓPRIA E IMPRÓPRIA)
É a decisão interlocutória simples, que dá nova classificação legal ao fato típico imputado ao réu, modificando a competência do juízo, não adentrando o mérito, nem tampouco fazendo cessar o processo. 
 
A desclassificação está prevista nos arts. 418 e 419 do CPP.
Art. 418.  O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.           
Art. 419.  Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
DESCLASSIFICAÇÃO IMPRÓPRIA: ocorre quando o juiz da uma nova classificação ao fato típico imputado ao réu, porém essa nova classificação também é de competência do Tribunal do Júri. Neste caso o juiz desclassifica, mas pronuncia o réu. Ex.: uma mãe é acusada pelo MP de homicídio do filho recém nascido. O Juiz, ao analisar o caso, desclassifica o crime para infanticídio. A competência ainda é do Tribunal do Júri.
DESCLASSIFICAÇÃO PRÓPRIA: ocorre quando o juiz da uma nova classificação ao fato típico imputado ao réu e essa nova classificação não é de competência do Tribunal do Júri. Ex.: um homem é acusado de tentativa de homicídio ao dar uma facada no desafeto, porém, ao analisar o caso, o juiz entende que houve apenas lesão corporal. 
A doutrina e a jurisprudência entende que na desclassificação própria, o juiz não pode analisar o elemento subjetivo do réu, sob pena de invadir a competência do Tribunal do Júri.
Superior Tribunal de Justiça
“A jurisprudência assente nesta Corte é no sentido de que só e admite a desclassificação da conduta criminosa para delito estranho à competência do Tribunal do Júri, sem usurpação da competência do Conselho de Sentença, se o Juízo da Pronúncia se deparar com provas que evidenciem, sem qualquer esforço de análise das circunstâncias fáticas ou subjetivas, a ausência de dolo caracterizador de crime contra a vida, o que não ocorreu nos presentes autos” (Edcl no AgRg no REsp 1.359.451/MT, 5.ª T., rel. Laurita Vaz, 04.06.2013, v.u.).
Tribunal de Justiça do Paraná
“A desclassificação do crime de competência do Tribunal do Júri só pode ser realizada quando houver prova límpida de que o agente atuou sem animus necandi, vale dizer, sem vontade de matar. Não havendo prova nesse sentido, cabe aos jurados no exercício de sua competência constitucional (art. 5.º, XXXVIII, d, da CF) apreciar a matéria.” (RSE 916003-6/ PR, 1.ª C.C., rel. Naor R. de Macedo Neto, 29.11.2012, v.u.).
O recurso cabível para impugnar ambas as decisões é o recurso em sentido estrito. Para a desclassificação própria é previsto no art. 581, II, e para a imprópria, é previsto no art. 581, IV, já que aqui ocorre a pronúncia.
Referência bibliográfica
Lopes Junior, Aury. Direito Processual Penal. 17. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Nucci, Guilherme de Souza. Código de processo Penal Comentado. 19. Ed. Rio de Janeiro, forense, 2020.
Rangel, Paulo. Tribunal do júri:Visão linguística, histórica, social e jurídica. 6. Ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2018
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8. Ed. ref. Ampl. e atual. – Salvador: Ed. Juspodvm, 2020.
ACADÊMICOS:
ADRIANA UASSURI DE SOUZA 
PAULA JUSTINO DOS SANTOS
RICARDO JUBÉ MANOEL
SUZANNE GONÇALVES MARQUES
WELBER ALVES RODRIGUES
 
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