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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL TADEU VICTOR SALVATIERRA CESAR FIGUEIREDO ANÁLISE DOS PILARES. ESTUDO DE CASO: SUSTENTAÇÃO DA CLARABOIA DA SEDE DA JUSTIÇA FEDERAL DO ACRE Orientador: Prof. Dr. Camilo Lélis de Gouveia Coorientador: Prof. Esp. Júlio Roberto Uszacki Júnior Trabalho de Conclusão de Curso – TCC elaborado junto ao Curso de Bacharelado em Engenharia Civil, como requisito parcial da avaliação da Disciplina de Estágio Supervisionado. Trabalho De Conclusão De Curso - TCC Rio Branco – Acre 2016 TADEU VICTOR SALVATIERRA CESAR FIGUEIREDO ANÁLISE DOS PILARES. ESTUDO DE CASO: SUSTENTAÇÃO DA CLARABOIA DA SEDE DA JUSTIÇA FEDERAL DO ACRE Trabalho de Conclusão de Curso – TCC elaborado junto ao Curso de Bacharelado em Engenharia Civil, como requisito parcial da avaliação da Disciplina de Estágio Supervisionado. Apresentado em: 06/05/2016 BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Camilo Lélis de Gouveia (Orientador) UFAC – Rio Branco / AC Prof. Esp. Júlio Roberto Uszacki Júnior (Coorientador) UFAC – Rio Branco / AC Prof. Dr. Esperidião Fecury Pinheiro de Lima UFAC – Rio Branco / AC Rio Branco – Acre 2016 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Maria de Nazaré Salvatierra Cesar e Tadeu Raimundo Cordeiro Figueiredo, que são o alicerce da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que nos deu a vida e que nos fornece a fé que precisamos para lutarmos por nossos sonhos a cada dia. Agradeço a minha mãe Maria de Nazaré Salvatierra Cesar que me criou dando o seu máximo a cada dia e sendo um exemplo de pessoa para todos, ao meu pai Tadeu Raimundo Cordeiro Figueiredo pela educação e condição que sempre teve para comigo, a minha irmã Paola Victoria Salvatierra Cesar Figueiredo, que apesar de tudo sempre esteve ao meu lado. Agradeço a minha namorada Cássia Faial Pontes Hadad, que conheci graças à engenharia, por todos momentos de apoio nessa caminhada, amiga e companheira todas as horas, e principalmente por me ajudar a evoluir como pessoa. Agradeço a toda minha família e amigos, pelos momentos felizes compartilhados e por me auxiliarem tanto nessa caminhada acadêmica. Agradeço espacialmente aos amigos mais próximos nessa fase da minha vida: Baiano, Bruno, Carlos, Claudio, Dudu, Elpídio, Gabriel Sales, Gabriel Nardino, Kaliton, Lucas, Margarido, Teusão, Thales, Thiago 01, e ao amigo e sócio que tornou esse trabalho de conclusão de curso possível: Ítalo Lopes. Agradeço aos engenheiros com quem pude trabalhar e que tanto me ensinaram na durante minha vida acadêmica: Samara Damásio, Ericles Ricarte, Nilton Bittencourt, Sergio Cortezi e Bia Feres. Agradeço a todos os docentes e funcionários do curso de graduação em Engenharia Civil que contribuíram para minha formação. Agradeço principalmente ao meu orientador Prof. Dr. Camilo Lélis de Gouveia e ao meu coorientador Prof. Esp. Júlio Roberto Uszacki Júnior pela contribuição acadêmica e também para a vida. Seus ensinamentos, além de engenheiros, formam cidadãos de bem, comprometidos a construir um mundo melhor e mais igualitário. “Os sábios são aqueles que buscam sabedoria; as pessoas tolas pensam tê-la encontrado. ” (Napoleão Bonaparte) SUMÁRIO Dedicatória Agradecimentos Epígrafe Sumário Lista de Figuras Lista de Quadros Lista de Abreviaturas e Siglas Lista de Símbolos Resumo 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS _________________________________________ 12 1.1 INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 12 1.2 JUSTIFICATIVA ____________________________________________________ 12 1.3 RESTRIÇÕES E LIMITAÇÕES ________________________________________ 12 1.4 OBJETIVOS ________________________________________________________ 14 1.4.1 Geral ______________________________________________________________ 14 1.4.2 Específicos _________________________________________________________ 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 15 2.1 CONCRETO ARMADO ______________________________________________ 15 2.1.1 Recomendações normativas ____________________________________________ 15 2.1.2 Controle tecnológico __________________________________________________ 16 2.1.3 Índice de esbeltez ____________________________________________________ 17 2.2 PATOLOGIAS DO CONCRETO ARMADO ______________________________ 18 2.2.1 Generalidades _______________________________________________________ 18 2.2.2 Tipologia das Patologias _______________________________________________ 20 2.3 PERÍCIAS DE ENGENHARIA CIVIL ___________________________________ 24 2.4 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS DE PERÍCIAS __________________________ 27 2.4.1 Ensaio Esclerométrico ________________________________________________ 28 2.4.2 Ensaio de profundidade de carbonatação __________________________________ 29 3 METODOLOGIA ____________________________________________________ 31 3.1 LOCAL DE COLETA DE DADOS, VISTORIA E TESTES __________________ 31 3.2 ETAPAS DA PESQUISA DO ESTUDO DE CASO _________________________ 32 4 RESULTADO E DISCUSSÕES ________________________________________ 33 4.1 HISTÓRICO DO EDIFÍCIO ___________________________________________ 33 4.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS __________________________________________ 33 4.3 REGISTRO FOTOGRÁFICO FORNECIDO PELA JUSTIÇA FEDERAL _______ 34 4.4 ANÁLISE DOS PILARES _____________________________________________ 36 4.5 ANÁLISE DO ÍNDICE DE ESBELTEZ __________________________________ 52 4.6 SOLUÇÕES APRESENTADAS ________________________________________ 56 4.6.1 REFORÇO ESTRUTURAL COM PERFIS EM ESTRUTURA METÁLICA _____ 56 4.6.2 CONTRAVENTAMENTO COM VIGAS DE CONCRETO ARMADO _________ 57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________________ 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 62 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fissuras verticais no pilar indicando insuficiência de estribos ________________ 22 Figura 2: Esclerômetro da Universidade Federal do Acre ___________________________ 28 Figura 3: Área de ensaio e pontos de impacto ____________________________________ 29 Figura 4: Fachada do prédio da Justiça Federal do Acre ____________________________ 31 Figura 5: Armadura em processo de oxidação exposta - P2__________________________ 34 Figura 6: Armadura em processo de oxidação exposta P2 ___________________________ 35 Figura 7: Armadura em processo de oxidação exposta P4 ___________________________ 35 Figura 8: Croqui de localização dos pilares ______________________________________ 36 Figura 9: Pilar P1 __________________________________________________________ 37 Figura 10: Pilar P1 - Trinca no fuste do pilar _____________________________________ 38 Figura 11: Pilar P1 - Trincas na base do pilar ____________________________________ 38 Figura 12: Pilar P1 - Fissuras e corrosão na base do pilar ___________________________ 39 Figura 13: Pilar P1 - Corrosão na base do pilar ___________________________________ 39 Figura 14: Pilar P1 – Área de ensaio de esclerometria - Bolhas de ar e agregado aparentes _ 40 Figura 15: Pilar P2 _________________________________________________________ 41 Figura16: Pilar P2 - Área recoberta já apresentando fissura _________________________ 42 Figura 17: Pilar P2 - Área recoberta ____________________________________________ 42 Figura 18: Pilar P2 – Área recoberta ___________________________________________ 42 Figura 19: Pilar P2 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque _______ 43 Figura 20: Pilar P3 _________________________________________________________ 44 Figura 21: Pilar P3 – Base do pilar com esmagamento do concreto e corrosão da armadura. 45 Figura 22: Pilar P3 – Área recoberta. ___________________________________________ 45 Figura 23: Pilar P3 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque _______ 46 Figura 24: Pilar P3 - Concreto após reação com solução de fenolftaleína _______________ 46 Figura 25: Pilar P3 - Espessura da amostra. ______________________________________ 47 Figura 26: Pilar P3 - Ausência de cobrimento na base; aço exposto a agentes externos ____ 48 Figura 27: Pilar 4 __________________________________________________________ 49 Figura 28: Pilar P4 – Área recoberta ___________________________________________ 50 Figura 29: Pilar P4 - Deformações no pilar - linhas de referência _____________________ 51 Figura 30: Pilar P4 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque _______ 52 Figura 31: Representação em planta baixa dos pilares analisados _____________________ 53 Figura 32: Representação da armação usada para os pilares em questão ________________ 54 Figura 33 - Estrutura metálica da claraboia apoiada excêntrica no pilar P1 _____________ 55 Figura 34 - Excentricidade no pilar P2 __________________________________________ 55 Figura 35 - Excentricidade no pilar P3 __________________________________________ 55 Figura 36 - Excentricidade no pilar P4 __________________________________________ 55 Figura 37: Imagem que demonstra como seria a solução em questão aplicada ___________ 58 Figura 38: Etapas de recuperação para barras de aço em processo avançado de oxidação __ 56 Figura 39: Proposta de acréscimo de seção dos pilares _____________________________ 59 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Diferenças de nomenclatura entre aberturas superficiais ___________________ 21 Quadro 2: Definições dos documentos técnicos relativos a perícia ____________________ 25 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias NBR Norma Brasileira LISTA DE SÍMBOLOS ∝ Coeficiente de Dilatação Térmica λ Índice de Esbeltez λ1 Índice de Esbeltez Limite RESUMO O concreto armado é o elemento de maior versatilidade para a construção civil, porém pode vir a possuir alguns casos de patologias a depender do projeto, da execução e manutenção da obra. O presente estudo de caso visou identificar as manifestações patológicas presentes nos quatro pilares de sustentação da cúpula do Edifício Sede da Justiça Federal do Estado do Acre, além de propor uma solução para sanar estas patologias. Para tanto foi feito um levantamento bibliográfico, vistoria nos pilares e áreas adjacentes, relatório fotográfico, questionamento ao responsável técnico do local, ensaios de resistência superficial do concreto e análise da profundidade de carbonatação da peça, análise das informações obtidas e elaboração do parecer técnico. O edifício possui treze anos desde sua inauguração, e as manifestações patológicas iniciaram-se há aproximadamente três anos, dificultando assim a manutenção devido a evolução das patologias, tornando-se imprescindível a realização de recuperação da estrutura. Os pilares analisados têm oito metros de altura, a qual não foi prevista em projeto, possuem vigas metálicas apoiadas sobre as peças que apresentam excentricidade, o que provoca por consequência a flambagem dos pilares. Devido à flambagem, falta de projeto executivo específico das peças e má execução, os pilares de concreto armado apresentam perda do cobrimento e armaduras corroídas. A solução proposta foi o tratamento dos locais onde há concreto segregado e corrosão da armadura, com limpeza do local, aplicação de proteção contra corrosão nas armaduras e preenchimento de seu cobrimento com graute, e o reforço estrutural dos quatro pilares com perfis metálicos. Palavras chave: Patologia. Perícia. Parecer Técnico. Concreto Armado. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.1 INTRODUÇÃO As estruturas de concreto armado são as mais usuais atualmente na construção civil no Brasil. Apesar de serem compostas por materiais que chegam a ter uma alta durabilidade, não é comumente observado que para prolongar sua vida útil deve-se ter uma manutenção contínua da obra. O crescimento sempre acelerado da construção civil, em alguns países e diferentes épocas, provocou a necessidade de inovações que trouxeram, em si, a aceitação implícita de maiores riscos. Aceitos estes riscos, ainda que dentro de certos limites, posto que regulamentados das mais diversas formas, a progressão do desenvolvimento tecnológico aconteceu naturalmente, e, com ela, o aumento do conhecimento sobre estruturas e materiais, em particular através do estudo e análise dos erros acontecidos, que têm resultado em deterioração precoce ou em acidentes. 1.2 JUSTIFICATIVA Na cidade de Rio Branco – Acre, as estruturas de concreto armado que exigem maiores solicitações são relativamente novas, consequentemente alguns casos de patologias graves em estruturas começam a surgir somente agora. Dado este fato, ainda não há uma cultura local de prevenção de manifestações patológicas nas construções, ocasionando assim patologias que se desenvolvem sem o devido tratamento. Em prospecção nos quatro pilares de sustentação da cúpula do edifício sede da Seção Judiciária do Estado do Acre, foi detectado um adiantado processo de corrosão nas ferragens dos quatro pilares, bem como evidências de material estranho às técnicas de composição do concreto, tais como terra e cascalho. Como se trata de constatação meramente visual e empírica recomenda-se a elaboração de parecer técnico que buscará a solução técnica mais adequada para o problema. 1.3 RESTRIÇÕES E LIMITAÇÕES Este trabalho analisará somente os pilares de sustentação da clarabóia do edifício sede da Seção Judiciária do Estado do Acre, em detrimento das demais estruturas que estão 1 – Considerações Iniciais 13 diretamente sustentadas por eles, tais como: estrutura de treliça metálica na parte superior dos pilares; vigas, pilares e lajes da parte inferior dos pilares. Também se deve observar a limitação quanto aos ensaios relativos ao concreto armado, não sendo possível realizar todos aqueles necessários para uma análise que levasse em conta a quantificação dos aspectos químicos da ocorrência, porém fazendo-se o suficiente que há disponível para se chegar a uma conclusão e solução correta e segura da manifestação patológicas dos pilares. 1 – Considerações Iniciais 14 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Geral Analisar os pilares de sustentação da claraboia do edifício sede da Seção Judiciária do Estado do Acre, apresentando parecer técnico de engenharia baseado nas conclusões encontradas para a solução do problema. 1.4.2 Específicos Dirimir dúvidas quanto a real gravidade do problema detectado, após verificação dos principais fatores e agentes causadores das patologias encontradas no concreto e armaduras; Realizar ensaios não destrutivos que auxiliem no esclarecimento das causas que originaram asmanifestações patológicas, tais como: ensaio esclerométrico e ensaio de carbonatação; Buscar medidas corretivas adequadas para solucionar o problema de forma a se garantir a segurança das pessoas e das instalações, a partir da base diagnosticada apresentada pelo estudo teórico e prático de estruturas de concreto armado. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONCRETO ARMADO Os elementos de concreto armado são aqueles cujo comportamento estrutural depende da aderência entre massa de concreto e armadura, e nos quais não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa aderência, ou seja, somente será submetido a carregamento após a pega e endurecimento do concreto. O concreto é um material composto por água, cimento e agregados. Dentre suas principais vantagens há sua trabalhabilidade enquanto estado líquido, e sua resistência a compressão quando estado sólido. Apesar de apresentar boa resistência à compressão, ele não é adequado como elemento resistente sozinho, pois possui baixa resistência à tração, chegando esta a cerca de 10% da resistência à compressão, sendo assim faz-se necessário o uso de armaduras de aço para combater a flexão da peça. Dessa maneira concreto e aço deverão trabalhar solidariamente, e isso é possível em decorrência das forças de aderência entre a superfície do aço e a massa do concreto, pois as barras de aço tracionadas só funcionam quando, pela deformação do concreto que as envolve, começam a ser alongadas, o que caracteriza as armaduras passivas. É a aderência que faz com que o concreto armado se comporte como material estrutural. Segundo Carvalho (2007), também é importante mencionar que os dois materiais, concreto e aço, possuem valores próximos de coeficiente de dilatação térmica linear (∝𝑐𝑜𝑛𝑐= 1 × 10−5℃−1 e ∝𝑎ç𝑜= 1,2 × 10 −5℃−1), além do concreto, ao envolver o aço, protegê-lo satisfatoriamente, em condições normais, contra a oxidação e altas temperaturas. 2.1.1 Recomendações normativas A NBR 6118:2014, Projeto de estruturas de concreto - procedimento, estabelece dimensões limites para as peças estruturais, sendo que a menor seção transversal de pilares e pilares-parede maciços, qualquer que seja a sua forma, não pode apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais, permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm. Conforme a NBR 14931:2004, Execução de estruturas de concreto – procedimento, o concreto deve ser lançado com técnica que elimine ou reduza significativamente a segregação entre seus componentes, observando-se maiores cuidados quanto maior for a altura de 2 – Revisão Bibliográfica 16 lançamento e a densidade de armadura. Estes cuidados devem ser majorados quando a altura de queda livre do concreto ultrapassar 2 m, no caso de peças estreitas e altas, de modo a se evitar a segregação e a falta de argamassa (como nos pés de pilares e nas juntas de concretagem de paredes). Entre os cuidados que podem ser tomados, no todo ou em parte, recomenda-se o seguinte: Emprego de concreto com adequado teor de argamassa e consistência, por exemplo, de concreto com características para bombeamento; Lançamento inicial de argamassa com composição igual à da argamassa do concreto estrutural nas peças com possibilidade de segregação; Uso de dispositivos que conduzam o concreto, minimizando a segregação (funis, calhas e trombas, por exemplo). Deve-se tomar um cuidado especial em evitar o deslocamento de armaduras, dutos de protensão, ancoragens e fôrmas, bem como para não produzir danos nas superfícies das fôrmas, principalmente quando o lançamento do concreto for realizado em peças altas, por queda livre. Durante o lançamento e imediatamente após, o concreto deverá ser vibrado ou apiloado contínua e energicamente com equipamento adequado à sua consistência. O adensamento deve ser cuidadoso para que o concreto preencha todos os recantos das fôrmas. Durante o adensamento devem ser tomados os cuidados necessários para que não se formem “ninhos de agregados” ou haja a segregação dos materiais. Deve-se evitar a vibração da armadura para que não se formem vazios ao seu redor, com prejuízos da aderência. Segundo NBR 6118:2014, o desempenho em serviço consiste na capacidade da estrutura manter-se em condições plenas de utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos que comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada; enquanto durabilidade consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto. 2.1.2 Controle tecnológico As inspeções da concretagem segundo Walid (2009) ocorrem em três momentos distintos: Inspeção antes da concretagem: É fundamental que, por ocasião do preparo do concreto, os materiais empregados correspondam àqueles que foram caracterizados e aprovados. 2 – Revisão Bibliográfica 17 Caso contrário, as dosagens não se aplicarão. As condições de estocagem dos materiais no canteiro serão tais que não permitam a sua contaminação pelo solo. A norma técnica que regulamenta o concreto fornecido por centrais permite que seja adicionada na obra água em quantidade não superior àquela necessária para corrigir até 2,5 cm no abatimento do concreto. O tempo decorrido entre o início da mistura do concreto na usina e o fim do seu lançamento na obra deverá ser adequado, não superando 2 horas e 30 minutos, evitando-se dessa maneira que o concreto inicie sua pega antes do final do lançamento. Inspeção durante a concretagem: O recebimento na obra de concreto usinado terá de ser feito em função dos resultados dos ensaios realizados com o concreto fresco. Nesse caso, a aceitação será feita com base no ensaio de abatimento de tronco de cone. Na mesma ocasião será efetuada moldagem dos corpos-de-prova. Impõe-se ainda que as operações de lançamento, adensamento e cura do concreto sejam procedidas conforme as normas técnicas e de acordo com plano previamente fornecido ao engenheiro da obra. Inspeção depois da concretagem: Durante o andamento da obra, é necessário ser sempre mantido rigoroso controle dos resultados obtidos mediante ensaios de compressão dos corpos-de-prova moldados com os diversos concretos. Os resultados dos ensaios precisam ser apreciados individualmente e sob o ponto de vista estatístico, conforme normas técnicas. 2.1.3 Índice de esbeltez O índice de esbeltez (l) avalia o quanto uma barra comprimida é mais ou menos vulnerável ao efeito de flambagem. É obtido através da relação entre o comprimento de flambagem (le) e o raio de giração (i), obtido através da relação: 𝛌 = 𝐥𝐞 𝐢 (1) O raio de giração (i) é obtido pela dimensão do pilar no sentido analisado (h), na seguinte relação: 𝐢 = 𝐡 √𝟏𝟐 (2) De acordo com a NBR 6118:2014, onde λ1 é a esbeltez limite e que está compreendida no seguinte intervalo: 35 ≤ λ1 ≤ 90, temos os consequentes limites para esbeltez: Pilares robustos ou pouco esbeltos → λ ≤ λ1 Pilares de esbeltez média → λ1< λ ≤ 90 Pilares esbeltos ou muito esbeltos → 90 < λ ≤ 140 Pilares excessivamente esbeltos → 140 < λ ≤ 200 2 – Revisão Bibliográfica 18 A NBR 6118:2014 não admite, em nenhum caso, pilares com índice de esbeltez λ superior a 200. Para os demais casos de esbeltez (pilares esbeltos,muito esbeltos ou excessivamente esbeltos) o dimensionamento sofrerá alterações, que deverão considerar os esforços causados pelo fenômeno da flambagem. 2.2 PATOLOGIAS DO CONCRETO ARMADO 2.2.1 Generalidades O termo "patologia" é derivado do grego (pathos - doença, e logia - ciência, estudo) e significa "estudo da doença". Na construção civil pode-se atribuir patologia aos estudos dos danos ocorridos em edificações. Essas patologias podem se manifestar em diversos tipos, tais como: trincas, fissuras, infiltrações e danos por umidade excessiva na estrutura. Por ser encontrada em diversos aspectos, recebe o nome de manifestações patológicas. Segundo a NBR 6118:2014, os mecanismos preponderantes de deterioração relativos ao concreto são: Lixiviação: É o mecanismo responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e outras. Para prevenir sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de forma a minimizar a infiltração de água, e proteger as superfícies expostas com produtos específicos, como os hidrófugos. Expansão por sulfato: É a expansão por ação de águas ou solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado. A prevenção pode ser feita pelo uso de cimento resistente a sulfatos, conforme ABNT NBR 5737. Reação álcali-agregado: É a expansão por ação das reações entre os álcalis do concreto e agregados reativos. O projetista deve identificar no projeto o tipo de elemento estrutural e sua situação quanto à presença de água, bem como deve recomendar as medidas preventivas, quando necessárias, de acordo com a ABNT NBR 15577-1. Enquanto os mecanismos preponderantes de deterioração relativos à armadura são: Depassivação por carbonatação: É a despassivação por carbonatação, ou seja, por ação do gás carbônico da atmosfera sobre o aço da armadura. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O 2 – Revisão Bibliográfica 19 cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável um concreto de baixa porosidade. Depassivação por ação de cloretos: Consiste na ruptura local da camada de passivação, causada por elevado teor de íon-cloro. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de pequena porosidade. O uso de cimento composto com adição de escória ou material pozolânico é também recomendável nestes casos. A norma ainda cita os mecanismos de deterioração da estrutura propriamente dita, que são todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação, bem como as diversas ações que atuam sobre a estrutura. Segundo o (IBAPE, 2012) as anomalias e falhas constituem não conformidades que impactam na perda precoce de desempenho real ou futuro dos elementos e sistemas construtivos, e redução de sua vida útil projetada. Podem comprometer, portanto, segurança, funcionalidade, operacionalidade, saúde de usuários, conforto (térmico, acústico e lumínico); acessibilidade, durabilidade, vida útil, dentre outros parâmetros de desempenho definidos na ABNT NBR 15.575:2013. As não conformidades podem estar relacionadas a desvios técnicos e de qualidade da construção e/ou manutenção da edificação. Podem, ainda, não atender aos parâmetros de conformidade previstos para os sistemas construtivos e equipamentos instalados, tais como: dados e recomendações dos fabricantes, manuais técnicos em geral, projetos e memoriais descritivos, normas, etc. As anomalias podem ser classificadas em: Endógena: Originária da própria edificação (projeto, materiais e execução). Exógena: Originária de fatores externos à edificação, provocados por terceiros. Natural: Originária de fenômenos da natureza. Funcional: Originária da degradação de sistemas construtivos pelo envelhecimento natural e, consequente, término da vida útil. As falhas podem ser classificadas em: De Planejamento: Decorrentes de falhas de procedimentos e especificações inadequados do plano de manutenção, sem aderência a questões técnicas, de uso, de operação, de exposição ambiental e, principalmente, de confiabilidade e disponibilidade das 2 – Revisão Bibliográfica 20 instalações, consoante a estratégia de manutenção. Além dos aspectos de concepção do plano, há falhas relacionadas às periodicidades de execução. De Execução: Associada à manutenção proveniente de falhas causadas pela execução inadequada de procedimentos e atividades do plano de manutenção, incluindo o uso inadequado dos materiais. Operacionais: Relativas aos procedimentos inadequados de registros, controles, rondas e demais atividades pertinentes. Gerenciais: Decorrentes da falta de controle de qualidade dos serviços de manutenção, bem como da falta de acompanhamento de custos da mesma. Conforme IBAPE (2012), a classificação quanto ao grau de risco de uma anomalia ou falha deve sempre ser fundamentada, conforme limites e os níveis da Inspeção Predial realizada, considerando o grau de risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio. Pode ser classificado como: CRÍTICO Risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente; perda excessiva de desempenho e funcionalidade causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo de manutenção e recuperação; comprometimento sensível de vida útil. MÉDIO Risco de provocar a perda parcial de desempenho e funcionalidade da edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, e deterioração precoce. MÍNIMO Risco de causar pequenos prejuízos à estética ou atividade programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário. 2.2.2 Tipologia das Patologias Trincas em pilares Segundo Silva (2013), se faz necessário entender a diferença entre fissura, trinca, rachadura e fenda: 2 – Revisão Bibliográfica 21 Fissura Abertura em forma de linha que aparece nas superfícies de qualquer material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua massa, com espessura até 0,5 mm. Trinca Abertura em forma de linha que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de evidente ruptura de parte de sua massa, com espessura de 0,5 a 1,00 mm. Rachadura Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, podendo-se “ver” através dela e cuja espessura varia de 1,00 mm até 1,5 mm. Fenda Abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, com espessura superior a 1,5 mm. Quadro 1: Diferenças de nomenclatura entre aberturas superficiais Fonte: Silva, 2013. Algumas das causas mais usuais do fissuramento das estruturas são: cura mal realizada (ressecamento); retração; variação de temperatura; agressividade do meio ambiente; carregamento; erros de concepção; mau detalhamento do projeto; erros de execução; recalques dos apoios; e acidentes. Segundo Thomaz (1989), os casos de trincas em pilares são bastante raros; normalmente essas peças trabalham com taxas de solicitação que representam apenas pequenas parcelas das suas cargas resistentes.Pela ocorrência de falhas construtivas, contudo, podem ocorrer trincas de esmagamento do concreto, sobretudo nos pés dos pilares; nesse caso, os pilares deverão ser imediatamente reforçados já que a estabilidade da estrutura estará comprometida. Já não tão raros são os casos de fissuras verticais nos corpos dos pilares, aproximadamente no terço médio das suas alturas (Figura 1); em função da grande diferença entre o módulo de deformação do agregado graúdo e o módulo de deformação da argamassa intersticial, esta apresentará deformações bem mais acentuadas, criando-se superfícies de cisalhamento paralelas à direção do esforço de compressão. As fissuras verticais que se manifestam indicam, portanto, que os estribos foram subdimensionados. 2 – Revisão Bibliográfica 22 Figura 1: Fissuras verticais no pilar indicando insuficiência de estribos Fonte: Thomaz, 1989. Podem manifestar-se também nos corpos dos pilares fissuras horizontais ou ligeiramente inclinadas. Elas são suscetíveis de ocorrer quando os pilares são solicitados à flexocompressão ou, num caso bem mais grave, podem ser indicativas da ocorrência de flambagem. Bolhas de ar no concreto O concreto é um material poroso, amplamente usado para construção desde o tempo dos antigos romanos. O concreto é uma amálgama de materiais, normalmente composto de cimento portland, um agente de ligação, como areia ou cinzas e um agregado como o cascalho. A água adicionada à mistura de concreto cria uma reação química chamada hidratação que faz o concreto endurecer. Uma camada fina de um selante como argamassa é colocada sobre a superfície do concreto curado e cria uma barreira que protege o material poroso por baixo. Defeitos no concreto incluem rachaduras, corrosão, desintegração e bolhas. As bolhas no concreto são bolsas cheias de água ou ar que se formam antes de o concreto curar-se completamente e depois que a superfície foi selada. As bolhas normalmente se formam pelas seguintes razões: vibração insuficiente, tempo de cura insuficiente e fôrmas mal preparadas. Agregado aparente O concreto armado é produzido através do uso de cimento, agregados graúdos (britas), agregados menores (areia e pó de brita), água e o uso de aço estrutural. Tal mistura se torna extremamente resistente depois de passado o tempo de cura. 2 – Revisão Bibliográfica 23 Quando o concreto armado passa por agressões físicas ou químicas, há desgaste na camada externa de argamassa e os agregados podem, ocasionalmente, surgir à superfície. Nestes casos, estes pontos de surgimento do agregado tornam-se “pontos fracos” e podem comprometer a estrutura. Excentricidade A excentricidade de 1.ª ordem (e1) é a ocorrência de momentos fletores externos solicitantes, que podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto de aplicação da força normal não estar localizado no centro de gravidade da seção transversal. Flambagem Flambagem é um fenômeno de instabilidade de equilíbrio, que pode provocar a ruptura de uma peça com a compressão predominante, antes de esgotar a sua capacidade resistente à compressão. Flecha Deslocamento perpendicular de seção da estrutura construída limitando-se conforme normalização em geral a 1/350 do vão, usa-se aplicar a contra-flecha antes da concretagem, o que melhora o aspecto da peça estrutural. Retração por carbonatação A cal hidratada liberada nas reações de hidratação do cimento reage com o gás carbônico presente no ar, formando carbonato de cálcio; esta reação é acompanhada de uma redução de volume, gerando a chamada retração por carbonatação. Corrosão de armaduras No caso de cobrimento insuficiente ou de concreto mal adensado, as armaduras ficarão sujeitas à presença de água e de ar, podendo-se desencadear então um processo de corrosão, que tende a abranger toda a extensão mal protegida da armadura. As corrosões de armaduras nas estruturas de concreto são decorrentes, preponderantemente, de processos eletroquímicos, característicos de corrosão em meio úmido, intensificando-se com a presença de elementos agressivos e com o aumento das heterogeneidades da estrutura, tais como: aeração diferencial da peça, variações na espessura 2 – Revisão Bibliográfica 24 do cobrimento de concreto e heterogeneidades do aço ou mesmo das tensões a que está submetido. Os mecanismos de desenvolvimento da corrosão não são simples, neles interferindo diversos fatores como a permeabilidade do concreto à água e gases, o grau de carbonatação atingido pelo concreto, a composição química do aço, o estado de fissuração da peça e as características do ambiente, principalmente no que tange à umidade relativa do ar e, conforme já foi dito, à eventual presença de íons agressivos. Segundo Ribeiro et al. (2014), as reações de corrosão provocam a expansão do concreto, ocasionando em fissuramento e lascamento (spalling) nas regiões próximas às armaduras. Devido à corrosão, independentemente da sua natureza, as reações produzem óxido de ferro, cujo volume é muitas vezes maior do que o original do metal puro. 2.3 PERÍCIAS DE ENGENHARIA CIVIL Para Gomide (2008), “perícia é o processo de verificação dos fatos com base em conhecimentos específicos (técnicos, científicos, práticos ou artísticos) para servir de prova em juízo, por meio do respectivo parecer”. O perito é um auxiliar do juiz, é uma testemunha técnica, que presta suas declarações sobre os fatos científicos ou técnicos. Laudo é o resultado da perícia, expresso em conclusões escritas, fundamentadas e assinadas pelo perito. O que importa é a fundamentação do laudo, calcada em elementos objetivos, analisados e interpretados por métodos adequados, que conduzam a conclusões técnicas irrefutáveis. Para o Código de Processo Civil, a perícia é uma das provas específicas e podem ser de três tipos: Exame: é a inspeção sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificação de qualquer fato ou circunstância que tenha interesse para a solução do litígio; Vistoria: é a mesma inspeção quando realizada sobre bens imóveis; Avaliação (ou arbitramento): é a apuração de valor, em espécie, de coisas, direitos e obrigações em litígio. Para Neto (2008) basicamente existem quatro modalidades de documentos técnicos usualmente produzidos ou utilizados no âmbito das perícias. Para algumas existem definições formais sedimentadas, para outras, apenas conceitos aceitos pelo senso comum. 2 – Revisão Bibliográfica 25 Laudo Relatório (parecer) técnico escrito e fundamentado, emitido por um especialista indicado por autoridade, relatando resultados de exames e vistorias, assim como eventuais avaliações com ele relacionadas. Parecer Técnico Opinião, conselho ou esclarecimento técnico emitido por um profissional legalmente habilitado sobre assunto de sua especialidade. Relatório Técnico Documento de natureza técnica, produzido por especialista na matéria, habitualmente de caráter privado, onde são relatados aspectos constatados ou examinados e eventuais análises, cujo objetivo não necessariamente tenha enfoque pericial. Manifestação Peça elaborada por perito ou assistente técnico em processos judiciais que tem como foco o esclarecimento ou o destaque de pontos específicos acerca de um laudo ou de um parecer técnico. Quadro 2: Definições dos documentos técnicos relativos a perícia Fonte: Neto, 2008. Existem entendimentos de que, em decorrência da forma com que foram explicitadas algumas prescrições contidas no Código de Processo Civil, apenas o perito judicial produz um laudo, enquanto aos assistentes técnicos caberia a elaboraçãode pareceres técnicos. Porém esta interpretação é um tanto discutível atualmente. Segundo Neto (2008) “laudos são todos os documentos técnicos que, além de se enquadrar nas características contidas na definição acima, atendem a determinados requisitos previstos em regramentos consolidados”. Sendo que as demais peças podem apresentar estruturas mais flexíveis dependendo das finalidades ou destino. O que se requer do laudo é o aclaramento das questões técnicas submetidas à apreciação pericial. Por isso, há de ser objetivo e conclusivo, afirmando ou negando o que foi indagado nos quesitos, sem omissões ou evasivas e, obviamente, sem desvios ou falsidades nas suas informações e conclusões. Laudo omisso, faccioso, confuso ou inconclusivo é imprestável Meirelles (2013). Laudo sem motivação, sem fundamentação, não se presta para embasar sentença judicial, ainda que se trate de laudo de perito, isto é, do perito do juiz, segundo Santos (2009). Segundo o manual de inspeções prediais do IBAPE (2012), quanto à ordem de prioridades recomenda-se que seja disposta em ordem decrescente quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias e falhas, apurada através de metodologias técnicas apropriadas como GUT (ferramenta de “gerenciamento de risco” através da metodologia de Gravidade, Urgência e Tendência), FEMEA: (Failure Mode and Effect Analisys: ferramenta de “gerenciamento de risco” através da metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha); ou ainda, pela listagem de criticidade decorrente da Inspeção Predial. 2 – Revisão Bibliográfica 26 A prioridade na ordem das orientações técnicas das deficiências constatadas poderá se basear nesta(s) classificação(ões), quanto ao estado de manutenção geral da edificação e condições de uso, quanto a recomendação eventual interdição de parte da edificação para garantir a integridade dos usuários, dentre outros aspectos de segurança patrimonial, quando do surgimento de situações de grau de risco crítico, ou identificação de uso irregular em locais específicos e destacados do restante da edificação inspecionada. Tópicos essenciais do laudo (IBAPE, 2012): Identificação do solicitante; Classificação do objeto da inspeção; Localização; Data da Diligência; Descrição Técnica do objeto; Tipologia e Padrão Construtivo; Utilização e Ocupação; Idade da edificação; Nível utilizado; Documentação solicitada, documentação entregue e documentação analisada; Descrição do Critério e Método da Inspeção Predial; Das informações gerais consideradas; Lista de verificação dos elementos construtivos e equipamentos vistoriados, descrição e localização das respectivas anomalias e falhas constatadas; Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco; Indicação de prioridade; Avaliação da manutenção e condições de uso da edificação e dos sistemas construtivos; Recomendações técnicas; Recomendações gerais e de sustentabilidade; Relatório Fotográfico; Recomendação do prazo para nova Inspeção Predial; Data do laudo; Assinatura do(s) profissional (ais) responsável (eis), acompanhado do n.º do CREA ou do CAU e n.º do IBAPE; Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT). 2 – Revisão Bibliográfica 27 2.4 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS DE PERÍCIAS Para garantir a segurança das estruturas de concreto é necessário averiguar sua condição com um nível elevado de precisão e detalhe. De longa data, a maneira usual de se inspecionar e fazer diagnósticos do desempenho das estruturas de concreto, está relacionada com ensaios de resistência à compressão em testemunhos extraídos da própria estrutura. Porém, esse procedimento nem sempre é recomendado devido à geometria dos elementos estruturais, que muitas vezes não permite extrair testemunhos com as dimensões padronizadas para os ensaios, bem como os próprios riscos e danos que o seccionamento de estruturas pode causar. A utilização de ensaios não destrutivos, ora restritos à avaliação da uniformidade da resistência mecânica do concreto, passa a ser então uma alternativa mais atraente, uma vez que os métodos se modernizaram, aumentando a precisão de análise pela combinação de métodos e detalhamento de outras características, segundo Castro; et al. (2008). De maneira geral, existem duas classes de métodos de ensaios não destrutivos para aplicação em estruturas de concreto. A primeira consiste em métodos usados para estimar a resistência do material, tais como o ensaio de dureza superficial (esclerometria), resistência à penetração, ensaios de arrancamento e método da maturidade. A segunda classe inclui os métodos que medem outras características e defeitos internos do concreto por meio de propagação de ondas e termografia infravermelha. Além desses métodos, existem outros que fornecem informações sobre a armadura, como a localização das barras de aço, seu diâmetro e o potencial de corrosão. Segundo Malhotra & Carino (2004) os ensaios não destrutivos são: Ensaio de dureza superficial ou esclerometria; Técnicas de resistência à penetração; Ensaios de arrancamento; Ensaios de absorção e de permeabilidade; Método da maturidade; Método da frequência de ressonância; Método do ultrassom; Métodos magnéticos e elétricos; Métodos nucleares e radioativos; Radar (Radio Detection and Ranging); Termografia infravermelha; Métodos de emissão acústica 2 – Revisão Bibliográfica 28 2.4.1 Ensaio Esclerométrico Método não destrutivo que mede a dureza superficial do concreto através de um aparelho chamado esclerômetro de reflexão, Figura 2, fornecendo elementos para a avaliação da qualidade do concreto endurecido, normatizado pela NBR 7584:2012, concreto endurecido - avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão. Figura 2: Esclerômetro da Universidade Federal do Acre Fonte: Própria, 2016. Esclerômetro de reflexão consiste fundamentalmente em uma massa de martelo que, impulsionada por mola, se choca através de uma haste, com ponta em forma de calota esférica, com a área de ensaio. A energia do impacto é, em parte, utilizada na deformação permanente provocada na área de ensaio e, em parte, conservada elasticamente, propiciando, ao fim do impacto, o retorno do martelo. Quanto maior a dureza da superfície ensaiada, menor a parcela da energia que se converte em deformação permanente e, por conseguinte, maior deve ser o recuo ou a reflexão do martelo. O índice esclerométrico é o valor obtido através do impacto do esclerômetro de reflexão sobre uma área de ensaio, fornecido diretamente pelo aparelho, correspondente ao número de recuo do martelo. As áreas de impacto do martelo devem ser divididas em 16 quadrados, sendo que a distância mínima entre os pontos de impactos deve ser de 30 mm, conforme a Figura 3. E com a média dos resultados obtidos nos impactos, obtém-se uma correlação com a resistência superficial do concreto. 2 – Revisão Bibliográfica 29 Figura 3: Área de ensaio e pontos de impacto Fonte: NBR 7584, 2012. 2.4.2 Ensaio de profundidade de carbonatação A carbonatação é considerada uma das causas mais frequentes da corrosão em estruturas de concreto armado. É a transformação do hidróxido de cálcio, com alto pH, em carbonato de cálcio, que tem um pH mais neutro. A perda de pH do concreto representa um problema, pois em seu ambiente alcalino (pH variando de 12 a 13), as armaduras estão protegidas da corrosão. Entretanto, com um pH abaixo de 9,5, inicia-se o processo de formação de células eletroquímicas de corrosão, fazendosurgir, depois de algum tempo, fissuras e desprendimentos da camada de cobrimento. A existência de umidade no concreto influencia bastante o avanço da carbonatação. Outros fatores que também contribuem para que o fenômeno se desenvolva com mais rapidez são a quantidade de CO2 do meio ambiente, a permeabilidade do concreto e a existência de fissuras. O ensaio se baseia no uso de indicadores à base de fenolftaleína ou equivalentes, que indicam a mudança de pH entre 8 e 11 e podem ser empregados com sucesso. A fenolftaleína apresenta coloração róseo-avermelhada com valores de pH iguais ou superiores a 9,5 e incolor abaixo desse valor. A solução aplicada, normalmente, é composta por 1 g de fenolftaleína dissolvida em 50 g de álcool e 50 g de água, que é borrifada na superfície de fratura. 2 – Revisão Bibliográfica 30 Os corpos de prova nunca podem ser serrados, molhados ou alterados por deficiências técnicas de amostragem. Admite-se a quebra de uma porção local por flexão, e logo após sua retirada aplica-se o indicador. Segundo Ribeiro; et al. (2014), como ponto de viragem do indicador fenolftaleína está entre 8 e 10 e a armadura despassiva-se para valores de pH inferiores a 11, não é necessário que a frente de carbonatação, parte que não apresenta coloração róseo-avermelhada no ensaio, esteja encostada à armadura para só nessa altura ocorrer a despassivação do aço. 3 METODOLOGIA 3.1 LOCAL DE COLETA DE DADOS, VISTORIA E TESTES A vistoria, coleta de materiais e os testes in loco, desse referido estudo de caso, acontecerão na sede da Justiça Federal no estado do Acre, situada na Al. Ministro Miguel Ferrante, s/n, Portal da Amazônia, Rio Branco-Acre, CEP 69.915-632. Figura 4: Fachada do prédio da Justiça Federal do Acre Fonte: Jornal A Tribuna, 22 de set. de 2015. Como este estudo de caso tem por finalidade a exata identificação das condições em que se encontram os pilares, as patologias existentes no concreto e na ferragem, e indicar possíveis soluções para resolução do problema, podendo servir de base para elaboração do projeto executivo de reforço estrutural, os recursos de imagens serão feitos para composição da perícia, assim como algumas verificações em seus componentes para fins de constatação de seu estado de integridade. A análise contará com ensaio de esclerometria, método de ensaio não destrutivo, para análise de resistência in loco do concreto, seguindo a NBR 7584:2012. Além do exame visual e ensaio de carbonatação em parte já destruída do concreto. 3 - Metodologia 32 3.2 ETAPAS DA PESQUISA DO ESTUDO DE CASO Levantamento bibliográfico sobre os temas patologias e ensaios não destrutivos em pilares de concreto armado; Primeira vistoria dos pilares, com análise visual das peças e suas adjacências, além de registro fotográfico, focando nas suas partes danificadas; Questionamento ao representante do Comitê Técnico de Obras da Justiça Federal do Acre, sobre os pontos necessários para esclarecimento do parecer técnico. Segunda vistoria dos pilares, com realização dos ensaios de esclerometria e profundidade de carbonatação nos quatro pilares, com registro fotográfico; Análise das informações obtivas tanto visualmente quanto nos ensaios, para indicação das possíveis causas geradoras das manifestações patológicas; Elaboração do parecer técnico, contendo relatório fotográfico e minuciosa explicação sobre as causas e consequências ocasionadas pelas patologias nos pilares, e a indicação da solução técnica mais adequada. 4 RESULTADO E DISCUSSÕES 4.1 HISTÓRICO DO EDIFÍCIO O edifício sede da Justiça Federal foi entregue, oficialmente, através de termo de recebimento assinado em 22 de outubro de 2004. Entretanto, o mesmo já estava em operação desde a inauguração em 11 de abril de 2003, segundo relato de um servidor técnico- administrativo. Portanto, o edifício está em funcionamento há mais de uma década. Segundo o mesmo servidor, os sintomas que geraram a solicitação de laudo pericial referente aos pilares de sustentação da clarabóia, surgiram há aproximadamente três anos. Entretanto, por se tratar de manifestações patológicas comuns na região, naquela época o entendimento foi de que se tratava de patologias superficiais, ligadas somente ao revestimento dos pilares. No mês de novembro de 2015 foram realizadas intervenções nos pilares em questão a fim de corrigir esteticamente as manifestações patológicas que haviam surgido, não sendo feito nenhum tipo de tratamento para recuperação estrutural. Na área coberta pela estrutura da claraboia já foram detectados alguns pontos de infiltração ao longo dos anos, devidamente reparados pela equipe de manutenção da Justiça Federal. Infelizmente, não foi encontrado nos arquivos à disposição e nem cedido pela Justiça Federal os meios que demonstrassem o processo utilizado na construção do edifício, sejam eles relatórios ou registros fotográficos. 4.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS A análise in loco ocorreu através de visitas técnicas realizadas com o acompanhamento do representante do Comitê Técnico de Obras, nos dias 02, 04 e 15 de fevereiro de 2016. Durante a vistoria, foram realizados ensaios, conforme demonstrado nas páginas seguintes, a fim de determinar a resistência à compressão superficial dos pilares e a penetração de dióxido de carbono na superfície de concreto. Além dos ensaios, foram analisadas as dimensões dos pilares, sua esbeltez, as distâncias entre os mesmos e a presença de outras possíveis patologias detectáveis através de vistoria visual. 4 – Resultados e Discussões 34 A análise documental se deu através da análise de projetos fornecidos pela administração da Justiça Federal, plantas “EDIFÍCIO SEDE DA JUSTIÇA FEDERAL DO ACRE: ARMAÇÃO – FUNDAÇÃO – PILARES” e “EDIFÍCIO SEDE DA JUSTIÇA FEDERAL DO ACRE: FORMAS DA SEGUNDA LAJE”. Além dos projetos, foi analisado o registro fotográfico anterior à visita técnica, tendo em vista que os pilares passaram por uma breve reforma para ocultar algumas das patologias que já haviam surgido. Por fim, foi analisado o que está previsto em normas técnicas para a situação em questão, a fim de determinar se houve falha na concepção do projeto. 4.3 REGISTRO FOTOGRÁFICO FORNECIDO PELA JUSTIÇA FEDERAL Além dos resultados obtidos através da análise das manifestações patológicas detectadas in loco, foi fornecido o registro fotográfico anterior aos reparos realizados nos pilares, que revelam informações importantes acerca do objeto deste laudo. Durante a visita foi possível constatar avançada oxidação nas bases de dois dos quatro pilares. Entretanto, no registro fotográfico fornecido, fica evidente que a oxidação ocorreu ao longo de toda a armadura longitudinal, como pode-se ver nas Figuras 5, 6, 7 e 8. Figura 5: Armadura em processo de oxidação exposta - P2 Fonte: Arquivo Justiça Federal, 2015. 4 – Resultados e Discussões 35 Figura 6: Armadura em processo de oxidação exposta P2 Fonte: Arquivo Justiça Federal, 2015. Figura 7: Armadura em processo de oxidação exposta P4 Fonte: Arquivo Justiça Federal, 2015. 4 – Resultados e Discussões 36 Figura 8: Perda de todo cobrimento da base P3 Fonte: Arquivo Justiça Federal, 2015. 4.4 ANÁLISE DOS PILARES Com intuito de facilitar as referências e localização dos pilares, foram-lhes atribuídos os números de 1 a 4, conforme croqui da Figura 9: Figura 9: Croqui de localização dos pilares Fonte: Própria, 2016. 4.4.1 Pilar P1 O pilarP1 localiza-se próximo a rampa de acesso ao segundo piso, Figura 10, onde nota-se a sua esbeltez e deformidade da peça em relação às demais peças estruturais. 4 – Resultados e Discussões 37 Figura 10: Pilar P1 Fonte: Própria, 2016. Análise Visual – Patologias identificadas: Foram observados vários pontos com trincas no comprimento do pilar, Figura 11, e principalmente na sua base, Figuras 12 e 13, além da corrosão de parte da armadura exposta na sua base, Figura 14. 4 – Resultados e Discussões 38 Figura 11: Pilar P1 - Trinca no fuste do pilar Fonte: Própria, 2016. Figura 12: Pilar P1 - Trincas na base do pilar Fonte: Própria, 2016. 4 – Resultados e Discussões 39 Figura 13: Pilar P1 - Fissuras e corrosão na base do pilar Fonte: Própria, 2016. Figura 14: Pilar P1 - Corrosão na base do pilar Fonte: Própria, 2016. 4 – Resultados e Discussões 40 Esclerometria: Para realização do ensaio esclerométrico, foi retirada a camada de revestimento do pilar a uma altura de 1,80 metros do piso, sendo que a área de aplicação do ensaio foi de 30 cm por 30 cm, conforme Figura 15, onde se pode notar a presença de cavidades, que são consequência de bolhas de ar na concretagem devido à má execução do concreto. Com isso temos os dados obtidos através do ensaio esclerométrico: Índice Esclerométrico: 36,13 Resistência à compressão: 33 MPa Figura 15: Pilar P1 – Área de ensaio de esclerometria - Bolhas de ar e agregado aparentes Fonte: Própria, 2016. 4 – Resultados e Discussões 41 4.4.2 Pilar P2 O pilar P2 fica situado ao lado da escada de acesso ao segundo piso, Figura 16, e possui deformidades menos perceptíveis a olho nu se comparadas ao pilar P1. Figura 16: Pilar P2 Fonte: Própria, 2016. Análise Visual – Patologias identificadas: O pilar P2 não possuía no momento da visita nenhuma área exposta com concreto ou armadura, pois todas as áreas danificadas foram cobertas e pintadas para disfarçar as patologias, conforme indicado nas Figuras 17, 18 e 19. 4 – Resultados e Discussões 42 Figura 17: Pilar P2 - Área recoberta já apresentando fissura Fonte: Própria, 2016. Figura 18: Pilar P2 - Área recoberta Fonte: Própria, 2016. Figura 19: Pilar P2 – Área recoberta Fonte: Própria, 2016. Esclerometria: Idem ao pilar P1, quando houve retirada do revestimento na área de ensaio, encontrou- se várias bolhas de ar, em destaque na Figura 20. A área de ensaio de 30 cm por 30 cm foi localizada à 2,50 metros do piso. Dados obtidos no ensaio esclerométrico: Índice Esclerométrico: 36,22 Resistência à compressão: 33 MPa 4 – Resultados e Discussões 43 Figura 20: Pilar P2 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque Fonte: Própria, 2016. 4 – Resultados e Discussões 44 4.4.3 Pilar P3 O pilar P3 fica localizado à esquerda de quem entra no hall da Justiça Federal, Figura 21. Figura 21: Pilar P3 Fonte: Própria, 2016. Análise Visual – Patologias identificadas: A base do pilar P3 está em um processo mais avançado de perca de cobrimento e corrosão de armadura, Figura 22, e também possui uma área recoberta do mesmo lado de onde a sua base está deteriorada, Figura 23. 4 – Resultados e Discussões 45 Figura 22: Pilar P3 – Base do pilar com esmagamento do concreto e corrosão da armadura. Fonte: Própria, 2016. Figura 23: Pilar P3 – Área recoberta. Fonte: Própria, 2016. Esclerometria: Idem aos pilares P1 e P2, a superfície de aplicação do ensaio esclerométrico também possuía várias bolhas de ar, destacado na Figura 24, possuindo mesma área de aplicação, foi realizado a uma altura de 3,00 metros do piso. Dados obtidos no ensaio esclerométrico: 4 – Resultados e Discussões 46 Índice Esclerométrico: 39,89 Resistência à compressão: 39 MPa Figura 24: Pilar P3 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque Fonte: Própria, 2016. Carbonatação: Para o ensaio de profundidade de carbonatação foi retirado uma amostra com espessura de 2 cm, que coincide com o cobrimento da armadura, da base de pilar P3. Foram utilizados martelo e talhadeira, obtendo-se uma superfície recém retirada do pilar para ensaio e poder aplicar a solução de fenolftaleína, Figuras 25 e 26. Figura 25: Pilar P3 - Concreto após reação com solução de fenolftaleína 4 – Resultados e Discussões 47 Fonte: Própria, 2016. Figura 26: Pilar P3 - Espessura da amostra. Fonte: Própria, 2016. Como observado na Figura 24, após aplicação da solução de fenolftaleína, esta superfície apresentou colocação vermelho rósea claro, sendo de consistência bem fraca na profundidade de 2 cm, e de coloração inexistente a partir da profundidade de 1,8 cm. Como a solução de fenolftaleína reage (adquire coloração) em meio base, e não reage (não adquire coloração) em meio ácido, com pH superior a 9,5, podemos concluir pela amostra que o pilar sofre processo avançado de carbonatação, o qual faz com que ocorra a despassivação da armadura, ocorrendo a corrosão ao longo do tempo. Porém, temos que observar que o teste de profundidade de carbonatação serve para identificar o avanço do dióxido de carbono pelo cobrimento de concreto, o qual demora anos, a depender do meio ambiente e da qualidade do concreto. Todavia se o cobrimento de concreto apresentar fissuras e bolhas de ar ocasionará aceleração do processo de carbonatação. Tendo em vista que o pilar P3, assim como todos os outros, possui uma série de fissuras que não foram adequadamente tratadas, o processo de carbonatação é certo de alcançar as armaduras da estrutura, ocasionando as visíveis corrosões, por exemplo, na Figura 27. 4 – Resultados e Discussões 48 Figura 27: Pilar P3 - Ausência de cobrimento na base; aço exposto a agentes externos Fonte: Própria, 2016. 4.4.4 Pilar P4 O pilar P4 localiza-se à direita de quem entra no hall da Justiça Federal, e possui deformidades ao longo de sua altura e esbeltez acentuada, conforme Figura 28. 4 – Resultados e Discussões 49 Figura 28: Pilar 4 Fonte: Própria, 2016. Análise Visual – Patologias identificadas: O pilar P4 não possui áreas onde o concreto ou a armadura estejam expostos, porém, nota-se que o recobrimento feito onde estavam as patologias do pilar foi mal executado, conforme destacado na Figura 29. 4 – Resultados e Discussões 50 Figura 29: Pilar P4 – Área recoberta Fonte: Própria, 2016. O pilar P4 apresenta visível irregularidade de prumo, além do topo possuir menor seção do que a base, na parte central do pilar nota-se uma falta de uniformidade em suas dimensões, popularmente conhecido como “barriga”, que pode ter sido ocasionada por falha no processo construtivo, mais especificamente na execução das formas. Essas diferenças nas dimensões do pilar fazem com que seu centro de gravidade seja diferente do qual foi previsto em projeto, causando uma excentricidade e consequente flambagem do pilar, sendo agravado pela sua esbeltez. Na Figura 30 com auxílio de linhas de referência ortogonais em vermelho pode-se notar a deformidade do pilar. 4 – Resultados e Discussões 51 Figura30: Pilar P4 - Deformações no pilar - linhas de referência Fonte: Própria, 2016. Esclerometria: Idem aos outros pilares já apresentados outrora, a superfície de aplicação do ensaio Esclerométrico apresentou várias bolhas de ar, destacado na Figura 31, para uma mesma área de aplicação, situada a 1,80 metros do piso. Dados obtidos no ensaio esclerométrico: Índice Esclerométrico: 38,00 Resistência à compressão: 36 MPa 4 – Resultados e Discussões 52 Figura 31: Pilar P4 – Área de ensaio de esclerometria – Bolhas de ar em destaque Fonte: Própria, 2016. 4.5 ANÁLISE DO ÍNDICE DE ESBELTEZ Utilizando as formulas (1) e (2) para obter o índice de esbeltez dos pilares sabendo-se que a suas alturas são de 800 cm e a dimensão do menor lado é 25 cm, temos: 𝝀 = 𝒍𝒆 𝒊 = 𝟖𝟎𝟎 𝟐𝟓/√𝟏𝟐 = 𝟏𝟏𝟎, 𝟖𝟓 Logo, o pilar em questão é considerado esbelto ou muito esbelto. A NBR 6118:2014 não admite, em nenhum caso, pilares com índice de esbeltez λ superior a 200. Para os demais casos de esbeltez (pilares esbeltos, muito esbeltos ou excessivamente esbeltos) o dimensionamento sofrerá alterações, que deverão considerar os esforços causados pelo fenômeno da flambagem. Durante a busca documental, foram fornecidos projetos para análise da estrutura, somente em versão impressa. No projeto EDIFÍCIO SEDE DA JUSTICA FEDERAL DO ACRE – FORMAS DA SEGUNDA LAJE, Figura 32, localizam-se os pilares analisados. 4 – Resultados e Discussões 53 Figura 32: Representação em planta baixa dos pilares analisados Fonte: Própria, 2016. Os pilares são identificados como P37, P39, P66 e P64, todos com dimensões de 25 cm por 30 cm segundo o próprio projeto. No projeto EDIFÍCIO SEDE DA JUSTICA FEDERAL – ARMAÇÃO/FUNDAÇÃO/PILARES, Figura 33, é representada a armação dos mesmos. 4 – Resultados e Discussões 54 Figura 33: Representação da armação usada para os pilares em questão Fonte: Própria, 2016. Analisando o projeto, é possível identificar que os pilares em questão foram dimensionados para uma altura de 480 cm. Entretanto, in loco, foi constatada a altura livre de 800 cm com a mesma seção indicada no projeto (25 x 30 cm), seção está calculada para um pilar com esbeltez média, o que, obviamente, não é a situação em questão, tendo em vista que foi comprovado acima que os pilares da claraboia são esbeltos ou muito esbeltos, portanto, os pilares em questão estão subdimensionados para a situação em que se apresentam. O fenômeno da flambagem gera diversos esforços nocivos a estruturas como pilares. A estrutura em questão, que deveria sofrer somente esforços de compressão, passa a sofrer flexão. Tendo em vista que a mesma não foi dimensionada para tal esforço, a estrutura em questão está comprometida. A flexocompressão em pilares pode ser maximizada quando a estrutura apoiada em determinado pilar não está localizada sobre o centro de gravidade da seção do mesmo, ou seja, existe excentricidade na aplicação da carga. Quando os pilares são solicitados à flexocompressão, ou quando há ocorrência de flambagem, podem se manifestar nos corpos dos pilares fissuras horizontais ou ligeiramente inclinadas. 4 – Resultados e Discussões 55 A excentricidade da distribuição de cargas das vigas metálicas apoiadas sobre os pilares pode ser observada nas Figuras 34, 35, 36 e 37. Figura 34 - Estrutura metálica da claraboia apoiada excêntrica no pilar P1 Fonte: Própria, 2016. Figura 35 - Excentricidade no pilar P2 Fonte: Própria, 2016. Figura 36 - Excentricidade no pilar P3 Fonte: Própria, 2016. Figura 37 - Excentricidade no pilar P4 Fonte: Própria, 2016. 4 – Resultados e Discussões 56 4.6 SOLUÇÕES APRESENTADAS 4.6.1 REFORÇO ESTRUTURAL COM PERFIS EM ESTRUTURA METÁLICA O uso de perfis metálicos, podendo ser adotado o perfil H ou chapas metálicas chumbadas a estrutura existente, tem como objetivo receber parte da carga aplicada somente nos quatro pilares analisados. Com a redução da carga, os efeitos da flambagem aliados à excentricidade da carga seriam reduzidos. No cálculo dos pilares em perfis metálicos o projetista não deverá considerar os 04 pilares existentes em concreto armado, e sim descarregando a cobertura somente sobre os pilares em perfis metálicos. O calculista deverá estimar o peso da cobertura, estrutura metálica e placas de policarbonato. Para cada pilar no nível térreo, serão feitos pilares em perfis metálicos que nascerão no subsolo até o nível de sustentação da estrutura metálica da cobertura. O pé direito do subsolo é de 3,40 m, e o pé direito do pavimento térreo é de 8,00 m até o nível da estrutura da cobertura metálica. Referente ao processo corrosivo em andamento nas armaduras dos pilares, será necessário, nos pontos em que a armadura ficou exposta, o tratamento demonstrado a seguir. Figura 38: Etapas de recuperação para barras de aço em processo avançado de oxidação Fonte: Medeiros, 2016. Etapa 1: Remoção da área de concreto em volta da área a ser recuperada; Etapa 2: Escarificação da área ao redor da barra de aço comprometida; 4 – Resultados e Discussões 57 Etapa 3: Remoção, a partir de escova de aço ou equipamento similar, da camada gerada pelo processo corrosivo; Etapa 4: Aplicação de pintura anticorrosiva na barra de aço; Etapa 5: Aplicação de pintura anticorrosiva na área em torno; Etapa 6: Fechamento com argamassa própria para recuperação de estruturas, graute ou o próprio concreto desde que aplicado em conjunto com alguma ponte ligante entre o concreto velho e o novo. Etapa 7: Por fim, é necessário completar o processo de cura do insumo adotado na etapa anterior através da aplicação de água. Pontos Positivos Elevada resistência a esforços Rápida execução Não destrutivo (em relação à estrutura existente) Pontos Negativos Alteração na concepção arquitetônica do prédio Alto custo Logística difícil – Transporte de perfis de considerável tamanho 4.6.2 CONTRAVENTAMENTO COM VIGAS DE CONCRETO ARMADO O contraventamento neste caso visa eliminar os problemas relacionados à esbeltez e minimizar os efeitos da excentricidade da carga aplicada pela claraboia nos pilares analisados. As vigas usadas seguiriam o padrão já usado na construção do edifício, e ligariam os pilares P39 e P37, em um lado do hall, e os pilares P66 e P64 do outro. No ponto central destas vigas, seria necessário um novo pilar em cada uma, também nos padrões dos pilares existentes, porém observando os 480 cm delimitados em projeto, para evitar o aparecimento de flecha acima do permitido por norma. Concluído o contraventamento deste lado, seria necessário processo similar, ligando os pilares P39 e P66 e P37 e P64. Neste caso, ao invés de um pilar no ponto central das novas 4 – Resultados e Discussões 58 vigas, podem ser adotados dois pilares afastados do centro de modo que não comprometa o trânsito dos servidores, conforme Figura 39. Figura 39: Imagem que demonstra como seria a solução em questão aplicada Fonte: Própria, 2016. Assim como no caso do reforço estrutural com perfis em estrutura metálica, o tratamento nas barras de aço expostas e seu cobrimento com graute deve ser feito seguindo os passos supracitados. Por fim, solucionados os problemas relativos à flambagem e à corrosão das armaduras, é necessário corrigir a aplicação excêntrica das cargas nos pilares de sustentação. Devido a impossibilidade de deslocamento da estrutura da claraboia para correção desta aplicação, temos como alternativao aumento da seção dos pilares, transformando os pontos de apoio da claraboia nos centros das seções dos pilares de sustentação. Este aumento deverá ser feito através da escarificação da superfície de concreto existente para aplicação de nova camada de concreto nos lados em que será necessário o aumento de seção, conforme demonstrado na Figura 40. 4 – Resultados e Discussões 59 Figura 40: Proposta de acréscimo de seção dos pilares Fonte: Própria, 2016. Pontos Positivos Manutenção do padrão estético do prédio (vigas e pilares) Logística simples (materiais comuns e de fácil acesso) Reforço, estrutural, em relação a todos as patologias apresentadas Custo menor se comparado a outras soluções Pontos Negativos Destrutivo (necessário chumbamento das novas vigas nos pilares existentes) Transtornos relacionados ao processo construtivo (poeira, ruídos em excesso, entre outros) Manutenção contínua 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1 CONCLUSÕES Após as visitas técnicas foi possível constatar que os quatro pilares de sustentação da claraboia do edifício sede da Justiça Federal apresentam diversas manifestações patológicas. Através de análise in loco foi possível detectar deformações e presença de bolhas de ar em todos os pilares analisados, o que, na grande maioria dos casos, remete a um processo construtivo sem os devidos cuidados de norma, passando desde o despejo de concreto a partir de alturas não permitidas, por fôrmas para concretagem instaladas de maneira incorreta, até vibração insuficiente para acomodação da massa de concreto dentro das fôrmas para concretagem. Como não há registro da construção, não é possível afirmar com certeza que estes foram os causadores dos problemas, entretanto, as evidências apontam para esta conclusão. Casos de trincas em pilares não ocorrem comumente, pois essas peças trabalham com taxas de solicitação que representam apenas pequenas parcelas das suas cargas resistentes. Porém, pela ocorrência de falhas construtivas, podem ocorrer trincas de esmagamento do concreto, sobretudo nos pés dos pilares; nesse caso, os pilares deverão ser imediatamente reforçados já que a estabilidade da estrutura estará comprometida. Podem manifestar-se também nos corpos dos pilares fissuras horizontais ou ligeiramente inclinadas, as quais são suscetíveis de ocorrer quando os pilares são solicitados à flexocompressão ou, num caso bem mais grave, podem ser indicativas da ocorrência de flambagem. Na análise dos projetos, foi possível detectar a incoerência entre o construído e o previsto pelo projetista para a área em questão. Os pilares de sustentação da claraboia são citados em projeto com altura de 480 cm. Entretanto, foram executados com 800 cm. A estrutura apoiada nos pilares, a claraboia, não está centrada nas seções dos pilares, o que gera excentricidade e os expõe a momento fletor, esforço esse indesejado, tendo em vista que os mesmos foram dimensionados somente para compressão. Por fim, o avançado processo de oxidação das barras de aço dos pilares, aliado à carbonatação que ocorre através das fissuras presentes na estrutura analisada, levam, em muitos casos, ao desprendimento da camada de recobrimento e posterior ruína da estrutura, causando diversos transtornos à administração do edifício. Esse processo é constante e de difícil solução. No estágio em questão e sabendo-se da importância do aproveitamento da estrutura existente, fica evidente que mesmo com o reforço estrutural, ainda poderá ocorrer, ocasionalmente, desprendimentos similares aos que foram registrados. Entretanto, este fenômeno não 5 – Conclusões e Recomendações 61 compromete a estrutura, desde que a mesma seja reforçada. Faz-se necessário a manutenção contínua. Quanto à resistência superficial do concreto, percebe-se um resultado satisfatório, sendo que o projeto previa concreto com Fck de 20 MPa, e os valores encontrados foram superiores a 36 MPa. Apesar de a carbonatação influenciar nos valores obtidos no ensaio, mesmo assim pode-se considerar o resultado da resistência a compressão do concreto como satisfatório. Conforme indicado nas fotos, é possível a visualização a olho nu de várias bolhas de ar na superfície de concreto. Isto é um indicativo de que durante a sua execução o concreto não foi suficientemente vibrado, não conseguindo assim remover o excesso de bolhar de ar que ocorrem na concretagem, os quais resultam em pontos de fragilidade e facilita a penetração de agentes externos como o gás carbônico. As causas dos problemas atualmente expostos são uma sucessão e somatório de manifestações patológicas, podemos supor que se deu da seguinte maneira: a excentricidade da carga das treliças sobre os pilares gerou um esforço que não foi previsto, aliado à sua esbeltez de média para alta fez com que ocorresse a flexocompressão do pilar, a tração faz com que surjam fissuras, enquanto a compressão excessiva causa o esmagamento do concreto. Segundo representante do Comitê Técnico de Obras, as manifestações patológicas tiveram início há no mínimo 3 (três) anos, e desde que a obra foi entregue, não houve uma manutenção adequada nos pilares, somente um recobrimento e pintura nos locais danificados em dezembro de 2015, porém as manifestações patológicas continuaram progredindo. Pelo que foi dito, e pelo tempo de exposição das armaduras aos agentes externos ser considerado como de longa duração, ocorrendo grande prejuízo a estrutura, a corrosão das armaduras está em estado avançado e em pontos variados, é possível concluir que é necessária a profilaxia o quanto antes onde há ausência de cobrimento, além da execução de reforço estrutural nos quatro pilares analisados. 5 – Conclusões e Recomendações 62 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS Dimensionamento de reforço estrutural para os pilares de sustentação da claraboia da sede da Justiça Federal do Acre; Correlação entre profundidade de carbonatação e resistência superficial do concreto, influência nos resultados obtidos em ensaios com esclerômetro de reflexão; Utilização de fibra de carbono no reforço estrutural para combater a flambagem dos pilares; Analisar os produtos químicos que podem ter sido prejudiciais aos pilares de sustentação da claraboia da sede da Justiça Federal do Acre. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUNAHMAN, S. A. Curso básico de engenharia legal e de avaliações. 4ª ed. São Paulo: Pini, 2008. Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 13752 – Perícias de engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996. ______. NBR 14931 – Execução de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2004. ______. NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. ______. NBR 7584 – Concreto endurecido – Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2012. BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de processo civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 07 de mar. de 2016. CARVALHO, R. C.; FILHO, J. R. de F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2003. 3ª ed. São Carlos: EdUFSCar, 2007. CASTRO, A. L de; et al. Métodos de ensaios não destrutivos para estruturas de concreto. Téchne, São Paulo, out. 2009. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia- civil/151/artigo286643-1.aspx>. Acesso em: 08 de mar. de 2016. GOMIDE, T. L. F. Engenharia legal: novos estudos. 1ª ed. São Paulo: Leud, 2008. Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias
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