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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA A MULHER: A VIVÊNCIA DESTE 
FENÔMENO 
 
 
GENDER VIOLENCE AGAINST WOMEN: THE EXPERIENCE OF THIS 
PHENOMENON 
 
 
Gabriela Cristina Costa de Oliveira 
Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste. 
gabyaluiz@hotmail.com 
 
Maione Silva Louzada Paes 
Enfermeira. Especialista em enfermagem do trabalho. Mestranda em enfermagem pela Universidade 
Federal de Juiz de Fora. Docente do curso de enfermagem do Unileste. 
maionelouzadas@yahoo.com.br 
 
 
RESUMO 
 
A violência contra mulher é um problema importante de Saúde Publica no cenário brasileiro que tem 
repercussões físicas, psicológicas e sociais na vida da mulher. A Lei Maria da Penha proporcionou 
avanço significativo no combate a este fenômeno, porém devido à complexidade do problema muitas 
mulheres não denunciam o agressor ou protelam por muito tempo. A pesquisa objetivou compreender 
a vivência da mulher em situação de violência de gênero e sua relação com a denúncia do agressor, 
adotou-se uma abordagem qualitativa e descritiva. Foi realizada com quatro mulheres que 
enfrentaram situações de violência e decidiram denunciar o companheiro, sendo atualmente 
acompanhadas por Centros de Referencia Especializado de Assistência Social, dos municípios de 
Ipatinga e Coronel Fabriciano. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um roteiro de 
entrevista. Os resultados encontrados apontaram que as participantes vivenciaram a violência por 
muito tempo antes de realizar a denúncia e foram muitas vezes impedidas de alcançarem a 
independência financeira pelo companheiro. Entre os tipos de violência, a psicológica foi a mais 
predominante na vivência das mulheres. A denúncia para as participantes representa uma forma de 
inibir a violência do parceiro, mas não confere proteção integral. Entre as participantes três ainda 
vivem com o companheiro. A pesquisa evidenciou a complexidade do tema e a necessidade de 
desenvolvimento de políticas e serviços que proporcionem a mulher em situação de violência amparo 
integral, tendo em vista seus aspectos legais, sociais, econômicos e de saúde. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Violência contra a mulher. Mulheres maltratadas. 
 
ABSTRACT 
 
Violence against woman is an important problem of Public Health in the Brazilian scene which has 
physical, psychological and social repercussions in the life of the woman. The Law Maria da Penha 
provided significant advance in the combat against this phenomenon, however, due to the complexity 
of the problem a lot of women do not denounce the aggressor or delay it for along time. The aim of the 
survey was to understand the experience of the woman in a situation of gender violence and its 
relation to the accusation of the aggressor, adopting a qualitative and descriptive. Approach and it was 
done with four women who faced situations of violence and decided to denounce the partner, 
presently being accompanied by Specialized Reference Centers for Social Welfare of the 
municipalities of Ipatinga and Coronel Fabriciano. As an instrument for data collection an interview 
questionnaire was used. The results indicated that the participants experienced violence for a long 
time before making the accusation and that they were often prevented from reaching financial 
1232 
 
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
independence by the partner. Among the kinds of violence the psychological one was the most 
predominant in the experience of the women. For the participants the accusation represents a form of 
inhibiting the violence of the partner, but it does not give full protection. Among the participants three 
still live with the partner. The survey revealed the complexity of the issue and the need to develop 
policies and services that provide woman in situations of violence full support, in view of its legal, 
social, economical and health aspects. 
 
KEY WORDS: Violence against the woman. Battered women. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A violência contra a mulher apresenta-se como um fenômeno universal e tem 
ocorrido atualmente tanto em espaços privados, quanto em espaços públicos, sendo 
cometida por familiares ou por pessoas sem relação de parentesco. Nesta pesquisa, 
o enfoque se dá na violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo-afetivo, 
considerada como uma violência de gênero, esta que tem sido objeto de pesquisa, 
reflexão e debate. 
Para abordar a violência contra a mulher, faz-se necessário conceituar que o 
gênero deve ser entendido como elemento constitutivo das relações sociais, ou seja, 
aquela que é exercida de um sexo sobre o sexo oposto. Baseada nas diferenças 
entre os sexos, este conceito refere-se à violência onde o sujeito passivo é a pessoa 
de gênero feminino (FERRANTE; SANTOS; VIERA, 2009). 
A violência contra a mulher pode ser compreendida como uso intencional de 
poder ou força física, podendo ser real ou apenas ameaça, que possa resultar em 
lesão, dano psicológico ou físico e até morte (BRASIL, 2002a). A violência inclui 
diversos tipos de manifestações: violência física; psicológica; moral; patrimonial; 
sexual; intrafamiliar; doméstica e institucional. 
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a 
violência física que compreende a lesão corporal leve, grave ou gravíssima, tentativa 
de homicídio e homicídio representa 53,9% dos casos; a violência psicológica que 
envolve ameaça; dano moral; perseguições e assédio moral no trabalho representa 
33,2%; a violência moral que envolve difamação; calúnia e injúria 8,8%; a violência 
patrimonial 2,0%, a violência sexual, estupro, exploração sexual e assédio no 
trabalho é representada por 1,4% dos casos e, outros tipos de violência 0,8%. 
No Brasil, está em vigor, a Lei Maria da Penha nº. 11.340, de 7 de agosto de 
2006. Esta lei visa coibir e eliminar todas as formas de discriminação e violência 
doméstica e familiar contra a mulher e punir os infratores (BRASIL, 2006). 
Ressalta-se o avanço significativo alcançado em 2012 quanto à aplicação 
desta Lei, onde a denúncia do agressor em casos de violência doméstica contra a 
mulher pode ser feita pelo Ministério Público, mesmo que a mulher violentada não 
apresente queixa contra quem a agrediu, conforme Supremo Tribunal Federal (STF, 
2012). 
Nota-se que mesmo existindo a Lei, diferentes razões impedem a mulher de 
recorrer à justiça, entre elas destacam-se o medo do agressor, a vergonha, a 
dependência financeira e a punição branda, onde neste último geralmente o autor do 
crime presta apenas serviços sociais, o que para as mulheres violentadas não é o 
bastante (BRASIL, 2009). 
Não obstante, é necessário entender a violência contra a mulher como grave 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
problema de Saúde Pública, que necessita de intervenção de vários atores sociais, 
tendo em vista a necessidade de amparo às mulheres vítimas da violência. 
Mediante os pressupostos acima, a pesquisa questiona: como a violência tem 
sido vivenciada pelas mulheres. O drama da violência contra a mulher é uma 
questão importante a ser estudada, pois à medida que permite a construção de 
novos conhecimentos e melhor compreensão de suas causas e efeitos, também 
pode orientar intervenções profissionais mais seguras, apoiadas em conhecimentos 
teóricos atualizados. 
A pesquisa se revela importante para as mulheres em situação de violência, 
pois, poderá suscitar reflexões sobre a necessidade de enfrentamento da violência 
por parte dos profissionais, da mulher, da família e da sociedade e contribuir para a 
ampliação da cidadania. 
A pesquisa objetivou compreender a vivência da mulher em situação de 
violênciade gênero. 
 
METODOLOGIA 
 
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva realizada nos Centros de 
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Coronel Fabriciano e 
Ipatinga, cidades que fazem parte do vale do aço e se localizam no leste de Minas 
Gerais. Atualmente estes CREAS atendem aproximadamente 10 mulheres em 
situação de violência. 
O CREAS é uma unidade pública e estatal, integrante do Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS). Os serviços ofertados nos CREAS devem ser 
desenvolvidos de modo articulado com a rede de serviços da assistência social, 
órgãos de defesa de direitos e das demais políticas públicas (BRASIL, 2011a). 
O CREAS é um serviço para assistência social de pessoas que tiveram seus 
direitos violados, diferentemente do Centro de Referencia Assistência Social (CRAS) 
que presta assistência a pessoas de vulnerabilidade social. As mulheres em 
situação de violência podem ser acompanhadas pelo CREAS de sua cidade. A 
demanda pode ocorrer de forma espontânea, ou seja, a própria mulher procura 
ajuda na instituição, pode ser encaminhada pelo CRAS ou ser encaminhada pelas 
delegacias, serviços de saúde e Ministério Público. 
A população da pesquisa se refere a mulheres assistidas pelos CREAS 
supracitados que já efetivaram a denúncia do agressor. No CREAS de Coronel 
Fabriciano eram três mulheres e no de Ipatinga era uma mulher. Deste modo, a 
amostra foi composta por quatro participantes. 
Foram incluídas como sujeitos de pesquisa mulheres que: enfrentam ou 
enfrentaram situação de violência de gênero; realizaram a denúncia através do 
boletim de ocorrência e/ou representação; são acompanhadas por um dos CREAS; 
tinham idade igual ou superior a 18 anos; tinham condições de verbalizar sobre o 
tema sem grande sofrimento psicológico segundo avaliação das psicólogas do 
CREAS e aceitaram participar da pesquisa, através da assinatura do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 
A psicóloga e a assistente social do CREAS fizeram contato com as mulheres e 
explicaram sobre a pesquisa, convidando-as a participar. No caso de aceitação, foi 
solicitado que elas comparecessem na data agendada no CREAS. Na oportunidade, 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
a pesquisa e todos os seus procedimentos foram explicados e foi apresentado o 
TCLE que depois de lido e assinado em duas vias, uma via ficou com a participante 
e outra com a pesquisadora e em seguida foi realizada a entrevista. Os dados foram 
coletados nos meses de agosto e setembro de 2012. 
A pesquisa foi norteada pelos cuidados éticos estabelecidos pela Resolução n. 
196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), 
deste modo, a coleta de dados foi efetivada somente após autorização das 
Secretarias de Assistência Social dos municípios, através do Termo de Autorização; 
apreciação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do 
Leste de Minas Gerais, o qual recebeu parecer de aprovação sob o número 78040 e 
assinatura das participantes no TCLE. 
Para tratamento dos dados coletados foi adotado o método de análise de 
conteúdo, onde os relatos das participantes foram lidos exaustivamente com o 
objetivo de encontrar as “Unidades de Significado”, sendo apresentadas no texto e 
ilustradas por fragmentos dos depoimentos para elucidação das ideias principais. 
Deste modo, emergiram seis categorias de discussão: Cronicidade da violência: 
passando o tempo; Violência psicológica: ameaças; Impedimento à independência 
financeira; Exposição dos filhos à situação de violência; Vivenciando a denúncia e 
Proteção incipiente a mulher. 
Os dados coletados foram analisados e interpretados sob a luz da literatura 
científica que fundamenta a temática. Foram criados pseudônimos para identificação 
simbólica das mulheres, sendo atribuídos nomes de sentimentos. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
As participantes da pesquisa tinham a idade média de 36,2 anos, variando 
entre 19 a 50 anos. A escolaridade predominante foi de Ensino Fundamental 
Incompleto com uma média de 3,75 anos de estudo. 
Em relação à ocupação/profissão nenhuma mulher exerce trabalho 
remunerado, se autodeclaram do lar. Todas são mães, a com menor quantidade de 
filhos tem um e, a com maior quantidade de filhos tem quatro. 
Atualmente reconhece-se que a violência abrange todas as classes e 
segmentos sociais, ou seja, sabe-se que pobreza não é sinônimo de violência, 
porém segundo a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ, 2009) o que acontece é uma 
maior subnotificação da violência dentro da classe social estratificada como A-B e, 
portanto, o maior número de casos notificados se referem á população carente. 
O estudo de Schraiber (2002) constatou maior prevalência de agressões entre 
as mulheres mais pobres, as quais consultam os serviços de saúde três vezes mais 
do que as demais e que o número de consultas cresce proporcionalmente à 
gravidade das agressões. 
Quanto ao tipo de relação existente com o agressor, três são casadas e uma 
tinha união estável, mas atualmente encontra-se separada. 
 Schraiber (2002) verificou em seu estudo que de 322 mulheres entrevistadas, 
55,6% já sofreram maus tratos, humilhação ou agressão pelo menos uma vez 
durante sua vida, por alguém próximo. Sendo que 36,3% dos casos o perpetrador foi 
identificado sendo atual ou ex-companheiro da mulher. 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
Embora as mulheres atualmente estejam presentes na força de trabalho e no 
mundo público, a distribuição social da violência reflete até hoje a tradicional divisão 
dos espaços, onde a violência contra a mulher é vinculada no âmbito doméstico, 
sendo o agressor, mais frequentemente, o próprio parceiro (GIFFIN, 1994). 
Na análise das perguntas discursivas emergiram seis categorias de discussão, 
que a seguir estão relacionadas: 
 
Cronicidade da violência: passando o tempo 
 
A violência contra a mulher devido ao seu perfil histórico e social embasado 
nas características atribuídas ao gênero feminino faz com que a mulher suporte a 
violência ao longo do tempo, conforme demonstram os relatos: 
 
Ele começou a me agredir na época da minha menina [...] 
(PERSEVERANÇA). 
 
O tempo que eu convivi com ele agressão foi duas, mas assim, nem 
assim, nem muito de marcar, foi soco no peito, no braço, né? 
(ESPERANÇA). 
 
Desde o inicio do casamento sempre teve problemas, agressões, 
xingos, palavrões, nunca me respeitou [...] Depois ele me bateu também [...] 
Ele é super agressivo, toda vida, muito nervoso, qualquer coisinha ele 
descontava a raiva ou no filho ou em mim (CARINHO). 
 
Ah minha filha, isso foi já tinha uns, ai não estou lembrada não, só sei 
que tem muitos anos sabe? Ele já me jogou a bicicleta, nós morávamos no 
Industrial (COMPAIXÃO). 
 
As participantes expressaram com muita tristeza e constrangimento o período 
longo de suas vidas que vivenciaram ou vivenciam a violência e os relatos 
demonstram que a violência está estritamente relacionada à agressões verbais, 
físicas e psicológicas. 
A cronicidade da violência está ligada a diferentes razões as quais impedem a 
mulher de recorrer às leis e enfrentar seus agressores. Entre estas razões, sentir-se 
envergonhada e humilhada ou mesmo culpada pela violência; temer por sua 
segurança pessoal e pela segurança de seus filhos; já ter vivenciado uma 
experiência traumática no passado quando contou sua situação; sentir que não tem 
controle sobre o que acontece na sua vida; espera que o agressor mude de 
comportamento; querer proteger seu companheiro por razões de dependência 
econômica ou afetiva; ter medo de perder seus filhos; pensar que ama seu agressor 
e que a violência é só o reflexo de um momento ruim pelo qualestá passando 
(BRASIL, 2005). 
A violência crônica e/ou velada representa um grande desafio para os 
profissionais de saúde, pois a identificação de mulheres em situação de violência é 
de extrema importância para os serviços de saúde, pois este é um ambiente onde as 
mulheres comparecem frequentemente, e em tese este serviço é ideal para o 
acolhimento e reconhecimento ao caso antes de incidentes mais graves 
(SCHRAIBER, 2002). 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
Entretanto, segundo Silva (2003) há uma situação de invisibilidade da violência 
contra a mulher decorrente do fato de que os serviços se limitam a cuidar dos 
sintomas e mostra que os profissionais de saúde não identificam a situação de 
violência, mesmo quando as lesões apresentadas são evidentes da decorrência da 
agressividade. 
A Portaria nº 104 de 25 de janeiro de 2011 do Ministério da Saúde, 
regulamenta que a violência doméstica, sexual e outros tipos de violência são um 
agravo de notificação compulsória, sendo de responsabilidade dos profissionais o 
seu preenchimento (BRASIL, 2011b). 
E é neste contexto, que a violência de gênero não sendo reconhecida ou 
escriturada nos diagnósticos realizados, caracteriza um grande problema para ser 
abordado (FERRANTE; SANTOS; VIEIRA, 2009). 
Para Branco (1999), os serviços e profissionais de saúde que atendem 
mulheres em situação de violência precisam ser habilitados para tal, pois é uma 
demanda recorrente e de repercussão negativa sobre a saúde e qualidade de vida 
da mulher. Schraiber e D’Oliveira (1999) afirmam que seria fundamental que ao ser 
atendida no serviço de saúde, o profissional estabelecesse com ela uma escuta 
responsável, oferecendo apoio e esclarecimentos. 
 
Violência psicológica: ameaças 
 
As narrativas abaixo expressam a violência psicológica, apresentada através 
de ameaças constantes: 
 
Ele foi lá embaixo bebeu e na hora que ele chegou bêbado, ele 
chegou me agredindo, ele falou que se eu falasse alguma coisa, que ele ia 
pegar minhas coisa e jogar no meio da rua [...] Ai ele falava assim, que se 
eu denunciasse ele, fizesse alguma coisa, ele ia deixa a gente passar fome 
dentro de casa (PERSEVERANÇA). 
 
Conforme depois isso foi piorando, que foi a minha decisão de 
separar e toda vez que eu falava na separação ele me ameaçava, falava 
que ia me matar né, depois que me matasse ele dava um tiro na cabeça 
dele [...] Ele falou você não vai voltar pra buscar ela, eu vou te matar. Eu 
falei não tem problema eu vou voltar do mesmo jeito [...] olha se você não 
sair deste curso eu vou aí onde você está fazendo este curso e vou te matar 
[...] E eu fiquei desesperada sem saber onde ela estava, aí nisso ele não me 
agrediu, só ligava ameaçando: se você vier atrás eu vou te matar [...] 
(ESPERANÇA). 
 
Quando eu tava grávida ameaçava que quando eu ganhasse o bebê, 
que ele ia me bater [...] Aí passava mais uns tempos, aí brigava de novo, aí 
eu separava. Aí ia atrás de mim e falava que era pra eu voltar, porque se eu 
não voltasse ele ia me matar. Chegava a me bater, aí eu ia embora. Ele 
falava que se eu não voltasse ele ia me matar, ou eu ou minha mãe, ou um 
da minha família, se eu não voltasse de onde eu estava [...] Ameaça porque 
eu denuncio e fala pra mim, se você denunciar eu vou te matar [...] sempre 
ele fala que ele não vive sem mim, que ele me mata, mas sem mim ele 
nunca vai ficar se quiser viver vai ser assim (CARINHO). 
 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
Os relatos evidenciam o quanto a vivência de uma violência psicológica é 
complexa, o agressor se utiliza da dependência financeira da mulher para fazer 
ameaças, e as ameaças de morte constantes faz com que a mulher tema pela sua 
própria vida e também de sua família. Todo este panorama contribui para que a 
mulher tenha sua autoestima abalada, fique desencorajada e sem esperança de sair 
da situação. 
A violência psicológica é caracterizada como toda ação ou omissão que causa 
ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. 
Inclui: ameaças; humilhações; chantagem; cobranças de comportamento; 
discriminação; exploração; crítica pelo desempenho sexual; isolamento de amigos e 
familiares e impedimento que ela utilize o seu próprio dinheiro (BRASIL, 2002b). 
É um tipo de violência que pode levar a pessoa a se sentir desvalorizada, 
sofrer de ansiedade e adoecer com facilidade, situações que se arrastam durante 
muito tempo e, se agravadas, podem levar a pessoa a provocar auto extermínio. No 
entanto, esta é a modalidade de violência mais difícil de ser identificada pela própria 
mulher que a vivencia (BRASIL, 2002b). 
Para Day et al. (2003, p. 13), “violência psicológica é a forma mais subjetiva, 
embora seja muito frequente a associação com agressões corporais. Deixa 
profundas marcas no desenvolvimento, podendo comprometer toda a vida mental”. 
A violência psicológica exercida diariamente é um dos principais fatores que 
desencorajam a mulher a realizar a denúncia do agressor, apesar de seu não 
reconhecimento por parte de muitas mulheres e sociedade. Sua invisibilidade e a 
banalidade com que é tratada desestrutura a identidade individual da mulher 
(GUIMARÃES; RIMOLI, 2006; OIT, 2008 apud BARBOSA et al., 2011). 
 
Impedimento à independência financeira 
 
A dependência financeira do companheiro é um dos fatores que mais contribui 
para que muitas mulheres se submetam à violência e os agressores sabendo disto 
inibem o desenvolvimento educacional e econômico das companheiras. As 
narrativas abaixo expressam esta situação: 
 
Ele ficava assim, abusando de mim que eu não tinha estudo nenhum 
[...] Vou ficar dependendo dele igual antes não. Com dinheiro dele pra tudo, 
não podia pedir dinheiro dele que ele perguntava pra que??? 
(PERSEVERANÇA). 
 
Ele não me deixava estudar então eu parei e não pude mais, por toda 
vez que eu falava que ia estudar, ia e comprava os materiais, ele rasgava, 
colocava fogo, então eu não podia estudar. Eu ia matriculava, ele ia na 
escola e falava que eu não ia estudar [...] Quando eu comprava os materiais 
e matriculava na escola ele colocava fogo e aí foi eu comecei a fazer o 
curso de informática, depois que eu separei dele. Aí ele ligou e falou assim: 
olha se você não sair deste curso eu vou aí onde você está fazendo este 
curso e vou te matar, [...] passei cinco anos da minha vida com você, perdi 
meus estudos e hoje eu não sou nada por causa disso [...] Não podia 
estudar (ESPERANÇA). 
 
É eu sou dependente dele, agora se tivesse um lugar, um abrigo para 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
nós mulheres ficarmos alojadas algum tempo, pra arrumar uma profissão 
[...] A gente está com o marido por causa de precisão, de um teto e de 
comida pra gente e para os nossos filhos. Mas, só que ali tem comida, tem 
o teto, mas não tem prazer, não tem paz. Os filhos são criados no meio da 
violência, cheio de problemas psicológicos. Não vão bem na escola, não 
conseguem conviver com a sociedade. São presos, fechados, preferem ficar 
sozinhos, não gostam de misturar nem comigo dentro de casa, ficam todos 
no seu canto, no seu quarto (CARINHO). 
 
A falta de estudo correlacionada com a dificuldade de inserção da mulher no 
mercado de trabalho é uma estratégia do agressor para manter a mulher no ciclo da 
violência. Esta condição se relaciona a questões sociais e culturais enraizadas na 
construção dos gêneros. 
Silva (2007) explica que na diferenciação das relações entre homens e 
mulheres, papéis ensinados desde a infância, onde as meninas são incentivadas a 
ser submissas, meigas, dependentes e as únicas responsáveis pelo mundo da casa 
e cuidar da famíliaproduziu os processos de desigualdades. A mulher passou a ser 
considerada “inferior” ao homem, não podendo participar de espaços ocupados pelo 
mesmo, ficando assim excluída da esfera pública e oprimida na esfera privada. 
Com o passar dos tempos, a mulher constantemente veio sofrendo coibição em 
relação aos seus sentimentos, pensamentos, interesses e vontades, passando a ser 
obrigada a um comportamento que a viola no seu livre arbítrio, em benefício de uma 
autoridade masculina (SILVA, 2007). 
 
Exposição dos filhos à situação de violência 
 
Quando a violência é praticada contra a mulher, reflexos desta violência 
recaem sobre os filhos, e as crianças e adolescentes também se tornam vítimas 
deste fenômeno. Os depoimentos abaixo retratam esta realidade: 
 
Ele fala perto dos meus meninos que eu era burra. Assim, tinha vez 
que ele bebia e ficava me chamando de piranha na frente dos meus 
meninos [...] Eu falei assim do jeito que você faz comigo a noite, seus filhos 
fazem comigo de dia (PERSEVERANÇA). 
 
E, nisso ele pegou o litro de gasolina que ele tinha carro, moto e 
colocou, jogou gasolina na casa toda, jogou gasolina em mim e falou assim: 
você sair por aquela porta? Então você vai morrer. Aí nisso minha filha 
estava no meu colo. Vai morrer você, vai morrer nossa filha e depois eu dou 
um tiro na minha cabeça, [...] Só que nisso ele não deixou eu trazer minha 
filha e já começou, ele me empurrou de cá eu empurrei ele de lá e para não 
acontecer aquela cena trágica perto dela, eu preferi deixar [...] Aí foi a 
primeira agressão mesmo, ele foi entregar minha filha e começou a brigar 
por causa dela, falou que não ia deixar ela mais comigo, que ia levar ela 
embora e nós começamos a discutir e ele foi e me deu um murro que eu 
bati na, assim na minha casa, na frente da minha casa tinha uma placa de 
muro e eu caí e nisso, ele colocou a minha filha dentro do carro e foi 
embora. [...] Nisso minha mãe correu para delegacia e eu fiquei lá na casa e 
ele tentando me bater e o pessoal segurando e eu com minha filha no colo. 
Aí, com muito custo, eu consegui sair e fui na delegacia mais próxima que 
tinha lá em Saropédica, no Rio de Janeiro [...] Ele apareceu na minha casa 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014 
 
sem eu esperar e, a minha filha assim, fala coisas horríveis dele, que ele fez 
com ela lá e isso eu achei muito desaforo depois de tudo que ele fez, ele 
aparecer na minha porta e ainda, minha filha desesperou quando ela viu 
ele, ela vai fazer quatro anos [...] Se você não for embora eu vou chamar a 
polícia. Quando eu falei isso ele já entrou me batendo, ele já entrou me 
batendo eu já cai com ela no colo [...] O que eu mais preservava era minha 
filha que estava crescendo, só que ela já via, não tinha como eu esconder, 
porque ela presenciava ele me xingando, ele me ameaçando, ele me 
batendo (ESPERANÇA). 
 
Pouco tempo agora, ele pegou um facão pra me matar perto do meu 
menino mais novo, já tem dois anos mais ou menos, um ano ou dois anos. 
[...] Aí ele foi e brigando comigo, falou que ia falar com a filha dele por causa 
da bateria né, eu falando aí ele foi e me deu um tapa.Quando ele me deu 
um tapa, eu dei outro. Quando eu dei outro tapa nele, ele pegou o facão, 
quando ele pegou assim, meu filho deu um grito (COMPAIXÃO). 
 
Esta exposição dos filhos às agressões gera mais sofrimento para a mulher, 
pois, os filhos podem reproduzir o comportamento do pai, como Perseverança 
ressalta em seu depoimento. Além disso, as mulheres reconhecem que a infância 
dos filhos está sendo prejudicada. 
A violência contra a mulher afeta de forma direta a saúde da criança, 
principalmente nos aspectos psicológicos levando a sintomas traumatizantes, 
transtornos de ansiedade, comportamentos agressivos, baixo desempenho escolar e 
até quadros depressivos. Como relatam Schraiber et al. (2007), a exposição de 
crianças à violência contra suas mães ou em qualquer tipo de violência, direta ou 
indireta, é considerada situação de risco para o desenvolvimento de problemas 
emocionais, escolares e de comportamento dos filhos. 
Outro agravante desta situação é que crianças que se desenvolvem em 
ambientes onde há violência tendem a reproduzir o mesmo comportamento na vida 
adulta. Isto ocorre devido ao fato de que a família ocupa uma posição estratégia na 
vida da criança e a partir daí, a violência domiciliar vivenciada na infância é dada 
como educação aprendida no lar (BRODY et al., 2001). 
 
Vivenciando a denúncia 
 
Os motivos que impediram as mulheres de realizarem a denúncia há mais 
tempo podem ser visualizados nas narrativas: 
 
[...] eu tinha medo, ele ficava me ameaçando. Ai ele falava assim, que 
se eu denunciasse ele, fizesse alguma coisa, ele ia deixa a gente passar 
fome dentro de casa (PERSEVERANÇA). 
 
[...] Eu acho assim, por eu ter medo né, de denunciá-lo eu não ia 
saber que sempre ia ficar com esse medo, denunciando ou não, eu ia ficar 
com esse medo [...] Depois que a gente separou que eu fiz a denúncia. O 
tempo que eu morava com ele eu não denunciei. Aí, quando eu separei, as 
primeiras ameaças que ele me fez eu fui na delegacia (ESPERANÇA). 
 
[...] Já realizei varias denúncias. Eu sempre denunciei. Já tentei, corri 
atrás de separação muitas vezes, quando chega na hora de assinar, aí está 
tudo em paz, tudo beleza (CARINHO). 
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A perpetuação da violência ao longo dos anos, alimentada pelo medo e 
condicionada a ameaças de não suprir as necessidades de alimentação e moradia 
da família, foram alguns dos fatores citados pelas mulheres, como sendo 
impedimento para que elas fizessem a denúncia. 
O medo é um fator que leva a cronicidade da violência, onde muitas mulheres 
convivem durante anos com a situação e não denunciam o agressor. O conceito de 
medo, segundo Ferreira (2001), é sentimento de viva inquietação ante a noção de 
perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor, temor ou receio. 
Gomes (2009) enfatiza que o medo de realizar a denúncia na maioria das 
vezes vem de ameaças feitas pelo agressor, que são violências anunciadas, mas 
nem sempre levadas a sério. É preciso ter coragem de denunciar o agressor. Uma 
atitude correta pode proteger a vítima de futuras agressões e servir de exemplo para 
tantas outras que ocultam seu sofrimento. Este medo é o principal motivo da 
violência contra a mulher ainda ser mascarada no Brasil, o que reflete a pequena 
parcela de denúncias sobre a violação sofrida. 
Há casos em que a mulher desiste de realizar a denúncia, porque na sua 
percepção seria mais complexo dar continuidade à denúncia do agressor, visto a 
sua realidade em relação à violência e o sentimento de culpa que estaria presente 
por privar o filho de um lar estável e temor de ser julgada por eles futuramente 
(JONG; SADALA; TANAKA, 2008). 
Ainda é comum encontrar resistência entre as mulheres violentadas para 
denunciar o agressor, pois embora para muitas pessoas pareça ser uma atitude 
simples, o ato de chegar a uma delegacia especializa de atendimento a mulher 
(DEAM), conhecidas como delegacia da mulher, expor seus problemas e 
sentimentos, representa enorme sacrifício para muitas mulheres. Inclusive pelo fato 
da reação inesperada do companheiro ao ficar sabendo da denúncia realizada 
contra ele, podendo até se tornar ainda mais violento (VITORIA, 2010). 
Duas participantes expressaram o significado da denúncia em suas vidas, 
conforme os discursos que seguem: 
 
[...] Nossa, até que enfim um filho de Deus lembrou de mim. Aí eu 
falei assim: tá vendo do mesmo jeito que os outros lembraram de você, 
lembraram de mim. Falei assim: seu pai achava que eu era uma cachorra, 
que eu não tinha ninguém por mim (PERSEVERANÇA).Foi mais assim um caso de não só minha família ficar sabendo, se 
acontecer qualquer coisa comigo né? Todos saberão que foi ele. Então eu 
achava, eu achei melhor denunciar porque se ocorrer o fato, Deus livre e 
guarde que ele chega né, a me matar, assim que possa minha família fazer 
justiça. Porque eu já denunciei. Então, a juíza, a delegada já está ciente a 
todo momento que a minha parte eu fiz (ESPERANÇA). 
 
 O primeiro relato demonstra certo tipo de alívio de Perseverança em saber 
que outras pessoas têm conhecimento sobre sua situação e que de alguma forma se 
preocupam com ela, o que evidencia a condição de perpetuação do ciclo da 
violência na vida privada e a fragilidade da mulher em situação de violência. 
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 Já o relato de Esperança vincula a denúncia somente como um recurso para 
a justiça, caso lhe aconteça algo mais grave, ou seja, a denúncia para esta 
participante não assegura proteção à sua integridade física. 
 
Proteção incipiente a mulher 
 
Apesar da existência da Lei Maria da Penha e dos avanços alcançados em 
relação à proteção da mulher vítima de violência, os depoimentos abaixo 
demonstram a insegurança das mulheres com relação a punição branda dos 
agressores: 
 
 Eu já denunciei ele uma vez assim, na delegacia. denunciei, 
denunciei não ele foi preso, né? Tem muito tempo. Aí ele, ele só pagou 
fiança e foi embora (PERSEVERANÇA). 
 
Ai eu cheguei na delegacia e pus tudo para o delegado, mostrei os 
papéis [...] que eu tinha medidas protetivas, [..] e nisso o delegado falou 
assim: olha não tem como a gente fazer nada, mas se ele voltar a agredir a 
senhora aqui dentro do estado ele vai ser preso, suas medidas protetivas 
vale lá né, no estado da senhora, aqui não. Mas aqui se ele agredir a 
senhora de novo ele vai ser preso [...] Eu não tenho segurança, eu não 
posso sair para rua, porque eu tenho medidas protetivas, mas é a mesma 
coisa de não ter, porque ele mora na cidade de Ipatinga e quando eu aciono 
os policiais de Fabriciano, eles falam que não vão fazer apreensão lá em 
Ipatinga [...] Minha medida protetiva é de 500 metros [...] Eu peguei ela, vai 
fazer quase um ano já. E dessa data até hoje ele me agrediu três vezes, 
três vezes, depois com medidas protetivas e eles nunca prendem ele [...] 
Fui no fórum, pus tudo pra juíza, coloquei como não estava valendo nada o 
papel, eu não estava tendo segurança, porque eu não podia contar com a 
ajuda da polícia e foi que ela mandou o ofício para a delegacia de Ipatinga, 
para o delegado, que se caso ocorra de novo, os policiais que forem no 
local e fizerem o boletim de ocorrência e não fizer a apreensão dele, eles 
vão ser processados [...] Com essas medidas protetivas eu já fui agredida 
três vezes (ESPERANÇA). 
 
Há 21 anos atrás que eu fiz a primeira denúncia [...] Na primeira vez 
que eu denunciei, na hora que ele chegou ele me bateu e me mandou voltar 
pra denunciar [...] E aí ele foi e falou pro delegado que estava tudo bem, 
que já tinha passado, que nós estávamos vivendo juntos e que nós íamos 
continuar, que ele não ia me bater mais. O delegado só deu uma prensa 
nele, chamou a atenção dele, né? Que em mulher não se bate, falou com 
ele e ele falou que ia consertar (CARINHO). 
 
[...] Aí eu fui chamei os” homi”. Os “homi” pegou e levou ele. Ele falou: 
não tem problema não, eu vou e volto. Eu falei: um dia você vai e não vai 
voltar. Falei com ele, um dia você vai e não vai voltar não. Aí a polícia foi e 
chamou né: Seis meses se você encostar a mão nela o trem vai ficar feio 
pro seu lado [...] Aí veio a polícia e levou ele. Aí a policia falou: você quer 
dar queixa dele? [...] Eu estava assinando para ele ser preso. Aí ele foi, ele 
ficou lá quatro dias. Aí o filho dele mais velho foi lá e retirou a queixa, pagou 
R$65,00. Pagou fiança e ele saiu [...] Quando eu cheguei em casa eu fui e 
chamei os “homi” pra ele outra vez, [...] quando chegou lá em cima ele 
querendo me bater, né, [...] Aí foi meu filho falou assim não, é minha mãe. 
Pegou e falou que era eu né, que era culpada, meu filho puxa o saco dele, 
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né. [...] Aí a policia pegou e não levou ele não. Achou que era eu que estava 
contando mentira. Aí a policia pegou e falou: vai embora (COMPAIXÃO). 
 
Percebe-se nos relatos acima a insegurança das mulheres quanto à proteção 
proporcionada pela Lei Maria da Penha, o que contribui para que muitas mulheres 
em situação de violência não denunciem o agressor. 
A Lei Maria da Penha foi aprovada e está em vigor desde o dia 7 de agosto de 
2006 e define a política de enfrentamento à violência contra a mulher, sendo previsto 
a execução de causas civis ou criminais que caracterizem alguma situação de 
violência. Esta lei declara que as mulheres têm o direito de segurança dentro de 
casa e, determina que o poder público desenvolva políticas que garantam esse 
direito (BRASIL, 2006). 
A Lei Maria da Penha prevê prisão em flagrante do agressor e impede que 
dentre as penas alternativas seja aplicada a pena de pagamento de cesta básica. 
Para a lei, a violência doméstica e familiar contra a mulher não se restringe ao lar ou 
domicílio em que esteja vivendo a vítima. Abrange também o âmbito das unidades 
familiares, compreendidas estas como “o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar” (art. 5º, inciso I); ao âmbito da família, 
compreendida “como comunidade formada por indivíduos que se consideram 
aparentados” (inciso II); e, ainda, a violência praticada em decorrência “de qualquer 
relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida” (inciso III) (BRASIL, 2006). 
Quando a mulher procura uma delegacia, a autoridade policial deverá iniciar o 
inquérito para apurar o crime, através de testemunhas e registro de fatos. A partir 
daí, a mulher pode ser encaminhada para o hospital, para realização de exames. E 
poderá também solicitar medidas protetivas ao juiz, as quais devem ser concedidas 
no prazo máximo de 48 horas (SILVA, 2010). 
Algumas das medidas protetivas são: afastamento do agressor do lar; 
separação de corpos; proteção policial quando necessário; direito a um defensor 
publico; centro de reabilitação para o agressor ou encaminhamento da mulher a uma 
casa-abrigo, com encaminhamento dos filhos também, se necessário (SILVA, 2010). 
Existem aproximadamente no Brasil 21 casas abrigo. Estas são locais na 
maioria das vezes sigilosos que servem de apoio e suporte às mulheres vítimas de 
violência. Nas casas abrigo é ofertado à mulher: atendimento psicológico; atividades 
culturais e educativas; atividades profissionalizantes; atendimento social; 
atendimento jurídico e médico (IBGE, 2010). 
A Lei Maria da Penha é a responsável pela diminuição da violência praticada 
contra as mulheres em todo o país. No entanto, há registros de casos que não foram 
avaliados pela Justiça porque as mulheres agredidas desistiram de levar adiante o 
processo contra os agressores. Houve mudanças na Lei, agora, em razão de 
interpretação adotada pelo STF, o estado vai poder continuar a investigar e 
processar os agressores, mesmo contra a vontade da vítima (STF, 2012). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os avanços alcançados sobre o tema violência contra a mulher são 
significativos, entre eles destacam-se o desenvolvimento de pesquisas científicas, o 
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papel informativo da mídia, as politicas públicas já desenvolvidas, a identificação dos 
serviços importantes no combate à violência e a Lei Maria da Penha que apesar de 
suas fragilidades confere proteção legal à mulher visando coibir a violência. 
Osresultados da pesquisa evidenciaram que todas as participantes vivenciaram 
a violência crônica, sendo a violência psicológica a mais predominante, 
representada pelas ameaças constantes. Os principais fatores que impulsionaram a 
cronicidade da violência na vida delas foi o medo, que pode ser reconhecido como 
fruto da coação psicológica, reforçado pela dependência financeira. A denúncia do 
agressor é compreendida pelas participantes como uma forma de socialização da 
violência e possibilidade de justiça caso ocorra uma tragédia. 
A violência contra a mulher é um campo de atuação multidisciplinar e 
multisetorial com destaque para a área jurídica, social, segurança e saúde onde 
todos são considerados como atores sociais importantes na prevenção, controle e 
combate deste fenômeno e devem trabalhar de forma articulada. 
Sendo a violência contra a mulher reconhecida como problema de Saúde 
Pública, os profissionais de saúde estão diretamente envolvidos neste campo de 
atuação, dada as consequências da violência sobre a saúde da mulher. Portanto 
devem se apropriar deste problema para prestar uma assistência de qualidade à 
mulher vítima de violência. Ressalta-se que a violência é considerada com um 
agravo de notificação compulsória, portanto, compete aos profissionais a 
comunicação à vigilância epidemiológica. 
A contínua produção científica sobre a temática é fundamental para elucidar a 
dimensão deste problema e consequentemente possibilitar reflexão, informação e 
criação de estratégias para assistir as mulheres brasileiras nesta situação. Espera-
se que outras investigações sobre o tema sejam realizadas no meio acadêmico e 
profissional. 
 
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