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RESUMO-- DPP_AV2.docx.pdf

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(RESUMO) PROCESSO PENAL – AV2 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
É um procedimento administrativo destina à colheita de provas. 
Características 
a) Escrito​ – até as provas orais (como as testemunhais) ou visuais (como o 
reconhecimento de uma pessoa ou de uma coisa) são reduzidos a termo. 
b) Inquisitivo​ – significa que não há contraditório nem ampla defesa. O artigo 5º, inciso 
55 da Constituição Federal, que trata do Princípio do Contraditório e Ampla Defesa, 
aplica-se apenas ao processo. O inquérito policial não é um processo e, sim, um 
procedimento administrativo. 
c) Sigiloso​ – diferentemente do processo, que é público, nos termos do artigo 60 da 
Constituição Federal, o inquérito policial é sigiloso nos termos do artigo 20 do CPP: “a 
autoridade vai assegurar o sigilo do inquérito policial”, porém existem alguns 
elementos para os quais não se estende o sigilo: 
1º) juiz​ – pois é o maior fiscal da regularidade do inquérito policial. 
2º)​ ​Ministério Público​ – pois o representante do Ministério Público é normalmente o 
maior interessado no inquérito policial. 
3º) Advogado​ – este sempre terá acesso ao inquérito policial. O artigo 7º do Estatuto 
da OAB assegura ao advogado o acesso aos autos do inquérito policial (as folhas) e ao 
preso. 
O advogado, ao ter este direito negado, deverá impetrar mandado de segurança 
(artigo 5º, inciso 69 da Constituição Federal), vale quando se nega o acesso ao preso. 
Quanto ao direito de acesso aos autos, caso for negado, há a Súmula Vinculante 14 do 
STF, a qual assegura ao advogado o aceso aos autos de toda a investigação. Se este 
direito lhe seja negado, o advogado poderá fazer uma reclamação (que é uma ação), a 
qual será endereçada diretamente ao STF. 
d) Dispensável​ – pois é possível iniciar uma ação penal diretamente, mas é necessário 
que haja provas (indispensáveis), pois ninguém pode ser processado sem provas. Se 
uma pessoa for processada sem provas, caberá ​habeas corpus​ . 
Pontos importantes no inquérito policial 
a) Vício (alguma irregularidade) 
Neste caso não se pode afirmar que haverá nulidade, pois o inquérito policial não é 
processo. 
Os vícios ou irregularidades que ocorrerem no inquérito policial darão ensejo à 
diminuição do valor probatório, ou seja, as provas terão um valor diminuído. Além 
disso, um inquérito policial com vícios poderá ocasionar um relaxamento de prisão. 
b) Incomunicabilidade do preso 
Existia nos termos do artigo 21 do CPP, porém não mais. A Constitui Federal não 
ratificou esta norma. Portanto, a incomunicabilidade do preso é ato inconstitucional. 
c) Prazo para conclusão do inquérito policial 
Via de regra, quando o indiciado estiver preso, o inquérito policial durará dez dias, se 
livre, até trinta dias. 
Para o réu preso, o prazo de dez dias não poderá ser prorrogado, ou seja, trata-se de 
prazo improrrogável. Se passar este prazo, terá o indiciado direito ao relaxamento da 
prisão. 
O prazo de trinta dias para o indiciado que estiver livre pode ser prorrogado pelo juiz e 
por inúmeras vezes, desde que haja provas e que o crime não esteja prescrito. 
Importante destacar que, no caso da Lei de Drogas, 11.343/2006, o prazo de conclusão 
do inquérito policial é de trinta dias, se o indiciado estiver preso, se estiver livre, o 
prazo será de noventa dias. 
Outro importante fator é que, no caso da Lei de Drogas, o juiz pode duplicar o prazo do 
inquérito policial, se houver requerimento do delegado de polícia. 
d) Finalização do inquérito policial 
A peça que dá encerramento ao inquérito policial é o relatório. O relatório 
final do inquérito policial não vincula o promotor a nada. O promotor pode ter um 
entendimento diferente, afinal o inquérito policial é uma peça inquisitiva. 
e) Ações do Ministério Público em face do inquérito policial 
O promotor tem três opções, a saber: 
1 – Oferecer a denúncia​ - se convencido do conjunto de provas a embasar uma ação 
penal. Diante da denúncia, o juiz poderá receber ou rejeitar a denúncia. 
2 – Pedir o arquivamento do inquérito policial ​- quem arquiva o inquérito é sempre o 
juiz. Se este concordar, haverá o arquivamento, caso contrário, deverá remeter os 
autos ao Procurador Geral, ou seja, ao chefe do Ministério Público, nos termos do 
artigo 28 do CPP. 
3 – Solicitar novas diligências​ – no caso de pensar em insuficiência nas provas, 
ordenando o retorno do inquérito ao delegado para a produção de novas provas. O 
juiz será obrigado a concordar, já que o promotor é o titular da ação penal. 
Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI 
Para uma CPI ser criada é necessária a assinatura de um terço dos parlamentares. Ela 
se destina a investigar fato certo por prazo determinado que pode ser prorrogado. 
Uma CPI tem poderes instrutórios de juiz, ou seja, pode fazer provas, como: 
a) Determinar a intimação de uma pessoa. 
b) Ordenar sua conduta coercitiva. 
c) Requisitar documentos. 
Não pode uma CPI​: 
a) Decretar a interceptação telefônica (o grampo telefônico). 
b) Decretar a busca domiciliar. 
Quaisquer abusos praticados por uma CPI poderão ser coibidos em sede de habeas 
corpus. 
RDD - Regime Domiciliar Diferenciado 
É uma punição disciplinar imposta ao preso provisório ou condenado. 
Características do RDD 
a) Celas individuais – individualidade como respeito. 
b) Apenas duas visitas semanais – menos para crianças. 
c) Duas horas por dia de banho de sol – saída da cela. 
Prazo 
A LEP – Lei de Execução Penal, artigo 52, enfatiza que 360 dias é o prazo máximo do 
RDD, com prorrogação em caso de nova falta grave, até o máximo de 1 pena. Somente 
o juiz pode decretar o RDD nos termos do artigo 52 da LEP: 
a) Quando se tratar de preso perigoso; 
b) Quando se praticar crime doloso dentro da prisão; 
c) Quando d fixação ou indícios de que a pessoa participa do ​crime organizado ​. 
Uso de algemas 
Segundo o STF, Súmula Vinculante 11, enfatiza-se que as algemas só poderão ser 
usadas: 
a) Se houver risco de fuga; 
b) Resistência à prisão; 
c) Risco à segurança do preso ou de terceiros. 
Se a autoridade policial usar a algema de forma irregular poderá arcar com uma 
punição disciplinar, civil e penal. Haverá também a nulidade da prisão e do ato 
processual ao qual ela se refere e a ​responsabilidade civil​do Estado. 
Reabertura do inquérito policial 
Pode haver a reabertura do inquérito policial quando surgirem novas provas, apenas 
nesta hipótese. É o que determina a jurisprudência. 
Inicio do inquérito policial 
Depende do tipo de ação penal. Se for por uma ação penal privada, por exemplo, 
calúnia, honra, injúria e difamação, o rito é o REQUERIMENTO de instauração do 
ofendido. Se for ação penal pública, por exemplo, lesão leve, ameaça, por meio da 
REPRESENTAÇÃO do ofendido, no prazo de 6 meses, a contar do conhecimento da 
autoria. Se o ofendido não o fizer, a consequência é a decadência: extinção da 
punibilidade. 
Inicio do inquérito policial nos crimes de ação penal pública incondicionada 
a) Por portaria (de ofício) do delegado, o qual descreve que houve conhecimento de 
crime, determinando instauração de um inquérito. 
b) Por requisição do promotor ou juiz – e embora o delegado não seja subordinado do 
juiz ou promotor, ele será obrigado a aceitar. 
c) Requerimento do ofendido. 
Observação 
Vale para todos os crimes: o auto de prisão em flagrante. 
3- ​ AÇÃO PENAL 
Trata-se de um direito de pleitear do Estado uma prestação jurisdicional, um 
pretensão punitiva (​jus puniendi​ ) prevista no artigo 100, caput, do Código Penal. O 
delegado deverá tomar ciência da notícia crime (​notitia criminis​ ) que culminará no 
indiciamento do indivíduo, via de regra. 
O indiciamento é o ato formal de indicar que alguém é autor de um crime, segundo 
sua convicção. 
Caso o delegado entenda que nãohá razões para o indiciamento, não precisará 
motivar sua decisão. O indiciamento pode ocorrer a qualquer momento do inquérito 
policial. 
Tem-se a ação penal pública e privada. A diferença entre elas está na titularidade (no 
dono da ação, ou ​dominus liti​ ). Na ação penal pública o titular é o Ministério Público: 
artigo 129 da Constituição, inciso I. Na ação penal privada o titular é ofendido ou seu 
representante legal. Esta ação também é chamada de ação penal de iniciativa privada. 
Na verdade toda ação penal seria pública, todavia o legitimado é o ofendido. 
Por isso, se prefere o nome ação penal de iniciativa privada. Há outra diferença entre 
as ações, que é com relação à petição inicial. 
3.1 Ação penal Pública 
A ação penal pública o início é marcado por uma petição inicial chamada 
denúncia. Na ação penal de iniciativa privada se inicia por meio de uma petição inicial 
denominada queixa (queixa – crime). 
Os requisitos da denúncia e queixa são os mesmos e estão previstos no artigo 
41 do CPC, a saber: 
a) A exposição minuciosa dos fatos; 
b) A qualificação do acusado ou sinais de identificação deste; 
c) Rol de testemunhas. 
Há duas modalidades de ação penal pública: 
a) Ação penal pública incondicionada: Artigo 100, parágrafo 1º, 1ª parte do 
CPC. 
É aquela em que o Ministério Público não precisa de autorização para iniciá-la. 
Ele como sabedor da existência de um crime e tendo as provas, oferecerá a denúncia. 
b) Ação penal pública condicionada: Artigo 100, 1º co Código Penal e artigo 
24 do CPP. 
O Ministério Público precisa de uma autorização para iniciá-la. Esta 
autorização poderá ser a representação do ofendido e a requisição do Ministério da 
Justiça. 
3.1.2 Princípios que regem a ação penal pública 
3.1.2.1 Princípio da obrigatoriedade ou necessidade 
Ocorre quando o Ministério Público, tendo as provas suficientes, é obrigado a 
oferecer a denúncia. 
Há uma exceção, que é a lei 9099/95, o JECRIM, o qual atenuou o rigor deste 
princípio por meio de outro denominado ​discricionariedade regrada​, o qual enfoca 
que nas transações de menor potencial ofensivo, previstas na lei 9099, cuja pena 
máxima não excede dois anos, o promotor pode transacionar, isto é, fazer um acordo 
com o suspeito para que se evite o processo penal. 
3.1.2.2 Princípio da indisponibilidade 
Significa que ao iniciar o processo, o promotor deverá acompanhá-lo até o 
final, ou seja, não poderá desistir da cão. Ele não pode desistir dos recursos 
interpostos. Alguns chamam esta atitude de princípio da indesistibilidade, mas ele é 
uma consequência do princípio da indisponibilidade. 
3.1.2.3 Princípio da oficialidade 
Enfoca que a titularidade da ação penal pública é atribuída ao Ministério 
Público, órgão oficial, nos termos do artigo 129, I do CPP. 
3.1.2.4 Princípio da intranscedência 
Enfatiza que somente poderá ser processado criminalmente o autor da 
infração, ou seja, não se processa os ascendentes ou descendentes e, sim, o autor do 
crime. 
3.2 Ação Penal Pública Condicionada 
Pode ser condicionada ou à representação do ofendido ou à requisição do 
Ministro do Justiça. 
3.2.1 Representação do ofendido 
É exigida, por exemplo, nos crimes de ameaça e lesão corporal de natureza 
leve e lesão corporal culposa. De acordo com o artigo 38 do CPP, a vítima tem 6 meses 
a contar do conhecimento da autoria para representar e a representação pode ser 
feita por escrito ou oralmente. 
Em caso de morte da vítima, o direito de representação é transferido ao CADI 
– Cônjuge, ascendente, descendente e irmão. 
A vítima pode voltar atrás na decisão de representar até o oferecimento da 
denúncia. A exceção é a ​Lei Maria da Penha​: 11+340/2006, que são par crimes 
praticados com violência doméstica ou familiar contra mulher. A mulher, vítima, nos 
termos da Lei Maria da Penha, pode voltar na decisão de denunciar perante o juiz, ou 
seja, não pode haver retratação na delegacia antes do recebimento da denúncia. 
3.2.2 Requisição do Ministro do Justiça 
Foram poucos os casos de requisição na história do país. Lembremos do caso 
do crime contra a honra do Presidente Lula em que um jornalista norte - americano o 
chamou de bêbado. 
Não há prazo para a requisição, ou seja, pode ser feita enquanto o crime não 
estiver prescrito. O CPP não enfoca se a requisição é retratável, fica a critério da 
doutrina. 
3.2.3 Ação penal nos crimes contra o costume 
Esse tema mudou recentemente pela Lei 1215/2009, ou seja, os crimes contra 
os costumes, ​estupro​, atentado violento ao pudor e os contra a liberdade sexual eram 
crimes de ação penal privada, ou seja, a vítima deveria processar o autor. O atentado 
violento ao pudor (artigo 214 do CP) não existe mais. 
Os artigos 213 e 214 foram fundidos num só crime. Agora homem pode ser 
vítima de estupro, pois estupro não é apenas conjunção carnal, qualquer ato libidinoso 
com violência ou grave ameaça à pessoa é estupro. 
Neste caso, a ação penal é pública condicionada à representação, ou seja, a 
vítima oferecerá a representação e o MP denunciará. 
Há exceções, como o fato da vítima menor de 18 ou vulnerável (é a vítima 
que, por razões pessoais, está embriagada, entorpecida, doente mental, enfim, que 
não opõe resistência) a ação penal será pública incondicionada. 
A súmula 608 do STF afirma que os crimes contra os costumes praticados com 
violência também são de ação penal pública incondicionada. 
3.2.4 Ação penal nos crimes de lesão corporal 
Dependerá da lesão: 
a) Lesão corporal dolosa​ – praticada com a intenção de lesionar ou quando o 
agente assume o risco de lesionar. Esta lesão admite graduações: 
1) Leve – apenas escoriações. 
2) Grave – ocasiona debilidade do membro, sentido e função. 
3) Gravíssima – perda de membro, sentido e função. 
b) Lesão corporal culposa​ – praticada quando o agente age com culpa: 
negligência, imprudência e imperícia. Normalmente ocorre no trânsito. 
Assim, para a lesão corporal leve e culposa a ação será penal pública 
condicionada à representação e se for lesão corporal grave e gravíssima, a ação será 
penal pública incondicionada. 
Há uma exceção que está relacionada ao Código de Trânsito que enfoca que a 
lesão corporal nos crimes de trânsito normalmente são culposas, condicionada a cão 
penal com representação. Há três exceções neste sentido: 
1ª) Se o motorista estiver embriagado. 
2ª) Se o motorista estiver praticando racha. 
3ª) Se o motorista estiver a mais de 50 ki/h acima do limite. 
Para lesão oriunda dessas três exceções a ação penal será pública 
incondicionada. 
3.2.5 Ação penal nos ​crimes contra a honra ​: caluniam injúria, difamação 
Via de regra, os crimes contra a honra são de ação penal privada, porém crime 
cometido contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo é passível de 
ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. 
Outra importante exceção é a respeito dos crimes praticados contra a honra 
de funcionário público no exercício de sua função. Há duas ações penais neste caso, 
segundo a jurisprudência: 
a) Ação penal pública condicionada representação. 
b) Ação penal privada. 
Importa lembrar uma última exceção, que é sobre a injúria real, um crime 
praticado com gestos. Se houver lesão corporal a ação penal do crime contra a honra 
acompanhará a ação penal de lesão corporal, nos termos do artigo 138 e seguintes do 
CPP. 
3.3 Ação Penal Privada 
É a ação cujo titular é o ofendido, a vítima ou seu representante legal. Se a 
vítima for incapaz a titularidade passa para seu representante legal. 
Se a lei penal não diz nada cerca da ação penal, esta será penal pública 
incondicionada. É o que acontece nos ​crimes contra a vida​: homicídio, 
infanticídio, ​aborto​, participação em suicídio. 
Há determinados casos em que alei prescreve mediante queixa. Neste caso, 
está se enfatizando a ação penal privada. Os crimes contra a honra são de ação penal 
privada. Portanto, o crime de injúria, calúnia, difamação são de ação penal privada, via 
de regra. 
3.3.1 Princípios da ação penal privada 
3.3.1.1 Princípio da oportunidade​ – a vítima oferece a queixa crime se quiser. 
3.3.1.2 Princípio da disponibilidade – ​o ofendido pode desistir da ação penal 
a qualquer momento. 
3.3.1.3 Princípio da indivisibilidade ​– havendo dois ou mais criminosos a 
vítima deve oferecer a queixa crime contra todos. Ou processa a todos ou ninguém. 
3.3.1.4 Princípio da intranscedência​ – somente se pode processar 
criminalmente o autor da infração. 
3.3.2 Espécies de ação penal privada 
a) Ação penal privada propriamente dita ​– é a regra geral. Deve-se saber que 
a vítima tem um prazo de seis meses para oferecer a queixa crime a contar do 
conhecimento da autoria. 
Se a vítima morrer antes de oferecer a queixa crime, o direito será transferido 
para o CADI. 
b) Ação penal privada personalíssima​ – é aquela que somente a vítima pode 
oferecer a queixa crime. Apenas o crime de induzimento em erro essencial, ocultação 
de impedimento matrimonial: artigo 236 do CP. Neste caso, a vítima pode oferecer a 
queixa crime. 
c) Ação penal privada subsidiária da pública​ – se o promotor perder o prazo 
para oferecer a denúncia, a vítima pode oferecer a queixa subsidiária em seu lugar. 
O promotor terá cinco dias para denunciar o indiciado que estiver preso e 
quinze para o que estiver livre. 
4 Conclusão 
Foi possível identificar os elementos que regem o inquérito policial e sua 
importância na configuração da justiça penal, bem como seu início, meio e fim com a 
produção do relatório elaborado pela autoridade policial. 
Observou-se quão importantes são as características do inquérito policial, pois 
elas é quem dão o sentido do percurso a ser feito pela justiça no âmbito do processo 
penal, já que se trata de um procedimento administrativo dotado de complexidade. 
Verificou-se também acerca dos princípios que regem a ação penal pública e 
privada, pois estes são verdadeiros elementos permeadores de todos os atos 
consolidadores do Direito Penal. 
Vimos a faculdade que o cidadão tem de comunicar a autoridade policial a 
notitia criminis para que se dê início a queixa crime, peça importante de início da ação 
penal privada. 
Enfim, dotou-se este documento de conteúdos suficientemente adequados ao 
êxito do processo ensino – aprendizagem. 
 
Introdução ao DPP (direitos e garantias, princípios) 
 
A finalidade da prestação jurisdicional no modelo de processo penal garantista deve 
estar consubstanciada na cláusula do devido processo legal que, para a sua 
concretização, enseja a prática de atos jurídicos que não sejam eivados de vício. 
Contudo, o descumprimento das formas legais dos atos jurisdicionais nem sempre 
levará à violação de direito ou garantia fundamental e, consequentemente, do devido 
processo legal. Assim, o sistema de nulidades no processo penal, criado como 
mecanismo para coibir abusos por parte do Estado-juiz, deve ser analisado pelo prisma 
do princípio da instrumentalidade das formas, sendo que a nulidade deve ser 
declarada somente quando o ato – mesmo tendo sido realizado de outro modo - não 
tenha alcançado o seu fim. No modelo garantista, o processo penal migra da mera 
função de instrumento para a aplicação do jus puniendi estatal, pelo Direito Penal, 
para tornar-se mecanismo da mais alta relevância para a concretização dos direitos e 
garantias fundamentais do réu no curso da ação penal. 
 
Ação Civil ​Ex Delicto​ 
A Ação Civil ​Ex Delicto​ pode ser definida simploriamente como uma ação ajuizada na 
esfera cível, requerendo a indenização de dano moral ou material juridicamente 
reconhecido em infração penal. 
Portanto, tal ação somente caberá nas hipóteses em que a repercussão da infração 
penal também atingir a esfera da responsabilidade civil. 
Apesar da legislação penal não tratar o tema de acordo com sua amplitude e 
relevância, o ​Código Penal ​ prevê em seu artigo ​91​, ​I​[1], a obrigação de reparação do 
dano quando houver condenação. 
Nesse sentido, a legislação inclusive incentiva, através de concessão de benefícios aos 
agentes, a reparação dos ofendidos, conforme hipóteses citadas abaixo: 
(i) ​Causa de diminuição da pena quando o agente repara o dano ou restitua a coisa ao 
ofendido (artigo 16); 
(ii) ​Reparação de dano como atenuante genérica (artigo 65, III, b); 
(iii) ​Substituição das condições genéricas da suspensão condicional da pena por 
condições específicas (artigo 78, § 2º); 
(iv) ​Reparação do dano como condição para a concessão do livramento condicional, 
salvo impossibilidade efetiva (artigo 83, IV); 
(v) ​Condição para a reabilitação (artigo 94, III); 
(vi) ​Extinção de punibilidade no caso de peculato culposo, quando o dano é ressarcido 
(artigo 312, § 3º). 
Contudo, o ​Código de Processo Penal​ ao tratar deste tipo de ação prevê meios mais 
eficazes para a vítima buscar a reparação, além de prever a utilização do sequestro, da 
busca e apreensão, do arresto e da hipoteca legal.[2] 
 
2. Espécies de Reparação 
Apesar de os artigos ​63​ e ​64​ do ​CPP​ remeterem-se aos termos “reparação” e 
“ressarcimento”, a satisfação do dano causado pode ocorrer através de 4 formas: 
restituição, ressarcimento, reparação e indenização: 
 
(a) Restituição 
A restituição é a espécie de reparação mais simples. Consiste na restituição da coisa, 
caso a lesão do bem jurídico se constitua na privação de um objeto (por exemplo, em 
casos de furtos). 
O pedido de restituição de bem pode ser requerido na própria instância criminal, por 
meio de incidente de restituição de coisas apreendidas, na hipótese de o bem já ter 
sido apreendido e de não haver dúvida quanto à sua propriedade. 
(b) Ressarcimento 
O ressarcimento constitui, nas palavras de Hélio Tornaghi[3], no “​pagamento do dano 
patrimonial, de todo o dano, isto é, do prejuízo emergente e do lucro cessante, do 
principal e dos frutos que lhe adviriam com o tempo e com o empregado da coisa​ ”. 
(c) Reparação 
A reparação será cabível quando o dano não for ressarcível em espécie, ou seja, 
quando não puder ser estimado em dinheiro, por sua natureza não patrimonial, com o 
intuito de confortar a dor sofrida pelo ofendido. 
(d) Indenização 
Por fim, a indenização figura como um meio de compensação por dano causado por 
ato ilícito praticado pelo Estado. Como exemplo, podemos citar a absolvição em 
revisão, em que o Estado tem o dever de indenizar o interessado pelos danos sofridos 
(artigo ​630​ do ​CPP​). 
Em que pese a classificação citada, a própria legislação, e aqui inclui-se a ​Constituição 
Federal​, não a obedece, definindo como indenização (termo genérico) qualquer pedido 
ressarcitório ou reparatório. 
3. Separação da Jurisdição 
O nosso ordenamento jurídico atual privilegia a separação da jurisdição. Em outras 
palavras, a ação penal tem por objetivo a condenação do agente com relação à 
infração penal realizada, enquanto que a ação civil tem por finalidade a reparação do 
dano sofrida pelo ofendido, quando cabível. 
Contudo, necessário ressaltar que a separação citada sofre certa mitigação. Assim, ao 
mesmo passo que a parte interessada poderá ajuizar somente a ação na esfera civil, 
visando a reparação do dano e jamais ingressar com a ação penal, também é verdade 
que a justiça penal deverá prevalecer sobre a civil quando se tratar de indenização por 
suposto crime cometido e aquela julgar como inexistente o fato ou a autoria restar 
também afastada. 
Caso ocorra sentença penal condenatória com trânsito em julgado, tal decisão 
influenciará na esfera cível, podendo ser exequível em tal jurisdição, em que não mais 
se discutirá oque se deve, mas sim o quanto se deve. 
Dessa forma, se quando proposta a ação civil já tiver em curso a ação penal, o juiz do 
cível deverá sobrestar o andamento de sua ação, para se evitar decisões conflitantes e 
garantir a segurança jurídica das partes. 
Neste ponto, se faz necessária uma observação. A questão do sobrestamento está 
prevista no artigo ​64​ do ​CPP​, o qual dispõe que “​intentada a ação penal, o juiz da ação 
civil ​ poderá​ suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela​ ”. 
Alguns autores entendem que o termo poderá deve ser interpretado com o verdadeiro 
dever. Contudo, outros entendem que tal termo confere poder discricionário ao juízo. 
Competência jurisdicional 
 
A jurisdição é una, e tem como características principais a subjetividade, inércia e 
imutabilidade (são os únicos que transitam em julgado). Obviamente um só Juiz não é 
capaz de julgar todos os processos e, portanto, a competência será fixada em razão da 
matéria. Diz-se que, a competência é o poder de exercer a jurisdição e solucionar o 
conflito, atribuído ao magistrado. 
 
Art. 69, CPP: Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: (competência ratione loci) 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
O conceito de Competência é subdivido em: competência absoluta, competência 
relativa, competência pelo lugar da infração, competência por distribuição, 
competência por conexão e competência por continência. Diz-se por absoluta a 
competência referente à matéria e em razão a prerrogativa funcional, tem seu 
reconhecimento e pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição. A 
competência relativa significa competência territorial e aqui prevalece o interesse da 
parte que a suscitou. É contestada por meio de Exceção de Incompetência em 
momento próprio e oportuno no processo. No caso da competência pelo lugar da 
infração, o tópico é autoexplicativo e será competente o juízo da residência do réu. 
Quando o réu obtiver mais de uma residência, fixa-se a competência pela prevenção. 
No que tange a competência por distribuição, pode-se dizer que no s casos aonde 
existem mais um juízo competente, a determinação da competência será feita a partir 
da distribuição. Ressalvando que a prevenção impede a distribuição e ocorre nos casos 
aonde já havia ocorrido à distribuição do inquérito policial. 
A competência por conexão é constituída quando duas ou mais infrações estão ligadas 
por determinado vínculo que aconselha a reunião dos dois processos num mesmo 
juízo. Esse tópico da subdivisão ainda se divide mais uma vez. Vejamos, espécies de 
conexão: 
1) Intersubjetiva: 
Conexão Intersubjetiva por simultaneidade: duas ou mais infrações praticadas por 
muitas pessoas juntas. 
Conexão Intersubjetiva por Concurso: vários indivíduos, em concurso, mesmo que em 
lugares e momentos diferentes, praticam infrações penais. 
Conexão por Reciprocidade: várias pessoas praticam crime umas com as outras. 
2) Objetiva, lógica ou material: 
Conexão Objetiva Teleológica: uma infração é cometida para facilitar a execução de 
outra. 
Conexão Objetiva Consequencial: uma infração é cometida para ocultar, garantir 
vantagem ou impunidade de uma outra. 
3) Instrumental ou probatória: 
Ocorre quando a prova de uma infração puder influir na prova de outra infração. 
Trata-se de conveniência para apurar a verdade real. 
Por fim, temos a competência por continência, é o mesmo que: “quando um fato 
compõe vários crimes”. As hipóteses estão previstas no art. 77 do CPP. 
Art. 77: A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, 
segunda parte, e 54 do Código Penal. 
A guizo de conclusão é importante destacar que a competência não é designada 
apenas por critérios de determinação já apresentados, mas também depende da 
ausência de critérios impeditivos para que ocorra de modo apropriado em casa 
situação. 
 
Prisão em Flagrante 
 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
 
I - está cometendo a infração penal; 
 
II - acaba de cometê-la; 
 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, 
em situação que faça presumir ser autor da infração; 
 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele autor da infração. 
 
Sendo assim, a doutrina criou diversas modalidades/espécies do flagrante delito que 
não podem deixar de ser memorizada por nenhum candidato. Aqui vai um breve 
resumo dessas espécies e logo em seguida uma questão só para reforçar o 
aprendizado. 
 
a) Flagrante próprio (propriamente dito, real ou verdadeiro)​ – quando o agente é 
surpreendido cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la; 
 
b) Flagrante impróprio (irreal ou quase flagrante)​ – quando o agente é perseguido, 
logo após a infração, em situação que faça presumir ser o autor do fato; 
 
c) Flagrante presumido (ficto ou assimilado)​ – quando o agente é preso com 
instrumentos, armas, objetos ou papéis que presumam ser ele o autor do delito logo 
depois de decorrer a infração; 
Percebam que esses três tipos de flagrante estão previstos no próprio Art. 302 do CPP, 
em seus incisos I/ II, III e IV, respectivamente. Além desses, ainda existem outros, 
vejamos: 
d) Flagrante compulsório ou obrigatório​ – Alcança a autuação das forças de segurança 
(art. 144 da CF/88) que têm o dever de efetuar a prisão em flagrante, sempre que a 
hipótese se apresente. 
 
e) Flagrante facultativo ​– É a faculdade legal que autoriza qualquer do povo a efetuar 
ou não a prisão. 
Ambos estão previstos no Art. 301 do CPP: “Qualquer do povo poderá e as autoridades 
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante 
delito”. 
 
 
Arquivamento do inquérito policial 
O Código de Processo Penal menciona apenas sobre a possibilidade de ser arquivado o 
inquérito policial, mas não menciona quais as hipóteses legais que serão cabíveis o 
arquivamento do inquérito. 
No artigo 28 do CPP, usam-se apenas os termos “razões invocadas”, para expressar o 
pedido de arquivamento do inquérito policial, mas não traz quaisquer motivos, sendo 
assim, devemos partir do seguinte raciocínio: Para que a denúncia seja recebida, e em 
conseqüência, o regular exercício da ação penal, são necessários estarem presentes os 
requisitos do artigo 41 do CPP, e ausentes os do artigo 395, bem como, os do artigo 
397 ambos do CPP. 
Logo, podemos concluir que: sempre que estiver presente algum requisito dos artigos 
395 ou 397 do CPP, a ação penal não é possível, e em conseqüência, as investigações 
também não, deste modo, deve o inquérito policial ser arquivado. 
O nosso raciocínio também é compartilhado pelo professor Afrânio Silva Jardim, sendo 
estas as sua palavras: “​O vigente Código de Processo Penal carece de um artigo que 
diga claramente quando o Ministério Público deve requerer o arquivamento e, a 
contrario sensu, quando deve apresentar denúncia. Entretanto, o art. 43 elenca os 
casos em que o Juiz deve rejeitar a denúncia. Por via de conseqüência, nestas hipóteses 
previstas, a ação penal não deve ser proposta e o inquérito ou peças de informação 
devem ser arquivados”​ (JARDIM, 2007. p. 168). 
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 4.209/2001, projeto esse de 
reforma do Código de Processo Penal, que no artigo 28, tem uma redação um pouco 
mais clara do que a atual, esclarecendo melhor quando o inquérito deverá ser 
arquivado. Somente a título de curiosidade transcrevemos o teor do supra referido 
artigo, vejamos: 
Art. 28​. ​Se o órgão do MinistérioPúblico, após a realização de todas as diligências 
cabíveis, convencer-se da inexistência de base razoável para o oferecimento da 
denúncia, promoverá, fundamentadamente, o arquivamento dos autos da investigação 
policial ou das peças de informação. ​ (sem grifos no original). 
Após alguns esclarecimentos, podemos conceituar o arquivamento do inquérito, como 
o ato no qual faz cessar as investigações preliminares sobre a autoria e materialidade 
de um delito, em virtude do fato não constituir crime; ou estiver extinta a punibilidade, 
ou ainda, faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Nas sábias palavras do mestre Paulo Rangel, o arquivamento ​ “é o encerramento das 
investigações policiais. É o término da atividade administrativa do estado de 
persecução penal”​ (RANGEL, 2007, p. 179). 
Ao interpretarmos a leitura conjunta dos artigos 17 e 28 do CPP, pode-se fazer a 
seguinte conclusão: a autoridade policial não poderá mandar arquivar o inquérito 
policial. Logo, ao lermos o artigo 28 do mesmo código, é fácil perceber que cabe ao 
Ministério Público requerer o arquivamento do inquérito policial junto ao poder 
judiciário, podendo este homologar ou não tal requerimento. 
Caso o Juiz não homologue, mais adiante mostraremos quais as implicações desta não 
homologação. 
Neste sentido podemos afirmar que a natureza jurídica do arquivamento é de uma 
decisão administrativa, embora homologada pelo Juiz, sendo um ato administrativo de 
natureza complexa. 
Pois é necessária a existência de duas vontades; a primeira do Ministério Público, que 
requer o arquivamento; e, a segunda, a do Juiz, que diante do caso concreto, pode ou 
não homologar o requerimento de arquivamento. 
É importante lembrarmos que o ato de homologação não é despacho, e conforme 
Afrânio Silva Jardim ​“nem tampouco sentença, pois inexiste processo ou jurisdição, mas 
simples decisão administrativa (sentido lato). Por ser oriunda do Poder Judiciário, 
torna-se judicial’​ (JARDIM, 2007. p. 166). 
Alguns podem até fazer a seguinte indagação: se o domínio da ação penal pertence ao 
Ministério Público, porque o pedido de arquivamento deve passar pela análise do 
Poder Judiciário? A resposta surge de imediato. É bem verdade que o ​dominus littis ​ é 
do Ministério Público, mas em virtude de um princípio aplicado a ação penal pública, 
deve o pedido de arquivamento passar pela deliberação do Juiz. O princípio o qual nos 
referimos é o da obrigatoriedade da ação penal. 
Destarte, é necessário submeter o pedido de arquivamento ao judiciário, para que este 
fiscalize e faça valer se for o caso, o princípio da obrigatoriedade da ação penal. 
Conforme mencionamos alhures, as conseqüências da não homologação do pedido de 
arquivamento geram alguns efeitos, tais efeitos estão previstos no artigo 28 do CPP. 
Caso o Juiz, ao exercer a fiscalização do princípio da obrigatoriedade da ação penal 
pública, discorde do requerimento de arquivamento formulado pelo ​parquet, ​ deverá 
remeter o inquérito policial ou peça de informação ao Procurador Geral, podendo este 
adotar uma das seguintes alternativas: oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou, insistir no pedido de arquivamento, e neste 
caso, ficará o Juiz vinculado ao pedido de arquivamento proposto pelo Procurador 
Geral. 
Como dissemos no início desse artigo, quanto ao instituto do arquivamento expresso 
do inquérito policial, poderíamos abordar outros inúmeros debates, no entanto, a 
finalidade desse trabalho é em especial analisar a figura do arquivamento implícito do 
inquérito policial, pois tal instituto não está previsto em nenhum artigo de lei, 
tratando-se unicamente de construção doutrinária e jurisprudencial. A seguir 
trataremos as principais cizânias do instituto ora em comento. 
DO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Novamente reiteramos que tal modalidade de arquivamento, embora seja muito 
comum sua prática do dia a dia forense, não está previsto em nenhuma norma 
expressa, pois se trata de uma construção doutrinária e jurisprudencial. 
O arquivamento implícito é fenômeno no qual o Ministério Público, deixa de 
mencionar na denúncia algum (uns) fato (os) criminoso que estava contido no 
inquérito ou peça de informação, ou ainda, deixa de denunciar algum (uns) indiciado, 
sem se manifestar expressamente os motivos que o levaram a tal omissão. 
Vindo o arquivamento implícito a ser consumado, quando o magistrado ao exercer sua 
fiscalização sobre o principio da obrigatoriedade da ação penal (art. 28 – CPP), deixa de 
se pronunciar em relação aos fatos que foram omissos na denúncia. 
A seguir, colamos alguns conceitos de autores de renome, visto a propriedade que 
tratam à matéria ora comentada, vejamos: 
“​Entende-se por arquivamento implícito o fenômeno de ordem processual decorrente 
de o titular da ação penal deixar de incluir na denúncia algum fato investigado ou 
alguns dos indiciados, sem expressa manifestação ou justificação deste procedimento. 
Este arquivamento se consuma quando o Juiz não se pronuncia na forma do art. 28 
com relação ao que foi omitido na peça acusatória”​ (JARDIM, 2007. p. 170). 
A título de enriquecimento do nosso trabalho, vejamos o conceito do ilustre professor 
Paulo Rangel ​“o arquivamento implícito ocorre sempre que há inércia do promotor de 
justiça e do juiz, que não exerceu a fiscalização sobre o princípio da obrigatoriedade da 
ação penal”​ (RANGEL, 2007. p. 186). 
O arquivamento implícito poderá ser analisado diante de um duplo aspecto. No 
aspecto subjetivo; quando tratar-se de omissão de indiciados. E no aspecto objetivo; 
quando tratar-se de omissão a fatos investigados. Exemplo: omissão de outros crimes 
ou omissão de qualificadoras. 
Parte da doutrina ainda prevê uma terceira modalidade de arquivamento implícito, 
que ocorrerá quando estiverem sendo investigados vários fatos criminosos em um 
único inquérito, e o Ministério Público se pronuncia pelo arquivamento de todo 
conteúdo do inquérito, no entanto, se referia apenas a um dos fatos que foi apurado 
no inquérito, alegando que este não era passível de oferecimento de denúncia. Caso o 
Juiz homologue totalmente o requerimento, e não se manifeste em relação aos outros 
fatos criminosos, estará também configurado o arquivamento implícito do inquérito 
policial. É o também chamado de arquivamento expresso, mas lacunoso. 
Depois de uma breve análise do instituto do arquivamento implícito do inquérito 
policial, passaremos a discutir a controvérsia existente sobre a matéria. 
Duas correntes divergem quanto à possibilidade do arquivamento implícito. 
Para a primeira corrente, defendida por juristas de renome como: Mirabete e Paulo 
Rangel é perfeitamente admissível haver o arquivamento implícito do inquérito 
policial. 
Tal corrente argumenta que a função do processo não é unicamente instrumental, isto 
é, não serve apenas como instrumento legal para que possa o Estado exercer o seu ​jus 
puniendi. ​ É necessário que haja um respeito ao devido processo legal. 
Não podendo o sujeito pagar por eventuais erros dos órgãos acusatório e julgador, que 
não exerceram corretamente suas funções, e respectivamente “esqueceram” de 
mencionar na denúncia os fatos criminosos que estavam contidos no inquérito, ou 
deixou de mencionar na peça acusatória o indiciado, e também não foi exercido a 
devida fiscalização do princípio da obrigatoriedade e indivisibilidade da ação penal 
pública pelo Poder Judiciário. 
Apesar dos argumentos acima transcritos, ​data vênia, ​ ousamos divergir. 
Em nossa opinião, é inadmissível o arquivamento implícito do inquérito policial, pois se 
assim proceder, estará havendo flagrante violação de algumas normas e princípios 
constitucionais. 
A partir de agora, explicitaremos os principais argumentos em desfavor do instituto do 
arquivamentoimplícito do inquérito policial. Conforme dissemos a pouco, é 
inadmissível tal instituto por basicamente quatro motivo: primeiro; é cediço de todos, 
que na ação penal pública incondicionada, o princípio que rege é da obrigatoriedade 
da ação penal. 
Com isto queremos dizer que; se houver um arquivamento implícito em razão de 
omissão quanto a fatos investigados, estaria deixando de se processar fatos 
criminosos, mesmo existindo para tanto, justa causa para o regular exercício da ação 
penal. 
E sabemos que no princípio da obrigatoriedade da ação penal, o Ministério Público 
deve propor a devida ação penal sempre que estiver diante de um fato típico, ilícito e 
culpável. 
Como diz o próprio professor Paulo Rangel ​“o princípio da obrigatoriedade da ação 
penal é uma exigência lógica do aforismo de os delitos não podem ficar impunes (nec 
delicta maneant impunitia)” ​ (RANGEL, 2007. p. 204). 
Ainda citando o mestre Paulo Rangel transcrevemos o seguinte teor: ​“Não cabe ao 
Ministério Público deixar de propor ação penal por motivos de política criminal nem por 
qualquer outro que não os previstos em lei” ​ (RANGEL, 2007. p. 204-205). (sem grifos no 
original). 
Como dito acima, não cabe o ​parquet ​ deixar de oferecer a devida ação penal, a não ser 
que os motivos estejam previstos em lei. 
E como sempre ressaltamos desde o início desse trabalho; o arquivamento implícito 
não está previsto em lei. 
Logo, entendemos impossível haver o arquivamento implícito do inquérito policial, 
sem está ferindo o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada. 
O segundo argumento que consignamos é que tal instituto também violaria o princípio 
da indivisibilidade da ação penal. 
A indivisibilidade irá ocorrer sempre que houver um fato típico, ilícito e culpável 
praticado por mais de um sujeito. No caso, a eventual ação penal deverá ser proposta 
em face de todos que realizaram o injusto penal. Desta forma, estando presentes 
todos os requisitos para o regular exercício da ação penal, não poderá deixar de ser 
proposta a ação em face de todos. 
Deste modo, se admitirmos o arquivamento implícito no seu aspecto subjetivo, 
note-se que deixará de processar um indivíduo que contra ele pesa uma conduta 
típica, ilícita e culpável, atentando contra a indivisibilidade da ação penal pública. 
Terceiro argumento qual devemos salientar, é que; no arquivamento implícito não há 
uma homologação expressa por parte do Juiz para arquivar-se o inquérito, o mesmo é 
arquivado sem qualquer motivação judicial. 
E sabemos que toda e qualquer decisão judicial deve ser devidamente fundamentada, 
conforme o preceito constitucional contido no art. 93, IX da CF/88. 
O quarto e último argumento apresentado para demonstrarmos a impossibilidade do 
arquivamento implícito, é o constante no art. 569 do CPP, que pela didática 
transcrevemos: 
Art. 569 – CPP:​ ​As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos 
processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, 
poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. 
Porquanto, havendo omissões na denúncia e posteriormente o Juiz deixe de aplicar o 
art. 28 do CPP, em nossa opinião, basta apenas o Ministério Público tão logo tome o 
conhecimento de tal omissão, use do art. 569 do CPP, e adite a denúncia para suprir a 
omissão e fazer valer todos os princípios que anteriormente mencionamos. 
Para finalizar nossos argumentos colamos a opinião de Afrânio Silva Jardim, embora 
seja um pouco extenso, vale a pena transcrevê-lo ​: “Entretanto, havendo sempre a 
possibilidade de tal dispositivo ser descumprido na prática, não restando dúvida de que 
o instituto do arquivamento implícito é artificial e danoso à defesa social, outra regra 
jurídica deveria explicitar que os efeitos do arquivamento somente se fariam sentir em 
ralação ao que ficou expressamente arquivado. Com isso, ficaria banido de nosso 
ordenamento jurídico um arquivamento que não foi pedido, vez que uma omissão 
involuntária não pode ser entendida como algo positivamente desejado. O 
arquivamento implícito, tal como hoje vem sendo concebido, não condiz com a 
realidade das coisas. É artificial”​ (JARDIM, 2007. p. 171). 
Para finalizar este trabalho, quando estávamos estudando sobre o tema nos fizemos a 
seguinte pergunta: seria possível caso houvesse o arquivamento implícito do inquérito 
policial, o ofendido oferecer ação penal subsidiária da pública? 
A priori achamos que sim, visto que, será possível a ação penal subsidiária da pública 
sempre que houver uma inércia do Ministério Público em oferecer a devida denúncia. 
Ao passo que; só ocorrerá o arquivamento implícito quando o órgão acusatório for 
omisso quanto a fato ou indiciado, ou seja, permanecendo inerte quanto a eles. 
Então isso nos levará então ao seguinte raciocínio: como o arquivamento implícito se 
dá em função da inércia do Ministério Público, e a ação penal subsidiária da pública 
será admitida em razão também da inércia do Ministério Público, logo, achamos 
possível ser proposta tal modalidade de ação penal caso ocorra o arquivamento 
implícito. 
PROVAS ILÍCITAS 
O tema da prova ilícita tem se tornado uma das preocupações fundamentais do direito 
processual moderno. Devido aos grandes avanços tecnológicos, a vida privada, a 
intimidade e a honra da pessoa humana tornaram-se mais vulneráveis. Essa fragilidade 
desafia o legislador a implementar instrumentos hábeis à eficiente persecução penal, 
sem, contudo, autorizar invasões desnecessárias ou desmedidas na vida do cidadão. 
Sobre esse desafio, oportunos se fazem os dizeres de Scarance Fernandes (2005, p.89): 
Não é fácil, contudo, atingir o ponto de equilíbrio. De um lado, é necessário armar o 
Estado de poderes suficientes para enfrentar a criminalidade, crescente, violenta, 
organizada; por outro, deve o cidadão ter garantida a sua tranqüilidade, a sua 
intimidade, a sua imagem, e, principalmente, ser dotado de remédios eficazes para se 
contrapor aos excessos e abusos dos órgãos oficiais. 
Não se pode, em nome da segurança social, compreender uma garantia absoluta da 
privacidade, do sigilo, no processo penal, mas também não se pode conceber, em 
homenagem ao princípio da verdade real, que a busca incontrolada e desmedida da 
prova possa, sem motivos ponderáveis e sem observância de um critério de 
proporcionalidade, ofender sem necessidade o investigado ou o acusado em seus 
direitos fundamentais e no seu direito a que a prova contra si produzida seja obtida 
por meios lícitos. 
A problemática circunscrita ao tema “prova ilícita” liga-se, portanto, com a 
investigação acerca da relação entre o ilícito e o inadmissível no procedimento 
probatório e, sob o enfoque da política legislativa, no embate entre a busca da 
verdade real em prol da sociedade e a garantia dos direitos fundamentais que podem 
ser agredidos por essa investigação (GRINOVER e outros, 2001). 
Apesar da existência de uma multiplicidade de terminologias para as provas ilícitas, 
temos no Brasil uma relativa uniformidade quanto à sistematização doutrinária do 
tema. A obra pioneira que mais influenciou a formação da doutrina nacional foi a de 
Ada Pelegrini Grinover: Liberdades Públicas e Processo Penal. Esta obra, adotando a 
terminologia do Professor da Universidade de Milão, Pietro Nuvolone, distingue as 
provas ilícitas das provas ilegítimas, sendo que ambas integram o gênero prova 
vedada, ilegal ou proibida (GRINOVER e outros, 2001): 
a) Provas Ilícitas: provas obtidas mediante violação de normas de direito material. As 
provas ilícitas concernem à obtenção ou coleta da prova. Por exemplo, são ilícitas as 
declarações do indiciado ou réu colhidas sob tortura, pois há violação de norma 
material, qual seja, o tipo penalincriminador que descreve a conduta como crime de 
tortura (Lei 9.455/97). 
b) Provas Ilegítimas: provas produzidas a partir da violação de normas de natureza 
eminentemente processual. As provas ilegítimas concernem à produção da prova, têm 
fim em si próprias. Por exemplo, a elaboração do laudo pericial com apenas um perito 
quando a lei exigia dois peritos (art. 159, caput, do CPP, na redação revogada dada 
pela Lei 8.862/94); proibição de depor em relação a fatos que envolvam o sigilo 
profissional (art. 207, CPP); recusa de depor por parte de parentes e afins (art. 206); 
documento exibido em plenário do Júri, com desobediência ao disposto no art. 475 do 
CPP. 
 ​PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E AS PROVAS ILÍCITAS 
Provas ilícitas e ilegítimas 
Quando se fala em prova ilícita, entra a prova ilegítima, onde não podemos confundir 
uma da outra, pois existem diferença entre elas. A prova ilegítima é aquela que fere a 
norma de direito processual, e um exemplo é a prova vedada, que conforme sua 
natureza será ilegítima, e assim, será inadmissível no processo. A prova ilícita, é a que 
viola regra de direito material, seja constitucional ou legal, no momento da sua 
obtenção, sendo caracterizadas ilícitas, todas as provas mediante a prática de crime ou 
contravenção. Como revela os estudos feitos, a prova ilícita será admitida no processo 
penal, quando ela tiver todos seus requisitos necessários, para que o Juiz possa 
aceitá-la e permitir que ela seja usada dentro de um processo, para dar uma sentença 
justa ao réu, não podendo prejudicar atos posteriores a sua produção e nem gerar 
nulidades de ato, pelo fato de ter total afinidade com o dos direitos fundamentais da 
pessoa, não podendo obter nenhuma prova violando as limitações constitucionais e 
legais existentes no ordenamento jurídico. 
A hipótese de trabalho em que uma prova ilícita só será admitida no processo penal 
quando não prejudicar atos posteriores à sua produção, pelo fato de ter total afinidade 
com os direitos fundamentais da pessoa, o que foi comprovado a partir do autor 
Oliveira (2013) e Nucci (2016), que a prova ilícita poderá sim ser aceita, para que a 
pessoa que está sendo julgada, não ser lesada diante seus direitos previstos na 
Constituição Federal. 
Da admissibilidade da prova ilícita​ ​e ​ ​Aplicabilidade do princípio da proporcionalidade 
Proporcionalidade refere-se ao equilíbrio entre as partes, praticamente tendo dois 
lados a serem analisados. O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo 
de valor sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo e o 
bem de que pode alguém ser privado, devendo haver proporção entre os delitos e as 
penas, para que essa pessoa não seja lesada diante seus direitos fundamentais 
previstos na Constituição Federal. 
O princípio da proporcionalidade em sua concepção atual representa uma limitação ao 
poder estatal, a fim de garantir a integridade física e moral das pessoas que estão 
sendo subrogadas, constituindo um enfraquecimento na doutrina constitucional, onde 
fala de vedação das provas ilícitas, prevendo sua utilização sempre que o interesse 
tutelado e o direito da pessoa estiverem feridos, e assim, a prova ilícita poderá ser 
aceita em caráter excepcional ou em casos de extrema gravidade. "o exame 
normalmente realizado em tais situações destina-se a permitir a aplicação, no caso 
concreto, da proteção mais adequada possível a um dos direitos em risco, e da 
maneira menos gravosa aos outros”. 
Quando se fala em interesse e direitos fundamentais, fala-se no princípio dos direitos 
humanos previstos na nossa Constituição Federal, e para que o Estado atenda esses 
interesses, é necessária a existência de normas que moderem sua atividade, para que 
em alguns casos o Estado reconhecer e utilizar o princípio da proporcionalidade, 
ponderando a preferência da parte que está sendo acusada. 
Com a finalidade de facilitar a decisões dos magistrados diante da colisão de princípio 
e normas, busca-se um instrumento que poderá ser útil, que são divididos em três 
subprincípios: 
) adequação ou pertinência; 
2) necessidade ou exigibilidade; 
3) proporcionalidade stricto sensu, sendo a decisão conduzida com a mais alta 
relevância, preservando direitos ou bens jurídicos que estão em jogo, conforme suas 
regras, intimidade e valor, facilitando para que o Juiz possa dar uma decisão justa ao 
caso concreto quando ocorrer conflito entre os direitos que devem conviver 
harmonicamente em nosso ordenamento jurídico, caso que será solucionado pela 
aplicação do princípio da proporcionalidade. 
Em decorrência, caberia, ao juiz, tão somente, decidir pela existência, ou não, do 
crime, abstraindo-se, por completo, da forma como lhe chegaram, podendo ser lícita 
ou ilícita as provas do fato, sustentando-se que, no caso, o ato anterior de captação da 
prova, embora ilícito, não teria o poder de nulificar ou contaminar os atos posteriores, 
principalmente de produção da prova que seria lícito em si mesmo. Nestas condições, 
deveria prevalecer, em qualquer hipótese, o interesse da Justiça, objetivando descobrir 
a verdade, reputando-se eficaz a prova ilicitamente obtida, sem prejuízo da aplicação 
de sanções civis, penais ou disciplinares aos responsáveis. 
A prova ilícita será admitida no processo penal em caráter excepcional e em casos 
extremamente graves, pois nenhuma liberdade pública é absoluta, havendo 
possibilidades, em alguns casos, que se percebe que o direito tutelado é mais 
importante que os direitos fundamentais de uma pessoa. 
O presente estudo define a admissibilidade da prova ilícita no processo penal e a 
aplicação do princípio da proporcionalidade, por se tratar de direito fundamental, 
previsto na Constituição Federal. Desse modo é necessário verificar os direitos 
fundamentais em conflito, onde torna-se possível a utilização de uma prova ilícita ou 
de sua derivação em casos excepcionais e graves, quando não for possível a apuração 
dos fatos por outros meios, e assim, a prova ilícita será usada somente para absolver o 
acusado e não condenar, sendo essencial a aplicação do princípio da 
proporcionalidade para proteção das garantias individuais, por ser ele o meio idôneo 
para delinear os contornos do jus puniendi. 
Esse princípio representa elemento imprescindível no ordenamento jurídico de um 
Estado Democrático de direito, pois permite a melhor integridade da dignidade da 
pessoa humana. 
O objetivo foi alcançado ao conseguir analisar de forma detalhada quando a prova 
ilícita será admitida, devendo ser aceita quando o bem jurídico alcançado for maior 
que o direito violado. Apesar de a legislação ao se tratar sobre o assunto de vedar o 
uso da mesma no processo penal, parte da doutrina e da jurisprudência vem 
entendendo por aplicar a proporcionalidade atrelada a essa questão, pois a prova 
ilícita não será usada para condenar o acusado, e sim para dar um condenação justa, 
sendo assim, o Magistrado possa trazer uma decisão ao caso concreto e uma pena 
proporcional ao acusado, uma vez que nenhum direito ou garantia constitucional tem 
caráter absoluto.

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