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AULA_01_Sistematica vegetal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
ESTUDO DIRIGIDO 
Sistemática vegetal 
Curso: Farmácia Disciplina: Farmacobotânica Prof. Ionaldo J. L. Diniz Basílio 
Data: Ano: 2012.2 
O objetivo desta aula capítulo é introduzir o básico: O que é uma planta? O que é sistemática? Porque 
devemos estudar a sistemática de plantas na disciplina de Farmacobotânica? 
O que é uma planta? 
Esta pergunta pode ser respondida conceitualmente de duas 
formas. (1) De forma tradicional, as plantas podem ser 
incluídas nos organismos que realizam fotossíntese e 
possuam paredes celulares, esporos, dentre outros 
caracteres. Este grupo tradicional abrange uma variedade de 
organismos microscópicos, todas as algas e as espécies 
vegetais que vivem na terra. (2) Outra maneira para 
responder à pergunta é avaliar a história evolutiva da vida 
para delimitar grupos de seres vivos. Sabe-se agora que os 
organismos fotossintetizantes evoluíram de forma 
independente uns dos outros e não são estreitamente 
relacionadas. Assim, o significado ou a definição da palavra 
planta pode ser ambíguo e variar de pessoa para pessoa. 
Alguns ainda gostam de tratar as plantas como um conjunto 
natural, definido por características em comum (mas que 
evoluíram independentemente). No entanto, os grupos de 
organismos delimitados, baseados na história evolutiva, tem 
uma aceitação quase universal. Este último tipo de 
classificação reflete os padrões da história evolutiva e pode 
ser usado para testar hipóteses evolutivas. Uma 
compreensão de que são as plantas, requer uma explicação 
da evolução da vida. 
Plantas e a evolução da vida 
A vida é atualmente classificada em três grandes grupos 
(algumas vezes chamado de domínios) de organismos: (1) 
Archaea (também chamado Arqueobactérias), (2) bactérias 
(também chamados Eubacteria) e (3) Eucariontes. As 
relações evolucionárias destes grupos encontram-se 
resumidos na árvore evolutiva ou cladograma a seguir. 
 
Figura. Cladograma simplificado (árvore evolutiva) da vida (modificado de 
Sogin, 1994, Kumar & Rzhetsky 1996, e Yoon et al. 2002), ilustrando a 
origem independente dos cloroplastos via endossimbiose (setas) nos 
Euglenófitos, Dinoflagelados, Plantas marrons, algas vermelhas, e plantas 
verdes. Grupos eucariotas fotossintetizantes, contendo cloroplastos 
(organismos em negrito). A ordem relativa dos acontecimentos evolutivos é 
desconhecida. 
Archaea e bactérias são pequenos, organismos unicelulares 
que na maioria possuem DNA circular e ausência de 
organelas ligados à membrana. Os dois grupos diferem um 
do outro na estrutura química de certos componentes 
celulares. Eucariontes são organismos unicelulares ou 
multicelulares que possuem DNA linear, organelas ligadas à 
membrana, estruturas de citoesqueleto, estrutura contrátil 
e mitocôndrias, em quase todas as espécies. 
Algumas das bactérias unicelulares (incluindo, por exemplo, 
as Cianobactérias) realizam a fotossíntese. Este processo 
físico-químico utiliza o dióxido de carbono e água na 
obtenção de glicose, através da energia da luz. Estas 
bactérias fotossintetizantes possuem um sistema de 
membranas internas chamadas tilacóides, dentro do qual 
estão incorporados pigmentos fotossintéticos, compostos 
que convertem a energia da luz em energia química. Os 
grupos dos Eucariontes que são fotossintetizantes têm 
organelas especializadas chamadas cloroplastos, que se 
assemelham aos pigmentos contidos nas membranas dos 
tilacóides das bactérias fotossintéticas. 
Como evoluíram os cloroplastos? É amplamente aceito que 
os cloroplastos dos Eucariontes foram originados pela 
imersão de uma bactéria fotossintética ancestral 
(provavelmente uma cianobactéria) em uma célula 
eucariótica ancestral, de tal forma que a bactéria 
fotossintetizante continuou a viver e, finalmente, 
multiplicar-se no interior da célula eucariótica. A prova 
disso é o fato de que os cloroplastos, como as bactérias de 
hoje (a) têm o seu próprio DNA de cadeia simples, circular; 
(b) têm tamanho menor, ribossomo 70S. Estas bactérias 
fotossintetizantes passaram a produzir uma grande 
quantidade de energia para a célula eucariótica do 
hospedeiro; a célula eucariótica proporcionou assim, um 
ambiente favorável para as bactérias fotossintéticas. A 
condição de duas espécies viverem juntas em contato 
próximo é chamada de simbiose, e o processo de imersão 
resultado da simbiose de uma célula por outra é denominada 
endossimbiose. 
Ao longo do tempo, estes endossimbióticos, bactérias 
fotossintetizantes transformaram-se estrutural e 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
funcionalmente, mantendo seu DNA próprio e a capacidade 
de se replicar, mas perdeu a capacidade de viver de forma 
independente da célula hospedeira. De fato, ao longo do 
tempo, tem havido uma transferência de alguns genes do 
DNA do cloroplasto para o DNA nuclear da célula 
hospedeira eucariótica, fazendo dos dois indivíduos 
bioquimicamente interdependentes. 
 
As plantas terrestres 
As plantas verdes incluem tanto as algas verdes, 
predominantemente aquáticas e, um grupo conhecido como 
embriófitos (formalmente, Embriofita) são geralmente 
referidas como as plantas terrestres (Figura a seguir). As 
plantas terrestres estão unidas por várias novidades 
evolutivas, adaptações que ocorreram na transição de 
ambiente aquático e terrestre. Estes incluem: (1) cutícula 
externa, que auxilia na proteção de tecidos, contra a 
dessecação; (2) órgãos reprodutores, que têm uma camada 
exterior de proteção, formada de células estéreis, e (3) 
formação do embrião, em uma fase da vida. 
Assim como, as plantas terrestres estão incluídas nas plantas 
verdes, as plantas vasculares estão inseridas nas plantas 
terrestres (Figura a seguir), sendo estas últimas unidas pela 
evolução independente dos esporófitos e a presença de 
tecidos vasculares condutores, xilema e floema. As plantas 
vasculares incluem as plantas com sementes, que são unidos 
pela evolução (formação) da madeira e das sementes. Por 
fim, as plantas com sementes incluem as angiospermas, 
grupo de maior interesse na Farmacobotânica, unidas pela 
evolução das flores, incluindo estames
1
 e carpelos
2
 (órgãos 
reprodutores), além de um grande número de estruturas 
especializadas. 
1. O estame é o órgão masculino das plantas que produzem flores: 
Angiospermas (fanerógamas). 
2. Carpelo é uma estrutura presente em todas as Angiospermas, sendo a 
unidade fundamental do pistilo, ou gineceu. 
 
Figura. Cladograma simplificado (árvore evolutiva) das plantas verdes, 
ilustrando grandes grupos existentes e eventos evolutivos. 
 
Por que devemos estudar as plantas? 
A importância tremenda de plantas não pode ser desprezada. 
Sem elas, a maioria das espécies de animais (e muitos outros 
grupos de organismos) não iria estar aqui. Plantas 
Fotossintetizantes e outros organismos fotossintéticos 
transformou a vida na terra de duas maneiras principais. 
Em primeiro lugar, a oxidação de dióxido de carbono e a 
libertação de oxigênio molecular na fotossíntese alterou a 
atmosfera da terra ao longo de bilhões de anos. O que 
costumava ser uma atmosfera deficiente de oxigênio sofreu 
uma mudança gradual. Como o acumulo de oxigênio na 
atmosfera, a respiração é dependente de oxigênio (via 
fosforilação oxidativa nas mitocôndrias), o qual pode ter 
sido um precursor necessário na evolução de muitos 
organismos multicelulares, incluindo todos os animais. 
Além disso, uma atmosfera rica em oxigêniopermitiu o 
estabelecimento da camada de ozônio na atmosfera superior, 
protegendo a vida da radiação ultravioleta, em excesso. 
Estes organismos passaram a habitar locais mais expostas à 
luz solar, antes inacessíveis. 
Em segundo lugar, os compostos que espécies 
fotossintetizantes produzem são utilizadas, direta ou 
indiretamente, por organismos heterotróficos. Praticamente 
todas as indivíduos terrestres e muitos aquáticos, bem como, 
as plantas terrestres fazem parte dos produtos primários na 
cadeia alimentar, a fonte de compostos de alta energia, tais 
como: carboidratos, alguns aminoácidos e outros compostos 
essenciais para o metabolismo de alguns organismos 
heterotróficos. Assim, a maioria das espécies que habitam a 
terra hoje, incluindo milhões de espécies de animais é 
absolutamente dependente das plantas para a sua 
sobrevivência. Como produtores primários, as plantas são os 
principais componentes de muitas comunidades e 
ecossistemas. A sobrevivência das plantas é, portanto, 
essencial para a manutenção da saúde desses ecossistemas e 
sua perturbação pode ocasionar problemas, como mudanças 
bruscas do clima e falta d’água. 
Aos seres humanos, as plantas também são 
monumentalmente importantes (figuras a seguir). Plantas de 
interesse agrícola, a maioria dos quais são nossa principal 
fonte de alimento. Utilizamos todas as partes da planta como 
produtos alimentares: raízes (batata doce e cenouras); caules 
(inhame, mandioca e batata); folhas (repolho e alface); 
flores (brócolos); frutos e sementes, incluindo os grãos, 
como arroz, trigo, milho, centeio, cevada e aveia, 
leguminosas, como feijão e ervilhas, e uma infinidade de 
frutas, como bananas, tomates, pimentas, abacaxi, maçãs, 
cerejas, pêssegos, melões, kiwis e azeitonas. 
Outras plantas são usadas como agentes flavorizantes (ervas 
e especiarias), como bebidas estimulantes (chocolate, café, 
chá e cola) ou bebidas alcoólicas (cerveja, vinhos e licores). 
Plantas lenhosas são usadas na obtenção de madeira e 
produtos de celulose, como papel. Em regiões tropicais, 
bambus, palmeiras e uma variedade de outras espécies são 
utilizados na construção de habitações. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
Em muitas culturas, plantas ou produtos derivados de 
vegetais são utilizados como alucinógenos (legalmente ou 
ilegalmente), tais como: maconha, ópio, cocaína e uma 
grande variedade de espécies usadas em rituais indígenas. 
As plantas são importantes na Indústria de Cosmético e no 
cultivo de plantas ornamentais. Finalmente, as plantas têm 
grande importância medicinal, no tratamento de uma 
variedade de doenças. Produtos vegetais são muito 
importantes na Indústria Farmacêutica; seus compostos são 
usados como modelos na síntese novos fármacos, extraído 
ou através de semissíntese. Muitos medicamentos modernos, 
como a aspirina (derivada originalmente da casca das 
árvores de salgueiro), vincristina e vinblastina, obtido a 
partir de Catharanthus roseus “bom-dia, boa-noite” (espécie 
nativo de Madagascar), usado no tratamento de leucemia em 
crianças. Além disso, partes de plantas integras, rasuradas 
ou trituradas são utilizadas pela população na forma de chás 
medicinais. 
 
 
Figura. Exemplos de plantas economicamente importantes. A–E. Legumes. 
A. Ipomoea batatas, batata-doce (raiz). B. Daucus carota, cenoura (raiz). 
C. Solanum tuberosum, batata (caule). D. Lactuca sativa, alface (folhas). E. 
Brassica oleracea, brócolis (botões florais). F–I. Frutos, seco (grãos). F. 
Oryza sativa, arroz. G. Triticum aestivum, pão de trigo. H. Zea mays, 
milho. I. Semente (leguminosas), de cima, para a direita para o centro: 
Glycine max, soja; Lens culinaris, lentilha; Phaseolus aureus, Phaseolus 
vulgaris, feijão; Cicer areitinum, grão de bico; Vigna unguiculata; 
Phaseolus lunatus, feijão. J–M. frutos, frescos. J. Musa paradisiaca, 
banana. K. Ananas comosus, abacaxi. L. Malus pumila, maça. M. Olea 
europaea, azeitona. 
 
 
Figura. Exemplos de outras plantas economicamente importantes. A–D. 
Ervas. A. Petroselinum crispum, salsa. B. Salvia sp. .C. Rosmarinus sp., 
alecrim. D. Thymus vulgaris, tomilho. E. Espécies e ervas, superior 
esquerda: Cinnamomum cássia / C. zeylanicum, canela (casca); Baunilha 
planifolia; baunilha (fruta); Laurus nobilis, louro (folhas); Syzygium 
aromaticum, cravo; Myristica fragrans, noz-moscada (semente); Carum 
carvi, alcaravia (fruta); Anethum graveolens, endro (fruta); Pimenta dioica, 
pimenta da Jamaica (semente); Piper nigrum, pimenta (semente). F. Plantas 
condimentares, de superior à esquerda, no sentido horário. Theobroma 
cacau, chocolate (sementes); Coffea arabica, café (sementes); Thea 
sinensis, chá (folhas). G. Produtos da madeira: madeira e serrado (Sequoia 
sempervirens, Pau-Brasil), papel e derivados de celulose. H. Fibras. 
Gossypium sp., algodão (tricomas de sementes). I. Drogas alucinógenas. 
Cannibis sativa, maconha, contêm o tetrahidrocanabinol. J. Planta 
medicinal. Catharanthus roseus, da qual é derivada a vincristina e a 
vinblastina, usado no tratamento de leucemia em crianças. 
Questões 
1. O que é uma planta? Quais são as duas formas conceituais que 
podemos responder a esta questão? 
2. Quais são os três principais grupos de vida atualmente aceitos? 
3. Descreva de forma sucinta o mecanismo de evolução dos cloroplastos. 
4. Cite alguns grupos de organismos clorofilados que têm sido 
tradicionalmente chamados de plantas, mas que apresentam 
cloroplastos que evoluíram independentemente. 
5. Quais são os principais fatores que mostram a importância do 
conhecimento das plantas, principalmente no contexto das Ciências 
Farmacêuticas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
Nomenclatura botânica, classificação e identificação de 
plantas medicinais. 
Introdução 
 Levando-se em conta o grande número de espécies 
de seres vivos existentes na natureza (cerca de 1,5 milhões 
de espécies, das quais 300 mil pertencem ao reino Plantae), 
se tornou necessário à criação de um sistema de 
classificação desses seres. A dificuldade de criar um sistema 
desse porte fica claro ao se analisar os números acima. É 
difícil para os biólogos reconhecer todas as entidades de 
seres vivos e classificá-las em sistemas que reflitam a sua 
real posição hierárquica na natureza. 
Sistemas de classificação 
Os gregos tentaram reunir e organizar o conhecimento 
empírico acumulado, porém basearam-se apenas nos 
caracteres mais facilmente observados. Ao longo do tempo, 
foram surgindo numerosos sistemas de classificação que 
consistiam em reunir um conjunto de unidades taxonômicas 
nas quais as plantas eram ordenadas, e por ordem 
cronológica esses sistemas costumam ser agrupados da 
seguinte forma: 
 
1. Sistema baseado no hábito – primeiro que se tem 
conhecimento. Criado por Theophrastus entre 380-
278 a.C., fez a classificação pelo hábito, ou seja, 
árvores, arbustos, ervas, cultivadas e selvagens. 
Também se destacam cientistas como Dioscórides, 
Albertus Magnus e Andrea Caesalpino (1519-
1603), este último foi considerado o primeiro 
taxonomista vegetal. 
2. Sistemas artificiais baseados em características 
numéricas – sistema sexual criado por Linnaeus em 
1753 e publicado em seu livro Species Plantarum, 
o qual evidencia as características florais. Baseando 
na presença e ausência de flores e principalmente 
no número e posição dos estames dividiu o Reino 
Vegetal em 24 classes. 
3. Sistemas Naturais – classificaçãopor semelhanças, 
ou seja, por compartilhar caracteres em comum. 
Um dos principais sistemas publicados neste 
período foi o de Antoine de Jussieu (1686-1758), 
que reconheceu 15 classes e 100 ordens. Esse autor 
sugeriu a classificação em Acotiledônea, 
Monocotiledônea e Dicotiledônea. Considerando a 
presença e ausência de pétalas e a soldadura destas 
reconheceu três grupos, denominando-os de 
Apetalae, Monopetalae e Polypetalae. Outro 
cientista importante foi Augustin P. de Candolle 
(1778-1841), que em seu sistema fez a distinção 
entre plantas vascularizadas e talófitas, porém 
houve a inclusão de Pteridófitas como 
Monocotiledôneas. 
4. Sistemas baseados em filogenia – baseados na 
teoria da evolução das espécies de Darwin (1859), 
relacionando-a com afinidades em relação à 
ancestralidade e descendência. Os sistemas mais 
conhecidos dentro da filogenética são os trabalhos 
de Engler (1964), Cronquist (1968, 1981 e 1988) e 
Dahglgren (1985). Este último mostrou uma 
preocupação maior com as abordagens 
filogenéticas e construiu um tratamento cladístico 
para Monocotiledôneas. Já a sistemática 
filogenética criada por Willi Henning (1950), 
considera que a história evolutiva da relação 
ancestralidade-descendência dos organismos pode 
ser reconstruída e representada através de um 
cladograma, e que para a construção deste 
diagrama hipotético deve ser levada em 
consideração pelo menos uma característica 
monofilética. A partir da década de 90 destacam-se 
os trabalhos produzidos por Walter Judd (1999), 
que utilizou também técnicas moleculares para a 
construção de cladogramas. 
 
Desde a metade do século XVIII, os nomes das plantas eram 
formados por diversas palavras, porém em 1753, Linnaeus 
propôs o sistema Binomial no qual a primeira palavra seria 
usada para indicar o gênero e a segunda seria o epíteto 
específico. Todavia, com a descoberta de novas espécies, 
tornou-se necessário a elaboração de algum documento que 
pudesse organizar de forma adequada os binomes e as 
categorias taxonômicas. Assim, em 1867, Alphonse de 
Candolle sugeriu algumas normas de organização da 
nomenclatura botânica. Após muitas revisões e discussões o 
“Código de Paris de 1867” foi criado e desde então são 
realizados periodicamente congressos internacionais com o 
objetivo de consolidar um Código Internacional de 
Nomenclatura Botânica, estabelecendo e universalizando os 
nomes referentes a cada categoria taxonômica. Este Código 
está organizado de acordo com Princípios, Recomendações e 
Regras. 
Classificação e identificação 
Antes de qualquer coisa é necessário estabelecer a diferença 
entre classificação e identificação. 
Classificação: processo de se agrupar um ser vivo em uma 
categoria específica dentro de uma hierarquia. Esse processo 
é feito apenas uma vez, a não ser que seja necessária uma 
recolocação devido ao surgimento de evidências que 
indicam erro na classificação anterior. 
Identificação: consiste em comparar dados de uma espécie 
a ser analisada, com uma espécie já descrita. Essa 
comparação é feita cada vez que se deseja conhecer o nome 
de um ser coletado ou encontrado na natureza. Pode-se 
basear também com dados de um espécime existente em 
uma coleção (em caso de plantas – um herbário), ou ainda 
com dados e ilustrações da literatura. 
Coleta, herborização e catalogação de amostras vegetais 
Uma das principiais preocupações de um cientista 
trabalhando com plantas, é a reprodutibilidade do seu 
trabalho. Para tanto, é necessário que de todas as coletas 
feitas para estudo, se mantenha uma amostra desse material, 
 
 
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não apenas para identificação ou classificação correta do 
mesmo, bem como para comprovação de que o trabalho se 
realizou com a espécie correta. Esse exemplar do material 
botânico se chama exsicata e será estudado com detalhes a 
seguir. Cuidados são necessários em todas as etapas 
envolvidas na coleta. 
Coleta 
Detalhes essenciais devem ser levados em conta ao se 
proceder a coleta de plantas inteiras ou de partes de plantas 
da natureza. Um dos primeiros cuidados deve ser o de 
observar a quantidade de espécimes do vegetal em questão 
na região, isto para evitar que seja coletado e 
consequentemente eliminado, um exemplar de uma espécie 
em risco de extinção. Um exemplo clássico de devastação de 
uma espécie foi a quase extinção da árvore Tabebuia 
heptaphylla (Vell.) Toledo (= T. avellanedae Lorentz ex 
Griseb.), conhecido popularmente como ipê roxo, que após 
ter se tornado famosa por resultados interessantes no 
tratamento de câncer passou a ser coletada, 
indiscriminadamente pela população. 
A coleta deve sempre contar com a presença de um botânico 
e/ou de um mateiro experiente (de preferência, os dois). Para 
coletas que visem simplesmente identificar um determinado 
vegetal, se faz necessário pouco material (coletar exemplar 
com flores é essencial). Caso a coleta seja para estudos 
fitoquímicos, devem ser coletados em média 10 Kg de 
material para obter um rendimento final de 1 Kg de planta 
seca. 
Herborização 
Herborização é o processo de preparação de um exemplar 
vegetal para conservação em uma coleção de plantas 
denominada herbário. Ao exemplar devidamente preparado 
(herborizado) para fazer parte de um herbário, chama-se 
exsicata (do latim exsicco, significando secar). 
Normalmente, essas exsicatas são acondicionadas em pastas 
de papel. 
Os cuidados para a preparação de uma boa exsicata se 
iniciam na coleta, onde se deve ter o cuidado de coletar um 
exemplar que contenha seus órgãos reprodutivos (flores ou 
frutos), o que facilitará sobremaneira a identificação. Plantas 
que meçam entre 40 e 80 cm podem ser coletadas inteiras, já 
arbustos ou árvores utilizam-se as porções terminais dos 
ramos (cerca de 30 cm), onde se encontram as flores e/ou 
frutos. 
A herborização é feita prensando-se o material coletado 
entre folhas de papel absorvente (jornal, por exemplo), 
seguidos de papelão e finalmente madeira. Todos esses 
material devem ser colocados em uma estufa com ar 
circulante por um período que pode variar, de acordo com a 
umidade do vegetal. 
A etiquetação do material em estudo é outro fator de 
extrema importância para que sejam evitados enganos. 
Existe ainda uma regra para o tamanho de uma exsicata, a 
pasta deve ser do tamanho de um jornal tablóide. Na 
etiqueta de coleta deve constar o número de referência da 
coleta e dados da mesma, tais como: local, data, hora, etc. 
Deve ainda constar nome popular, nome botânico, família 
botânica, nome do coletor e também o nome do botânico 
que identificou a espécie e dados que não mais são visíveis 
na planta, tais como: cor das flores e folhas, aroma, etc. O 
número de referência de uma exsicata em um determinado 
herbário é de suma importância, pois, muitos jornais 
científicos exigem esse número quando se publica um artigo 
com o estudo fitoquímico e farmacológico de uma 
determinada espécie. 
 
Figura. Exemplo de etiqueta. 
Identificação de espécies 
 Tanto a planta coletada recentemente como uma 
exsicata pode ser usada para se proceder à identificação. A 
presença de flores e/ou frutos na amostra é quase 
indispensável na análise da amostra vegetal, pois, neles 
estão presentes caracteres específicos levados em conta no 
trabalho do botânico. A falta desses caracteres pode induzir 
o erro na identificação. Quanto maior a biodiversidade do 
local onde a planta foi coletada, mais difícil será a 
identificação da mesma, sendo o inversoverdadeiro. 
 A identificação correta de uma espécie implica na 
comparação com material previamente herborizado e 
extensa revisão bibliográfica. As monografias de cada 
gênero constituem a literatura mais confiável para esse fim. 
Na ausência dessas, pode-se partir para as floras da região, 
estado ou mesmo reserva biológica onde foi feita a coleta. 
No Brasil é escasso o número de publicações dessa natureza, 
podendo-se consultar, no entanto a Flora Neotrópica, 
publicação que inclui dados de plantas brasileiras e 
dissertações diversas que geralmente descrevem a flora de 
pequenas regiões. Essas publicações contem normalmente as 
chaves de identificação das espécies e também descrições e 
ilustrações que facilitam a determinação do vegetal. 
Conceito de espécie 
O termo espécie denomina os grupos de indivíduos 
idênticos, diferindo de outros grupos populacionais menos 
semelhantes. Quando em uma espécie, existirem dois ou 
mais grupos de plantas com uma ou mais características 
constantes em cada grupo, a mesma pode ser dividida em 
subespécies. 
As espécies, principalmente aquelas de importância 
econômica, também podem ser divididas em variedades, 
cultivares e formas. 
Variedades 
São entidades infraespecíficas que ocorrem na natureza. 
 
 
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Cultivares 
São produtos de cruzamentos entre plantas, com a finalidade 
de se obter descendências com determinadas características 
de interesse. 
Formas 
As formas são populações dentro de uma espécie que 
diferem entre si em apenas um caráter constante. Nem 
sempre são consideradas por taxonomistas. 
Categorias taxonômicas 
Cada unidade taxonômica supragenérica tem um sufixo 
próprio que indica em que grau o grupo está incluído dentro 
do sistema. Na tabela a seguir, observa-se um exemplo 
baseado no sistema de classificação de Cronquist (1988), 
lista hierarquicamente as diferentes unidades taxonômicas e 
é ilustrado com duas espécies bem conhecidas, a batata 
inglesa (Solanum tuberosum L.), da classe Magnoliopsida e 
o milho (Zea mays L.), da classe Liliopsida. A batata inglesa 
pertence a um gênero que é formado por cerca de 1500 
espécies e por isso é dividido em subgêneros e seções, 
enquanto que o milho pertence a um gênero monoespecífico, 
não necessitando, portanto, de divisões infragenéricas. 
 
 
Tabela. Classificação de Solanum tuberosum L. e Zea mays L. segundo Cronquist (1988). 
Categoria taxonômica Sufixo Batata inglesa Milho 
Divisão phyta Magnoliophyta Magnoliophyta 
Classe opsida Magnoliopsida Liliopsida 
Subclasse idae Asteridae Commelinidae 
Ordem ales Solanales Cyperales 
Família aceae Solanaceae Poaceae 
Subfamília oideae Solanoideae Panicoideae 
Tribo eae Solaneae Andropogoneae 
Subtribo inae Solaninae Tripsacinae 
Gênero Solanum Zea 
Subgênero Solanum 
Seção Petota 
Espécie Solanum tuberosum L. Zea mays L. 
 
Nomenclatura científica 
A espécie é a entidade base nos sistemas de classificação. 
Cada espécie tem um nome científico, formado por um 
binômio, que deve obedecer às regras do Código 
Internacional de Nomenclatura Botânica. Esse código sofre 
modificações por decisão do Comitê Permanente de 
Nomenclatura, em seções plenárias nos Congressos 
Internacionais de Botânica. A nomenclatura binomial foi 
estabelecida por Linnaeus em 1753. As Principais regras 
são: 
1 – O nome Científico é sempre um binômio escrito em 
latim ou em palavras ou nomes latinizados. 
2 – A primeira palavra do binômio científico corresponde ao 
gênero e deve ser escrito com letra inicial maiúscula. A 
segunda palavra corresponde ao epíteto específico, para uma 
espécie determinada, o qual deve concordar 
gramaticalmente com o nome do gênero e ser escrito com 
letra inicial minúscula. 
3 – O binômio científico deve ser acompanhado do nome do 
autor do mesmo, ou seja, daquela pessoa que descreveu a 
espécie. Nomes de autores podem ser abreviados, sendo 
recomendado que as abreviaturas não sejam aleatórias. 
4 – Sempre que houver mais de um epíteto específico para 
nominar uma espécie, vale o princípio da prioridade, 
devendo ser utilizado o nome mais antigo, sendo os demais 
considerados sinônimos. Essa regra vale pra todos os nomes 
publicados a partir de 1753. Estes dados podem ser 
confirmados no site a seguir: http://www.ipni.org/ 
 
5 – O binômio científico deve ser grifado no texto (o grifo 
em itálico é o usual; quando manuscrito deve ser 
sublinhado). 
6 – As principais categorias dos taxa em sequência 
descendente são: Reino, Divisão, Classe, Ordem, Família, 
Gênero e Espécie; 
7 – As categorias secundárias em sequência descendente 
são: tribo (entre família e gênero), seção e série (entre 
gênero e espécie) e variedade e forma (abaixo de espécie); 
8 – Caso um maior número de categorias de taxa seja 
necessário, basta acrescentar o prefixo sub aos termos que 
indicam as categorias principais ou secundárias: subclasse, 
subfamília, subgênero e subespécie; 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
9 – Nomes de híbridos são precedidos pelo sinal “x”. Por 
exemplo: Mentha x piperita L. 
10 – Epítetos descriptivos: 
 Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, 
niger, virens (verde), viridis (verde). 
 Relacionados com a origem: australis, borealis, 
meridionalis, orientalis. 
 Relacionados com a distribuição geográfica: 
africanus, alpinus, alpestris (Alpes), hispanicus, 
ibericus. 
 Relacionados com o hábito: arborescens. 
 Relacionados com o hábitat: arvensis, campestris, 
lacustris. 
 Relacionados com o tamanho: minor, major, 
robustus. 
Nomes populares 
Nomes populares, vulgares ou vernaculares são regionais e 
não recebem importância, de modo geral, em um trabalho 
científico. Por outro lado, são úteis e importantes em 
trabalhos etnobotânicos, como fonte de informação sobre a 
cultura ou vocabulário de uma população, podendo dar 
indícios sobre a utilização popular de uma espécie. Em 
geral, pra cada região de um mesmo país, o nome popular de 
uma determinada espécie pode variar grandemente. 
Questões 
1. Considerando o princípio da prioridade, indique os nomes válidos para as 
espécies abaixo, as quais possuem as seguintes sinonímias: 
a. Aristolochia gardens Lineu (1856) 
Aristolochia glabra Benton (1873) 
b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin (1967) 
Gaudinia holosica Moore (1952) 
c. Omphalobium ovatifolius Martius (1817) 
Omphalobium glabratum A. DC. (1978) 
d. Combretum Loefl (1758) (Nomina conservanda) 
Crislea Lineu (1753) 
e. Viburnum fragrans Bunge (1831) 
Viburnum fragrans Lorsel. (1824) 
2. Analise a nomenclatura empregada para as espécies, indicando: gênero, 
epíteto, autor(es) do nome(s) e características taxonômicas que o nome está 
evidenciando. 
a. Vulpia ciliata Dumort. 
b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin, sp. nov. 
c. Cordia hermanniifolia var. calycina Cham. 
f. Silene dioica subsp. zetlandia var. alba 
3. Das citações abaixo, indique: Autor do nome, autor que validou o nome 
da espécie e ano da publicação válida. 
a. Viburnum ternatum Rehder in Sargent, Trees and Scrubs 2:37. 1907 
b. Teucrium chademii Sadwich in Lacaita, Cavanillesia 3:38. 1930 
4. A espécie Iridophycus splendens Stech et Gardner foi coletada por 
Gardner 7781 (Registro de Herbário: UC 539565), sendo posteriormente 
modificada para: Iridaea splendens (Stech et Gardner) Papenf. 
O descrito acima é um exemplo de : 
( ) sinonímia; ( )parátipos; ( ) basinômio; ( ) autônimo 
5. A espécie Melochia cordata Burm. 1768 foi revisada por Borssum em 
1966, que chegou a conclusão de que esta pertencia ao gênero Sida, 
modificando seu nome. Qual será a atual nomenclatura desta espécie? 
7. Leia a informação abaixo e responda as perguntas: 
“Panicum maximum Poir. in Lam., Encycl., suppl. 4: 281. 1816. 
Planta herbácea, estolonífera ...... cariopses amarelo-avermelhados. 
Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Cachoeirinha, 
3/II/1999, Mattos 2233 
(SP, RB, UEC); São José dos Pinhais, Roseira, 5/XI/1961, Hatschbach 
8444 (MBM, US)”. 
a. Quem foi o primeiro autor a descrever esta espécie? 
b. Qual o autor e o ano da publicação válida? 
c. O que significa “Mattos 2233”?

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