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AULA_01_Sistematica vegetal_TEXTO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
ESTUDO DIRIGIDO 
Sistemática vegetal 
Curso: Farmácia Disciplina: Farmacobotânica Prof. Ionaldo J. L. Diniz Basílio 
Data: Ano: 2012.2 
O objetivo deste capítulo é introduzir o básico: O que é uma planta? O que é sistemática? Porque devemos 
estudar a sistemática de plantas na disciplina de Farmacobotânica? 
O que é uma planta? 
Esta pergunta pode ser respondida conceitualmente de duas 
formas. (1) De forma tradicional, as plantas podem ser 
incluídas nos organismos que realizam fotossíntese e 
possuam paredes celulares, esporos, dentre outros 
caracteres. Este grupo tradicional abrange uma variedade de 
organismos microscópicos, todas as algas e as espécies 
vegetais que vivem na terra. (2) Outra forma é avaliar a 
história evolutiva da vida para delimitar grupos de seres 
vivos. Sabe-se agora que os organismos fotossintetizantes 
evoluíram de forma independente uns dos outros e não são 
estreitamente relacionadas. Assim, o significado ou a 
definição da palavra planta pode ser ambíguo e variar de 
pessoa para pessoa. Alguns ainda gostam de tratar as plantas 
como um conjunto natural, definido por características em 
comum (mas que evoluíram independentemente). No 
entanto, os grupos de organismos delimitados, baseados na 
história evolutiva, tem uma aceitação quase universal. Este 
último tipo de classificação reflete os padrões da história 
evolutiva e pode ser usado para testar hipóteses evolutivas. 
Uma compreensão de que são as plantas, requer uma 
explicação da evolução da vida. 
Plantas e a evolução da vida 
A vida é atualmente classificada em três grandes grupos 
(algumas vezes chamado de domínios) de organismos: (1) 
Archaea (também chamado Arqueobactérias), (2) 
bactérias (também chamados Eubacteria) e (3) 
Eucariontes . As relações evolucionárias destes grupos 
encontram-se resumidos na árvore evolutiva ou cladograma 
a seguir. 
 
Figura. Cladograma simplificado (árvore evolutiva) da vida (modificado de 
Sogin, 1994, Kumar & Rzhetsky 1996, e Yoon et al. 2002), ilustrando a 
origem independente dos cloroplastos via endossimbiose (setas) nos 
Euglenófitos, Dinoflagelados, Plantas marrons, algas vermelhas, e plantas 
verdes. Grupos eucariotas fotossintetizantes, contendo cloroplastos 
(organismos em negrito). A ordem relativa dos acontecimentos evolutivos é 
desconhecida. 
Archaea e bactérias são pequenos organismos unicelulares 
que na maioria possuem DNA circu lar e ausência de 
organelas ligados à membrana. Os dois grupos diferem um 
do outro na estrutura química de certos componentes 
celulares. 
Eucariontes são organismos unicelulares ou multicelulares 
que possuem DNA linear, organelas ligadas à membrana, 
estruturas de citoesqueleto, estrutura contrátil e 
mitocôndrias, em quase todas as espécies. 
Algumas das bactérias unicelulares (inclu indo, por 
exemplo, as Cianobactérias) realizam a fotossíntese. Estas 
bactérias fotossintetizantes possuem um sistema de 
membranas internas chamadas tilacóides, dentro do qual 
estão incorporados pigmentos fotossintéticos, compostos 
que convertem a energia da luz em energia química. Os 
grupos dos Eucariontes que são fotossintetizantes têm 
organelas especializadas chamadas cloroplastos, que se 
assemelham aos pigmentos contidos nas membranas dos 
tilacóides das bactérias fotossintéticas. 
Como evoluíram os cloroplastos? É amplamente aceito que 
os cloroplastos dos Eucariontes foram originados pela 
imersão de uma bactéria fotossintética ancestral 
(provavelmente uma cianobactéria) em uma célula 
eucariótica ancestral, de tal forma que a bactéria 
fotossintetizante continuou a viver e, finalmente, 
multip licar-se no interior da célula eucariótica. A prova 
disso é o fato de que os cloroplastos, como nas bactérias de 
hoje (a) têm o seu próprio DNA de cadeia simples, circu lar e 
(b) tamanho menor (ribossomo 70S). Estas bactérias 
fotossintetizantes passaram a produzir uma grande 
quantidade de energia nas células eucarióticas (hospedeiro). 
A condição de duas espécies viverem juntas em contato 
próximo é chamada de simbiose, e o processo de imersão 
resultado da simbiose de uma célula em outra é denominada 
endossimbiose. 
Ao longo do tempo, estes endossimbióticos (bactérias 
fotossintetizantes) transformaram-se estrutural e 
funcionalmente, mantendo seu DNA próprio e a capacidade 
de se replicar, mas perdeu a capacidade de viver de forma 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
independente da célula hospedeira. De fato, ao longo do 
tempo, tem havido uma transferência de alguns genes do 
DNA do cloroplasto para o DNA nuclear da célula 
hospedeira eucariótica, fazendo dos dois indivíduos 
bioquimicamente interdependentes. 
 
As plantas terrestres 
As plantas verdes incluem tanto as algas verdes, 
predominantemente aquáticas e um grupo conhecido como 
embriófitos (fo rmalmente, Embriofita) (Figura a seguir). 
As plantas terrestres estão unidas por várias novidades 
evolutivas, adaptações que ocorreram na transição de 
ambiente aquático para o terrestre. Estes incluem: (1) 
cutícula externa, que auxilia na proteção de tecidos, contra 
a dessecação; (2) órgãos reprodutores, que têm uma 
camada exterior de proteção, formada de células estéreis, e 
(3) formação do embrião, em uma fase da vida. 
Assim, as plantas terrestres e plantas vasculares estão 
incluídas nas plantas verdes (Figura a seguir), sendo estas 
últimas unidas pela evolução independente dos esporófitos 
e a presença de tecidos vasculares condutores , xilema e 
floema. As plantas vasculares incluem as plantas com 
sementes , que são unidos pela evolução (formação) da 
madeira e das sementes . Por fim, as plantas com sementes 
incluem as angios permas , grupo de maior interesse na 
Farmacobotânica, unidas pela evolução das flores , incluindo 
estames
1
 e carpelos
2
 (órgãos reprodutores), além de um 
grande número de estruturas especializadas. 
1. Estame é o órgão masculino das plantas que produzem flores: 
gimnospermas e angiospermas. Ao conjunto de estames dá-se o nome 
de androceu. Obs.: Gimnospermas (do grego gimnos = nu / sperma = semente) são plantas 
vasculares com frutos não carnosos (frutos sem polpa) e cujas sementes não se encerram num 
fruto. Diferenciando-se assim das angiospérmicas, que têm suas sementes envoltas por um 
fruto gerado por um ovário. 
2. Carpelo é uma estrutura presente em todas as Angiospermas, sendo a 
unidade fundamental do gineceu. Obs.: Gineceu é o conjunto de órgãos 
reprodutores femininos de uma flor, o conjunto dos pistilos. 
 
Figura. Cladograma simplificado (árvore evolutiva) das plantas verdes, 
ilustrando grandes grupos existentes e eventos evolutivos. 
 
Por que devemos estudar as plantas? 
A importância das plantas não pode ser desprezada. Sem as 
plantas, a maioria das espécies de animais (e muitos outros 
grupos de organismos) não iria estar presentes. Organismos 
fotossintetizantes, principalmente as plantas transformaram 
a vida na terra de duas maneiras principais. 
Em primeiro lugar, a oxidação de dióxido de carbono e a 
libertação de oxigênio molecular (fotossíntese) alterou a 
atmosfera da terra ao longo de bilhões de anos. O que 
costumava ser uma atmosfera deficiente de oxigênio sofreu 
uma mudança gradual. Com o acumulo de oxigênio na 
atmosfera, a respiração passou a depender de oxigênio (via 
fosforilação oxidativa nas mitocôndrias). Este processo pode 
ter sido um precursor necessário na evolução de muitos 
organismosmulticelulares, incluindo todos os animais. 
Além disso, uma atmosfera rica em oxigênio permitiu o 
estabelecimento da camada de ozônio na atmosfera superior, 
protegendo a vida da radiação ultravioleta, em excesso. 
Estes organismos passaram a habitar locais mais expostas à 
luz solar, antes inacessíveis. 
Em segundo lugar, os compostos que espécies 
fotossintetizantes produzem são utilizadas, direta ou 
indiretamente, por organismos heterotróficos. Praticamente 
todos os indivíduos terrestres e muitos aquáticos. Além 
disso, as plantas terrestres é a fonte primária na cadeia 
alimentar, fonte de compostos de alta energia, tais como: 
carboidratos, alguns aminoácidos e outros compostos 
essenciais para o metabolismo de alguns organismos 
heterotróficos. Assim, a maioria das espécies que habitam a 
terra hoje, incluindo milhões de espécies de animais é 
absolutamente dependente das plantas para a sua 
sobrevivência. Como produtores primários, as plantas são os 
principais componentes de muitas comunidades e 
ecossistemas. A sobrevivência das plantas é, portanto, 
essencial para a manutenção da saúde desses ecossistemas e 
sua perturbação pode ocasionar problemas, como mudanças 
bruscas do clima e falta d’água. 
Aos seres humanos, as plantas também são 
monumentalmente importantes (figuras a seguir). Plantas de 
interesse agrícola, a maioria dos quais são nossa principal 
fonte de alimento. Utilizamos todas as partes da planta como 
produtos alimentares: raízes (batata doce e cenouras); caules 
(inhame, mandioca e batata); folhas (repolho e alface); 
flores (brócolos); frutos e sementes, incluindo os grãos, 
como arroz, trigo, milho, centeio, cevada e aveia; 
leguminosas, como feijão e erv ilhas; e uma in fin idade de 
frutas, como bananas, tomates, pimentas, abacaxi, maçãs, 
cerejas, pêssegos, melões, kiwis e azeitonas . 
Outras plantas são usadas como agentes flavorizantes (ervas 
e especiarias), bebidas estimulantes (chocolate, café, chá e 
cola) ou bebidas alcoólicas (cerveja , vinhos e licores). 
Plantas lenhosas são usadas na obtenção de madeira e 
produtos de celulose, como papel. Em regiões tropicais, 
bambus, palmeiras e uma variedade de outras espécies são 
utilizados na construção de habitações. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
Em muitas culturas, plantas ou produtos derivados de 
vegetais são utilizados como alucinógenos (legal ou 
ilegalmente), tais como : maconha, ópio, cocaína e uma 
grande variedade de espécies usadas em rituais indígenas. 
As plantas são importantes na Indústria de Cosmético e no 
cultivo de plantas ornamentais. Finalmente, as plantas têm 
grande importância medicinal, no tratamento de uma 
variedade de doenças. Produtos vegetais são muito 
importantes na Indústria Farmacêutica; seus compostos são 
usados como modelos na síntese novos fármacos. Muitos 
medicamentos modernos, como a aspirina (derivada 
originalmente da casca das árvores de salgueiro), vincristina 
e vinblastina, obtido a partir de Catharanthus roseus “bom-
dia, boa-noite” (espécie nativo de Madagascar), usado no 
tratamento de leucemia em crianças. Além d isso, partes de 
plantas, integras, rasuradas ou trituradas são utilizadas pela 
população na forma de chás (alimentos) ou drogas vegetais . 
 
 
Figura. Exemplos de plantas economicamente importantes. A–E. Legumes. 
A. Ipomoea batatas, batata-doce (raiz). B. Daucus carota, cenoura (raiz). 
C. Solanum tuberosum , batata (caule). D. Lactuca sativa, alface (folhas). E. 
Brassica oleracea, brócolis (botões florais). F–I. Frutos, seco (grãos). F. 
Oryza sativa, arroz. G. Triticum aestivum , pão de trigo. H. Zea mays, 
milho. I. Semente (leguminosas), de cima, para a direita para o centro: 
Glycine max, soja; Lens culinaris, lentilha; Phaseolus aureus, Phaseolus 
vulgaris, feijão; Cicer areitinum, grão de bico; Vigna unguiculata; 
Phaseolus lunatus, feijão. J–M. frutos, frescos. J. Musa paradisiaca, 
banana. K. Ananas comosus, abacaxi. L. Malus pumila, maça. M. Olea 
europaea, azeitona. 
 
 
Figura. Exemplos de outras plantas economicamente importantes. A–D. 
Ervas. A. Petroselinum crispum, salsa. B. Salvia sp. .C. Rosmarinus sp., 
alecrim. D. Thymus vulgaris, tomilho. E. Espécies e ervas, superior 
esquerda: Cinnamomum cássia / C. zeylanicum , canela (casca); Baunilha 
planifolia; baunilha (fruta); Laurus nobilis, louro (folhas); Syzygium 
aromaticum, cravo; Myristica fragrans, noz-moscada (semente); Carum 
carvi, alcaravia (fruta); Anethum graveolens, endro (fruta); Pimenta dioica, 
pimenta da Jamaica (semente); Piper nigrum, pimenta (semente). F. Plantas 
condimentares, de superior à esquerda, no sentido horário. Theobroma 
cacau, chocolate (sementes); Coffea arabica, café (sementes); Thea 
sinensis, chá (folhas). G. Produtos da madeira: madeira e serrado (Sequoia 
sempervirens, Pau-Brasil), papel e derivados de celulose. H. Fibras. 
Gossypium sp., algodão (tricomas de sementes). I. Drogas alucinógenas. 
Cannibis sativa, maconha, contêm o tetrahidrocanabinol. J. Planta 
medicinal. Catharanthus roseus, da qual é derivada a vincristina e a 
vinblastina, usado no tratamento de leucemia em crianças. 
Questões 
1. O que é uma planta? Quais são as duas formas conceituais que 
podemos responder a esta questão? 
2. Quais são os três principais grupos de vida atualmente aceitos? 
3. Como evoluíram os cloroplastos? 
4. Que estruturas adaptativas retratam a evolução das plantas terrestres? 
5. Qual é sua teoria a cerca da existência de várias espécies vegetais 
(diversidade) no planeta? 
6. Quais são os principais fatores que mostram a importância do 
conhecimento das plantas, principalmente no contexto das Ciências 
Farmacêuticas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
Nomenclatura botânica, classificação e identi ficação de 
plantas medicinais. 
Introdução 
 Levando-se em conta o grande número de espécies 
de seres vivos existentes na natureza (cerca de 1,5 milhões 
de espécies, das quais 300 mil pertencem ao reino Plantae), 
tornou-se necessário à criação de um sistema de 
classificação desses seres. A dificuldade de criar um sistema 
desse porte fica claro ao se analisar os números acima. É 
difícil para os biólogos reconhecer todas as entidades de 
seres vivos e classificá-las em sistemas que reflitam a sua 
real posição hierárquica na natureza. 
Sistemas de classificação 
Os gregos tentaram reunir e organizar o conhecimento 
empírico acumulado, porém basearam-se apenas nos 
caracteres mais facilmente observados. Ao longo do tempo, 
foram surgindo numerosos sistemas de classificação que 
consistiam em reunir um conjunto de unidades taxonômicas , 
nas quais as plantas eram ordenadas e, por ordem 
cronológica, esses sistemas costumam ser agrupados da 
seguinte forma: 
1º Sistema baseado no hábito – primeiro que se 
tem conhecimento. Criado por Theophrastus 
entre 380-278 a.C., fez a classificação pelo 
hábito, ou seja, árvores, arbustos, ervas, 
cultivadas e selvagens. Também se destacam 
cientistas como Dioscórides , Albertus 
Magnus e Andrea Caesalpino (1519-1603), 
este último considerado o primeiro 
taxonomista vegetal. 
2º Sistemas artificiais baseados em características 
numéricas – sistema sexual criado por 
Linnaeus em 1753 (Obra Species Plantarum), 
o qual evidência as características florais, 
como presença de flores e principalmente no 
número e posição dos estames. Baseado nestes 
caracteres Linnaeus dividiu o Reino Vegetal 
em 24 classes. 
3º SistemasNaturais – classificação por 
semelhanças, ou seja, por compartilhar 
caracteres em comum. Um dos principais 
sistemas publicados neste período foi o de 
Antoine de Jussieu (1686-1758), que 
reconheceu 15 classes e 100 ordens. Esse autor 
sugeriu a classificação em Acotiledônea, 
Monocotiledônea e Dicotiledônea. 
Considerando a presença e ausência de pétalas 
e a soldadura, destas reconheceu três grupos, 
denominando-os de Apetalae, Monopetalae e 
Polypetalae. Outro cientista importante foi 
Augustin P. de Candolle (1778-1841), que 
em seu sistema fez a distinção entre plantas 
vascularizadas e talófitas
1
, porém houve a 
inclusão de Pteridófitas
2
 como 
Monocotiledôneas. 
1. Grupo de vegetais que possuem tecido único, não diferenciado 
“TALO”. Ou seja, apresentam multicelularidade com interdependência 
e compreendem as algas. 
2. Grupo de vegetais vasculares sem sementes, composto por raiz, caule e 
folhas. Incluem as samambaias e cavalinhas, entre outros. 
 
4º Sistemas baseados em filogenia – baseados na 
teoria da evolução das espécies de Darwin 
(1859), relacionando-a com afinidades em 
relação à ancestralidade e descendência. Os 
sistemas mais conhecidos dentro da 
filogenética são os trabalhos de Engler (1964), 
Cronquist (1968, 1981 e 1988) e Dahglgren 
(1985). Este último mostrou uma preocupação 
maior com as abordagens filogenéticas e 
construiu um tratamento cladístico para 
Monocotiledôneas. Por outro lado, a 
sistemática filogenética criada por Willi 
Henning (1950) considera que a história 
evolutiva da relação ancestralidade-
descendência dos organismos pode ser 
reconstruída e representada através de um 
cladograma e que para a construção deste 
diagrama hipotético deve ser levada em 
consideração, pelo menos uma característica 
monofilét ica. A partir da década de 90, 
destacam-se os trabalhos produzidos por 
Walter Judd (1999), que utilizou também 
técnicas moleculares para a construção de 
cladogramas. 
3. Em cladística, um clado ou clade (do grego klados, ramo) é um grupo 
de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo (ver 
figura abaixo). 
 
 
Desde a metade do século XVIII, os nomes das plantas eram 
formados por diversas palavras, porém em 1753, Linnaeus 
propôs o sistema Binominal no qual a primeira palavra 
seria usada para indicar o gênero e a segunda seria o 
epíteto específico. Todavia, com a descoberta de novas 
espécies tornou-se necessário a elaboração de algum 
documento que pudesse organizar de forma adequada os 
binomes e as categorias taxonômicas. Assim, em 1867, 
Alphonse de Candolle sugeriu algumas normas de 
organização da nomenclatura botânica. Após muitas 
revisões e discussões criou-se o “Código de Paris de 1867” 
e, desde então, periodicamente são realizados congressos 
internacionais com o objetivo de consolidar um Código 
Internacional de Nomenclatura Botânica, estabelecendo e 
universalizando os nomes referentes a cada categoria 
taxonômica. Este Código está organizado de acordo com 
Princípios, Recomendações e Regras (a seguir maiores 
detalhes). 
Cladograma mostrando 
dois clados a azul e 
vermelho. Os ramos a 
verde não representam 
um clado, pois os 
ramos a azul também 
descendem dali. 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
Classificação e identificação 
Antes de qualquer coisa é necessário estabelecer a diferença 
entre classificação e identificação. 
Classificação: processo de se agrupar um ser vivo, em uma 
categoria específica, dentro de uma hierarquia. Esse 
processo é feito apenas uma vez, exceto em caso de 
recolocação, devido ao surgimento de evidências que 
indicam erro na classificação anterior. 
Identi ficação: consiste em comparar dados de um espécime 
(indiv íduo) a ser analisada, com uma espécie já descrita. 
Essa comparação é feita cada vez que se deseja conhecer o 
nome de um indivíduo coletado. Pode basear-se também em 
dados de um espécime existente em uma coleção (no caso de 
plantas – um herbário), ou ainda com dados e ilustrações 
encontrados na literatura. 
Coleta, herborização e catalogação de amostras vegetais 
Uma das principiais preocupações de um cientista que 
trabalha com plantas é a reprodutibilidade do seu trabalho. 
Para tanto, o mesmo necessita que amostras do material 
coletado sejam guardadas, não apenas para identificação ou 
classificação correta, bem como para comprovação de que o 
trabalho se realizou com a espécie correta. Esse exemplar do 
material botânico se chama exsicata e será estudado com 
detalhes a seguir. 
Coleta 
Detalhes essenciais devem ser levados em conta ao se 
proceder a coleta de plantas. O primeiro cuidado é observar 
a quantidade de espécimes do vegetal em questão na região 
de coleta, isto para evitar que sejam coletados exemplares de 
uma espécie em risco de ext inção. Um exemplo clássico de 
quase extinção, temos Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo 
(= T. avellanedae Lorentz ex Griseb.), conhecido 
popularmente como Ipê-roxo. A casca da árvore passou a ser 
coletada indiscriminadamente pela população, após 
publicação de resultados interessantes no tratamento de 
câncer. 
A coleta deve sempre contar com a presença de um botânico 
e/ou de um mateiro experiente (de preferência, os dois). Para 
coletas que visem simples mente identif icar um determinado 
vegetal, faz-se necessário pouco material (coletar exemplar 
com flores é essencial e, caso seja possível, frutos). Caso a 
coleta seja para estudos fitoquímicos devemos coletar em 
média 10 Kg de material para obter um rendimento final 
aproximado de 1 Kg de p lanta seca (estudos clássicos). 
Atualmente, com o desenvolvimento de técnicas avançadas 
de separação e identificação de compostos químicos, a 
abordagem fitoquímica quantidades mínimas no processo 
inicial (triagem química e farmacológica). 
Herborização 
Herborização é o processo de preparação de um exemplar 
vegetal para conservação em uma coleção de plantas 
denominada herbário. Ao exemplar devidamente preparado 
(herborizado) para fazer parte de um herbário, chama-se 
exsicata (do latim exs icco, significa secar). Normalmente, 
essas exsicatas são acondicionadas em pastas de papel. 
Os cuidados para a preparação de uma boa exsicata se 
iniciam na coleta, onde se deve ter o cuidado de coletar um 
exemplar que contenha seus órgãos reprodutivos (flores e/ou 
frutos), o que facilitará sobremaneira a identificação. Plantas 
com até 80 cm podem ser coletadas inteiras, já arbustos ou 
árvores utilizam-se as porções terminais dos ramos (cerca de 
30 cm), onde se encontram as flores e/ou frutos. 
A herborização é feita p rensando-se o material coletado 
entre folhas de papel absorvente (jornal, por exemplo), 
seguidos de papelão e finalmente madeira. Todo esse 
material deve ser colocado em uma estufa com ar circulante, 
por um período que varia, com a umidade do vegetal. 
A etiquetação do material em estudo é outro fator de 
extrema importância para que sejam evitados enganos. 
Existe ainda uma regra para o tamanho de uma exs icata, a 
pasta deve ser do tamanho de um jornal tabló ide. Na 
etiqueta de coleta deve constar o número de referência da 
coleta e dados da mesma, tais como: local, data, hora. Deve 
ainda constar nome popular, nome botânico, família 
botânica, nome do coletor e também o nome do botânico 
que identificou a espécie, além dos dados que não mais 
serão percebidos após secagem do material, tais como: cor 
das flores e folhas, aroma. O número de referência de uma 
exsicata em um determinado herbárioé de suma 
importância, po is, muitos revistas científicos exigem esse 
número, principalmente quando se deseja publicar um artigo 
cientifico na área de fitoquímica e farmacológica. 
 
Figura. Exemplo de etiqueta. 
Identi ficação de es pécies 
Tanto a planta coletada recentemente, como uma exsicata 
pode ser usada para se proceder à identificação. A presença 
de flores e/ou frutos na amostra é quase indispensável na 
análise da amostra vegetal, pois, neles estão presentes 
caracteres específicos levados em conta no trabalho do 
botânico. A falta desses caracteres pode induzir erro na 
identificação. Quanto maior a biod iversidade do local onde a 
planta foi coletada, mais difícil será sua identificação, sendo 
o inverso verdadeiro. 
A identificação correta de uma espécie implica na 
comparação com material previamente herborizado e 
extensa revisão bibliográfica. As monografias de cada 
gênero constituem a literatura mais confiável para esse fim. 
Na ausência dessas, pode-se partir para as floras da região, 
estado ou mesmo reserva biológica, onde foi feita a coleta. 
No Brasil é escasso o número de publicações dessa natureza, 
podendo-se consultar a Flora Neotrópica, onde se encontra 
dados de plantas brasileiras, além de teses e dissertações 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
diversas que geralmente descrevem a flora de pequenas 
regiões. Essas publicações contêm normalmente as chaves 
de identificação das espécies, descrições e ilustrações que 
facilitam a determinação da identidade do material vegetal. 
Conceito de es pécie 
O termo espécie denomina os grupos de indivíduos 
idênticos, diferindo de outros grupos populacionais menos 
semelhantes. Quando em uma espécie existirem dois ou 
mais grupos de plantas , com uma ou mais características 
constantes em cada grupo, a mes ma pode ser div idida em 
subespécies. 
As espécies, principalmente aquelas de importância 
econômica, também podem ser d ivididas em variedades, 
cultivares e formas. 
Variedades 
São entidades infraespecíficas que ocorrem na natureza. 
Cultivares 
São produtos de cruzamentos entre plantas, com a finalidade 
de se obter descendências com determinadas características 
de interesse. 
Formas 
As formas são populações dentro de uma espécie que 
diferem entre si em apenas um caráter constante. Nem 
sempre são consideradas por taxonomistas. 
Categorias taxonômicas 
Cada unidade taxonômica supragenérica tem um sufixo 
próprio que indica em que grau o grupo está incluído dentro 
do sistema. Na tabela a seguir, observa-se um exemplo 
baseado no sistema de classificação de Cronquist (1988), 
lista hierarquicamente as diferentes unidades taxonômicas e 
é ilustrado com duas espécies bem conhecidas, a batata 
inglesa (Solanum tuberosum L.), da classe Magnoliopsida e 
o milho (Zea mays L.), da classe Liliopsida. A batata inglesa 
pertence a um gênero que é formado por cerca de 1500 
espécies e por isso é dividido em subgêneros e seções, 
enquanto que o milho pertence a um gênero monoespecífico, 
não necessitando, portanto, de divisões infragenéricas. 
 
 
Tabela. Classificação de Solanum tuberosum L. e Zea mays L. segundo Cronquist (1988). 
Categoria taxonômica Sufixo Batata inglesa Milho 
Div isão phyta Magnoliophyta Magnoliophyta 
Classe opsida Magnoliopsida Liliopsida 
Subclasse idae Asteridae Commelinidae 
Ordem ales Solanales Cyperales 
Família aceae Solanaceae Poaceae 
Subfamília oideae Solanoideae Panicoideae 
Tribo eae Solaneae Andropogoneae 
Subtribo inae Solaninae Tripsacinae 
Gênero Solanum Zea 
Subgênero Solanum 
Seção Petota 
Espécie Solanum tuberosum L. Zea mays L. 
 
Nomenclatura científica 
A espécie é a entidade base nos sistemas de classificação. 
Cada espécie tem um nome científico, formado por um 
binômio, que deve obedecer às regras do Código 
Internacional de Nomenclatura Botânica. Esse código sofre 
modificações por decisão do Comitê Permanente de 
Nomenclatura, em seções plenárias nos Congressos 
Internacionais de Botânica. A nomenclatura binomial foi 
estabelecida por Linnaeus em 1753 e as Principais regras 
são: 
1 – O nome Científico é sempre um binômio escrito em 
latim ou em palavras ou nomes lat inizados. 
2 – A primeira palavra do binômio científico corresponde ao 
gênero e deve ser escrita com letra in icial maiúscula. A 
segunda palavra corresponde ao epíteto específico, para uma 
espécie determinada, o qual deve concordar 
gramat icalmente com o nome do gênero e ser escrito com 
letra inicial minúscula. 
3 – O binômio científico deve ser acompanhado do nome do 
autor do mesmo, ou seja, daquela pessoa que descreveu a 
espécie. Nomes de autores podem ser abreviados, sendo 
recomendado que as abreviaturas não sejam aleatórias. 
4 – Sempre que houver mais de um epíteto específico para 
nominar uma espécie, vale o princípio da prioridade, 
devendo ser utilizado o nome mais antigo, sendo os demais 
considerados sinônimos. Essa regra vale pra todos os nomes 
publicados a partir de 1753. Estes dados podem ser 
confirmados no site a seguir: http://www.ipni.org/ 
5 – O binômio científico deve ser grifado no texto (o grifo 
em itálico é o usual; quando manuscrito deve ser 
sublinhado). 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
6 – As principais categorias dos taxa e m sequência 
descendente são: Reino, Div isão, Classe, Ordem, Família, 
Gênero e Espécie; 
7 – As categorias secundárias em sequência descendente 
são: tribo (entre família e gênero), seção e série (entre 
gênero e espécie) e variedade e forma (abaixo de espécie); 
8 – Caso um maior número de categorias de taxa seja 
necessário, basta acrescentar o prefixo sub aos termos que 
indicam as categorias principais ou secundárias: subclasse, 
subfamília, subgênero e subespécie; 
9 – Nomes de híbridos são precedidos pelo sinal “x”. Por 
exemplo : Mentha x piperita L. 
10 – Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor 
do basiônimo (primeiro nome dado a uma espécie) deve ser 
citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez 
a nova combinação e o epíteto original deve ser mantido, 
exceto em casos que o mesmo já tenha sido utilizado para 
outra espécie do gênero. 
11 – Epítetos descriptivos: 
 Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, 
niger, virens (verde), viridis (verde). 
 Relacionados com a origem: australis, borealis, 
meridionalis, orientalis. 
 Relacionados com a distribuição geográfica: 
africanus, alpinus, alpestris (Alpes), hispanicus, 
ibericus. 
 Relacionados com o hábito: arborescens. 
 Relacionados com o hábitat: arvensis, campestris, 
lacustris. 
 Relacionados com o tamanho: minor, major, 
robustus. 
 
Tipos de Citação do autor 
1. Lilium superbum L.  “L” faz referência a Linnaeus e é 
o autor. 
2. Didymopanax gleasonii Britton et Wilson  dois 
autores usa-se et ou &. 
3. Tillandsia tomentelli De Luca et al.  para mais de 
dois autores. 
4. Capparis lasiantha R. Br ex DC. 
Robert Brown (abrev iatura R. Br) - denominou uma 
espécime de herbário Capparis lasiantha, reconhecendo a 
nova espécie, mas não preparou descrição e não publicou, 
apenas escreveu o novo nome na folha do herbário. Mais 
tarde, De Candole, concordando com Brown publicou a 
nova espécie utilizando o nome a espécie dado por Brown. 
 
Nomes populares 
Nomes populares, vulgares ou vernaculares são regionais e 
não recebem importância, de modo geral, em um trabalhocientífico. Por outro lado, são úteis e importantes em 
trabalhos etnobotânicos, como fonte de informação sobre a 
cultura ou vocabulário de uma população, podendo dar 
indícios sobre a utilização popular de uma espécie. 
 
Questões 
1. Considerando o princípio da prioridade, indique os nomes válidos e, 
consequentemente, o seu sinônimo: 
a. Aristolochia gardens Lineu (1856) 
Aristolochia glabra Benton (1873) 
b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin (1967) 
Gaudinia holosica Moore (1952) 
c. Omphalobium ovatifolius Martius (1817) 
Omphalobium glabratum A. DC. (1978) 
e. Viburnum fragrans Bunge (1831) 
Viburnum fragrans Lorsel. (1824) 
 
2. Análise a nomenclatura empregada para as espécies, indicando: gênero, 
epíteto, autor(es) do nome(s) e características que o nome está 
evidenciando. 
a. Vulpia ciliata Dumort. 
b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin, sp. nov. 
c. Cordia hermanniifolia var. calycina Cham. 
d. Silene dioica subsp. zetlandia var. alba 
 
3. Das citações abaixo, indique: Autor do nome, autor que validou o nome 
da espécie e ano da publicação válida. 
a. Viburnum ternatum Rehder in Sargent, Trees and Scrubs 2:37. 1907 
b. Teucrium chademii Sadwich in Lacaita, Cavanillesia 3:38. 1930 
 
4. A espécie Melochia cordata Burm. 1768 foi revisada por Borssum em 
1966, que chegou a conclusão de que esta pertencia ao gênero Sida, 
modificando seu nome. Qual será a atual nomenclatura desta espécie? 
 
5. Leia a informação abaixo e responda as perguntas: 
“Panicum maximum Poir. in Lam., Encycl., suppl. 4: 281. 1816. 
Planta herbácea, estolonífera ...... cariopses amarelo-avermelhados. 
Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Cachoeirinha, 
3/II/1999, Mattos 2233 
(SP, RB, UEC); São José dos Pinhais, Roseira, 5/XI/1961, Hatschbach 
8444 (MBM, US)”. 
a. Quem foi o primeiro autor a descrever esta espécie? 
b. Qual o autor e o ano da publicação válida? 
c. O que significa “Mattos 2233”? 
 
6. Crie um sistema natural de classificação, com o material botânico 
fornecido pelo professor.

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