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Resumo DIREITOS REAIS. POSSE. USICAPIÃO

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DIREITOS REAIS 
Art. 1225 CC - São direitos reais: 
I. a propriedade; II. a superfície; III. as servidões; IV. o usufruto; V. o uso; VI. a habitação (etc..) 
Direito real é um conjunto de princípios e regras que disciplina uma relação jurídica entre 
pessoas tendo em vista bens (usar, gozar ou fruir, dispor e reaver). Não existe relação jurídica 
entre pessoas e coisas. As relações são entre pessoas. Por isso é que não se deve falar em 
direito das coisas. Um segundo conceito diz que o direito real é o estudo do estado atual da 
propriedade. A propriedade vai ser concebida em três estados diferentes: aparente (posse); 
jurídico (propriedade); e jurídico (direito real sobre coisa alheia). 
O indivíduo pode recuperar a coisa quando esteja, ilegitimamente, em mãos alheias. (sequela) 
‘numerus clausulus’ = o direito real é típico e taxativo, ou seja, é aquele que se insere em um 
modelo definido pelo legislador (o legislador cria direitos reais). ≠ ‘numerus apertus’, que são 
os direitos obrigacionais, onde as partes, facultativamente, se valem de contratos disciplinados 
na lei (contratos nominados) ou não (contratos inominados). 
Classificação dos direitos reais: 
a) ‘jus in re propria’ = direito sobre a coisa própria, que se resume na propriedade; 
b) ‘jus in re aliena’ = direito real sobre a coisa alheia. 
Bens incorpóreos, por exceção, podem estar sujeitos ao direito real (ex: usufruto de títulos de 
crédito → O credor, titular de um crédito, faculta um terceiro, usufrutuário do crédito, a 
perceber os frutos e a obrar as respectivas dívidas). Contudo, essa situação aparta-se das 
prerrogativas próprias dos direitos reais, pois estes pressupõem sempre a existência atual da 
coisa e crédito (existência conceitual e não material). A maioria dos autores admite poder ser 
objeto de direito real tanto coisas corpóreas como incorpóreas. 
O direito real mais completo é o direito de propriedade; todos os outros são decorrências dele. 
Os direitos reais sobre coisa alheia importam numa restrição infligida ao proprietário, quanto a 
uso e disposição de um bem que lhe pertence. → Ex: aquele que tiver como segurança do 
pagamento de uma dívida o valor de um bem imóvel (hipoteca) exercerá direito real sobre 
coisa alheia, de propriedade do devedor que tenha oferecido a coisa em garantia. 
Por fim, há a preponderância do bem coletivo em detrimento do individual (fenômeno 
moderno). 
DIFERENÇA ENTRE O DIREITO REAL E PESSOAL 
DIREITO PESSOAL 
• Os sujeitos (passivo e ativo) são, em regra, definidos no momento em que se constitui a 
obrigação (ex: comodato) 
• Tem por objeto uma prestação, que pode ser positiva (obrigações de dar ou fazer) ou 
negativa (obrigações de não fazer). 
• Há a necessidade da intermediação de um sujeito. 
• As normas reguladoras do direito obrigacional facultam às partem certa liberdade para 
regulamentar seus interesses. 
• Predominam normas dispositivas. 
• Direitos obrigacionais não admitem usucapião. 
• Os direitos obrigacionais são transitórios ou temporários. Nascem para serem extintos. 
• O não exercício do direito obrigacional, em tempo oportuno, provoca o seu perecimento. 
• Eficácia relativa. 
DIREITO REAL 
• A identificação do passivo só se dá no momento da violação do direito, oportunidade em 
que o sujeito passivo indeterminado se torna determinável (há uma obrigação passiva 
universal) 
• Tem por objeto um ou mais bens materiais determinados, móveis ou imóveis. 
• É exercido independentemente da colaboração de outra pessoa. 
• As normas são obrigatórias, ou seja, não admitem a interferência da vontade individual. 
• Predominam normas cogentes. 
• Somente não admitem usucapião quando sobre coisa alheia (ex: hipoteca), os demais 
podem ser usucapidos (pode ser exercida a posse). 
• Tem sua duração no tempo indefinida (salvo no caso de propriedade resolúvel). 
• A não utilização da propriedade, em regra, não implica sua perda. Por isso, a ação 
reivindicatória é imprescritível. 
• Eficácia contra todos. 
Obrigação com eficácia real: na sua essência, é obrigação, mas seus efeitos adquirem 
contornos de direito real. 
Obrigação ‘propter rem’: tem-se de início uma relação de direito real e, em função dela, surge 
um vínculo obrigacional. É uma situação intermediária entre direito real e pessoal. Esta 
obrigação se transmite com a coisa, independentemente da vontade do adquirente. 
Ex: obrigações que decorrem do direito de vizinhança, como a necessidade de demarcar a 
propriedade de imóveis lindeiros. 
Ex 2: construção de muro pelos proprietários confinantes. Ambos têm obrigação de construí-
lo, arcando com as respectivas despesas, por ser essa obra divisória uma típica prestação 
propter rem. 
AQUISIÇÃO DOS DIREITOS REAIS 
Art. 1226 CC – ‘Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por 
atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.’ 
Art. 1227 CC – ‘Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por ato entre vivos, 
só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos, salvo os 
casos expressos neste código.’ 
Com relação aos imóveis cujo valor não ultrapasse a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente 
do país, dispensa-se a escritura pública. O contrato pode, assim, formalizar-se por instrumento 
público particular; todavia, o registro desse instrumento é necessário para o surgimento do 
direito real de propriedade. A ausência do registro não torna o ato nulo ou anulável, apenas 
deixa as partes sem eficácia real perante terceiros. → Ex: uma hipoteca não registrada vigora 
entre as partes, mas não gera efeito erga omnes; assim, quem adquirir o bem não o adquira 
hipotecado. 
POSSE (art. 1196 a 1224 CC) 
1) Teoria subjetiva (Savigny) = valoriza o psicológico, expresso na vontade do possuidor de ter 
a coisa como se fosse sua. A posse requer: o corpus (poder físico da pessoa sobre a coisa, 
estabelecido pela apreensão) e o animus domini (a vontade de ter a coisa como própria). São 
considerados detentores, e não possuidores, os que detêm o poder físico, mas não o animus. 
→ Ex: locatário, comodatário, etc. 
2) Teoria objetiva (Ihering) = a posse se traduz no poder físico da pessoa sobre a coisa com a 
exteriorização da propriedade e um meio de tornar possível o uso econômico da coisa, de 
acordo com a vontade do possuidor. Requer: corpus (a exteriorização do exercício de um 
direito). O possuidor de uma coisa é, ao mesmo tempo, o seu proprietário. → Ex: são 
possuidores, e não detentores, o usufrutuário, o locatário, o comodatário, etc. (adotada) 
Posse e detenção têm as mesmas características, porém se diferenciam na conduta legislativa. 
À detenção não se atribuem efeitos possessórios. Detentor (subordinação - servidor da posse 
ou fâmulo da posse) não tem posse e, por via de consequência, não tem direito de se valer das 
ações possessórias. 
Art. 1198 CC: ‘Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para 
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.’ 
É o caso do motorista, não tem posse do veículo, ou a empregada doméstica, não tem posse 
dos instrumentos com os quais trabalha. Apesar de possuírem o poder físico sobre a coisa, a 
posse continua sendo do patrão. 
Art. 1208 CC: ‘Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não 
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência 
ou a clandestinidade.’ 
Art. 1224 CC: ‘Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quanto 
tendo noticia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente 
repelido.’ 
A simples ausência não importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora ausente, 
continuar a posse solo animo, ainda que a coisa possuída tenhasido ocupada por um terceiro, 
durante a sua ausência. 
NATUREZA DA POSSE 
Para Savigny, a posse é um misto de fato e direito (pessoal). Para Ihering, a posse é um direito 
(real), no sentido de que os direitos são interesses juridicamente protegidos. Assim, classifica 
Savigny a posse como uma relação obrigacional e Ihering a insere no âmbito dos direitos reais. 
Contudo, nosso CC filia-se a Clóvis Bevilaqua, que vê a posse como um direito especial. 
A posse não pode ser considerada como direito pessoal por não estabelecer um vínculo de 
conteúdo obrigacional para o possuidor em face de terceiros ou do proprietário; nem direito 
real, pois não gera efeitos erga omnes (triunfa sobre os pretensos adquirentes da posse, mas 
sucumbe ao proprietário). 
Por fim, a natureza especial da posse dispensa, pois, na ação possessória, a intervenção do 
outro cônjuge, salvo quando versarem sobre direitos reais imobiliários. Fosse a posse direito 
real, a presença dos cônjuges seria obrigatória. 
Classificação da posse: 
POSSE INDIRETA 
• Aquela exercida à distância. Dá-se a posse indireta quando o seu titular, voluntariamente, 
transfere a outrem a utilização da coisa. Ex: locador, comodante, nu-proprietário. 
POSSE DIRETA 
• Diz-se posse direta a de quem está utilizando o bem. É derivada e temporária. A posse foi 
transferida por contrato, por exemplo. Ex: locatário, comodatário, usufrutuário. 
Se houver sublocação, o locatário passará de possuidor direto para possuidor indireto, e o 
sublocatário será o novo possuidor direto. 
Caso alguém ocupe sem autorização determinado imóvel, impedindo o ingresso do real 
proprietário, essa pessoa não detém a posse direta, ela tem posse e o proprietário não tem 
posse. Para recuperar a posse perdida, o proprietário deve ingressar com uma ação de 
reintegração de posse e não com uma ação de ‘reintegração na posse direta’. 
POSSE JUSTA 
• É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária (art. 1200 CC). 
POSSE INJUSTA 
• É a posse injusta, ilícita ou viciosa. Diz-se violenta (analogia com roubo) a que é adquirida 
mediante força (ex: MST), clandestina (analogia com furto) a que é adquirida às escondidas 
e precária a que surge do abuso de confiança por parte de quem possuía legitimamente 
coisa alheia. 
A posse poderá passar de justa para injusta → Ex: alguém empresta a um amigo livros e CDs e 
este, ao passar o prazo estipulado, não os devolve ao dono. Durante o período do empréstimo 
a posse era justa, porém ao não haver a restituição das coisas cedidas, a posse tornou-se 
injusta (apresentou um vício de precariedade). Observa-se, pois, que a posse precária, 
diferentemente da violenta ou clandestina, nasce no momento em que houver recusa à 
devolução da coisa. 
POSSE DE BOA-FÉ 
• É de boa-fé a posse quando o possuidor ignorar o vício, ou o obstáculo que lhe impede a 
aquisição da coisa ou do direito do possuído (art. 1201 CC). 
 
POSSE DE MÁ-FÉ 
• Quando o possuidor não ignorar que possui ilegitimamente. 
1. A boa-fé ou má-fé irá repercutir nas questões relativas aos frutos, às benfeitorias e à 
usucapião da coisa possuída. 
2. A posse de boa-fé converte-se em posse de má-fé desde que as circunstâncias façam 
presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. → Ex: adquiro, sem saber, um 
imóvel ilegitimamente. Então recebo uma notificação dizendo que quem me vendeu a casa 
não era o legítimo dono e, com isso, eu não sou adquirente. A partir do momento em que sou 
citada e tomo conhecimento do fato, se eu permanecer na casa será de má-fé, pois a minha 
boa-fé inicial terá desaparecido no momento da citação. 
POSSE NOVA 
• Se a posse datar de menos de um ano e um dia, será considerada nova, admitindo o 
pedido de liminar. 
POSSE VELHA 
• Caso transcorrido o prazo superior a um ano e um dia, a posse será tida como velha, sem 
direito a liminar. 
• A relevância da distinção entre posse nova e posse velha reside na possibilidade ou não de 
ser concedida a liminar na ação possessória, que é uma medida provisória. Como efeito, 
possibilita ao autor ou réu recuperar de imediato a posse, até a decisão final do processo. 
• O marco inicial de contagem do prazo da posse é a data da turbação ou esbulho. 
• A impugnação da decisão interlocutória que defere ou não a liminar se dá por meio do 
Agravo de Instrumento. 
POSSE AD INTERDICTA 
• É concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma obrigação ou direito. É 
uma posse defensável por meio das ações possessórias, mas não gera usucapião. Ex: posse 
do locatário. 
POSSE AD USUCAPIONEM 
• É a posse que gerará usucapião. Evidencia-se quando não há qualquer relação obrigacional 
ou de direito entre o possuidor e o proprietário. 
COMPOSSE PRO DIVISO 
• Caso os possuidores localizem-se na área certa e determinada. 
COMPOSSE PRO INDIVISO 
• Quando não há separação ou repartição da posse de uma mesma área. 
A composse ocorre quando duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, podendo cada uma 
delas exercer atos possessórios, desde que respeitem os dos outros compossuidores. (art. 
1199 CC). Chamada de composse ou posse comum. 
Podem adquirir a posse, conforme art. 1205 CC, a própria pessoa que a pretende, desde que 
seja capaz, ou faça por seu representante, legal ou convencional. Também, por terceiro sem 
mandato, dependendo de ratificação. O constituto possessório é outra modalidade de 
aquisição da posse. 
ACESSÃO DA POSSE (Significa união ou soma da posse) 
Art. 1207 CC – ‘O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao 
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.’ 
Assim, dá-se a acessão da posse por: 
A) Sucessão universal = o herdeiro continua, por determinação legal, a posse que tinha o de 
cujus. Não lhe é dado escolher entre unir ou não a sua posse a de seu antecessor, pois, por 
imposição legal, a conjunção da posse é obrigatória. → Ex: se ‘A’ é possuidor de uma casa e 
falece, deixando os filhos ‘B’ e ‘C’, estes sucederão ‘A’ na posse. 
B) Sucessão singular ou união = o sucessor singular pode agregar a sua posse à de seu 
antecessor, sobre um bem ou vários bens determinados. → Ex: caso ‘A’ seja possuidor de uma 
casa e transmita sua posse a ‘B’, este unirá sua posse à de ‘A’, se quiser. O efeito da soma será 
o de alcançar lapso de tempo maior para que ‘B’ possa usucapir. 
Posse de bem móvel que integra o imóvel. 
É uma decorrência natural do princípio de que o acessório acompanha o principal. 
Art. 1209 CC – ‘A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que 
nele estiverem.’ 
1) Formação de ilhas: as ilhas formadas em correntes comuns e particulares pertencem aos 
proprietários ribeirinhos fronteiros, art. 1249 do CC; 
2) Aluvião: configurado quando se formam acréscimos ou sedimentações de forma 
imperceptível, lenta e gradual por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das 
correntes, ou pelo desvio das águas. Este acréscimo pertence aos donos dos terrenos 
marginais, sem indenização art. 1250 CC; 
3) Avulsão: que ocorre quando por força natural e violenta, uma porção de terra se deslocar de 
um prédio e se juntar a outro. E, de acordo com o art. 1251 do CC, o dono do prédio acrescido 
adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do prédio que perdeu a porção de 
terra ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. 
4) Abandono de álveo (leito do rio): se caracteriza quando o leito do rio muda de direção em 
função da corrente, pertencendo à nova porção aos proprietários ribeirinhos das duas 
margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo 
curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. 
EFEITOS DA POSSE (art. 1210 a 1222 CC): 
Os efeitos da possesão relativos à: ações possessórias, à percepção dos frutos, às benfeitorias, 
à responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa e à usucapião. 
A posse pode ser defendida não só por meio das ações possessórias, mas também através da 
autodefesa, quer por meio da legítima defesa da posse (no caso de turbação, reagindo contra 
a agressão perpetrada à sua posse) quer por meio do desforço imediato (no caso de esbulho). 
Não há prazo para que se use os recursos da autodefesa, mas determina o legislador que o 
faça logo. 
Turbação: há somente a ameaça, pretensão; sem a retirada forçada das pessoas que estão no 
local ≠ Esbulho: há pretensão de tomada da propriedade, seguida da retirada (há a perda da 
posse pelo proprietário). Ocorre também nos casos em que há recusa em se restituir algo (ex: 
ex-comodatário que permanece com a coisa emprestada, após a extinção do comodato). 
AÇÕES POSSESSÓRIAS (art. 920 CPC) 
Os pedidos são feitos na Contestação. 
1) Interdito proibitório (art. 932 CPC)= é uma medida preventiva de defesa contra violência 
iminente, ajuizada ante a ameaça de turbação ou esbulho na posse. Tem legitimidade para 
propor a ação qualquer possuidor, direto ou indireto, pessoa física ou jurídica. Exige-se posse, 
daí por que não pode dela se valer o detentor. A pedido do autor, o juiz imporá ao réu uma 
sanção pecuniária, caso concretize a ameaça de turbação ou esbulho, ou seja, transgrida o 
preceito do mandado proibitório. É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do 
direito autoral. 
→ se no curso da ação houver invasão, a ação de interdito será convertida em ação de 
reintegração ou manutenção de posse, bastando a comunicação ao juízo. 
2) Manutenção de posse = ação ajuizada no caso de turbação da posse. Não há perda da posse 
pelo possuidor, mas um incômodo ou embaraço a sua posse. Incumbe ao autor provar sua 
posse, a turbação, a data da turbação e a continuação da posse, embora turbada (art. 927 
CPC). A liminar poderá ser requerida se a turbação à posse datar de menos de 1 ano e 1 dia. Se 
o réu for pessoa jurídica de direito público, não será deferida a liminar sem prévia audiência 
dos representantes judiciais. 
3) Reintegração de posse = exige a perda da posse e esbulho. Os requisitos (art. 927 CPC) para 
seu ajuizamento são a posse, o esbulho praticado pelo réu, a data do esbulho e a perda da 
posse. Comporta o pedido de liminar, todavia se o réu for pessoa jurídica de direito público, 
não será deferida sem prévia audiência dos representantes judiciais. A sentença proferida na 
ação de reintegração de posse determina a expedição de mandado de reintegração. 
→ em se tratando de locação, a ação para reaver o imóvel locado é a de despejo. Somente se o 
locatário foi despejado e, clandestinamente, retornou a ocupar o imóvel a ação proposta será 
a de reintegração de posse, visto que se configurou o esbulho. 
Portanto, se for ajuizada ação de interdito proibitório é porque só havia ameaça de turbação 
ou esbulho e, caso se concretiza a turbação ou o esbulho, a ação transmuda-se para 
manutenção ou reintegração de posse; respectivamente. 
→ Ex: suponha que ‘A’ tenha ocupado e guarnecido com móveis uma casa de veraneio, que 
reputava abandonada, mas que pertence a ‘B’. ‘B’, ignorando a situação criada por ‘A’, ingressa 
no imóvel e fica na posse. ‘A’, então, acreditando-se esbulhado, propõe ação de reintegração 
de posse em face de ‘B’; o qual, em ação movida contra ‘A’, pede seja-lhe concedida a 
proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes do esbulho cometido pelo 
autor da ação (‘A’). 
OUTRAS AÇÕES RELACIONADAS À POSSE 
O proprietário possuidor pode, em face da invasão à sua propriedade, mover ação de 
reintegração de posse ou reivindicatória; já o proprietário não possuidor somente poderá 
ajuizar ação reivindicatória. Tanto o proprietário possuidor quanto o proprietário não 
possuidor podem ajuizar ação de nunciação de obra nova. 
1) Nunciação de obra nova (art. 934 a 940 CPC)= tem a finalidade de impedir a continuação da 
construção de obra nova em imóvel vizinho, a fim de evitar prejuízos. A obra deve ser nova, 
isto é, inacabada ou em vias de construção; caso não seja, a ação a ser proposta será a 
demolitória. Tem legitimidade para propor a ação o proprietário, o possuidor, o condômino e o 
Município (com intuito de evitar que a construção seja feita em desacordo com a lei). → Ex: a 
construção de muro divisório com alegada invasão no terreno vizinho dá ao proprietário 
possuidor o direito à nunciação de obra nova. 
Art. 940 CPC – ‘O nunciado poderá, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, 
requerer o prosseguimento da obra, desde que preste caução e demonstre prejuízo resultante 
da suspensão dela.’ 
2) Dano infecto = é uma medida preventiva contra dano futuro (eu percebo que haverá um 
dano e me antecipo pedindo indenização, a qual ficará depositada em juízo). 
3) Imissão de posse = quando eu já possuo a propriedade, mas falta a posse. Busca o autor 
conquistar a posse que nunca teve, mediante a apresentação do título. → Ex: se ‘A’ compra um 
imóvel de ‘B’ e este se recusa a permitir o ingresso de ‘A’, deverá ‘A’ propor em face de ‘B’ a 
ação de imissão de posse. Não poderá requerer reintegração de posse, pois não teve posse 
anterior. 
4) Embargos de terceiro = medida incidente, conferida a quem, não sendo parte do processo, 
sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens (por apreensão judicial, por exemplo). 
Direito de indenização e direito de retenção 
Art. 1219 CC - ‘O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e 
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o 
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das 
benfeitorias necessárias.’ 
Art. 1220 CC – ‘Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; 
não lhe assiste direito de retenção pela importância destas. Nem o de levantar as voluptuárias.’ 
POSSUIDOR DE BOA-FÉ E POSSUIDOR DE MÁ-FÉ 
Percepção dos frutos 
(1) Ao possuidor de boa-fé é garantido, conforme disposto no artigo 1.214 e seguintes do 
Código Civil Brasileiro, o direito sob os frutos percebidos e às despesas da produção e custeio 
dos frutos pendentes e dos colhidos antecipadamente como forma de garantia à sua conduta 
sem vício. Esta garantia ao possuidor, porém, existe até o momento em que se concretizar a 
contestação da lide. Enquanto esta não ocorrer, o possuidor tem direito sob os frutos já 
colhidos, estando eles armazenados ou já se encontrarem consumidos, uma vez que se supõe 
que ele ignore o impedimento de sua posse sob os frutos em questão. 
 (2) Em contrapartida, ao possuidor de má-fé, é obrigatória a resposta por todos os frutos 
colhidos e percebidos, assim como os que não o foram por responsabilidade dele dado o 
momento em que sua ação foi constituída pela má-fé, tendo ele somente direito às despesas 
de produção e custeio dos frutos. (Art. 1.216, C.C.) 
Pela perda ou deterioração da coisa 
(1) O possuidor de boa-fé não é responsável pela perda ou deterioração da coisa a que não der 
causa. 
(2) É responsabilizado pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, a não ser que 
se prove que a referida perda ou deterioração teria ocorrido mesmo que a coisa estivesse na 
posse de quem a reivindica (por exemplo, por caso fortuito ou força maior). 
Benfeitorias Art. 1219. 
(1) O possuidor de boa-fé, tem o direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis 
que fez no imóvel. Não indenizado, pode exercer o direito de retenção. Porém, tendo que 
restituir o valor correspondente aos frutos e rendimentos obtidos no período de ocupação de 
má-fé (após a ciência do novo reclamante). No que se refere às benfeitorias voluptuárias, o 
possuidor deboa-fé levantá-la, se não acarretar estrago à coisa e se o reivindicante não 
preferir ficar com elas, indenizando o seu valor. 
(2) O possuidor de má-fé, terá direito a benfeitorias realizadas, mas restritas às necessárias, 
sendo excluídos, neste caso, todos os outros direitos atribuídos ao possuidor de boa-fé. 
PERDA DA POSSE (arts. 1223 e 1224 CC) 
Considera-se perdida a posse quando cessa o poder que tinha o possuidor sobre o bem. 
Motivos: abandono (ato voluntário), tradição (transferência da posse), posse por outrem 
(contra sua vontade – Ex: invasão), destruição da coisa e pelo Constituto possessório. 
No caso de esbulho, só se considera perdida a posse para o esbulhado que não presenciou o 
esbulho quando, tendo conhecimento do fato, se mantém inerte ou, ao tentar recuperar a 
coisa, é violentamente repelido. 
CONSTITUTO POSSESSÓRIO / TRADITIO BREVI MANU 
Constituto Possessório, também conhecido cláusula constituti, trata-se de uma operação 
jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que aquele que possuía em nome 
próprio, passa a possuir em nome alheio. Ex: vendo uma casa que possuía em nome próprio, e 
coloco no contrato de compra e venda uma cláusula que prevê minha permanência na casa na 
condição de locatário, ou seja, passo a possuir a casa em nome alheio. Essa cláusula é a 
constituti. 
O inverso do constituto possessório ocorre quando a pessoa que possuí em nome alheio passa 
a possuir em nome próprio. Ex: o locatário que possui a casa em nome alheio compra a casa 
passando a possuir em nome próprio, neste caso a cláusula será da traditio brevi manu. 
PROPRIEDADE EM GERAL 
Consiste em um direito em que: 
Art. 1228 CC – ‘O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.’ 
Não há prazo em lei para a propositura de ação reivindicatória, mas sua improcedência será de 
rigor, quando o réu da ação provar tempo de posse suficiente para a usucapião. 
Características: 
I. É um direito absoluto = o proprietário pode utilizar a coisa em toda sua substancia e 
conforme o bem-estar social 
II. É exclusivo = o titular deste direito pode usar, fruir e dispor dele → tem o proprietário 
direito sobre o solo, espaço aéreo e subsolo (não pertencerão, contudo, as riquezas naturais 
encontradas, tais como jazidas, recursos minerais e monumentos arqueológicos) 
III. É elástico = meus direitos podem diminuir ou aumentar de acordo com o meu uso na 
propriedade → Ex: se eu cedo meu direito de usar e fruir, somente me restará o direito de 
dispor e, desta forma, meus direitos terão diminuídos. Neste caso, eu serei a nu-proprietária e 
a pessoa a usufrutuária. 
A função social da propriedade não se restringe ao cuidado de preservar o direito individual ou 
coletivo, mas também à proteção do meio ambiente; evitando danos à flora, fauna, ao 
patrimônio histórico, ao ar... Enfim, deve exercer sua função social refletida pelo bem-estar 
comum. 
DESCOBERTA (arts. 1233 a 1237 CC) 
Consiste em achar coisa alheia perdida pelo dono. Quem a encontrar (o descobridor) deve 
devolvê-la ao respectivo dono ou legítimo possuidor. Caso não seja possível, deve ser entregue 
a uma autoridade competente. Após 60 dias de divulgação, pela imprensa (p. Ex.), se o dono 
não se apresentar a coisa será vendida em hasta pública. Poderá o Município abandonar a 
coisa em favor de quem a achou se o seu valor for ínfimo. O descobridor do objeto terá direito 
a uma recompensa, o achádego, não inferior a 5% do seu valor + a indenização pelas despesas 
que tenha feito com a conservação e/ou transporte da coisa. 
OBS: Ação reivindicatória = ação do dono, que recupera a posse sobre seu bem. Pressupõe 
documento de propriedade, a prova de que aquele imóvel era seu. 
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL (arts. 1238 a 1259 CC) 
São modalidades de aquisição da propriedade imóvel: usucapião, registro de título, acessão e o 
direito hereditário. 
USUCAPIÃO – conceito, espécies e requisitos 
A usucapião é considerada forma de aquisição originária, porque a transmissão é através de 
sentença declaratória da usucapião e não por manifestação da vontade; já o registro e o 
direito hereditário são modos de transmissão derivada, porque exigem um anterior 
proprietário. Portanto, a aquisição será originária quando não houver relação de causalidade 
entre o direito do antecessor e o do sucessor. Existindo essa relação, que se dá através da 
transmissão do bem pelo anterior ao novo proprietário, o modo de aquisição será o derivado. 
Usucapião é o direito que o indivíduo adquire em relação à posse de um bem móvel ou imóvel 
em decorrência da utilização do bem por determinado tempo, contínuo e incontestadamente. 
Em caso de imóvel, qualquer bem que não seja público pode ser adquirido através da 
usucapião. Entretanto, não é assim tão simples, para que esse direito seja reconhecido é 
necessário que sejam atendidos os pré-requisitos determinados na lei, em específico, o Código 
Civil e a Constituição Brasileira que são: 
 
1 - Que o possuidor que quer pedir a usucapião, realmente esteja no imóvel com intenção de 
posse, explorando o bem sem subordinação a quem quer que seja, com exclusividade, como se 
proprietário fosse com animus domini; 
2 - Que a posse não seja clandestina, precária ou mediante violência (posse justa); 
3 - Que seja então, posse de forma mansa, pacífica, contínua e duradoura. 
Contudo, não pode ser alegada nas seguintes situações: 
a) durante a vigência da condição suspensiva, pois ela, como modalidade do ato ou do negócio 
jurídico, impede a aquisição de direitos enquanto não se verificar o evento futuro e incerto; 
b) durante ação de evicção; 
c) com a citação pessoal do devedor; 
d) com o ato judicial que constitui o devedor em mora; 
e) com o protesto; 
f) com a apresentação do título de crédito no juízo do inventário ou em concurso de credores. 
 
ESPÉCIES 
 
» USUCAPIÃO ORDINÁRIA/COMUM 
Bem imóvel: artigos 1242 e 1379, parágrafo único do Código Civil 
Bem móvel: artigo 1260 do Código Civil 
Requisitos: (Além de posse justa, mansa, pacífica e contínua) 
a) Boa-fé; 
b) Justo Título; O justo título em todos os casos de usucapião ocorre com a apresentação de 
qualquer documento demonstrativo da legitimidade da posse, desde que, quando particular, 
tenha a assinatura de duas testemunhas. Ex: contrato de compra e venda. 
Prazo de posse contínua: 
a) 10 anos para bens imóveis; 
b) 3 anos para bens móveis. 
 
» USUCAPIÃO ORDINÁRIA HABITACIONAL 
- artigo 1242 parágrafo único do Código Civil 
Requisitos: (Além de posse mansa, pacífica e contínua) 
a) Finalidade habitacional (em solo urbano); 
b) Boa-fé; 
c) Justo Título; 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área. 
 
» USUCAPIÃO ORDINÁRIA PRO LABORE 
Artigo 1242 parágrafo único do Código Civil 
Requisitos: (Além de posse mansa, pacífica e contínua) 
a) Finalidade de exploração econômica no imóvel, atividade laboral-extrativista, pecuária ou 
agrícola – (terras rurais); 
b) Boa-fé; 
c) Justo Título; 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área. 
 
» USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 
Bem imóvel: artigo 1238 do Código Civil 
Bem móvel: artigo 1260 do Código Civil 
Requisitos: É necessária a posse mansa, pacífica, duradoura e continua, contudo, não se exige 
demonstração em juízo de boa-fé e/ou justo título. 
Prazo de posse contínua: 
a) 15 anos para bem imóvel; 
b) 5 anos para bem móvel; 
 
»USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA HABITACIONAL 
Artigo 1238 parágrafo único do Código Civil 
Requisitos: É necessária a posse mansa e continua de imóvel urbano para fins de moradia, 
contudo, não se exige boa-fé ou justo título. 
Prazo de posse contínua: 
a) 10 anos. 
Obs: não existe qualquer tipode especificação sobre limite de área. 
 
» USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA PRO LABORE 
Artigo 1238 parágrafo único do Código Civil 
Requisitos: É necessária a posse mansa e continua de imóvel rural para fins de exploração 
econômica (extrativista, pecuária ou agrícola), contudo, não se exige boa-fé ou justo título. 
Prazo de posse contínua: 
a) 10 anos. 
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF/1988) 
 
» USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL HABITACIONAL (pro morare ou pro misero) 
Artigo 183 da Constituição Federal e artigo 1240 do Código Civil 
Requisitos: 
a) Não se exige boa-fé ou justo título; 
b) O imóvel URBANO não pode ultrapassar 250 m²; 
c) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano. 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
 
» USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL / PRO LABORE 
artigo 191 da Constituição Federal e artigo 1239 do Código Civil 
Requisitos: 
a) Não se exige boa-fé ou justo título; 
b) O imóvel RURAL não pode ultrapassar 50 Hm²; 
c) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano. 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
** Muito embora o Enunciado 313 da IV Jornada do CJF tenha entendido que tanto na 
usucapião constitucional urbano quanto no rural não é possível o desmembramento de área a 
fim de atingir o limite máximo, a melhor orientação está no sentido de que compete ao juiz 
aferir a possibilidade de desmembramento de área, junto ao Registro de Imóveis, para fins de 
concessão do direito de usucapir, dando real cumprimento à função social da propriedade. 
 
» LEI 6.969/19811 USUCAPIÃO POR INTERESSE SOCIAL 
Requisitos: 
a) Não se exige boa-fé ou justo título; 
b) O imóvel RURAL não pode ultrapassar 25 Hm²; 
c) O possuidor e os membros de sua família não podem ser titular de outro imóvel seja ele 
rural ou urbano. 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
Obs: 
a) Trata-se inegavelmente de uma modalidade de usucapião pro labore, contudo, mesmo com 
a instituição da usucapião constitucional pro labore ela não foi revogada, visto que admite a 
usucapião de terras devolutas; 
b) Nesta modalidade a concessão não ocorre somente via judiciário, ela também pode ocorrer 
administrativamente; 
c) Proíbe-se, entretanto, a usucapião de área de segurança nacional, de área indígena e de 
área de proteção ambiental. 
 
» LEI 10.257/20011 USUCAPIÃO URBANA (ESTATUTO DA CIDADE) 
Também chamada de usucapião para pessoas de baixa renda 
Requisitos: 
a) Não se exige boa-fé ou justo título; 
b) Deve ocorrer de forma coletiva (composse), onde não seja possível mensurar com precisão 
a área de posse de cada um; 
c) A área deve ter MAIS que 250m²; 
d) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano. 
Prazo de posse contínua: 
a) 5 anos. 
 
O único objetivo da ação de usucapião é a propriedade (nome na matrícula/transcrição do 
imóvel) e quem conseguir comprovar a sua versão, cuidando de cada ato processual como 
único, sairá vitorioso.

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