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01_AULA_A posi+º+úo da Farmacobot+ónica no +ómbito da Farmacognosia_TEXTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
DISCIPLINA DE FARMACOBOTÂNICA 
 
Farmacobotânica no âmbito da Farmacognosia e das Ciências Farmacêuticas 
Prof. Ionaldo José Lima Diniz Basílio 
Considerações Iniciais 
Antes de apresentarmos as relações existentes entre a 
farmacobotânica, a farmacognosia e as Ciências 
Farmacêuticas é importante defin irmos o que séria a 
Farmacognosia. 
O termo Farmacognosia foi usado pela primeira vez pelo 
médico austríaco Schmidt em 1811 e aceito após a 
publicação em um trabalho int itulado Analecta 
Pharmacognostica por Seydler, em 1815. 
Originalmente, durante o século XIX e início do século 
XX, o termo "Farmacognosia" foi utilizado para definir o 
ramo da medicina que lida com drogas, secas ou frescas 
(não preparadas). Naquela época, “droga” era o termo 
utilizado para designar material de o rigem vegetal, animal e 
mineral usado na medicina. Atualmente, o termo aplica-se 
apenas ao material de origem vegetal e animal. Tendo 
assim, dois ramos de atuação: (1) Farmacobotânica, 
conhecimento de drogas de origem vegetal; (2) 
Farmacozoologia, conhecimento de drogas de origem 
animal. 
O termo “Farmacognosia” deriva de duas palavras de 
origem grega, pharmakon que significa droga, 
medicamento, remédio, veneno, a depender de seu 
emprego, e Gnosis, que significa conhecimento. No 
entanto, o termo encontra-se de certa forma, ultrapassado. 
Na Alemanha usa-se a expressão “Biologia Farmacêutica” 
e na França “Materia Médica”. Recentemente, no Brasil fo i 
designada “Biofarmacognosia”. 
O conhecimento global das Ciências Farmacêuticas será 
percebido após um breve histórico sobre a construção do 
conhecimento científico e sua contribuição para o 
surgimento das disciplinas de Farmacognosia e 
Farmacobotânica no curso de Farmácia. 
Breve Histórico 
O uso de plantas medicinais provavelmente teve seu início 
na pré-história. Os homens primitivos, assim como, outros 
animais iniciaram as “práticas de saúde” pelo instinto de 
sobrevivência, testando e imitando uns aos outros. Comiam 
determinadas plantas e as selecionavam para sua 
alimentação ou as rejeitavam por serem tóxicas. Com isso, 
esse conhecimento empírico foi sendo acumulado e passado 
de geração a geração. Esse instinto foi sendo perdido pelo 
homem moderno, porém, nos outros animais ainda 
podemos observar este fato. Por exemplo, os animais 
silvestres, quando estão doentes procuram dormir mais e 
ingerir plantas que possam remediar o seu estado. 
A B 
©https://sites.google.com/site/fitoterapiaocidental/home/histórico 
A. O primeiro fóssil encontrado de um hominídeo bípede data de cerca de 
4,4 milhões de anos atrás, este hominídeo caminhava pela Terra, foi 
batizado na atualidade com o nome Ardipithecus ramidus; B. Em 25.000 
a.C. homem já era semelhante ao atual. Cultivo, domesticação de animais, 
instrumentos e armas. 
Após a era Pré-histórica o registro mais importante é o 
Ebers papyrus, datado de aproximadamente1550 a.C., 
escrito no Antigo Egito. Este livro é considerado o 
tratado médico mais antigo que se tem conhecimento. 
 
©https://sites.google.com/site/fitoterapiaocidental/home/histórico 
Obra: Ebers papyrus 
Atualmente o papiro está em exib ição na biblioteca da 
Universidade de Leipzig e foi batizado em homenagem ao 
egiptólogo alemão Georg Ebers, que o adquiriu em 1873. 
O papiro contém mais de 700 fórmulas mágicas e remédios 
populares, além de uma descrição precisa do sistema 
circulatório. Paralelamente ao conhecimento registrado 
pelos egípcios, tivemos a contribuição da cultura Ayurveda 
(Ciência da Vida) e Chinesa, entretanto, durante milhares 
de anos era desconhecido pelos europeus, devido ao 
isolamento dos povos asiáticos. 
No século I d.C., o autor greco-romano Dioscórides , 
considerado o fundador da Farmacognosia, através da sua 
obra “De Materia Medica”. Neste livro reuniu as 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
DISCIPLINA DE FARMACOBOTÂNICA 
 
Farmacobotânica no âmbito da Farmacognosia e das Ciências Farmacêuticas 
Prof. Ionaldo José Lima Diniz Basílio 
principais informações sobre drogas medicinais conhecidas, 
onde cerca de 600 drogas de origem vegetal, 35 an imal e 90 
de origem mineral foram descritas, sendo apreciada como a 
principal obra sobre o assunto até o Século XVIII. 
 
Obra: De Materia Medica 
No século XVII, uma das figuras chaves para o 
desenvolvimento da ciência experimental foi o cientista 
Inglês, Robert Hooke. Que dentre vários achados criou e 
revolucionou a microscopia com duas lentes , o que 
possibilitou o descobrimento da célula, dando o passo 
fundamental para o conhecimento das estruturas a nível 
celular e sua organização em tecidos e órgãos animais e 
vegetais. 
A B C 
A. Robert Hooke; B. Microscópio de duas lentes; C. Detalhe observado. 
Quase 100 anos após o desenvolvimento da microscopia, 
Carolus Linnaeus propôs o sistema de classificação aceito 
até hoje, baseado no sistema binomial de nomenclatura, por 
isso, o mesmo é considerado o “Pai da Taxonomia”. A 
Taxonomia é a ciência que organiza os indivíduos em 
categorias, dando nomes aos organismos vivos (ver 
detalhes posteriormente). 
Vários Sistemas de nomenclatura têm sido aplicados para 
plantas: (1) nome farmacêutico (refere-se à parte usada de 
uma determinada droga, geralmente encontrado nas 
Farmacopeias); (2) nomes comuns (dado a uma espécie 
medicinal em uma determinada reg ião geográfica); (3) 
nome cientí fico (nome aceito, válido para uma 
determinada espécie). Segue abaixo um exemplo: 
Nome Farmacêutico: Zingiberis rhizoma 
Nome comum: Gengibre 
Nome científico: Zingiber officinale Roscoe 
A B C 
A. Carolus linnaeus “Pai da taxonomia”; B. Sistema de classificação; C. 
Código Internacional de Nomenclatura Botânica. 
No século XIX, quase 200 anos após o desenvolvimento 
inicial da microscopia, o botânico Alemão, Mathias J. 
Schleiden anunciou: “a célula observada anteriormente por 
Hooke é a unidade fundamental dos seres vivos, incluindo 
as plantas e, os tecidos são constituídos pela combinação de 
várias células semelhantes”. Com isso, ele introduziu a 
microscopia como uma técnica chave na caracterização 
estrutural de diferentes espécies medicinais. 
A B 
A. Mathias J. Schleiden; B. Célula como unidade fundamental. 
 
Plantas medicinais no Mundo 
Ao longo da história humana, o uso de medicamentos à 
base de plantas foi o principal sistema de cura utilizado 
pela população. Antes de nossa dependência recente por 
compostos químicos isolados, purificados e até mesmo 
sintetizados na medicina moderna. 
A B 
© Botanical pharmacognosy— microscopic characterization of botanical medicines 
A-B. Coleta de material botânico. 
Porém, as plantas são a principal fonte de novos fármacos 
(princípios ativos). Alguns destes são bem conhecidos. Por 
exemplo : a aspirina cujo precursor, a salicina fo i 
originalmente obtida a partir das cascas e folhas de Salix 
alba L. “Salgueiro” e obtida também de outras espécies do 
gênero. 
A mais antiga referência específica ao “Salgueiro” de suas 
propriedades analgésica, antipirét ica e anti-inflamatória 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
DISCIPLINA DE FARMACOBOTÂNICA 
 
Farmacobotânica no âmbito da Farmacognosia e das Ciências Farmacêuticas 
Prof. Ionaldo José Lima Diniz Basílio 
vêm da Obra Ebers papyrus. Preparações da casca de 
salgueiro se tornou um padrão de tratamento naMedicina 
Ocidental após o século V a.C., através do médico grego 
Hipócrates . Na época o “Salgueiro” era recomendado para 
aliv iar a dor de parto e para reduzir a febre. Os Romanos 
em 30 d.C. sugeriam o uso do extrato de folhas de 
“Salgueiro” para tratar os quatro sinais de inflamação: (1) 
rubor (vermelh idão); (2) calor (aquecimento); (3) tumor 
(inchaço); (4) dor. (Ver detalhes na disciplina de 
Patologia). 
 
Ácido 2-acetoxibenzóico (IUPAC) 
 
Plantas medicinais no Brasil 
Inicialmente, a utilização de plantas medicinais no Brasil 
começa a partir dos conhecimentos indígenas, 
posteriormente dos escravos e imigrantes, além dos 
jesuítas, como Manuel da Nóbrega (1517-1570) e José de 
Anchieta (1534-1597). Os jesuítas cuidavam tanto dos 
indígenas como dos colonizadores, praticando uma 
medicina empírica e assumiram esta função pela falta de 
assistência médica, com o objetivo de aproximarem-se dos 
indígenas. Utilizavam muitos conhecimentos terapêuticos 
indígenas, principalmente a base de ervas, assim, grandes 
disseminadores desta cultura, chegando a enviar várias 
plantas para serem estudadas na Europa. No século XVII o 
holandês Maurício de Nassau, em sua invasão a Recife, 
onde permaneceu de 1637 a 1644, trouxe médicos e 
químicos que analisaram cuidadosamente a flora medicinal 
brasileira. Desses estudos surgiu à primeira publicação 
sobre as plantas medicinais brasileiras, o livro “Historia 
Naturalis Brasiliae”, que foi publicado em Amsterdam, em 
1648. 
 
Até a década de 30 do século XX, as plantas medicinais e 
os medicamentos delas derivados constituíam o principal 
arsenal terapêutico no Brasil e no mundo, para médicos e a 
população em geral. 
 
Farmacobotânica 
A Farmacobotânica, também denominada “Botânica 
aplicada a Farmácia” e “Botânica farmacêutica” é um dos 
ramos da Farmacognosia, sendo estas disciplinas privativas 
do farmacêutico no Brasil, desde 1920. 
A botânica é a parte da Biologia que tem como objetivo o 
conhecimento dos vegetais . A palavra Botânica é de origem 
grega Botanike que se relaciona com o conhecimento das 
plantas. 
O estudo da Botânica pode ser considerado segundo o 
ponto de vista filosófico, ou seja, do conhecer por 
conhecer, uma ciência básica. A Botânica pura, que estudo 
as plantas num âmbito absolutamente científico, pode ser 
dividida em: (1) Morfologia vegetal (do grego: morphé = 
forma) que tem como objetivo o estudo da forma vegetal. 
Esta é dividida em duas partes: (a) Morfologia externa, 
Organografia ou Macroscopia vegetal e (b) Morfologia 
interna, Anatomia vegetal ou Microscopia vegetal; (2) 
Fisiologia vegetal (do grego: physio = natureza, função; 
logia = estudo) investiga as funções orgânicas, processo e 
atividades vitais , como o crescimento, a nutrição, a 
respiração, a reprodução e os movimentos dos vegetais; (3) 
Taxonomia vegetal (do grego: taxis = dispor segundo uma 
ordem, classificação) preocupa-se com a classificação, 
identificação e nomenclatura das plantas; (4) Sistemática 
vegetal (do grego: Systema = reunião, grupo disposto 
segundo uma ordem) é a ciência da diversidade dos 
organismos, envolvendo a descoberta, a descrição e a 
interpretação da diversidade biológica. 
A botânica aplicada estuda as plantas sob um ponto de 
vista utilitário, valorizando os aspectos das relações que 
elas demonstram ter com os seres vivos, especialmente os 
humanos. 
O estabelecimento da Biologia, da Química e da Materia 
Medica possibilitou o progresso do estudo de drogas. Um 
erro bastante comum na atualidade é subjulgar a 
importância das plantas medicinais, e consequentemente, 
da Farmacobotânica após o desenvolvimento, por exemplo, 
da química. 
Embora , os produtos sintéticos desempenhem papel 
importante na terapêutica moderna, o conhecimento sobre 
as drogas vegetais não pode ser desprezada. Substâncias 
cuja síntese não tenha sido conseguida, ou seja, 
economicamente inviável, como por exemplo, o taxo l 
(figura abaixo) até os dias atuais são obtidos diretamente de 
Taxus brevifolia Nutt., espécie nativa da região noroeste da 
America do Norte utilizado no tratamento de câncer de 
Historia Naturalis Brasiliae 
(em português: História Natural do 
Brasil), escrito originalmente em latim, é o 
primeiro livro médico que trata do Brasil, 
publicado em 1648, de autoria do 
holandês Guilherme Piso em que este se 
utiliza, ainda, de observações feitas pelos 
alemães George Marcgraf e H. Gralitzio e 
ainda de João de Laet. A obra foi dedicada 
ao Conde Maurício de Nassau.
1
 
Embora trate a todo o momento do Brasil, 
os autores em verdade se referem à faixa 
litorânea do Nordeste, ocupada 
pela Companhia das Índias Ocidentais. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
DISCIPLINA DE FARMACOBOTÂNICA 
 
Farmacobotânica no âmbito da Farmacognosia e das Ciências Farmacêuticas 
Prof. Ionaldo José Lima Diniz Basílio 
mama, ovário e do pulmão. Assim, a Farmacobotânica 
continua como um ramo da farmacognosia, imprescindível 
na identificação e verificação da autenticidade da droga 
vegetal. 
 
Taxol 
Questões 
1. O chefe do controle de qualidade (Farmacêutico) 
determina aos seus auxiliares que verifiquem a 
qualidade de um lote recebido de Taxus brevifolia 
Nutt., que será utilizado posteriormente na 
obtenção de Taxol. Qual o papel do Farmacêutico 
nesse processo, sob o ponto de vista da 
Farmacobotânica? 
2. Vários Sistemas de nomenclatura têm sido 
aplicados para plantas, como: o nome 
farmacêutico, os nomes comuns e o nome 
científico. No seu ponto de vista, qual a 
importância de cada sistema de nomenclatura nas 
Ciências farmacêuticas? 
3. Qual a importância do botânico Alemão, Mathias 
J. Schleiden, no desenvolvimento da 
Farmacobotânica? 
4. Retrate a relação existente entre as plantas 
medicinais e os fármacos (princípio ativo) dos 
medicamentos? 
5. No seu ponto de vista, qual a importância dos 
jesuítas no desenvolvimento das Ciências 
Farmacêuticas? 
6. O que diferencia a Farmacobotânica do 
conhecimento da botânica pura? 
7. Qual o papel da Farmacobotânica nas Ciências 
farmacêuticas?

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